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ANATOMIA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

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ANATOMIA CIRÚRGICA DE 
PEQUENOS ANIMAIS
PROF. DR. LEONARDO MARTINS LEAL
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Pedro Paulo Liasch
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................6
1 - O QUE É ANATOMIA? ............................................................................................................................................7
2 - IMPORTÂNCIA PRÁTICA DO ESTUDO ANATÔMICO .........................................................................................7
2.1 FISIOLOGIA ANIMAL .............................................................................................................................................7
2.2 NUTRIÇÃO ANIMAL .............................................................................................................................................8
2.3 MANEJO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS ..............................................................................................................8
2.4 PRODUÇÃO ANIMAL ............................................................................................................................................9
2.5 REPRODUÇÃO ANIMAL ...................................................................................................................................... 10
2.6 CONSERVAÇÃO DOS ANIMAIS SELVAGENS..................................................................................................... 11
2.7 INSPEÇÃO ............................................................................................................................................................ 11
INTRODUÇÃO À ANATOMIA CIRÚRGICA
PROF. DR. LEONARDO MARTINS LEAL
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
ANATOMIA CIRÚRGICA DE
PEQUENOS ANIMAIS
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2.8 CLÍNICA ................................................................................................................................................................ 12
2.8.1 MÉDICA .............................................................................................................................................................. 12
2.8.2 PATOLÓGICA ..................................................................................................................................................... 13
2.8.3 IMAGENOLÓGICA ............................................................................................................................................. 13
2.8.4 ANESTÉSICA ..................................................................................................................................................... 14
2.8.5 CIRÚRGICA ....................................................................................................................................................... 14
3 CONCEITOS ANATÔMICOS BÁSICOS .................................................................................................................. 15
3.1 ESTUDO DA ANATOMIA ....................................................................................................................................... 15
3.1.1 ANATOMIA COMPARADA .................................................................................................................................. 15
3.1.2 ANATOMIA ESPECIAL ...................................................................................................................................... 16
3.1.3 ANATOMIA MICROSCÓPICA ............................................................................................................................ 16
3.1.4 ANATOMIA DAS ARTES .................................................................................................................................... 16
3.1.5 ANATOMIA SISTEMÁTICA ................................................................................................................................ 16
3.1.6 ANATOMIA TOPOGRÁFICA .............................................................................................................................. 16
3.1.7 ANATOMIA CIRÚRGICA .................................................................................................................................... 16
3.2 TÉCNICAS ANATÔMICAS ................................................................................................................................... 17
3.2.1 OBSERVAÇÃO .................................................................................................................................................... 17
3.2.2 DISSECAÇÃO..................................................................................................................................................... 17
3.2.3 MACERAÇÃO .................................................................................................................................................... 17
3.2.4 DIAFANIZAÇÃO ................................................................................................................................................. 17
3.2.5 CORROSÃO ....................................................................................................................................................... 18
3.2.6 CRIODESIDRATAÇÃO ....................................................................................................................................... 18
3.2.7 PLASTINAÇÃO .................................................................................................................................................. 18
3.3 ABREVIATURAS ANATÔMICAS ........................................................................................................................ 19 
3.4 VARIAÇÕES ANATÔMICAS X ANOMALIAS ....................................................................................................... 19
4 - EIXOS E PLANOS ............................................................................................................................................... 20
4.1 DIVISÃO DO CORPO ANIMAL ...........................................................................................................................20
4.2 POSIÇÃO ORTOSTÁTICA ................................................................................................................................... 20
4.3 EIXOS ................................................................................................................................................................... 21
4.3.1 EIXO CRANIOCAUDAL ...................................................................................................................................... 21
4.3.2 EIXO DORSOVENTAL ....................................................................................................................................... 21
4.3.3 EIXO LATEROLATERAL ....................................................................................................................................22
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4.4 PLANOS ................................................................................................................................................................22
4.4.1 PLANO MEDIANO ..............................................................................................................................................22
4.4.2 PLANO TRANSVERSAL ....................................................................................................................................22
4.4.3 PLANO DORSAL OU HORIZONTAL .................................................................................................................22
4.5 DIREÇÕES ...........................................................................................................................................................23
4.5 PROFUNDIDADE .................................................................................................................................................24
5 - CONSIDERAÇÕES ...............................................................................................................................................24
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INTRODUÇÃO
A Anatomia Cirúrgica de Pequenos Animais contempla uma das grandes áreas da 
Anatomia Veterinária geral, nela será possível aplicar os conhecimentos anatômicos dentro da 
cirurgia veterinária de cães e gatos, considerando que um cirurgião sem um amplo conhecimento 
da anatomia do paciente é um cirurgião cego. 
Nesta primeira unidade, os conceitos básicos de anatomia serão revisados para que o 
conteúdo subsequente das demais unidades seja totalmente aproveitado pelo acadêmico.
Os conceitos em Anatomia Veterinária serão novamente definidos; bem como a 
importância prática dos estudos nesta área serão demonstrados. Nesta unidade também serão 
abordadas as principais técnicas anatômicas utilizadas no estudo da anatomia geral, que são: 
observação, dissecação, maceração, diafanização, corrosão, criodesidratação e plastinação. As 
abreviaturas anatômicas utilizadas na rotina anatômica dos animais domésticos também serão 
descritas.
As diferentes formas de se estudar anatomia como: comparada, especial, microscópica, 
artística, sistemática, topográfica e claro, cirúrgica, serão comentadas nesta unidade.
Por fim, nesta primeira unidade serão descritos os planos e eixos anatômicos que são 
impreteríveis para propiciar a perfeita localização dos órgãos e estruturas dentro do corpo animal.
Para o estudo dos planos e eixos, os conceitos: posição ortostática, divisão anatômica do 
corpo dos animais, direção e profundidade das estruturas serão abordadas.
Sendo assim, seja bem-vindo à disciplina de Anatomia Cirúrgica de Pequenos Animais. 
Relaxe, desligue o celular e tenha bons estudos.
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1 - O QUE É ANATOMIA?
Etmologicamente, Anatomia é uma palavra de origem grega que significa “separar em 
partes” (DYCE et al. 2010). 
Podemos considerar ainda a Anatomia como uma grande área de estudo que contempla 
a morfologia dos humanos e os animais. Morfologia é o estudo da forma. Segundo Dangelo e 
Fantini (2007), a anatomia é a ciência responsável por estudar a morfologia do corpo, sendo 
encarregada de nomear e descrever as estruturas que o constituem no nível macroscópico e 
microscópico.
Historicamente, a anatomia é belíssima, seu estudo inicia-se na pré-história e chega 
aos dias atuais com inestimáveis avanços que propiciaram o desenvolvimento de outras áreas 
médicas, especialmente, a cirúrgica (MALOMO, et al. 2006).
2 - IMPORTÂNCIA PRÁTICA DO ESTUDO ANATÔMICO
O estudo anatômico é fundamental para a prática veterinária, sendo amplamente utilizado 
nas áreas de Fisiologia; Nutrição; Manejo; Produção, Inspeção, Reprodução, Conservação de 
Animais Selvagens e Clínicas, que engloba as subáreas: médica, patológica, imagenológica, 
anestésica e a notória cirúrgica.
2.1 Fisiologia Animal
A anatomia dos animais implica diretamente em sua fisiologia. Diversos exemplos 
podem ser citados. O longo pescoço das girafas é um bom exemplo de como a anatomia 
influencia diretamente na fisiologia desses animais. Embora tenha sete vértebras cervicais como 
todos os mamíferos, o maior tamanho de cada vértebra desta região permite que esses belos 
animais consigam alcançar os galhos mais altos das árvores permitindo uma rica alimentação 
(SCHÜßLER; GREVEN, 2017) (Figura 1).
[Para mais informações sobre a história da anatomia, acessar: TAVANO, P. T.; DE 
OLIVEIRA, M. C. Surgimento e desenvolvimento da ciência. Anuário da Produção 
Acadêmica Docente. Anhanguera Educacional S.A. v. 2, n. 3, 2008. Disponível em: 
<https://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/1551/1/v.2,%20
n.3,%202008-73-84.pdf. Acesso em 04 de dezembro de 2018.]
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Figura 1 - Imagem fotográfica de girafa se alimentando. Fonte: Alphacoders (2018).
A importância anatômica para a fisiologia animal não fica concentrada exclusivamente 
nos animais selvagens. Nos animais domésticos, a morfologia é essencial para compreender 
muitas funções do corpo (KLEIN, 2014).
2.2 Nutrição Animal
As diferentes variações anatômicas do aparelho gastrointestinal existentes nos animais 
domésticos implicam diretamente em sua nutrição. Equinos e cães, por exemplo, são animais 
monogástricos, todavia, pela alimentação baseada em vegetais, os equinos possuem um ceco 
funcional, próprio para digerir material fibroso, e com isso seu tamanho é, proporcionalmente, 
gigantesco quando comparado ao do cão que é um carnívoro e não necessita de um ceco funcional 
(MÜLLER, 2012).
