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6 - Atos cambiários endosso, aval e protesto

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Atos cambiários: endosso, aval e protesto
APRESENTAÇÃO
O crédito é um elemento central da economia, de forma que permite a circulação e a troca de 
riquezas de maneira eficiente; os títulos de crédito, por sua vez, atuam como agentes dessa 
função, de forma que suas características essenciais são apresentadas e regulamentadas pela 
legislação brasileira. Assim, para que os títulos de crédito possam operacionalizar corretamente 
a sua atividade econômica, surgem os atos cambiários: elementos que podem ser aplicados nas 
mais diversas espécies de títulos de crédito, considerando as peculiaridades de cada um. O 
endosso, o aval e o protesto por falta de pagamento, por exemplo, podem ser utilizados em 
qualquer título, de forma que o protesto por falta ou recusa de aceite pode ser utilizado apenas 
nas duplicatas e letras de câmbio.
Nesta Unidade de Aprendizagem você irá conhecer os conceitos de endosso, aval e protesto, 
bem como as diferenças entre aval e fiança e, também, as espécies de endosso.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir endosso, aval e protesto.•
Diferenciar aval de fiança.•
Explicar as diversas formas de endosso.•
DESAFIO
Os títulos de crédito asseguram ao titular ou ao portador um direito de crédito, porém, em 
algumas situações, é necessário cobrar o devedor, o que ocorre por meio do ato cambiário de 
protesto.
Joana é revendedora de produtos de uma marca de cosméticos muito famosa no país. Devido 
à sua dedicação e competência, ela conquistou muitos clientes fiéis, permitindo-lhe garantir uma 
efetiva contribuição mensal para o orçamento da sua família.
Infelizmente, ao providenciar o depósito do título em sua conta, Joana foi informada de que o 
cheque era sem fundos. Ao procurar a vizinha, descobriu que ela tinha se mudado havia poucos 
dias.
Decepcionada, Joana procurou você, advogado, para saber como poderia cobrar o valor devido, 
a fim de evitar o prejuízo financeiro.
Conhecendo sobre o protesto de títulos, explique para Joana o que é e como deve ser feito esse 
procedimento.
INFOGRÁFICO
O endosso é um ato cambiário que tem por finalidade essencial transferir a propriedade de um 
título de crédito, podendo ser classificado de dois modos: endosso em preto ou endosso em 
branco. No entanto, há também uma outra classificação de endosso, o endosso impróprio. Trata-
se de uma espécie que não transfere a propriedade do título, mas somente legitima a posse dele 
para outra pessoa, podendo ser endosso-mandato ou endosso-caução.
Veja no Infográfico as definições de cada espécie de endosso e como eles se aplicam na prática 
comercial.
CONTEÚDO DO LIVRO
O direito cambiário é um sistema jurídico que dispõe sobre os títulos de crédito e como se 
operacionalizam na prática comercial. Para que possam atender às finalidades a que se destinam, 
os títulos de crédito podem ser acompanhados dos chamados atos cambiários. O endosso, o aval 
e o protesto, cada um com definições e aplicações específicas, são exemplos desses institutos.
Leia em Atos cambiários: endosso, aval e protesto, da obra Direito empresarial III, os 
principais conceitos, exemplos e aplicabilidades desses elementos.
Boa leitura.
DIREITO 
EMPRESARIAL III 
Cinthia Louzada Ferreira Giacomelli
Atos cambiários: endosso, 
aval e protesto
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir endosso, aval e protesto.
  Diferenciar aval de fiança.
  Explicar as diversas formas de endosso.
Introdução
As características essenciais dos títulos de crédito são apresentadas e 
regulamentadas pela legislação brasileira, de forma que tais instrumentos 
podem ser compreendidos, em geral, como agentes da circulação e troca 
de riquezas de maneira eficiente, decorrente do crédito como elemento 
fundamental da economia. 
