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Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 1 Febre, Inflamação e Infecção ETIOLOGIA E DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA (FOI). DEFINIÇÃO A febre de origem indeterminada (FOI) foi definida como uma febre igual ou superior a 38,3oC com 2 ou mais semanas de evolução, sem identificação da causa, ou após 1 semana de internação com investigação extensa. Essa febre deve ser aferia em situações variadas (então um paciente que teve um pico febril e depois não teve mais picos febris, não é classificada como FOI). Febres agudas, mesmo sem causas aparentes, que se resolvem espontaneamente, não são consideradas de origem indeterminada. As FOI necessitam de grande investigação e duração prolongada para serem caracterizadas. A maioria dos casos são de doenças comuns, mas com uma apresentação mais atípica. Mais de 50% dos diagnósticos de FOI, ficam sem diagnóstico definitivo, isso pode ser frustrante, pois é preciso uma investigação extensa até chegar ao diagnóstico. Além disso, a investigação deve também levar em conta dados epidemiológicos para ajudar a guiar as investigações e chegar ao diagnóstico. (por exemplo: FOI + HIV precisa de uma investigação distinta e especifica) desse modo, cada caso é um caso e os dados epidemiológicos podem ajudar a guiar a investigação. É importante lembrar aspectos pediátricos acerca do assunto. Essa definição está resumida a seguir: → Temperatura axilar superior a 37,3°C, em várias ocasiões. → Duração superior a 2 semanas. → Exame físico com achados inespecíficos. → Confirmada em pelo menos 3 dias de internação. → Exames de triagem inconclusivos: hemograma, provas de fase aguda, urina e urocultura, teste de tuberculina (PPD), radiológico de tórax. EPIDEMIOLOGIA Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 2 A epidemiologia depende de uma série de fatores, tais como: faixa etária, localização geográfica, exposição ambiental, status imunológico (importante na avaliação de suspeita de HIV). Cada local pode ter uma etiologia mais prevalente, isso vai depender de vários fatores, como esses citados acima. ETIOLOGIA DE FOI CAUSAS A intensidade da febre e a resposta a antipiréticos, ao contrário do que se acreditava, não são parâmetros sensíveis para a elucidação etiológica da febre. A curva febril, contudo, pode ser bastante útil no seu acompanhamento. A gama de etiologias da FOI evoluiu com o tempo como resultado de mudanças no espectro de doenças que causam FOI, do amplo uso de antibióticos e da disponibilidade de novas técnicas diagnósticas. A proporção de casos causados por abscessos e tumores intra-abdominais, por exemplo, diminuiu devido à detecção mais precoce por tomografia computadorizada (TC) e ultrassonografia. Além disso, a endocardite infecciosa é uma causa menos frequente devido a melhorias nas técnicas de hemoculturas e ecocardiografia. Por outro lado, alguns diagnósticos, como infecção aguda por HIV, não eram conhecidos há algumas décadas. Dentre as etiologias para FOI podemos dividi-las tem três grupos: infecções, neoplasias e outras causas de FOI. INFECÇÕES ➔ Tuberculose: A tuberculose é provavelmente a infecção causadora de FOI mais frequente no Brasil, sobretudo na forma extrapulmonar. Em geral, os pacientes com tuberculose são imunossuprimidos. ➔ Abscessos: Os abscessos ocultos intra-abdominais e pélvicos podem se manifestar unicamente com febre. É possível que sejam decorrentes de uma víscera perfurada (divertículo, apêndice, vesícula etc.), cuja manifestação aguda tenha passado despercebida. Podem gerar abscessos hepáticos ou subfrênicos. Os abscessos perinefréticos ou mesmo renais podem resultar de infecção urinária ascendente ou de disseminação hematogênica. Nem sempre haverá piúria, e seu diagnóstico será dificultado. Os abscessos esplênicos podem ocorrer em virtude de disseminação hematogênica. Os abscessos dentários fazem parte da lista de locais de FOI. Abscessos mais raros podem ocorrer no caso de amebíase. ➔ Osteomielite: Embora a maior parte das osteomielites tenha clínica importante com facilidade de reconhecimento, algumas localizações podem dificultar seu diagnóstico, como é o caso das vértebras e da mandíbula. Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 3 ➔ Endocardite infecciosa: A positividade da hemocultura pode ser dificultada por vários motivos: uso prévio de antibióticos, falha na colheita e na semeadura do material, germes que requerem meios diferentes ou mais tempo para crescer (como os germes do grupo Hacek). A ausculta de sopros pode ser prejudicada, principalmente nas câmaras direitas, em usuários de drogas injetáveis. O ecocardiograma transesofágico é a ferramenta a ser usada, porém pode apresentar falsos-negativos, como na embolização séptica de toda a vegetação. ➔ Prostatite: A prostatite é outra causa infecciosa de FOI. Em pacientes ambulatoriais e naqueles internados em terapia intensiva, que têm sondas e cateteres nasais, a sinusite é etiologia frequente. CÂNCER A incidência de neoplasias como causa de FOI era muito alta, chegando a 30% na década de 1970 e a 9-20% na década de 1990. Essa incidência caiu por causa dos melhores métodos de investigação. A febre de um linfoma tem grande importância, pode ser intermitente e recebe o nome de Pel Ebstein. Particularmente difícil é o diagnóstico de leucemias aleucêmicas. Nesse caso, a doença não atingiu a circulação e está confinada à medula óssea, sendo essencial exame histológico da medula. As síndromes mielodisplásicas, apesar de não serem neoplasias propriamente ditas. podem causar febre; nesse caso, o hemograma é o exame inicial, seguido da avaliação medular. O indivíduo com câncer renal pode ter febre em 20% das vezes e, em muitas vezes, apresenta sedimento urinário normal. Outras causas ➔ Inflamações/doenças do colágeno: Nos dois extremos etários, doenças inflamatórias são causas frequentes de febre. Em jovens, a doença de Still tem como manifestação maior a febre. A associação com artrite e sua duração de mais de 6 semanas, com ou sem hepatoesplenomegalia e com ou sem leucocitose, fazem o diagnóstico clinico da doença. Não há marcador sorológico. Em idosos, a arterite de células gigantes pode ter a febre como a única manifestação. Caso haja cefaleia intensa, perda súbita de visão, claudicação de mandíbula e grandes alterações da velocidade de hemossedímentação, o diagnóstico fica mais provável. A biópsia de artéria temporal fornece o diagnóstico definitivo. É importante lembrar que doenças sistêmicas como o lúpus eritematoso sistémico, as doenças inflamatórias intestinais e as vasculites sistémicas podem ter a febre como manifestação única inicial. ➔ Alterações da homeostasia térmica: Em raras situações de isquemia cerebral ou tumores, o set point hipotalâmico pode estar alterado, causando elevações abruptas de temperatura. Alterações de pele, como ictiose, ou mesmo condições genéticas de alterações de glândulas sudoríparas alteram a dissipação do calor, originando grandes hipertermias. Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 4 A trombose venosa profunda pode ter na febre a única manifestação. No Brasil, a sarcoidose menos frequente é outra etiologia de FOI que deve ser cogitada quando outras causas foram extensivamente investigadas. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ETIOLOGIA: Há quatro categorias para uma FOI: → Clássica (febre por > 3 semanas, sem se descobrir a causa após 3 dias de avaliação no hospital ou ≥ 3 consultas ambulatoriais) → Nosocomial (Febre de origem desconhecida associada a cuidados de saúde: febre em pacientes hospitalizados recebendo atendimento). → Imunodeficiência (febre em pacientes com neutropenia e outras imunodeficiências)→ Relacionada à aids. (Febre de origem desconhecida relacionada com HIV: febre por > 3 semanas em pacientes ambulatoriais com infecção por HIV confirmada ou > 3 dias em pacientes internados com infecção por HIV confirmada se o diagnóstico permanecer incerto após avaliação adequada) Nessas categorias, há quatro subgrupos: infecções, neoplasias malignas, autoimunidade e miscelânea. Infecções: Tanto infecções sistêmicas quanto localizadas podem causar