Outra variação anatômica claramente notável na nutrição dos animais se dá pela 
observação dos dentes. Os carnívoros possuem dentes pontiagudos próprios para aprender e 
lacerar os alimentos, enquanto os herbívoros possuem dentes mais planos por se alimentarem de 
matéria vegetal; e no caso dos ruminantes, que não possuem grande seletividade pelo alimento, 
a apreensão é feita pela língua e há ausência dos dentes incisivos superiores (DYCE et al., 2010).
2.3 Manejo dos Animais Domésticos
Tarefas simples do dia a dia do manejo dos animais domésticos exigem também, de forma 
direta ou indireta, um bom conhecimento anatômico. Um simples aparar de unhas pode levar a 
um sangramento exagerado se o técnico não tiver conhecimento da presença da artéria na base 
da unha (DONE, 2010). (Figura 2)
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Figura 2 – Imagem ilustrativa da posição correta para o corte da unha de cães. Fonte: Cachorropet (2018).
A contenção de animais agressivos também se dá com base na anatomia desses animais. 
Cães se defendem apenas com a boca; gatos, além da boca, podem utilizar suas garras para se 
proteger; com isso, o conhecimento anatômico das espéciesdomésticas é fundamental (FEITOSA, 
2014) (Figura 3).
Figura 3 – Imagem fotográfica de contenção de felino. Fonte: Vetarq (2018).
2.4 Produção Animal
Na produção animal, notoriamente vemos a importância da anatomia. Os cortes de 
carne, em sua maioria, se baseiam nos diferentes grupamentos musculares que são separados 
pelas fáscias (ALMEIDA JUNIOR et al., 2004).
As ordenhadeiras mecânicas que são utilizadas nas fazendas de gado leiteiro são 
construídas baseando-se na anatomia normal do teto das vacas e na anatomofisiologia da boca 
dos bezerros para que o leite possa ser retirado sem lesionar o teto da vaca (NEGRÃO; MARNET, 
2002) (Figura 4).
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Figura 4 - Imagem fotográfica de ordenhadeira mecânica anatomicamente acoplada aos tetos de um vaca. Fonte: 
Fundacaoroge (2018).
2.5 Reprodução Animal
O conhecimento anatômico é fundamental para se fazer técnicas reprodutivas. O médico 
veterinário deve ter total conhecimento da topografia das estruturas pélvicas para se fazer a 
palpação retal e a posterior inseminação em grandes animais (Figura 5). Ademais, as vaginas 
artificiais, utilizadas para a coleta do sêmen dos machos é confeccionada com base na anatomia 
normal da fêmea. A anatomia é fundamental ainda para se fazer diagnóstico gestacional pela 
palpação retal e para avaliar a estática fetal (MARTINS; BORGES, 2011). 
[A palpação retal em bovino poder ser vista no vídeo: Paplacion Rectal en bovino -
Zootecnia y Veterinaria es mi pasion. 2014. Disponível em: <https://youtu.
be/23jhHiyKZb4>. Acesso em: 10 dez. 2018].
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Figura 5 – Imagem esquemática de palpação retal e inseminação artificial em vaca. Fonte: Wikihow (2018).
2.6 Conservação dos Animais Selvagens
O amplo conhecimento anatômico dos animais silvestres é fundamental para sua 
conservação, uma vez que a anatomia contribui para todas as demais áreas necessárias para o 
conhecimento teórico e prático desses animais (FIGUEIREDO et al., 2018). Como exemplo, 
podemos citar a importância de se conhecer a anatomia dos animais ameaçados de extinção que 
são criados em cativeiro. Sem o conhecimento de sua anatomia, seria impossível entender como 
é sua fisiologia, nutrição, reprodução e como tratar suas doenças clínicas e cirúrgicas (AVERSI- 
FERREIRA et al. 2005)
2.7 Inspeção
Na inspeção de carnes feita nos frigoríficos é impreterível o conhecimento anatômico 
da espécie abatida pelos médicos veterinários, uma vez que, o início da condenação de uma 
carcaça se dá por alterações anatômicas visibilizadas nos órgãos do animal. Diversas doenças 
são visibilizadas pela observação anatômica. Por exemplo, animais com tuberculose apresentam 
alterações nos linfonodos (FURLANETTO, et al. 2012), enquanto animais com cisticercose 
apresentam cistos na musculatura (PEREIRA, et al. 2006) (Figura 6).
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Figura 6 – Imagem fotográfica de linfonodo bovino com tuberculose. Fonte: Patologia veterinária (2018).
2.8 Clínica
A anatomia influencia diretamente no manejo clínico dos pacientes. Tem grande 
relevância em todas as áreas como: médica, patológica, imagenológica, anestésica e cirúrgica.
2.8.1 Médica
O perfeito posicionamento do estetoscópio para a auscultação das valvas cardíacas só é 
possível graças ao conhecimento da anatomia topográfica do coração dentro do tórax (FEITOSA, 
2014). Esse é apenas um exemplo da importância anatômica dentro da clínica médica, outros 
inúmeros poderiam ser listados.
 [No cão, ausculta-se na parede torácica esquerda, a valva pulmonar no 3º espaço 
intercostal (EIC), a valva aórtica no 4º EIC e a valva mitral no 5º EIC; a tricúspide é 
avaliada pela auscultação do 4º EIC do lado direito]. 
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2.8.2 Patológica
Em uma necropsia, na sua avaliação macroscópica, alterações só podem ser observadas 
quando se conhece a anatomia da espécie. A figura a seguir ilustra claramente a diferença entre o 
rim de um cão e o rim de um bovino (Figura 7). Para o leigo em anatomia, alterações morfológicas 
ou topográficas de órgãos e estruturas entre as espécies, podem ser classificadas erroneamente 
como afecções (KONIG; LIEBITCH, 2016).
Figura 7 – Imagens fotográficas de rim canino (A) e rim bovino (B). Fonte: Google images (2018).
 
2.8.3 Imagenológica
No estudo das imagens como radiografias, ultrassom, tomografia computadorizada 
e ressonância magnética, o conhecimento de anatomia topográfica é fundamental. Diversas 
correlações são feitas entre os órgãos para quantificar ou qualificar determinadas alterações 
visibilizadas nas imagens. Um bom exemplo é visto em radiografias torácicas com a mensuração 
da silhueta cardíaca comparada ao tamanho dos corpos vertebrais (BUCHANAN; BÜCHELER, 
1995).
Ademais, diversas especificidades anatômicas são vistas em algumas espécies e ausentes 
em outras. Por exemplo, cães não possuem clavícula, enquanto os gatos podem apresentar o 
osso de forma vestigial. Outro exemplo de divergência pode ser visto dentro da mesma espécie. 
Animais jovens possuem linhas de crescimento entre a metáfise a epífise dos ossos, enquanto os 
adultos não possuem (Figura 8). Uma má interpretação radiográfica pela falta do conhecimento 
anatômico poderia incriminar, erroneamente, tais linhas como fraturas (THRALL, 2015).
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Figura 8 – Imagem radiográfica das linha de crescimento em tíbia de cão jovem. Fonte: Willows (2018).
2.8.4 Anestésica
Atualmente, a anestesia locorregional tem recebido grande destaque. Com isso, o 
conhecimento anatômico da posição dos nervos é impreterível para sua perfeita realização. 
Mesmo a consagrada anestesia peridural exige grande conhecimento anatômico para localizar 
o espaço intervertebral e fazer a anestesia sem lesionar a medula ou raízes nervosas do paciente 
(CORTOPASSI, FANTONI, 2010).
2.8.5 Cirúrgica
Por fim, é notória a importância do conhecimento anatômico para a cirurgia veterinária. 
Nos pequenos animais, todas as cirurgias, sem exceção, exigem um amplo conhecimento 
anatômico da região a ser operada. O conhecimento topográfico é fundamental para o cirurgião 
e previne erros de técnica cirúrgica (LEAL, MARTINS, 2015).
 [No cão e no gato a anestesia peridural é feita entre as vértebras L7 e S1. A 
vértebra L6 por possuir um proeminente processo espinhoso e as asas do ílio 
por serem grandes saliências ósseas, servem de referência para a localização do 
espaço L7-S1]. 
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O bom conhecimento anatômico propicia ao cirurgião a realização de técnicas 
minimamente invasivas, que são tendências na atualidade, seja na medicina humana ou 
veterinária. As cirurgias minimamente invasivas, dentre inúmeras vantagens, geram menos 
dor ao paciente, é menos traumática, preserva a vascularização local minimizando infecções e 
acelerando o processo de reparação tecidual (GUIOT, et al. 2018).
3 CONCEITOS ANATÔMICOS BÁSICOS
Nesta seção, alguns conceitos clássicos da anatomia veterinária serão revisados para que 
o entendimento de futuros assuntos mais aprofundados em anatomia cirúrgica (unidades II, III e 
IV) possam ser aproveitados ao máximo.