Nesse sentido, para que os títulos de crédito possam cumprir correta-
mente a sua função, é preciso compreender no que concernem os atos 
cambiários. Os atos cambiários são elementos típicos do Direito Cambial 
que podem ser aplicados nas mais diversas espécies de títulos de crédito, 
considerando as peculiaridades e os objetivos de cada um. O endosso, o 
aval e o protesto por falta de pagamento, por exemplo, podem ser utili-
zados em qualquer título de crédito, ao contrário do protesto por falta ou 
recusa de aceite, que é cabível apenas nas duplicatas e letras de câmbio.
Neste capítulo, você vai ler sobre os conceitos de endosso, aval e protesto, 
bem como sobre as diferenças entre aval e fiança, e as espécies de endosso.
Conceitos fundamentais
Os títulos de crédito se caracterizam, essencialmente, como documentos 
que permitem a circulação de riquezas e são dotados de atributos como 
autonomia, cartularidade e literalidade. Trata-se de documentos que repre-
sentam obrigações pecuniárias e não podem ser confundidos com a própria 
obrigação, tendo em vista que apenas a representam. 
Em síntese, há duas especificidades que beneficiam o credor de título de crédito: 
  ele possibilita uma negociação mais prática do crédito;
  a sua cobrança judicial é mais eficiente. 
O credor de obrigação representada por um título de crédito tem direitos 
que poderiam ser exercidos de maneira diferente caso a mesma obrigação não 
fosse representada por um título de crédito. Nesse sentido, os atos cambiários 
— elementos próprios dos títulos de crédito — têm a finalidade essencial de 
operacionalizar as suas funções. Entre os atos cambiários, destacamos: 
  endosso;
  aval;
  protesto. 
O endosso refere-se à circulação de riquezas permitida pelos títulos de 
crédito. Para Tomazette (2013, p. 103), “[...] o endosso é um meio especial de 
transferência de determinados bem móveis — títulos de crédito — isto é, ele 
representa o meio próprio de transferência da propriedade dos títulos de crédito 
e de todos os direitos inerentes a esse título”. Contudo, o endosso não é o único 
meio de transferência de títulos de crédito, tendo em vista que a cessão de crédito 
também cumpre essa função, porém sem a simplicidade e segurança do endosso.
Não é sempre que o endosso poderá ser realizado: o primeiro requisito para que o 
endosso seja viável é que o título de crédito possua cláusula à ordem. Essa cláusula 
é presumida na letra de câmbio e na nota promissória, nos termos do art. 11 da Lei 
Uniforme de Genebra (BRASIL, 1966), e no cheque, de acordo com o art. 17 da Lei nº. 
7.357, de 2 de setembro de 1985 (BRASIL, 1985). Assim, com ou sem cláusula à ordem 
expressa, essas espécies de título de crédito poderão ser endossadas.
Atos cambiários: endosso, aval e protesto2
Sobre a forma do endosso, o beneficiário do título é o titular dos direitos 
e, para que sejam transferidos para outra pessoa, é necessária a manifestação 
expressa do beneficiário. A vontade do beneficiário deve ser formalizada no 
próprio título de crédito, por meio da sua assinatura no verso ou no anverso 
do título, de acordo com o art. 910 do Código Civil, isolada ou acompanhada 
de expressões como “pague-se a” ou “transfere-se a” (BRSAIL, 2002). Como 
destaca Martins (2013), o endosso não pode ser parcial, de forma que o efeito 
principal desse ato cambiário é transferir todos os direitos inerentes ao título.
De acordo com o art. 914 do Código Civil (BRASIL, 2002, documento on-line), “Ressalvada 
cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o endossante 
pelo cumprimento da prestação constante do título.” No entanto, para o cheque, a 
letra de câmbio e a nota promissória, a regra é inversa: o endossante se responsabiliza 
pelo pagamento do título, nos termos do art. 15 da Lei Uniforme de Genebra e do art. 
21 da Lei do Cheque (BRASIL, 1966; 1985).