FOI. Tuberculose e endocardite são as infecções sistêmicas mais comuns, mas micoses, viroses (particularmente infecção pelo vírus de Epstein-Barr e CMV), toxoplasmose, brucelose, febre Q, doença da arranhadura do gato, salmonelose, malária, e muitas outras infecções menos comuns foram implicadas. A infecção primária pelo HIV ou infecções oportunistas associadas à Aids – em particular infecções micobacterianas – também podem se apresentar como FOO. A forma mais comum de infecção localizada causando FOO é um abscesso oculto. Abscessos hepáticos, esplênicos, renais, cerebrais e ósseos podem ser difíceis de detectar. As causas infecciosas são as mais comuns no Brasil. A tuberculose é uma das causas mais comuns de FOI, e por isso é importante saber se houve algum contato, se está tossindo, se tem perda de peso, se foi em um curto período essa perda de peso. Além disso, é importante perguntar como é o padrão da febre, se é a tarde, manhã... Além de perguntar o histórico de viagens (viagens para lugares endêmicos...). além disso, é interessante perguntar os contatos com animais, ocupações anteriores e atuais, além de antecendentes familiares. Neoplasias: Muitos cânceres podem se apresentar como FOI. Os mais comuns são linfoma (tanto Hodgkin como não Hodgkin) e leucemia. Distúrbios linfoproliferativos pós- transplante também podem se apresentar com febre. Outras doenças linfonodais, como o linfoma angioimunoblástico e a doença de Castleman, também podem causar FOI. Tumores hepáticos primários e metastáticos frequentemente estão associados à febre, assim como os carcinomas de células renais. O mixoma atrial é uma https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/imunologia-dist%C3%BArbios-al%C3%A9rgicos/imunodefici%C3%AAncias/vis%C3%A3o-geral-das-imunodefici%C3%AAncias https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv/infec%C3%A7%C3%A3o-pelo-v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 5 neoplasia frequentemente esquecida que pode resultar em febre. A leucemia linfocítica crônica e o mieloma múltiplo raramente estão associados à febre, e a presença dela em pacientes com essas patologias deve induzir uma investigação de infecção. Distúrbios autoimunes: A doença de Still, o LES, a crioglobulinemia e a poliarterite nodosa são as causas mais comuns de FOI associadas a problemas autoimunes. A arterite de células gigantes e a polimialgia reumática são vistas quase exclusivamente em pacientes acima de 50 anos de idade e estão quase sempre associadas a uma velocidade de hemossedimentação elevada (> 40 mm/h). Causas miscelâneas: Muitas outras patologias foram associadas com FOI, mas menos comumente que os tipos anteriores de doenças. Os exemplos incluem: tireoidite, sarcoidose, doença de Whipple, febre familial do Mediterrâneo, embolias pulmonares recorrentes, hepatite alcoólica, febre medicamentosa e febre factícia. FOI não diagnosticada: Apesar de avaliações extensivas, o diagnóstico permanece indefinível em 15% ou mais dos pacientes. Em cerca de 75% deles a febre diminui espontaneamente sem um diagnóstico; no restante, as manifestações mais clássicas da doença subjacente aparecem com o tempo. DIAGNÓSTICO PRINCÍPIOS GERAIS NA ABORDAGEM INICIAL. Existem alguns preceitos gerais que devem ser segudos ana avaliação do paciente com FOI. 1. Certifique-se de que o paciente tem febre (pois se não tiver, o diagnóstic de FOI não se confirma. É importante fazer a constatação da existência da febre e suas características. Descartar febres factícias, hipertermias habituais e aumentos fisiológicos da temperatura) 2. O exame clinico deve ser sistematizado, minucioso e repetido (porque as vezes um exame físico rápido pode deixar pontos importantes passarem. Além disso, é importante questionar dados epidemiológicos, lugar de origem e onde reside, viagens, hábitos pessoais, exposição a animais ou drogas, comorbidades, história sexual, patológica pregressa, familiar e ocupacional, além de anamnese dirigida). 