3.1 Estudo da Anatomia
É possível estudar anatomia de diferentes modos de acordo com o objetivo principal. As 
formas clássicas: comparada, especial, microscópica, artística, sistemática, topográfica e cirúrgica 
serão descritas e exemplificadas a seguir.
3.1.1 Anatomia Comparada
Estuda e comparaos órgãos e estruturas de diferentes indivíduos de uma mesma espécie 
ou de espécies distintas, observando-se suas diferenças e semelhanças. A Figura 9, por meio 
da qual se podem observar diferentes traqueias, exemplifica como é feito o estudo de anatomia 
comparada entre os animais domésticos (KONIG; LIEBITCH, 2016).
Figura 9 – Esquemas de traqueias das diferentes espécies domésticas em corte transversal. Fonte: Konig e Liebitch 
(2016).
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3.1.2 Anatomia Especial
A anatomia especial estuda apenas uma espécie de forma isolada, como exemplos temos: 
antropotomia, que é o estudo da anatomia humana; hipotomia que é o estudo da anatomia do 
cavalo ou ainda cinotomia que é o estudo do cão.
3.1.3 Anatomia Microscópica
É feita pelo estudo da estrutura celular e tecidual dos órgãos com o auxílio de um 
microscópio, na prática, é sinônimo de histologia.
3.1.4 Anatomia das Artes
Estuda a forma externa e interna do corpo para fins de criação artística. Essa forma de 
estudo anatômico foi muito utilizada na época do Renascentismo por Leonardo da Vinci e outros 
grandes pintores e escultores.
3.1.5 Anatomia Sistemática
A anatomia sistemática é a mais tradicional forma de estudo nas escolas de medicina 
veterinária. Nela, o organismo animal é abordado por sua divisão em sistemas como: nervoso, 
digestório, tegumentar, urinário, genital, respiratório, entre outros (DYCE, et al. 2010).
3.1.6 Anatomia Topográfica
Estuda as relações gerais dos órgãos e estruturas que constituem cada região do corpo 
animal. Quanto estudamos o coração de forma topográfica, por exemplo, observamos sua 
localização dentro da cavidade torácica, as estruturas que o sustentam na cavidade e seus limites 
com os demais órgãos da região (DYCE, et al. 2010).
3.1.7 Anatomia Cirúrgica
É o foco de nossos estudos nessa disciplina. A anatomia cirúrgica estuda os aspectos 
das estruturas e órgãos somados ao conhecimento de sua topografia para realizar as técnicas 
cirúrgicas. Apenas para exemplificar, podemos pensar num paciente submetido à herniorrafia 
diafragmática. Dentre outros pontos, é impreterível o cirurgião conhecer a anatomia do diafragma 
especialmente seus hiatos e forame, pelos quais passam os grandes vasos, aorta e veia cava, e um 
desconhecimento da anatomia pode levar o paciente ao óbito caso alguma dessas estruturas seja 
erroneamente traumatizada durante a cirurgia (FOSSUM et al., 2007).
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3.2 Técnicas Anatômicas
As técnicas anatômicas são úteis no estudo prático da anatomia. As técnicas mais populares 
são: observação, dissecação maceração, diafanização, corrosão, criodesidratação e plastinação.
3.2.1 Observação
Como o nome já diz, essa técnica consiste na observação direta do animal. Trata-se da 
anatomia vista aos olhos sem qualquer intervenção ou preparo especial (FEITOSA, 2016).
3.2.2 Dissecação
A dissecação é feita pelo clássico estudo prático da anatomia, caracterizada pela separação, 
divisão e secção dos órgãos e estruturas para melhor identificar sua forma e localização. É feita 
com tesouras, bisturis e outros instrumentos anexos de dissecação (LAHUNTA; EVANS, 2001).
3.2.3 Maceração
A maceração é feita através do preparo de peças anatômicas ósseas desidratadas. As peças 
são fervidas para que todo o tecido mole se solte dos ossos e então recebe tratamento com água 
oxigenada e de forma opcional um verniz para maior conservação (RODRIGUES, 2010).
3.2.4 Diafanização
Essa técnica implica na preservação do esqueleto, cartilagem e tecido conjuntivo das 
peças anatômicas. Durante o preparo desta técnica, substâncias dissolvem a musculatura e, 
posteriormente, são utilizados corantes para tingir as estruturas preservadas. Essa técnica é 
bastante utilizada no estudo do esqueleto de peixes e répteis (RODRIGUES, 2010) (Figura 10).
Figura 10 – Imagens fotográficas de peixes submetidos à técnica de diafanização. Fonte: Vivendo ciências (2018).
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3.2.5 Corrosão
A corrosão é feita atrás de um preparo inicial da peça anatômica, na qual se injeta látex 
em seus vasos, e, posteriormente, imerge-se a peça em solução ácida para corroer o tecido e ficar 
apenas o látex correspondente a posição dos vasos sanguíneos e capilares (RODRIGUES, 2010).
3.2.6 Criodesidratação
A técnica de criodesidratação permite a confecção de peças anatômicas, especialmente 
de tecidos moles, na qual há sucessivos congelamentos e descongelamentos a fim da peça se 
desidratar e assim poder ser conservada em temperatura ambiente. Para aumentar a conservação 
da peça, pode-se envernizá-las (RODRIGUES, 2010).
3.2.7 Plastinação
Essa técnica é baseada na substituição da água e gordura dos tecidos pela substituição 
por polímeros. As peças anatômicas ou mesmo um organismo todo podem ser armazenados 
por longos períodos pela técnica de plastinação sem odor e umidade. Ademais, é a técnica que 
mantém a aparência mais realista das demais (VON HAGENS, 1979; PORZIONATO et al., 2018) 
(Figura 11).
Figura 11 – Imagem fotográfica de bovino submetido à técnica de plastinação. Fonte: Posvet (2018).
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[A técnica de plastinação foi criada pelo médico e professor anatomista Gunther 
Von Hagens em 1977. A técnica inovadora despertou o interesse de toda a 
comunidade cientÍfica e também da população em geral, especialmente das 
instituições religiosas e éticas que ficaram assustadas pela manutenção do 
realismo de suas peças criadas com os organismos vivos. Esses questionamentos 
se afloraram especialmente porque o professor saiu da Alemanha sua terra natal e 
começou a difundir sua técnica pelo mundo com exposições de suas peças como 
obras de arte. Será mesmo que seria necessário tal exposição de corpos para a 
comunidade geral? Ou seria melhor a plastinação ficar restrita aos ensinamentos 
técnicos? Independente da exposição proposital ou não do professor Von Hagens 
para o mundo, a técnica de plastinação é indiscutivelmente realista e propicia 
excelentes estudos em anatomia].
3.3 Abreviaturas Anatômicas
Algumas abreviaturas anatômicas são rotineiras e devem ser conhecidas. O Quadro 1 
expõe as principais abreviaturas utilizadas nos estudos anatômicos dos animais domésticos.
Termo Abreviação
Artéria a.
Artérias aa.
Ligamento lig.
Ligamentos ligg.
Músculo m.
Músculos mm.
Nervo n.
Nervos nn.
Ramo r.
Ramos rr.
Veia v.
Veias vv.
Glândulas gl.
Articulação art.
Quadro 1 - Termos e abreviações anatômicas importantes. Fonte: o autor.
3.4 Variações Anatômicas x Anomalias
É importante se ter em mente que variações anatômicas comumente são encontradas em 
indivíduos da mesma espécie ou até mesmo dentro da mesma raça ou linhagem. Considera-se 
anomalia, quando a variação anatômica leva a prejuízo da função do órgão ou da estrutura em 
questão (DYCE, et al. 2010).
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4 - EIXOS E PLANOS
Ao longo de todo o estudo em anatomia cirúrgica, é impreterível o conhecimento e 
localização das estruturas anatômicas, desse modo, o amplo domínio dos termos utilizações para 
classificar essa localização se faz necessário.
Para que se compreenda os eixos e planos anatômicos, inicialmente deve-se estudar as 
divisões do corpo animal e sua posição ortostática
 
4.1 Divisão do Corpo Animal
O corpo animal é anatomicamente dividido em: cabeça, pescoço, tronco (tórax, abdome 
e pelve) e membros (torácico e pélvico) (Figura 12).
Figura 12 – Imagem Fotográfica de equino em posição ortostática. Nota-se as divisões do corpo animal represen-
tadas pelasestruturas ovoides nas cores: azul = cabeça; amarelo = pescoço; branco = tronco; verde = tórax; laranja 
= abdome; roxo = pelve; vermelho = membros. Fonte: Adaptado de Raças-cavalos (2018).