Todos os títulos de crédito podem ser assegurados por garantias reais e 
pessoais. Entre as garantias pessoais, temos o aval. Para Coelho (2016, p. 231), 
“[...] por este ato cambial de garantia, uma pessoa, chamadaavalista, garante 
o pagamento do título em favor do devedor principal ou de um coobrigado. O 
devedor em favor de quem foi garantido o pagamento do título é chamado de 
avalizado”. Ao contrário do endosso, a regra é que o avalista seja responsável 
pela obrigação na mesma medida que o avalizado, de forma que responde 
pelo pagamento do título em relação a todos os credores do avalizado; uma 
vez realizado o pagamento, poderá cobrar do avalizado e de seus devedores. 
Quanto à forma do aval, a vontade do avalista deve ser expressa por escrito 
no próprio título, no verso ou no anverso, por meio da simples assinatura do 
avalista, nos termos do art. 898 do Código Civil (BRASIL, 2002). Também 
de acordo com o Código Civil, no art. 1.647, III, e no art. 1.648, é necessária 
a outorga conjugal do avalista para que o aval seja válido:
3Atos cambiários: endosso, aval e protesto
Art. 1.647 Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, 
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
 [...]
 III — prestar fiança ou aval;
[...]
 Art. 1.648 Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, 
quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível 
concedê-la (BRASIL, 2002, documento on-line).
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), a exemplo da decisão proferida no Recurso 
Especial (REsp) 1163074/PB, Diário de Justiça Eletrônico de 4 de fevereiro de 2010, 
entende que os artigos citados se referem aos regimes de comunhão de bens e da 
participação final nos aquestos, bem como ao regime da separação convencional 
de bens, de forma que somente os casados sob o regime da separação legal de 
bens podem avalizar sem a outorga conjugal (BRASIL, 2010). 
Destacamos, ainda, o entendimento de que esse artigo incide tão somente 
para títulos de crédito regidos pelo Código Civil; a nota promissória, por 
exemplo, regida pela Lei Uniforme de Genebra, dispensa essa exigência. Ainda, 
o aval pode ser das espécies em preto ou em branco; será em preto quando 
se identifica o avalizado e em branco quando não se identifica o avalizado. 
Por fim, cumpre comentar sobre o ato cambiário de protesto. Os títulos de 
crédito asseguram ao titular ou portador um direito de crédito; no entanto, em 
algumas situações, é necessário cobrar o devedor e, para tanto, é indispensável 
a prova do não pagamento do título no vencimento: é o protesto. Como afirma 
Tomazette (2013, p. 158): 
[...] ele é um ato cambiário público, solene e extrajudicial, feito fora do título. 
Em última análise, trata-se de um meio de prova especialíssimo, que goza de 
presunção, a princípio, inquestionável do fato demonstrado. O protesto não 
cria direitos, é apenas um meio especialíssimo de prova. Ele também não deve 
ser confundido com um meio de cobrança, pois trata-se exclusivamente de 
um meio de prova de um fato relevante. 
Dessa forma, o protesto pode servir como meio de prova de vários fatos, 
e cada fato representa um tipo de protesto. Os mais comuns são os protestos 
por falta ou recusa de aceite de letra de câmbio e falta de pagamento de títulos 
de crédito, como um cheque, por exemplo.
Todos os tipos de protesto devem ser realizados em um tabelionato. Para que 
o tabelionato possa atestar o fato que se pretende provar, é fundamental cumprir 
um procedimento especial, a fim de assegurar que a prova seja inequívoca. 
Atos cambiários: endosso, aval e protesto4
Em geral, esse procedimento divide-se em três etapas, de acordo com a Lei nº. 
9.492, de 10 de setembro de 1997, que regulamenta os serviços concernentes ao 
protesto de títulos e outros documentos de dívida. As etapas são (BRASIL, 1997): 
  pedido;
  intimação;
  lavratura do protesto.
