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Resenha - Tocqueville - A democracia na América

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Resenha: Tocqueville; A democracia na América ; 
Volume I: Advertência à 12ª edição Intro Primeira Parte (Cap. III e IV) Segunda 
Parte (Cap.I, IV, VII) e Volume II: Segunda Parte (Cap.I, II e XX) Quarta Parte 
(Cap.I e III). 
 
A obra intitulada A Democracia Na América: leis e costumes, escrita pelo 
pensador político francês Alexis de Tocqueville (1805 - 1859), é composta por dois 
grandes volumes cujo conteúdo é relativo a uma viagem do autor para os Estados Unidos 
com o objetivo de investigar melhor como acontecia o governo democrático e as ações 
políticas da região. Muito do que trata a obra faz comparação com a situação política da 
Europa no que diz respeito à Inglaterra e à França, mais precisamente. 
Nas primeiras páginas o autor parece apresentar a democracia como um fato 
quase inevitável diante da força que emana no contexto da derrubada dos reis no regime 
feudal. Com a força que o princípio da soberania do povo vem ganhando, parece fácil 
supor que o povo teria que lidar com problemas relativos às leis para se decidir entre uma 
liberdade democrática ou uma tirania democrática. Diante disso, o autor coloca a América 
(Estados Unidos) como aquela nação cujo princípio da soberania do povo resolve essa 
questão já que desde sempre o povo teria tomado o poder de decidir onde e como as leis 
são aplicadas. 
O desenvolvimento da igualdade de condições, segundo o autor na introdução, 
parece se demonstrar como um fato consumado. Desde que um pequeno número de 
famílias obtinha posses, e o clero começava a dividir mais ou menos as condições de 
modo que a mobilidade social entre as classes pudesse ser um pouco mais possível. 
Depois com a necessidade das leis civis fazendo com que se precisasse de legistas, depois, 
com o crescimento da parcela burguesa e com o passar de mais um tempo, a disseminação 
dos conhecimentos no período iluminista. Com isso, Tocqueville conclui que os nobres 
concedem poder político ao povo na medida em que se sentem ameaçados por alguma 
instância. 
Já no interior da obra, quando o autor busca descrever a maneira como se dá 
desde o início a forma do governo americano, Tocqueville afirma que o estado social dos 
americanos é eminentemente democrático e a igualdade permanece tal como é desde o 
início de sua história com os emigrantes nas colônias inglesas. Diante de um governo 
aristocrático pouco influente e fraco, os americanos fizeram a revolução e, deixados com 
seus próprios instintos, concederam-se o poder de decidir sobre aquilo que queriam. Um 
fato muito importante relacionado ao salto que se dá entre esses fatos é a lei das sucessões, 
uma vez que esta lei priva muitos homens de agirem diretamente sobre o futuro de toda 
uma sociedade construindo a riqueza por dentro de uma só linhagem desses homens. 
Desse modo, a lei das sucessões divide os bens daquele que detém uma boa quantia 
desses, fracionando-os e impedindo que haja grandes famílias de proprietários a longo 
prazo. 
Outra instância de igualdade dos americanos é a igualdade de conhecimento, 
segundo o autor os americanos são educados da mesma maneira e possuem mais ou 
menos o mesmo nível de conhecimento de qualquer outra pessoa. Como não há muitos 
ricos na região, existe a necessidade de se trabalhar e de se qualificar por meio da 
aquisição dos conhecimentos. Em consequência disso, o autor aponta que os americanos 
possuem grande paixão pela igualdade em detrimento da liberdade. 
O autor afirma que na América a democracia é um fato que atinge a todas as 
instâncias do governo. O povo afeta a maneira como tudo funciona, nomeando 
diretamente aqueles que desejam como representante do poder executivo e do poder 
legislativo. Os americanos atuam por meio de associações políticas, formadas dentro do 
eixo social dos indivíduos que, definindo bem a direção que querem tomar, conhecendo 
uns aos outros, podem se reunir e se transportar para alguns pontos do país de forma que 
consiga espalhar os seus pensamentos para erguer outras pessoas. E por fim também se 
tem o direito de nomear mandatários para representá-los em uma assembleia central. O 
fato de que a liberdade de associações é ilimitada na América, provoca no autor um 
questionamento acerca da maneira pela qual essa liberdade pode justificar um estado de 
anarquia ou mesmo chegar perto disso. 
Há grandes diferenças entre as associações europeias e as americanas a começar 
que na Europa, no momento em que um grupo de pessoas se associa visa o combate às 
outras associações. Na américa, aqueles que se distanciam de algum modo da opinião da 
maioria não resiste às suas decisões. A inexperiência dos europeus com a liberdade 
justifica o fato de que Tocqueville veja no direito de associações apenas uma justificativa 
para que se faça guerra aos governantes. Os ingleses não buscam direitos de associação 
pela experiência prévia e pelo gosto da glória que se tem por meio da guerra. 
Os efeitos da onipotência da maioria dos Estados Unidos provocam um 
fenômeno social de império moral no qual o poder e a opinião da maioria se destacam de 
maneira quase opressora diante da minoria que não é capaz de ter representação lhes resta 
estar de acordo com as condutas da maioria. Para que o governo elegido pela maioria se 
torne efetivamente legítimo é necessário que ele dure um longo tempo. A onipotência da 
maioria, segundo o autor é capaz de aumentar a instabilidade administrativa natural das 
democracias - onde sempre se elege novos governantes, tirando o foco administrativo da 
gestão de um, em relação ao outro, deixando de resolver questões anteriores para se aliar 
a uma realidade não emancipada do passado. Tocqueville critica constantemente a força 
irresistível com a qual o governo democrático americano se estabelece, tendendo para a 
injustiça e para a tirania da maioria. 
O autor também justifica a paixão pela igualdade dos americanos pelos seus 
hábitos instituídos desde sempre a apreciarem a igualdade em detrimento da liberdade - 
desde que sempre tiveram essa liberdade política. E na medida em que as coisas vão 
ficando mais iguais para todos - mais democráticas - cresce o individualismo entre os 
homens. Desde que as relações sociais se tornam mais frouxas e a dedicação que os 
homens teriam uns com os outros desaparece. E nas palavras do próprio autor: 
 
Assim, não apenas a democracia faz cada homem esquecer 
de seus ancestrais, mas lhe oculta seus descendentes 
e o separa de seus contemporâneos; ela o volta sem cessar 
para si mesmo e ameaça encerrá-lo, enfim, por inteiro, na 
solidão de seu próprio coração. 
 
Na perspectiva da divisão social do trabalho, o capítulo XX do segundo exemplar 
da obra explica como a democracia cria uma relação de aristocracia, de forma que, quanto 
mais o trabalho dos homens se especifica, maior a distância social que se cria entre patrão 
e funcionário - a classe mais elevada e a mais baixa - consistindo numa desigualdade 
ainda maior no âmbito econômico. 
A igualdade é o elemento chave que faz com que os homens tenham mais apreço 
pelas instituições livres - porque não experimentaram da autoridade e desejam que a 
independência que possuem seja conservada.

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