4.2 Posição Ortostática
A posição ortostática é fundamental para identificar as estruturas de forma padronizada 
independentemente da posição na que o animal esteja, seja em estação ou decúbito (dorsal, 
ventral e lateral). Ela se baseia em uma posição única que em quadrúpedes é aquela na qual o 
animal permanece em estação com os quatro membros apoiados no solo e olhar para o horizonte 
(Figura 12). 
A partir da posição ortostática são definidos os eixos e, posteriormente, os planos de 
secção que dividem o corpo animal em duas metades (horizontalmente, verticalmente e 
transversalmente). Propiciando assim localizar as estruturas anatômicas de forma padronizada 
(DYCE, et al. 2010).
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4.3 Eixos
Para identificarmos os eixos, imagina-se o animal em posição ortostática dentro de uma 
grande caixa retangular (Figura 13). A partir daí, os eixos craniocaudal, dorsoventral e laterolateral 
são definidos. 
Figura 13 - Imagem Fotográfica de equino em posição ortostática. Imagina-se o animal dentro de uma “caixa” para 
que se possa traçar os eixos e planos. Fonte: Adaptado de Raças-cavalos (2018).
4.3.1 Eixo craniocaudal
O eixo craniocaudal é determinado pela identificação do ponto central das paredes da 
caixa a frente e atrás do animal em posição ortostática. O ponto central pode ser identificado 
traçando duas diagonais a partir dos vértices da parede.
Após a identificação dos pontos centrais dessas paredes, traça-se uma linha unindo esses 
pontos, da parede à frente e da parede atrás do animal. Essa linha criada é o eixo craniocaudal 
(DYCE, et al. 2010; KONIG; LIEBICH, 2016) (Figura 14).
4.3.2 Eixo dorsovental
De forma similar ao eixo craniocaudal, o eixo dorsoventral é formado a partir da criação 
de uma linha que se une ao ponto central de duas paredes. Todavia, nesse caso, as paredes que 
determinarão o eixo dorsoventral são aquelas acima e abaixo do animal em posição ortostática 
(DYCE, et al. 2010; KONIG; LIEBICH, 2016) (Figura 14).
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4.3.3 Eixo laterolateral
 
Como os demais eixos, o eixo laterolateral forma-se traçando uma linha do ponto central 
de duas paredes antagônicas. Nesse caso, o eixo laterolateral se forma a partir das paredes laterais 
direita e esquerda da caixa na qual o animal em posição ortostática está inserido (DYCE, et al. 
2010; KONIG; LIEBICH, 2016) (Figura 14).
4.4 Planos
Os planos formam-se a partir da junção de dois eixos a fim de propiciar segmentos que 
determinarão a posição dos órgãos e estruturas anatômicas.
4.4.1 Plano Mediano
O plano mediano secciona o animal em dois antímeros, direito e esquerdo. É formado 
pela união dos eixos craniocaudal e dorsoventral (DYCE, et al. 2010; KONIG; LIEBICH, 2016) 
(Figura 14).
4.4.2 Plano Transversal
O plano transversal secciona o animal em metâmeros, cranial e caudal. É formado pela 
união dos eixos laterolateral e dorsoventral (Figura 14). Vale ressaltar que secções transversais em 
determinados órgãos de forma isolada, referem-se a um corte perpendicular ao eixo longo deste 
órgão (DYCE, et al. 2010; KONIG; LIEBICH, 2016) (Figura 14).
4.4.3 Plano Dorsal ou Horizontal
O plano dorsal ou, também chamado, horizontal, secciona o animal em paquímeros, 
dorsal e ventral. É formado pela união dos eixos craniocaudal e laterolateral (DYCE, et al. 2010; 
KONIG; LIEBICH, 2016) (Figura 14).
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Figura 14 – Esquemas da determinação dos eixos e planos de secção. Fonte: Adaptado de Slideplayer (2018).
4.5 Direções 
 
A partir dos planos de secção, é possível determinar a direção das estruturas e órgãos. 
Por exemplo, o baço canino, pode-se identificá-lo a partir dos planos de secções em uma órgão 
caudal, ventral e lateral esquerdo (DYCE, et al. 2010; KONIG; LIEBICH, 2016) (Figura 15). 
Nos membros, há terminologia especial, na qual as estruturas mais próximas ao tronco 
recebem o nome proximal, enquanto estruturas mais próximas ao solo recebem o nome distal. 
A face lateral dos membros é tida como lateral e a face interna é tida como medial. Nos dedos 
ainda há nomenclatura diferenciada; a face dos dedos que estão direcionadas para o lado lateral 
recebem o nome de abaxial, enquanto a face dos dedos que está em sentido medial com relação 
ao eixo longo da mão e do pé é tido como axial (DYCE, et al. 2010; KONIG; LIEBICH, 2016) 
(Figura 15).
 Na cabeça também há definições especiais. Qualquer estrutura próxima ao “focinho” é 
tratada como rostral e as próximas da nuca como caudal. Nos olhos, a nomenclatura utilizada 
para dar direção às estruturas assemelha-se aos humanos (superior, inferior, lateral e medial); por 
isso utiliza-se, por exemplo, pálpebra superior e inferior ao invés de dorsal e ventral (DYCE, et al. 
2010; KONIG; LIEBICH, 2016).
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Figura 15 – Esquema de bovino com planos e direções corporais. Fonte: Dyce, et al. (2010).
4.5 Profundidade
A profundidade é referida para determinar estruturas internas e externas. Estruturas 
profundas como os ossos são tidas como internas, enquanto a pele que é mais superficial é tida 
como externa. A definição interna e externa pode ser referida também quando se isola um órgão, 
por exemplo, as camadas do intestino, a mucosa é a camada mais interna enquanto a serosa é a 
camada mais externa (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
5 - CONSIDERAÇÕES 
 
Essa introdução em Anatomia Veterinária é fundamental para o entendimento das 
próximas unidades. Sendo assim, sempre que necessário recorra a Unidade 1 para estabelecer o 
conhecimento básico necessário para o entendimento total dos assuntos abordados ao longo da 
disciplina de Anatomia Cirúrgica dos Pequenos Animais.
É importante, atentar-se aos estudos dos eixos, planos de secção e direções corporais, 
pois ao longo de todo estudo em Anatomia Cirúrgica, as estruturas serão referidas quanto essas 
definições para o entendimento de suas localizações. Desse modo, é fundamental o perfeito 
conhecimento desses tópicos.
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 27
1 - CABEÇA ................................................................................................................................................................ 28
1.1 BOCA ..................................................................................................................................................................... 28
1.1.1 MANDÍBULA E MAXILA ..................................................................................................................................... 28
1.1.2 LÁBIOS E VESTÍBULO ...................................................................................................................................... 30
1.1.3 CAVIDADE ORAL ............................................................................................................................................... 31
1.1.3.1 PALATO ............................................................................................................................................................ 31
1.1.3.2 DENTES .......................................................................................................................................................... 33
1.1.3.3 LÍNGUA ...........................................................................................................................................................34
1.2 GLÂNDULAS SALIVARES .................................................................................................................................... 35
ANATOMIA CIRÚRGICA DA CABEÇA
PROF. DR. LEONARDO MARTINS LEAL
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
ANATOMIA CIRÚRGICA DE
PEQUENOS ANIMAIS
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1.3 NARINA ................................................................................................................................................................ 36
1.4 CAVIDADE NASAL ............................................................................................................................................... 37
1.5 OLHOS.................................................................................................................................................................. 37
1.5.1 PÁLPEBRAS E CÍLIOS ...................................................................................................................................... 37
1.5.2 MEMBRANA NICTITANTE OU 3A PÁLPEBRA ................................................................................................ 38
1.5.3 CÓRNEA ............................................................................................................................................................ 39
1.5.5 LENTE ............................................................................................................................................................... 39
1.6 ORELHA ...............................................................................................................................................................40
1.6.1 PINAS ................................................................................................................................................................40
1.6.2 CANAL AUDITIVO ............................................................................................................................................ 41
1.6.3 BULA TIMPÂNICA ............................................................................................................................................ 41
1.7 ENCÉFALO ........................................................................................................................................................... 42
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................................44
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INTRODUÇÃO
O conhecimento da anatomia da cabeça e pescoço é impreterível para o cirurgião de 
tecidos moles, ortopedista, neurologista, oftalmologista e buco-maxilo. Assim, esta unidade 
representa uma importante contribuição para diversas áreas cirúrgicas.
A cabeça e o pescoço possuem nobres estruturas neurológicas, bem como vasculares e 
ósseas. Erros técnicos quanto à deficiência de conhecimento anatômico são comuns.
Na cabeça e pescoço, estruturas de diversos sistemas orgânicos estão presentes. A boca, 
a cavidade oral, a língua, os dentes, a faringe e o esôfago representam o sistema digestório. O 
focinho, as narinas, a cavidade nasal, as glândulas salivares, os seios paranasais, a faringe, a laringe 
e a traqueia fazem parte do sistema respiratório. 