Diferenças entre aval e fiança
De acordo com as regras do ordenamento jurídico brasileiro, a fi ança é um 
contrato acessório em relação a um contrato principal, por meio do qual o 
fi ador se responsabiliza, com seu patrimônio, pelo cumprimento da obrigação 
do devedor original, chamado de afi ançado. Assim, a fi ança é um compromisso 
que alguém assume por outra pessoa, perante terceiros. Nos termos do art. 818 
do Código Civil (BRASIL, 2002, documento on-line): “Art. 818 Pelo contrato 
de fi ança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida 
pelo devedor, caso este não a cumpra”.
As espécies de fiança são as seguintes:
  Convencional — é resultado do acordo de vontades entre fiador e 
afiançado, por exemplo, o fiador em um contrato de locação em que o 
afiançado é o locatário.
  Judicial — decorre de imposição judicial a uma das partes do processo, 
com a finalidade principal de proteger os interesses objeto de conflito. 
Como exemplo, citamos o art. 559 do Código de Processo Civil de 2015: 
Art. 559 Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente 
mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no 
caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o 
prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de 
ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte econo-
micamente hipossuficiente (BRASIL, 2015, documento on-line).
  Legal — a lei impõe a fiança em caráter preventivo. Por exemplo, o 
art. 1.400 do Código Civil, que prevê: 
5Atos cambiários: endosso, aval e protesto
Art. 1.400 O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua 
custa, os bens que receber, determinando o estado em que se acham, e dará 
caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conser-
vação, e entregá-los findo o usufruto (BRASIL, 2002, documento on-line).
O aval e a fiança se assemelham em muitos aspectos; contudo, é funda-
mental estabelecer algumas diferenças entre os institutos, que podem ser 
erroneamente confundidos. 
A principal diferença entre os institutos está no fato de que o avalista 
garante o cumprimento da obrigação da mesma maneira como o avalizado; 
ou seja, ambos são devedores equiparados. Assim, o credor poderá acionar 
qualquer um deles e, caso acione o avalista, este não pode requerer que primeiro 
seja acionado o avalizado. Na fiança, a situação é diferente. O fiador, caso 
acionado, poderá requerer que, primeiro, seja acionado o afiançado, fazendo 
uso do chamado benefício de ordem. Assim prevê o art. 827 do Código Civil:
Art. 827 O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, 
até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.
 Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este 
artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembar-
gados, quantos bastem para solver o débito (BRASIL, 2002, documento on-line).
Além dessa diferença substancial, destacamos que o aval é de natureza 
cambial, ao passo que a fiança é de natureza contratual: ao aval, aplicam-se 
os princípios da autonomia, da literalidade e da abstração, enquanto que a 
fiança não segue tais princípios. 
Por fim, a obrigação do avalista se transfere aos herdeiros, independen-
temente da data do falecimento, ao passo que a responsabilidade do fiador 
só é transmitida aos seus herdeiros se ela já tiver sido acionada na época do 
falecimento. Assim dispõe o art. 836 do Código Civil: “Art. 836 A obrigação 
do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao 
tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da 
herança” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Assim como a fiança, o aval requer a outorga marital, conforme comentado. 
Contudo, essa exigência é uma inovação do Código Civil de 2002, de forma 
que, no diploma legal anterior, o aval ignorava tal exigência, necessária apenas 
para a fiança. Em recente julgado do STJ, os julgadores entendem que ambos os 
institutos são diferentes e que a definição de um ou de outro é fundamental para 
o estabelecimento dos efeitos da garantia prestada. Assim dispõe a ementa do 
Agravo Interno (AgInt) no REsp1431553/MG, julgado em 15 de agosto de 2017:
Atos cambiários: endosso, aval e protesto6
O eg. Tribunal Estadual, com arrimo em minudente análise do acervo 
fático-probatório dos autos, entendeu que a garantia prestada pelo cônjuge 
varão da ora agravante não seria fiança, mas, sim, aval. Ato contínuo, 
concluiu pela validade do aval, instituto que, à época dos fatos, dispensava a 
outorga uxória. 2. A discussão trazida no apelo nobre, referente à violação ao 
art. 235, III, do CC/1916, que exige a outorga uxória do cônjuge na fiança, 
depende da modificação do entendimento de que a garantia prestada seria 
fiança, e não aval. Tal pretensão demandaria o revolvimento de matéria 
fático-probatória, inviável em sede de recurso especial, em face dos 
óbices das Súmulas 5 e 7, ambas do STJ (BRASIL, 2017, documento on-line).