3. Exclua doenças potencialmente graves e tratáveis. (então deve ser investigado, perguntado se ele tem alguma doença, algum problema de saúde) 4. Exclua febre por medicamentos. (então dentro da história é importante perguntar se ele está toando algum remédio, quanto tempo está tomando, quando começou). Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 6 5. Exclua imunossupressão subjacente. (deve ser perguntado se ele tem alguma imunossupressão subjacente, se caso houver duvidas, deve ser solicitados exames. Por exemplo, se houver suspeita de HIV, é importante solicitar exames para diagnosticar). 6. Procure trabalhar com exames complementares de qualidade. 7. Pense sempre em associação de doenças, as vezes podem ter 2 diagnósticos associados de FOI. 8. Defina critérios para a indicação de terapêutica de prova e laparotomia exploradora. (ou seja, se você acha que é alguma coisa, e dar o medicamento pra ver se isso se confirma, por exemplo, dando um medicamento para ver se o paciente para de ter febre. Pode ser feita também a troca de medicamento, por exemplo, se ele estava usando um e não adiantou, pode ser tentado utilizar outros medicamentos). 9. Esteja presente quando os outros colegas forem chamados para opinar sobre o caso (se um cardio, infectologista for opinar...) 10. Mantenha boa relação médico-paciente (o paciente com FOI, geralmente é um paciente estressado e preocupado por não saber o que tem. Desse modo, o dialogo com o paciente e imprescindível. Além disso, é importante orientar ao paciente e à família sobre toda a complexidade a cerca da FOI e a possibilidade de demora no diagnóstico ou até de não obter um diagnóstico, a despeito de uma investigação completa, dispendiosa e desgastante) 11. Há um tempo para agir e um tempo para esperar. (deve ter cuidado com a investigação, sendo uma investigação focada e tendo cuidado com o excesso de exames também). AVALIAÇÃO INICIAL: EXAMES A história médica detalhada com exame físico completo vai ajudar a guiar quais os melhores exames a serem pedidos inicialmente. Dente os exames importantes a serem avaliados, estão: HEMOGRAMA COMPLETO é fundamental. ▪ Leucocitose (é quando os leucócitos, ou seja, os glóbulos brancos do sangue, estão num valor acima do normal, que no adulto é de até 11.000 por mm3) - Frequente, mas inespecífica; ▪ Leucopenia (é a redução do número de leucócitos no sangue) – Pode ser encontrada em leucoses aleucêmicas, TB miliar, linfomas, LES, Calazar e Febre Tifóide; OBS: Em adultos, a contagem normal de leucócitos varia entre 5.000 e 10.000/mm³. Um nível de leucócitos abaixo de 4.500/mm³ é conhecido como leucopenia. Quando ocorre leucopenia, o primeiro passo mais importante é determinar qual tipo de célula está diminuído – os neutrófilos (neutropenia) ou os linfócitos (linfopenia). Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 7 ▪ Eosinofilia – Aponta para os diagnósticos de Esquistossomose aguda, linfoma de Hodgkin, poliarterite nodosa e reações a drogas; OBS: eosinofilia é o aumento do número de eosinófilos circulantes no sangue, sendo verificado no hemograma quantidade acima do valor de referência, que normalmente é entre 0e 500 eosinófilos por µL de sangue. ▪ Linfocitose – Pode ser evidenciada em TB, toxoplasmose, CMV, EBV; OBS: é um aumento do número de linfócitos no sangue geralmente detectado na análise de hemograma. Quando ocorre o contrário, ou seja, quando os linfócitos diminuem de número, dá-se o nome de linfocitopenia. Linfócitos normalmente representam 20 a 40% dos leucócitos circulantes do sangue. ▪ Linfopenia - Sugere doenças como HIV, LES e sarcoidose. OBS: A Linfopenia é definida como uma contagem de linfócitos totais inferior a 1.000 células/mm3 ▪ Linfócitos atípicos – Reações a drogas, CMV, toxoplasmose e EBV; OBS: Linfócitos atípicos são linfócitos que apresentam forma variada e que surgem normalmente quando há infecções, principalmente infecções virais, como a mononucleose, herpes, AIDS, rubéola e varicela. ▪ Trombocitose - Observada em carcinomas, hipernefroma, linfomas, TB e angeíte temporal. OBS: Trombocitose ou Hiperplaquetose é o termo médico referente a um número excessivo de plaquetas no sangue. ▪ Trombocitopenia – Comum em