Os ossos: occipital, parietal, temporal, frontal, zigomático, lacrimal, nasal, maxilar, 
incisivo, esfenoide, pterigoide, palatino, vômer e mandíbula formam o esqueleto da cabeça, 
enquanto as vértebras cervicais participam do sistema esquelético do pescoço. 
As mais importantes estruturas nervosas do corpo animal estão localizadas na região 
da cabeça e continuam por toda a coluna, incluindo a região cervical. Há representantes do 
sistema nervoso central (encéfalo e medula) e do sistema nervoso periférica (nervos cranianos). 
A região da cabeça e pescoço inclui ainda órgãos do sentido como a orelha e os olhos e glândulas 
endócrinas como tireoide e paratireoide.
A vascularização da cabeça e pescoço compreende grandes artérias e veias que saem e 
chegam ao coração, respectivamente, ramificando-se e confluindo-se.
As cirurgias da cabeça e pescoço são bem comuns na rotina veterinária de cães e gatos. 
Diversas afecções, traumáticas, congênitas, neoplásicas e degenerativas acometem essas regiões e 
necessitam de intervenções cirúrgicas.
Sendo assim, a unidade II propiciará amplo conhecimento para a orientação anatômica 
das cirurgias mais comuns da cabeça e pescoço.
Alimente-se bem, hidrate-se e tenha bons estudos!
[Para mais informações sobre a anatomia da cabeça dos carnívoros, leia: DYCE, 
K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Cabeça e Parte Ventral do Pescoço dos 
Carnívoros. In:______ (Orgs.). Tratado de Anatomia Veterinária. 4. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2010, Cap. 11, 359-384.]
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1 - CABEÇA
A Cabeça localiza-se na região cranial do corpo animal, sendo limitada em sua porção 
caudal pelo pescoço. As faces laterais, rostral, ventral e dorsal da cabeça são livres para o ambiente 
(DYCE et al., 2010).
A seguir serão abordadas as principais estruturas e órgãos da cabeça que possuem grande 
importância para as cirurgias dos cães e gatos, sempre fazendo alusão às técnicas cirúrgicas 
utilizadas para o tratamento das afecções clínico-cirúrgicas dos pequenos animais.
1.1 Boca
A boca, de modo geral, inclui diversas estruturas ósseas e de tecidos moles com relevância 
anatômica cirúrgica. A seguir, as estruturas anatômicas serão detalhadas de acordo com sua 
importância cirúrgica.
1.1.1 Mandíbula e Maxila
As fraturas de maxila e especialmente de mandíbula são frequentes na rotina cirúrgica 
de cães e gatos. Ocasionadas por traumas (atropelamentos, quedas, pontapés, projéteis balísticos, 
etc.), as fraturas dos ossos da boca geralmente são abertas e acarretam grande contaminação dos 
fragmentos ósseos pela sua exposição na cavidade oral que possui uma infinidade de bactérias 
oportunistas (FOSSUM, 2014).
A mandíbula é uma estrutura óssea formada pela junção, na sínfise mandibular, das duas 
hemimandíbulas (direita e esquerda). Cada hemimandíbula possui um ramo horizontal, no qual 
fixam os dentes, e um ramo vertical que irá se articular com os ossos do crânio na articulação 
temporomandibular (ATM) (Figura 1). As fraturas de ramo horizontal são mais rotineiras e o 
ramo vertical está mais sujeito a luxação da ATM (PIERMATTEI et al., 2009; TOBIAS, 2012).
Dentro do ramo horizontal da mandíbula percorre a artéria mandibular alveolar que 
geralmente se rompe durante o trauma, mas caso esta esteja preservada, o cirurgião deve ter total 
atenção ao manipular a mandíbula fraturada, ou no caso da realização de uma mandibulectomia 
para exérese de tumores, é impreterível o conhecimento dessa artéria para evitar grandes 
hemorragias ao se fazer a osteotomia mandibular (FOSSUM, 2014) (Figura 2).
Figura 1 - Imagem ilustrativa do crânio e mandíbula do cão. Fonte: Popesko (1998).
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Figura 2 - Imagem ilustrativa da mandíbula de cão com destaque para a artéria mandibular alveolar. Fonte: Fos-
sum (2014).
O acesso cirúrgico para a fixação dos fragmentos ósseos da mandíbula pode ser feito 
diretamente pela cavidade oral pela elevação da mucosa gengival do tecido ósseo, ou por uma 
abordagem ventral, fazendo-se uma incisão sobre o ramo horizontal da mandíbula, divulsionando 
o tecido subcutâneo, incisando o m. platisma e elevando o m. digástrico para expor o osso e a 
fratura (PIERMATTEI; JOHNSON, 2004) (Figura 3). 
Figura 3 - Imagem ilustrativa do acesso ventral à mandíbula do cão. Em A, incisão cutânea; em B, exposição óssea. 
Fonte: Piermattei e Johnson (2004).
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Os dentes são fixados na mandíbula e na maxila, e o perfeito conhecimento de suas raízes 
é necessário para evitar traumas iatrogênicos na tentativa de fixar os fragmentos ósseos com 
parafusos ou pinos. As radiografias intraorais auxiliam sobremaneira a identificação das raízes e 
do foco da fratura (Figura 4) (PIERMATTEI et al., 2009).
Figura 4 – Imagem radiográfica intra-oral de fratura de mandíbula em cão. Fonte: Smile (2015).
As lesões traumáticas de maxila não são tão frequentes quanto as de mandíbula. Fraturas 
são incomuns e quando ocorrem, seu tratamento é geralmente conservativo sem a necessidade 
de cirurgia. Neoplasias em maxila, todavia, são comuns e exigem em grande parte a realização de 
maxilectomia. Há diversos vasos que cruzam a maxila provocando grande e esperado sangramento 
durante a realização da maxilectomia (PAVLETIC, 2010; TOBIAS; JOHNSTON 2013).
 
1.1.2 Lábios e Vestíbulo
Os lábios e vestíbulo compreendem as estruturas moles que permitem que a água e o 
alimento fiquem presos na cavidade oral. Os lábios (superior e inferior) caracterizam-se pela 
região externa, exposta ao ambiente; enquanto a região vestibular compreende o espaço formado 
entre os dentes e a mucosa interna dos lábios (DYCE et al., 2010).
Neoplasias e lacerações traumáticas são as afecções mais comumente vistas nos lábios e 
vestíbulo de cães e gatos. As técnicas cirúrgicas mais realizadas nesta região, seja para a exérese 
de tumores ou plásticas labiais em lacerações são as cirurgias reconstrutivas (PAVLETIC, 2010).
O cirurgião deve ter conhecimento da anatomia das diferentes raças para planejar a 
cirurgia. Algumas raças possuem pele sobressalente que permitem facilmente a aproximação dos 
tecidos labiais, já outras, possuem pouco tecido extra e os retalhos subdérmicos e axiais são úteis 
para reparar os defeitos. A região é bastante vascularizada e há grandes artérias cutâneas que 
podem ser úteis para a confecção de retalhos axiais, como a artéria auricular caudal (FOSSUM, 
2014; PAVLETIC, 2010) (Figura 5).
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Figura 5 – Imagem esquemática das principais artérias cutâneas do cão. Note a artéria auricular caudal representa-
da pelo número 1. Fonte: Fossum (2014).
1.1.3 Cavidade Oral
A cavidade oral é delimitada rostralmente e lateralmente pelos lábios e vestíbulo, 
caudalmente pela faringe e dorsalmente pela cavidade nasal. As estruturas com relevância 
anatômica cirúrgica são os palatos (mole e duro), os dentes e a língua.
1.1.3.1 Palato
 
O palato separa, dorsalmente, a cavidade oral da cavidade nasal e pode ser dividido em 
palato mole e palato duro. O palato duro é localizado mais rostralmente e como o nome já diz é 
duro pois possui uma estrutura óssea (osso palatino) dorsalmente à sua mucosa oral. O palato 
mole, por sua vez, é solto e não possui tecido ósseo, sendo formado apenas pela mucosa oral e 
nasal que se comunicam na coana (abertura faringeana comum à cavidade oral e nasal) (KÖNIG; 
LIEBITCH, 2016).
O palato duro é comumente afetado por fístulas oronasais, sejam congênitas ou 
traumáticas. Para reconstruir o palato duro, o cirurgião usa de retalhos mucosos vascularizados 
pelas artérias palatinas que percorrem o teto da cavidade oral no ponto médio entre os dentes e a 
linha média do palato duro (Figura 6) (DONE, 2010).