São substanciais as diferenças entre o aval e a fiança, de forma que a fiança, como 
garantia subsidiária que é, apresenta aplicabilidades e adequações diversas daquelas 
decorrentes do aval, que se caracteriza como garantia solidária de uma obrigação, 
essencialmente cambial. 
Formas de endosso
Conforme analisado, o endosso é um instituto típico do Direito Cambiário, que 
pode ser defi nido como meio para transferir o direito sobre o título de crédito. 
Nessa perspectiva, vamos identifi car e conceituar as espécies de endosso, que, 
via de regra, são duas: 
  endosso em preto;
  endosso em branco. 
O endosso em preto é aquele no qual o proprietário do título o transfere 
para outra pessoa, designando-a. Nessa espécie de endosso, consta o nome 
da pessoa a quem o título é transferido, devendo ser precedido da expressão 
“pague-se a” ou algo equivalente, seguida da assinatura do endossante. Ressalta 
Martins (2013, p. 104) que “[...] a assinatura do endossante deve ser de próprio 
punho ou por mandatário com poderes especiais. Não há necessidade de que 
a declaração de transferência (Pague-se a...) e o nome do endossatário sejam 
lançados do próprio punho do endossante.” Assim, essas declarações podem 
ser feitas por carimbo ou impressas e datilografas, por exemplo.
7Atos cambiários: endosso, aval e protesto
Já o endosso em branco é aquele no qual o endossante não designa a pessoa 
a quem transfere o título. Para Martins (2013, p. 106), “[...] com o endosso em 
branco o título passa a assemelhar-se a um título ao portador, podendo o seu 
detentor transferi-lo a qualquer pessoa mediante a simples tradição manual, 
considerando-se legítimo proprietário da letra aquele que a detiver (Lei Uni-
forme, art. 16)”. Nessa espécie, o endosso é feito com a simples assinatura do 
endossante, no verso do título.
O endossante poderá utilizar qualquer das espécies de endosso, salvo 
eventual legislação que disponha o contrário, em caso específico. Segundo 
o art. 913 do Código Civil: “Art. 913 O endossatário de endosso em branco 
pode mudá-lo para endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de 
terceiro; pode endossar novamente o título, em branco ou em preto; ou pode 
transferi-lo sem novo endosso” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Além dessas formas de endosso, há também outra que, ao contrário das 
duas espécies comentadas, não produz o efeito de transferir a titularidade do 
crédito documentado no título, mas legitima a posse sobre a cártula exercida 
pelo seu detentor: é o endosso impróprio. Como explica Tomazette (2013, p. 
114), o objetivo do endosso impróprio é: 
[...] a constituição de um procurador para efetuar a cobrança do título (endosso-
-mandato) ou a constituição de um penhor sobre o crédito ali representado 
(endosso-caução). Em ambos os casos, por meio do endosso impróprio torna-se 
legítima a posse de uma pessoa sobre o documento, sem a transferência da 
titularidade do crédito. 
Assim, são identificadas duas espécies de endosso impróprio: 
  endosso-mandato;
  endosso-caução.