leucoses, linfomas, LES, vasculites e HIV; OBS: ocorre quando a medula óssea produz quantidades insuficientes de plaquetas ou quando plaquetas demais são destruídas ou se acumulam dentro do baço aumentado. ▪ Anemia hipo/micro – Pode estar relacionada a sangramento oculto do TGI. Hemocultura (se a causa da FOI for uma causa infecciosa, 3 pares de hemocultura podem ser muito importantes para determinar a causa isolando algum agente infeccioso, caso a etiologia da FOI seja uma infecção (sítios diferentes, horas separadas). Pelo menos três sets para bactérias aeróbias e anaeróbias, além de culturas para fungos e micobactérias. Rx de tórax. Sorologias (hepatites, HIV, CMV, outras). Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 8 Urocultura e EAS (exame de urina tipo 1), se houver alguma suspeita de algo relacionado ao trato urinário. Uréia e Creatinina - Em caso de insuficiência renal, pensar em endocardite infecciosa, TB renal, leptospirose, poliarterite nodosa, LES e sarcoidose. VHS e PCR (são fundamentais, porque se eles tiverem alterados vão sugerir hipóteses diagnósticas). O VHS muito aumentado em colagenoses, neoplasias, TB, EI subaguda, osteomielite, abscessos e doenças mielodisplásicas. Além de infecções virais ou bacterianas. Provas reumatológicas (doenças reumatológicas podem dar febre) PPD (importante na investigação de tuberculose como causa de FOI - O PPD é o exame de triagem padrão para identificar a presença de infecção pela Mycobacterium tuberculosis e, assim, auxiliar o diagnóstico da tuberculose). TC de tórax (se achar que há alguma alteração nessas regiões). Pode também ter a avaliação de um hepatograma (OBS: O hepatograma consiste no doseamento das seguintes substâncias: AST (aspartato aminotransferase) e ALT (alanina aminotransferase), antigamente chamada de TGO (transaminase glutâmica oxalacética) e TGP (transaminase glutâmica pirúvica), respectivamente. O hepatograma pode ajudar a descobrir se tem alguma relação com hepatite). PSA. Em homens acima de 50 anos. OBS: Se os exames iniciais apontam alguma direção, prosseguir a investigação específica, incluindo outros exames laboratoriais mais específicos, exames de imagem e biópsias das regiões triadas. Todos os materiais obtidos devem ser enviados para estudos histopatológico e microbiológico, com culturas para bactérias, fungos e micobactérias. SEGUIMENTO DE PACIENTES SEM DIAGNÓSTICO Se tiver em bom estado geral, mas que permanece com febre: segue em investigação ambulatorial. Se caso estiver com bom estado geral com resolução espontânea da febre: acompanhamento ambulatorial por pelo menos seis meses. E em caso de instabilidade clínica e/ou sinais de gravidade: avaliar provas terapêuticas e/ou tratamentos empíricos. PROVA TERAPÊUTICA: O uso indiscriminado de antibióticos retarda o esclarecimento das FOI. Assim como o uso precipitado de corticosteróides altera o comportamento da febre e modifica a evolução clínica de muitas doenças. Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 9 Porém, os tratamentos empíricos e provas terapêuticas são muitas vezes utilizados após longa investigação das FOI sem êxito, principalmente quando o estado clínico do paciente se agrava. Há consenso na literatura também para os seguintes casos: tratamento empírico na suspeita de Doença de Still com Salicilatos, Fenilbutazona ou corticóide (menor resposta); aspirina em dose antiinflamatória na suspeita de febre reumática de apresentação atípica e corticóide para arterite temporal. O uso de AAS e imunoglobulina com boa resposta é critério diagnóstico para Doença de Kawasaki; assim como Colchicina é para Febre do Mediterrâneo. Etiologia e Diagnóstico da Febre de Origem Indeterminada (FOI) | Larissa Gomes de Oliveira 10 REFERÊNCIAS CUNHA, Lortholary., et al. Fever of Unknown Origin: A Clinical Approach. The American Journal of Medicine, Vol 128, No 10, October 2015. LAMBERTUCCI, José Roberto., et al. Febre de origem indeterminada em adultos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38(6):507-513, nov-dez, 2005
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