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Figura 6 – Imagem esquemática das principais artérias do palato do cão. Fonte: FOSSUM (2014)
O palato mole, especialmente em raças braquicefálicas, pode ser congenitamente longo, 
adentrando à laringe de forma obstrutiva. Esses animais com palato alongado necessitam de 
cirurgia para melhorar sua respiração. O maior cuidado que o cirurgião deve ter está relacionado 
à quantidade de tecido (palato mole), deve ser retirado para que o paciente respire melhor e 
ao mesmo tempo não faça falsa via, uma vez que a retirada de tecido em excesso pode levar 
à inundação da laringe quando o animal ingerir água ou alimento. Sendo assim, utiliza-se 
marcos anatômicos da região, como as cartilagens aritenoides da laringe e as tonsilas palatinas, 
para referência do local de secção do palato mole sobressalente (TOBIAS; JOHNSTON 2013; 
FOSSUM, 2014) (Figura 7).
Figura 7 – Imagens fotográficas transoperatória da correção de prolongamento de palato. Em A, palato alongado; 
em B, palato alongado excisado e visibilização das cartilagens aritenoides (seta). Fonte: Bray (2018).
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1.1.3.2 Dentes
A fórmula dentária dos cães e gatos está disposta no quadro 1. A fórmula é expressa 
pela hemiarcada superior e pela hemiarcada inferior na sequência: incisivos (I); canino (C); pré-
molares (P); molares (M). (KONIG; LIEBITCH, 2016).
Quadro 1 - Dentição decídua e permanente do Cão e do Gato Fonte: Arquivo Pessoal. Fonte: o autor.
A anatomia do dente inclui: coroa, esmalte, dentina, polpa, raiz, cemento, ligamento 
periodontal, osso alveolar e gengiva (Figura 8) (DYCE et al., 2010).
Figura 8 – Imagem esquemática da anatomia do dente dos carnívoros. Fonte: Martins (2014).
Para o cirurgião, é comum a extração dentária de dentes decíduos persistentes. Esses 
dentes possuem raízes fracas e são facilmente extraídos. Todavia, por vezes é necessária a retirada 
de dentes permanentes, seja por traumas ou em fístulas orocutâneas (por exemplo, fístula do 
carniceiro que acomete o quarto pré-molar superior); os permanentes possuem raízes fortes e 
múltiplas em alguns dentes (GORREL, 2010). 
Os dentes pré-molares e molares possuem 2 ou 3 raízes dentárias de forma convergente 
que dificultam sua extração. Sendo assim, recomenda-se a odontosecção para se retirar o dente 
de forma segmentada sem fraturar as raízes dentro do alvéolo. A figura 9 ilustra as posições das 
raízes dos cães e dos gatos para que se possa ter em mente o local da odontosecção (DYCE et al., 
2010).
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Figura 9 – Imagens esquemática das raízes dentárias do cão (cima) e do gato (baixo). A: dentes superiores; B: den-
tes inferiores. Fonte: Dyce (2010).
1.1.3.3 Língua
A língua é um órgão muscular, fixado no osso hioide em sua base, que possui uma 
extremidade livre muito importante para a apreensão de água, higiene, manipulação dos alimentos 
na boca e troca de calor. Nela, há papilas mecânicas e gustativas. Nos gatos, as papilas mecânicas 
são bem proeminentes. Nos cães, a língua apresenta a lissa, uma estrutura fibrosa que auxilia a 
apreensão de água, permitindo que a língua assuma uma posição de concha ventralmente (DYCE 
et al, 2010).
[A ingestão hídrica em um cão ser vista no vídeo: Cachorro bebendo água em 
camera lenta - slow motion. 2016. Disponível em: <https://youtu.be/7DwI_
vpg02Y>. Acesso em: 16 dez. 2018].
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Cirurgicamente, são raras as afecções que acometem a língua. As mais relevantes são as 
neoplasias e os traumas. Sendo assim, é importante o cirurgião ter conhecimento da vascularização 
da língua que é bem representativa. As principais artérias (aa. linguais) e veias (vv. linguais) que 
nutrem e drenam a língua situam-se em sua porção ventral, percorrendo seu eixo longitudinal 
(DONE, 2010; FOSSUM, 2014).
1.2 Glândulas Salivares
As glândulas salivares produzem saliva. Cirurgicamente, as glândulas mandibulares e 
sublinguais são as que possuem maior relevância (Figura 10) (TOBIAS; JOHNSTON 2013).
Figura 10 – Imagem esquemática das principais glândulas salivares do cão. Fonte: Fossum (2014).
Mucocele cervicalé o acúmulo de saliva no tecido subcutâneo na região cervical ventral, 
por ruptura da glândula salivar mandibular ou de seu ducto. O tratamento da mucocele consiste 
na retirada da glândula mandibular e sublingual. O principal cuidado da exérese da glândula 
é com o nervo lingual que se localiza próximo ao ramo vertical da mandíbula, abaixo do m. 
masseter. A posição das confluências da veia jugular externa (veia maxilar e veia sublingual) 
atua como marco anatômico para identificação da glândula mandibular (Figura 11). (FOSSUM, 
2014).
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Figura 11 – Imagens esquemáticas da exérese das glândulas mandibular e sublingual do cão. Em A: marco anatô-
mico das confluências venosas para incisão cutânea. Em B: nervo lingual próximo ao ducto das glândulas (seta) 
Fonte: Fossum (2014).
1.3 Narina
As narinas correspondem às aberturas nasais para o meio externo. Nas raças braquicefálicas 
é comum o aparecimento de estenoses de narinas. A cirurgia consiste na desobstrução das 
narinas por meio de uma cirurgia plástica, na qual se faz uma cunha na região mucocartilaginosa 
(cartilagem dorsal) do focinho (Figura 12).
Figura 12 – Imagens esquemáticas das cartilagens nasais do cão. Em A: cartilagem dorsal normal. Em B: cartila-
gem dorsal estenosada. Fonte: Tobias e Johnston (2012).
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1.4 Cavidade Nasal
A Cavidade nasal é formada por ossos turbinados envoltos por mucosas com capacidade 
de filtrar, aquecer e umidificar o ar que vai para os pulmões. Os ossos turbinados são as conchas 
nasais; e a passagem do ar se dá por meatos existentes entre as conchas. Cirurgicamente, é 
importante se ter em mente que o meato ventral é o maior e sendo assim, é por ele que se faz a 
passagem de sondas nasoesofágicas (Figura 13) (FOSSUM, 2014).
Figura 13 – Imagem fotográfica de corte transversal da cabeça de um cão com a visibilização das conchas nasal. 
Note o maior diâmetro do meato ventral (seta). Fonte: König e Liebitch (2016).
1.5 Olhos
Os olhos e seus anexos são estruturas do sentido que possuem relevantes importâncias 
anatômicas. As cirurgias dos olhos concentram-se frequentemente nas pálpebras, cílios, córnea 
e lente (LAUS, 2009).
1.5.1 Pálpebras e Cílios
Diversas afecções cirúrgicas acometem as pálpebras e os cílios, dentre as mais comuns 
encontram-se: entrópio, ectrópio, distiquíase, triquíase e cílios ectópicos (LAUS, 2009).
Seja para a boa condução cirúrgica e até mesmo para se entender a fisiopatologia destas 
afecções, é impreterível o conhecimento anatômico das pálpebras e anexos (FOSSUM, 2013).
Para o cirurgião oftalmologista, o conhecimento da musculatura periocular (m. 
orbicular) é fundamental, pois algumas blefaroplastias para se corrigir o entrópio, necessitam da 
retirada parcial desta musculatura sem ultrapassar a conjuntiva palpebral (Figura 14) (TOBIAS; 
JOHNSTON 2013). Ademais, em casos de enucleação, toda a musculatura que sustenta o globo 
ocular na órbita deve ser seccionada.
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T
Os cães possuem cílios apenas na pálpebra superior, enquanto os gatos não possuem 
cílios verdadeiros, estes têm apenas pseudocílios (DYCE et al., 2010). Os cílios, anatomicamente, 
devem emergir da pálpebra de modo que nenhum deles se volte para a córnea (LAUS, 2009).
A Figura 14 ilustra a anatomia do olho e anexos relevantes para as cirurgias oculares.
Figura 14 – Imagem esquemática de corte sagital em olho e anexos de cão. Fonte: Istockphoto (2018).
 
1.5.2 Membrana nictitante ou 3a pálpebra
Cães e gatos possuem, diferentemente dos humanos, uma 3ª pálpebra que se localiza 
entre o bulbo do olho e as pálpebras. Sua base encontra-se na região medial inferior, mas possui 
capacidade de recobrir todo o olho quando protuída. A 3ª pálpebra possui uma estrutura 
cartilaginosa em forma de “T” que garante sua sustentação; ademais, em sua base, há uma 
glândula responsável pela produção de 30 a 40% da lágrima (LAUS, 2009).
A técnica mais comumente aplicada à 3ª pálpebra é o flap. Nessa técnica é importante que 
se faça a ancoragem da sutura junto ao “T” cartilaginoso, para que não haja ruptura da conjuntiva 
palpebral e deiscência de sutura. Ao realizar o flap de 3ª pálpebra, a conjuntiva bulbar não deve 
ser ultrapassada para evitar lesões da córnea (Figura 15) (FOSSUM, 2014).