O endosso-mandato é utilizado quando o endossante não quer deixar 
de ser o credor do título, mas pretende apenas constituir um procurador 
com a finalidade de praticar por ele os atos necessários para que receba 
Atos cambiários: endosso, aval e protesto8
o crédito. Trata-se de um falso endosso, caracterizando-se como uma 
procuração para que se facilite a prática de alguns atos que só seriam 
viabilizados pelo titular do título. O Código Civil, no art. 917, regula o 
endosso-mandato, prevendo que:
Art. 917 A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere 
ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição 
expressamente estatuída.
 § 1º O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título 
na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu.
 § 2º Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde 
eficácia o endosso-mandato.
 § 3º Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as 
exceções que tiver contra o endossante (BRASIL, 2002, documento on-line).
Outra espécie de endosso impróprio é o endosso-caução, cuja finalidade 
é constituir um penhor sobre o título de crédito, deixando o título em garantia 
de outra obrigação. 
Art. 918 A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere ao 
endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título.
 § 1º O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o título 
na qualidade de procurador.
 § 2º Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as exceções 
que tinha contra o endossante, salvo se aquele tiver agido de má-fé (BRASIL, 
2002, documento on-line).
Sobre a forma de endosso impróprio, nenhuma das espécies é presumível, 
devendo constar expressamente a cláusula, sob pena de ser compreendido como 
endosso translativo, ou seja, que transfere a propriedade do título. No caso do 
endosso-mandato, podem constar “para cobrança” ou “por procuração”; e, no 
caso do endosso-caução, a cláusula poderá ser “por caução” ou “em penhor”. 
Não há forma solene para esses casos, mas é indispensável que a intenção de 
procuração e de garantia, respectivamente, seja clara. 
9Atos cambiários: endosso, aval e protesto
BRASIL. Decreto nº. 57.663, de 24 de janeiro de 1966. Lei Uniforme de Genebra (Cambial); 
Lei Cambial Uniforme; Lei Uniforme da Letra de Câmbio. Promulga as Conversões para 
adoção de uma lei uniforme em matéria de letras de câmbio e notas promissórias. 
Diário Oficial da União, 31 jan. 1966. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/
fed/decret/1960-1969/decreto-57663-24-janeiro-1966-398149-norma-pe.html. Acesso 
em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Lei nº. 7.357, de 2 de setembro de 1985. Dispõe sobre o cheque e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, 3 set. 1985. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L7357.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Lei nº. 9.492, de 10 de setembro de 1997. Define competência, regulamenta 
os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá 
outras providências. Diário Oficial da União, 11 set. 1997. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9492.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da 
União, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial 
da União, 17 mar. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno no Recurso Especial nº.1.431.553 
MG (2014/0014912-3). Relator: Min Raul Araújo, 15 ago. 2017. Diário de Justiça, 13 fev. 
2017. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/449785333/recurso-
-especial-resp-1431553-mg-2014-0014912-3/decisao-monocratica-449785352?ref=serp. 
Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº. 1.163.074 PB(2009/0210157-
8). Relator: Min. Massami Uyeda, 15 dez. 2009. Diário de Justiça eletrônico, 4 fev. 2010. 
Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8599379/recurso-especial-
resp-1163074-pb-2009-0210157-8-stj/relatorio-e-voto-13676353?ref=juris-tabs. Acesso 
em: 26 nov. 2019.
COELHO, F. U. Manual de Direito Comercial: direito de empresa. 28. ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2016.
MARTINS, F. Títulos de crédito. 16. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2013.
TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial: títulos de crédito. 4. ed. São Paulo: Editora 
Atlas, 2013.
Atos cambiários: endosso, aval e protesto10
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11Atos cambiários: endosso, aval e protesto
DICA DO PROFESSOR
O protesto é um ato extrajudicial e deve ser obrigatoriamente processado em Tabelionatos de 
Protesto. O procedimento do protesto, assim como outros temas notariais, é regulamentado pelo 
Conselho Nacional de Justiça, que emite provimentos normativos a fim de uniformizar os 
procedimentos em todo o país.
