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Fichamento Psicodiagnóstico Interventivo Psicodiagnóstico Fenomenológico Existencial Focalizando os aspectos saudáveis

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Bibliografia: Yehia, G.Y. Psicodiagnóstico Fenomenológico Existencial: Focalizando os aspectos saudáveis. In: Ancona-Lopez, S. Psicodiagnóstico Interventivo: Evolução de uma Prática. São Paulo: Cortez, 2013.
Fichamento n°1
Os conceitos de saúde e doença foram modificados de acordo com as mudanças na sociedade e em conjunto com a evolução da ciência. Hoje em dia, não se pode mais explicar saúde como ausência de doença, e nem vice e versa, assim como as doenças mentais, já podem ser avaliadas e interpretadas de maneiras diferentes, de acordo com os fatos e existir do indivíduo, e não apenas mais como “falta de lucidez”.
Na idade moderna, a atividade psicológica ainda utilizava das técnicas desenvolvidas pelos métodos da época, assim, passou-se a adotar um viés de triagem, em que o sujeito é atendido rapidamente, avaliado nos critérios técnicos do profissional, e encaminhado para os especialistas julgados necessários, deixando de lado o acolhimento do sujeito e de seu sofrimento, desamparando o sujeito nessa operação.
Hoje em dia, esse modelo já não se encaixa mais na sociedade em que vivemos, e não cabe mais às demandas que os sujeitos exigem dos profissionais de psicologia. As respostas exatas e as técnicas “frias”, não atendem à angústia que chega ao consultório, e o profissional deve resgatar o acolher, a escuta empática, agindo como um mediador entre o paciente e o resgate do seu bem estar. 
O homem no mundo, como ser em sociedade, só é capaz de chegar ao próximo e se comunicar de maneira eficiente a partir da palavra, incluindo sua cultura, costumes, preceitos e leis, assim, a prática fenomenológica desenvolve a comunicação ampliando essa relação entre o profissional e o paciente, acolhendo sua palavra, compreendo sua cultura, costume, preceitos e leis morais, adotando uma postura relacional entre ambos.
O psicodiagnóstico é uma prática muito presente nas clínicas-escolas e nos atendimentos gratuitos oferecidos à sociedade, muito procurado por pais com filhos encaminhados pela escola ou outras instituições, com demandas de diversas áreas, emocionais, psicométricas, intelectuais e entre várias outras, e é de extrema importância a investigação de qual área é a prioridade.
Essa investigação, quando feita no modelo tradicional do psicodiagnóstico, abrange cerca de duas entrevistas com os pais, é realizada a testagem com a criança, onde são aplicados os testes psicométricos e integrados às informações trazidas pelos pais e pela queixa. No fim, na devolutiva com os pais é apresentada a conclusão e se oferece quais os passos que devem ser seguidos a seguir, com os devidos encaminhamentos. Muitas vezes, esse modelo traz pouca motivação para a criança, e para os pais, impressão de que suas expectativas não foram atendidas. 
No psicodiagnóstico fenomenológico-existencial, o trabalho do profissional vai além da testagem e da triagem da criança, busca entender o significado da queixa que a trouxe ao atendimento, compreendendo a situação infantil e a relação com os pais, as expectativas do responsável, e a construção do projeto terapêutico. 
Nas sessões, são realizadas entrevistas com os pais, com o acolhimento da queixa e a compreensão do contexto familiar, papéis e responsabilidades familiares; se constrói o roteiro de anamnese, para o conhecimento do desenvolvimento biopsicossocial da criança; encontros lúdicos com o paciente, observando a criança e pesquisando os aspectos do comportamento da criança relacionando-os com a queixa inicial, assim como outros sinais importantes que ainda não eram conhecidos; pode ser utilizado testes e avaliações que se mostrarem necessárias; são realizadas visitas escolares e domiciliares para ampla compreensão do comportamento da criança em seus ambientes; novas entrevistas com os pais, com atualizações dos progressos feitos e obtenção de novas informações sobre a criança e sobre modificações no seu comportamento e queixa e finalmente é produzido um relatório sobre as conclusões do profissional, que é entregue aos pais e instituições que o reclamarem. 
Uma das maiores mudanças observadas nesse modelo de psicodiagnóstico é a mudança de atitude do profissional, além da mudança de papéis durante o processo, o paciente e envolvidos (como os pais e responsáveis) deixam de ter um papel passivo ao profissional, e passam a fazer parte ativa da construção do processo, entendendo suas responsabilidades e contribuindo para a análise do profissional e autoanálise. Nesse modelo, é possível a promoção de novas possibilidades para a dinâmica familiar e qualidade de vida da criança, ampliando o conhecimento para fora da clínica, aonde os envolvidos possam colocar em prática na sua vida cotidiana comportamentos e novos meios de trazer sentido aos fenômenos vividos. 
“Insisto, nesse trabalho, busca-se sempre focalizar os aspectos saudáveis da criança e dos pais, fazendo apelo à abertura de novas possibilidades de estar-com em vez da busca de uma adequação a algo considerado “normal” pela ciência, respeitando a cultura e o contexto familiar.”

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