[Ao se fazer a enucleação, o cirurgião deve ter muito cuidado ao seccionar nervo 
óptico, pois tração excessiva pode lesionar o quiasma óptico e ocasionar cegueira 
iatrogênica olho contralateral].
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Figura 15 – Imagens esquemáticas da técnica de flap de 3ª pálpebra. Fonte: Tobias e Johnston (2012).
1.5.3 Córnea
A córnea é uma estrutura transparente, avascular, com muitas terminações nervosas, 
localizada na região anterior do globo ocular. Junto com a esclera, a córnea forma a túnica 
fibrosa do olho. Comumente, a córnea é traumatizada e necessita de retalhos conjuntivais para 
auxiliar sua cicatrização. A córnea é delgada, com isso o cirurgião deve utilizar-se de microscópio 
cirúrgico para auxiliar nas suturas da córnea para fixação dos retalhos (LAUS, 2009).
1.5.5 Lente
 A lente é sustentada em 360º graus pelos ligamentos pectíneos que são fixados ao corpo 
ciliar da úvea (Figura 14). A lente possui um núcleo que é envolto por duas cápsulas, a anterior e 
a posterior. A catarata é a afecção mais comum da lente, nela, o cirurgião faz a retirada do núcleo 
da lente por uma técnica chamada facoemulsificação (LAUS, 2009).
[A cirurgia de facoemulsificação pode ser vista no vídeo: Cirurgia de Catarata 
em um Cão Lhasa Apso com Faco e implante de LIO dobrável (DR. JAK) 2010. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vBW8Ssv84UA>. Acesso 
em: 17 dez. 2018].
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1.6 Orelha
A orelha dos animais é formada pela orelha externa, orelha média e orelha interna. A parte 
externa, compreende as pinas e os condutos auditivos. A parte média corresponde à membrana 
timpânica, à bula timpânica e à cavidade timpânica, nos gatos ainda se encontra o promontório. 
Por fim, a parte interna é formada pelos ossículos do ouvido (martelo, bigorna e estribo), cóclea 
e canais semicirculares (Figura 16) (TOBIAS; JOHNSTON, 2012).
Figura 16 – Imagem esquemática da orelha média e interna de cão. Fonte: Tobias e Johnston (2012).
1.6.1 Pinas
Nas pinas, a afecção mais comumente vista nos cães e gatos é o otohematoma. Essa afecção 
consiste no acúmulo de sangue dentro da pina. Seu tratamento é cirúrgico e deve-se ter bastante 
atenção para que no ato das suturas não ocorra necrose da orelha. Desse modo, o conhecimento 
da vascularização da pina é fundamental (TOBIAS; JOHNSTON, 2013).
Os principais vasos da pina percorrem seu eixo longitudinal, sendo assim, durante a 
realização da cirurgia, deve-se aplicar suturas paralelas ao eixo longitudinal para se evitar necrose 
da extremidade da orelha (Figura 17) (FOSSUM, 2014).
Figura 17 – Imagem esquemática da pina de cão após correção de otohematoma. Note que as suturas são paralelas 
ao eixo longo da orelha. Fonte: Tobias e Johnston (2012).
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1.6.2 Canal auditivo
O canal auditivo dos cães e gatos é formado pelos condutos vertical e horizontal. 
São estruturas tubulares cônicas que se mantêm constantemente abertas pela sua anatomia 
cartilaginosa (DYCE et al., 2010).
As otites externas são frequentes na rotina dos pequenos animais. E por vezes, infelizmente,seu tratamento médico é ineficaz e a cirurgia de ablação dos condutos torna-se necessária.
Ao se fazer a ablação dos condutos, o cirurgião deve ter muita atenção com o nervo 
facial que percorre lateralmente ao canal auditivo (Figura 18). Para evitar lesões iatrogênicas ao 
nervo, recomenda-se a divulsão dos tecidos sempre próximo à cartilagem do conduto vertical 
(FOSSUM, 2014). 
Figura 18 – Imagem esquemática da cirurgia de ablação do conduto auditivo. Note a posição do nervo facial.
Fonte: Fossum (2014).
1.6.3 Bula timpânica
A bula timpânica, que faz parte da orelha média, também pode ser acometida por 
consequência de otites externas; e a cirurgia de osteotomia da bula é indicada (FOSSUM, 2014).
A osteotomia da bula timpânica pode ser feita associada à ablação dos condutos do 
ouvido ou de forma isolada por um acesso ventral. Independente da técnica, deve-se ter muito 
cuidado para não lesionar as estruturas dorsais da cavidade timpânica que fazem parte do ouvido 
interno. Caso ocorra, déficits do sistema vestibular ou surdez podem ser notados após a cirurgia 
(TOBIAS; JOHNSTON, 2013).
Na realização do acesso ventral, ambas bulas (direita e esquerda) podem ser osteotomizadas 
com o animal no mesmo decúbito (dorsal). A incisão cutânea é feita após se imaginar duas linhas 
que se cruzam, uma do ramo horizontal da mandíbula e outra conectando as orelhas. Após a 
incisão, divulsiona-se a musculatura local em direção a bula timpânica. Deve-se ter cuidado com 
a artéria lingual, veia lingofacial e nervo hipoglosso (Figura 19) (FOSSUM, 2014).
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Figura 19 – Imagens esquemáticas da cirurgia de osteotomia da bula pelo acesso ventral. Note em A, as linhas 
imaginárias para se fazer a incisão cutânea e em B, os músculos, vasos e nervo da região. Fonte: Fossum (2014).
1.7 Encéfalo
Quanto nos referimos ao encéfalo, englobamos todas as estruturas neurológicas centrais 
contidas dentro do crânio: cérebro, cerebelo e tronco encefálico.
Atualmente, as cirurgias cranianas concentram-se em descompressões para retirada de 
tumores, cistos e hematomas. Sendo assim, os principais cuidados que o cirurgião deve ter dizem 
respeito à vascularização encefálica, pois hemorragias de alguns vasos podem ser fatais.
Para a descompressão cerebral, a técnica mais comum é pelo acesso rostrotentorial 
na zona frontoparietal mediana do crânio, que consiste na retirada de um segmento do osso 
temporal em um dos antímeros do crânio. Por esse acesso, deve-se ter total atenção para que não 
ocorra hemorragia do seio venoso dorsal que percorre a região dorsal mediana do encéfalo, junto 
as meninges (Figura 20). (LEAL; MARTINS, 2015).
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Figura 20 – Imagem esquemática de corte transversal em crânio. Note o seio sagital dorsal (seta vermelha) e a re-
gião não qual se faz o degaste ósseo para a descompressão intracraniana (barras amarelas), neste caso no antímero 
direito. Fonte: Studyblue (2018).
[As cirurgias de descompressão craniana não são tão frequentes nos pequenos 
animais como são nos humanos. Você já parou pra pensar porquê isso ocorre? 
Será que os cirurgiões veterinários não têm habilidades para isso? Certamente 
esta não é a resposta correta. Nos pequenos animais, as cirurgias cranianas 
não são tão rotineiras por diversos fatores; os mais relevantes correlacionam a 
dificuldade do diagnóstico preciso da afecção em curso com o melhor momento 
para sua intervenção. Ademais, uma grande dificuldade que se enfrenta é com 
o pós-operatório desses animais. Após uma cirurgia craniana é impreterível o 
acompanhamento em uma UTI (unidade de terapia intensiva), que são raras no 
Brasil.]
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2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de todo o estudo desta unidade, vemos a importância da anatomia para as cirurgias 
da cabeça. O cirurgião deve ter em mente toda a interação dos sistemas orgânicos: tegumentar, 
vascular, neurológico, muscular e ósseo.
Para as cirurgias, a anatomia topográfica da cabeça é fundamental, uma vez que a maior 
parte das técnicas descritas utilizam marcos anatômicos para referenciar um órgão ou estrutura 
durante a descrição das técnicas cirúrgicas.
Sendo assim, o estudo da anatomia cirúrgica da cabeça é impreterível tanto para o cirurgião 
de tecidos moles, quanto para o ortopedista, o neurologista, o oftalmologista e o odontologista.