Veja nesta Dica do Professor como se organiza o procedimento do protesto, quais são seus 
desdobramentos jurídicos e sobre o que versam os mais recentes provimentos do CNJ acerca do 
assunto. 
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EXERCÍCIOS
1) O endosso é um meio de transferência da propriedade dos títulos de crédito e deve 
atender a alguns requisitos de validade. 
Qual das alternativas abaixo indica um desses requisitos?
A) O título de crédito não deve possuir cláusula à ordem.
B) A manifestação do endossante deve ser expressa.
C) A assinatura do endossante deve ser feita no anverso do título.
D) Deve haver a indicação expressa do endossatário.
E) O título de crédito não pode contar endosso anterior.
Entre os atos cambiários, o aval tem a finalidade de garantir o pagamento do título 2) 
de crédito.
Considerando as características do aval, é correto afirmar que:
A) é uma garantia real que torna o avalista coobrigado no pagamento do título.
B) é uma garantia pessoal subsidiária, assim como a fiança.
C) o avalista garante o pagamento da obrigação, assim como o avalizado.
D) sendo coobrigado, o avalista não tem direito de regresso, como na fiança.
E) não se admite aval em branco, sendo fundamental a indicação do avalizado.
3) O protesto é cabível para todos os títulos de crédito e é regulamentado pela Lei n.o 
9.492/97. Sobre esse ato cambiário, considere as afirmativas abaixo e assinale a 
alternativa correta:
I - É um meio de cobrança próprio do Direito cambiário.
II - Definido como um ato solene, deve ser processado em tabelionato.
III - A letra de câmbio é passível de protesto por recusa de aceite; o cheque, não.
A) Apenas a afirmativa I está correta.
B) Apenas a afirmativa II está correta.
C) Apenas a afirmativa III está correta.
D) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
E) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
4) Considere o texto abaixo e marque a alternativa que corresponde às lacunas:
O ____ é a transferência do título para outra pessoa, designando-a; enquanto o 
_____ é considerado como "falso endosso", sendo espécie do que se classifica como 
______. 
A) endosso em preto; endosso-mandato; endosso impróprio
B) endosso em branco; endossso em preto; endosso-caução
C) endosso impróprio; endosso em preto; endosso-mandato
D) endosso-mandato; endosso-caução; endosso em branco
E) endosso-caução; endosso-mandato; endosso impróprio
5) Os institutos jurídicos que envolvem os títulos de crédito têm funções distintas e 
podem assemelhar-se a outros institutos não aplicáveis ao Direito cambiário.
Nesse sentido, qual das alternativas abaixo indica um instituto jurídico que decorre 
de imposição judicial a uma das partes do processo, com a finalidade principal de 
proteger os interesses, que são objetos de conflito?
A) Endosso em branco.
B) Endosso impróprio.
C) Protesto por falta de pagamento.
D) Fiança judicial
E) Aval em preto.
NA PRÁTICA
O aval é um ato cambiário que representa uma garantia pessoal: o avalista garante o pagamento 
do título de crédito de forma que se torna responsável pela obrigação na mesma medida que o 
avalizado.
Entre os diversos aspectos do aval, é importante destacar que o Código Civil, no artigo 1.647, 
prevê que é necessária a outorga conjugal para que o aval seja válido, salvo se o avalista for 
casado sob o regime da separação legal de bens. A exceção é para os títulos de crédito regidos 
por legislação própria que dispense essa exigência, como é o caso da duplicata, por exemplo.
Veja neste Na Prática uma situação-exemplo da aplicação desse ato cambiário e suas 
consequências jurídicas.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Protesto de títulos
Vídeo que comenta sobre os principais aspectos do protesto de títulos.
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Irregularidade em endosso gera extinção da execução do título de crédito
Artigo sobre decisão judicial que trata da legitimidade para o endosso.
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Notas promissórias
Vídeo que comenta recente decisão do STJ sobre a dispensa de outorga conjugal em caso de 
aval em nota promissória.
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