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 47
1 - PESCOÇO ............................................................................................................................................................. 48
1.1 VASOS E NERVOS ................................................................................................................................................ 48
1.2 ESÔFAGO ............................................................................................................................................................. 49
1.3 LARINGE .............................................................................................................................................................. 51
1.4 TRAQUEIA ............................................................................................................................................................ 53
1.5 TIREOIDE E PARATIREOIDE .............................................................................................................................. 53
1.6 COLUNA VERTEBRAL ......................................................................................................................................... 54
2 - TÓRAX .................................................................................................................................................................. 54
2.1 ESÔFAGO TORÁCICO .......................................................................................................................................... 55
ANATOMIA CIRÚRGICA DO PESCOÇO
E DO TÓRAX
PROF. DR. LEONARDO MARTINS LEAL
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
ANATOMIA CIRÚRGICA DE
PEQUENOS ANIMAIS
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2.2 TRAQUEIA TORÁCICA ........................................................................................................................................ 55
2.3 TIMO .................................................................................................................................................................... 56
2.4 CORAÇÃO ............................................................................................................................................................ 57
2.5 PULMÕES ...........................................................................................................................................................60
2.6 DIAFRAGMA ........................................................................................................................................................ 61
2.7 CAVIDADE TORÁCICA......................................................................................................................................... 62
2.8 COLUNA VERTEBRAL ........................................................................................................................................ 64
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 66
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INTRODUÇÃO
Nesta unidade, as estruturas da região cervical e torácica com importância cirúrgica serão 
abordadas anatomicamente.
Alguns órgãos como esôfago e traqueia são comuns às duas regiões e serão abordadas 
duplamente de acordo com sua localização. Outras estruturas são específicas em cada região.
No pescoço, além das cirurgias do esôfago e traqueia, é comum a intervenção cirúrgica da 
laringe, da tireoide e da coluna vertebral. Para o cirurgião, é impreterível também o conhecimento 
da vascularização e inervação desta região.
No tórax, os órgãos com relevância em anatomia cirúrgica são o timo, o coração, os 
pulmões, o diafragma e claro o esôfago e a traqueia já citados. Ademais, pela sua importante 
manutenção de uma pressão negativa, é importante o conhecimento anatômico da parede torácica 
como um todo, que inclui os músculos, ossos e pleuras da região.
Sendo assim, a unidade III propiciará amplo conhecimento para a orientação anatômica 
das cirurgias mais comuns do pescoço e do tórax dos cães e gatos
Relaxe, coloque uma boa música ou procure o silêncio. A individualidade é fundamental. 
Tenha bons estudos!
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1 - PESCOÇO
Como previamente comentado, o pescoço inclui estruturas de grande relevância para a 
cirurgia. Neste item abordaremos a anatomia cirúrgica dos vasos e nervos, do esôfago, da laringe, 
da traqueia, da tireoide e paratireoide, e da coluna vertebral.
1.1 Vasos e nervos
Na região cervical percorrem as artérias carótidas que nutrem toda a cabeça. As carótidas 
são vasos pares que percorrem lateralmente a traqueia (Figura 1) dando ramificações para as 
estruturas cervicais e cranianas. A principal veia do pescoço é a jugular, que também é um vaso 
par e é a principal responsável pela drenagem da cabeça e pescoço (Figura 1) (DYCE et al., 2010).
Diversos nervos percorrem a região cervical. Dois deles merecem destaque e devem ser 
evitados durante as cirurgias: o nervo vago e o nervo laríngeo recorrente. O nervo vago (par) 
origina do tronco encefálico e percorre a região cervical (Figura 2), torácica e chega ao abdômen. 
O nervo vago possui diversas funções no coração e nos órgãos abdominais. Outro nervo que 
merece destaque é uma ramificação do nervo vago, o qual se trata do nervo laríngeo recorrente. 
Lesões no laríngeo recorrente podem levar a paralisias de laringe (FOSSUM, 2014).
Figura 1 – Imagens fotográficas da região cervical ventral de cão. Em A, a pele foi removida e observa-se os mús-
culos superficiais. Em B, os músculos ventrais foram removidos. Nota-se: 1- m. esternoioídeo, 2- m. esternocefáli-
co, 3- vv. Jugulares, 4- laringe, 5- traqueia, 6- esôfago, 7-aa. carótidas Fonte: Done (2010).
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Figura 2 – Imagem fotográfica da região cervical lateral esquerda de cão. A musculatura lateral foi removida. Nota-
-se: 1- n. laríngeo-recorrente, 2- n. vago, 3- a. carótida, 4- esôfago. Fonte: Done (2010).
1.2 Esôfago
O esôfago é um órgão muscular em forma de tubo que leva o alimento da faringe até o 
estômago, passando pela região cervical e torácica (DONE et al., 2010).
No pescoço, o esôfago fica em posição dorsolateral esquerda à traqueia; próximo à carótida 
e n. vago esquerdo. O conhecimento da localização do esôfago à esquerda na região cervical é 
impreterível para a colocação de sondas esofágicas (Figura 3) (TOBIAS; JOHNSTON, 2012).
[ A paralisia unilateral de laringe pode ser vista no vídeo: Hemiplegia de laringe 
felino tonsilite. 2017. Disponível em:
 <https://www.youtube.com/watch?v=Wl_klybP4g8>. Acesso em: 20 dez. 2018].
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Figura 3 – Imagem fotográfica da região cervical em corte transversal, vista cranial. Nota-se: 1- traqueia, 2- esôfa-
go, 3- aa. carótidas, 4- vv. jugulares, 5- disco intervertebral, 6- medula espinhal. Fonte: Done (2010).
A esofagotomia para retirada de corpos estranhos é comum e o cirurgião deve ficar atento 
pois esse órgão não possui serosa. Externamente o esôfago possui uma fina camada denominada 
adventícia que não garante resistência às suturas. Por isso, geralmente realiza-se um padrão 
duplo de sutura neste órgão: Swift nas camadas mucosa e submucosa, seguido por pontos simples 
separados na muscular e adventícia (Figura 4) (FOSSUM, 2014).
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Figura 4 – Imagens esquemáticas da sutura de esôfago em duplo padrão. Swift nas camadas mucosa e submucosa, 
seguido por pontos simples separados na muscular e adventícia Fonte: Fossum (2014).
1.3 Laringe
A laringe localiza-se na região cranial e ventral do pescoço, comunicando a traqueia a 
faringe. É formada por quatro cartilagens que sustentam e impedem a inundação das vias aéreas 
inferiores. As cartilagens laringeanas são: aritenoide, epiglote, cricoide e tireoide (Figura 5) 
(KÖNIG; LIEBITCH, 2016)
Figura 5 – Imagem esquemática da laringe de cão, vista lateral esquerda. Nota-se as cartilagens: epiglote (cinza), 
aritenoide (vermelho), tireoide (amarelo), cricoide (verde). Fonte: Findji (2013).
Embora sua intervenção cirúrgica não seja tão rotineira, é importante o conhecimento 
anatômico cirúrgico das cartilagens laringeanas; pois, para uma simples intubação orotraqueal, 
é impreterível a identificação da epiglote e aritenoide para introduzir a sonda na traqueia do 
animal (Figura 6) (FOSSUM, 2014).
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Figura 6 – Imagem fotográfica da laringe de cão observada pela cavidade oral. Nota-se as cartilagens: epiglote (seta 
amarela) e aritenoide (seta verde) Fonte: Brown (2017).
A técnica cirúrgica mais comum aplicada à laringe é a correção da eversão dos sacos 
laríngeos que junto com o prolongamento do palato e estenose nasal constituem a síndrome do 
cão braquicefálico (Figura 7).
Figura 7 – Imagem esquemática da eversão de sacos laríngeos em cão braquicefálico. Fonte: Fossum (2014).
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1.4 Traqueia
A traqueia é um tubo que leva o ar da laringe até os brônquios principais dos pulmões. 
Ela possui uma anatomia peculiar com anéis de cartilagem em forma de “C” que permitem sua 
constante abertura para a passagem do ar (Figura 8) (DYCE et al., 2010).
Figura 8 – Imagem esquemática da traqueia e cão em corte transversal. Destaca-se a cartilagem em forma de “C” 
(2) e a musculatura dorsal (4). Fonte: Dyce (2011).
Durante as cirurgias traqueais, o cirurgião deve evitar incisões nos anéis cartilaginosos, 
pois a cicatrização não é tão efetiva como incisões nos ligamentos anelares. Todavia, por vezes as 
incisões nas cartilagens são inevitáveis.
Na traqueia, cirurgias extraluminais são mais comuns e necessitam de cuidados, pois 
lateralmente a traqueia percorre grandes vasos e nervos como citado no início desta unidade. 
Assim, lesões iatrogênicas podem provocar graves hemorragias e déficits neurológicos, 
especialmente relacionados com a paralisia de laringe (FOSSUM, 2014).
1.5 Tireoide e Paratireoide
A tireoide e a paratireoide localizam-se ventralmente à traqueia, imediatamente caudal à 
laringe (DONE et al., 2010). Cirurgicamente, é comum a exérese dessas glândulas em pacientes 
com neoplasia. Os cuidados durante a retirada da tireoide e paratireoide incluem as nobres 
estruturas cervicais já citadas, como: n. vago, n. laríngeo-recorrente, aa. carótidas e vv. Jugulares 
(Figura 9) (TOBIAS; JOHNSTON, 2012).
Figura 9 – Imagem esquemática da localização da tireoide e paratireoide, lateralmente a traqueia

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