Buscar

Adolescência em outras culturas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Adolescência em outras 
culturas
Psicologia do Desenvolvimento: Adolescência
Prof.: Bruno Carrasco
Diferentes culturas e modos de ser adolescente
No decorrer das aulas, estamos entendendo a adolescência como um fenômeno 
biológico, social (cultural) e subjetivo (psicológico), onde esses três elementos 
influem no modo de atravessar a adolescência e de se tornar “adulto”.
Partindo dessa premissa, adolescentes de diferentes culturas, épocas, ou mesmo 
de classes sociais distintas, numa mesma cidade, apresentam padrões de 
comportamento e experiências bastante diferentes.
Até o momento, comentamos apenas do adolescente em nossa cultura ocidental 
globalizada, mas há também outras culturas e civilizações onde o desenvolvimento 
e o comportamento do jovem são bem diferentes do modo como conhecemos.
Diferenças entre a adolescência e a vida adulta
As antropólogas norte americanas Margaret Mead (1901-1978) e Ruth Benedict 
(1887-1948), constataram em seus trabalhos que o ser humano evolui de um 
estágio de total dependência, no caso do recém nascido, para um de relativa 
independência, como adulto, que adquire o papel de prover e proteger os filhos.
Outros autores entendem que a vida adulta está mais relacionada com a inserção 
no mundo do trabalho, ou com a independência dos pais ou cuidadores. De um 
modo geral, entende-se que faz parte da vida adulta uma maior responsabilidade 
sobre si mesmo, o sustento de sua própria vida ou de uma família, o 
desenvolvimento da autonomia, o predomínio do raciocínio abstrato, o 
estabelecimento de uma identidade própria e sua possível transformação.
Exemplo dos jovens de Samoa (país da Oceania)
O modo como essa independência é adquirida varia muito de uma cultura para 
outra. Na nossa, por exemplo, a diferença entre criança e adulto é profundamente 
acentuada por instituições sociais e legais. Existe uma descontinuidade entre os 
dois papéis, e isso cria conflitos para o adolescente, que está a meio caminho.
Já na sociedade de Samoa, no Pacífico Sul, estudada por Margaret Mead, não 
acontece assim. A transição entre os papéis se dá de modo gradual, e o processo 
de crescimento é lento e contínuo. Quando a criança se torna adulta, as 
exigências que recaem sobre ela não são abruptamente aumentadas: elas são uma 
continuação do que lhe era exigido anteriormente.
Diferenças entre a cultura ocidental e a 
samoana, sobre o adolescente
Papel responsável X não responsável
Tecnicamente, na nossa cultura, as crianças não dão qualquer contribuição social 
no sentido do trabalho, e inclusive são proibidas por lei de fazê-lo.
Em Samoa, meninas de até seis anos são responsáveis pelo cuidado e disciplina 
de irmãos mais novos. Meninos desde cedo aprendem a pescar nos recifes e 
remar canoas, enquanto as meninas, depois de dispensadas da função de babá, 
trabalham nas plantações.
Nenhuma mudança básica ocorre na adolescência, a não ser que o grau de 
responsabilidade aumenta à medida que a criança se torna mais forte e madura.
Dominação X submissão
Em nossa cultura, a criança deve sair da submissão infantil e adotar a atitude 
completamente oposta de domínio na fase adulta. Essa transição se dá geralmente 
na adolescência, sem que haja qualquer preparo para isto. Com frequência o 
adolescente sai diretamente da casa de seus pais para formar sua própria família.
Em Samoa, existe um aprendizado contínuo em relação a esses dois papéis. Uma 
criança de seis ou sete anos é ao mesmo tempo babá de seus irmãos mais novos e 
submissa aos mais velhos. Quanto mais velha fica, mais crianças ela domina e 
menos ela é dominada.
Experiências sexuais
Em nossa sociedade existe uma grande restrição à expressão sexual da criança, 
ela é tratada como assexuada, em contraste com os adultos. É vedado à criança o 
acesso e informações sobre o ciclo vital de homens e mulheres. Ainda hoje, o sexo 
é considerado uma coisa suja e feia para a criança, e as experiências eróticas da 
infância são reprimidas.
Em Samoa, a criança tem oportunidades de assistir a um parto ou uma morte perto 
de sua casa e muitas já tiveram vislumbres de relações sexuais. A vida sexual não 
é reprimida, mas considerada natural e agradável. A criança não é basicamente 
diferente do adulto. Homossexualidade, promiscuidade e atividades sexuais na 
criança, que em nossa sexualidade são considerados pecados terríveis, são tidos 
como simples jogos em Samoa, sem a existência de qualquer estigma moral.
Adolescência e psicologia
Conflito adolescente
O estudioso americano sobre educação, Edgar Friedenberg (1921-2000) acredita 
que a adolescência é um período de autodefinição, o jovem precisa diferenciar-se 
não só dos pais, mas também da cultura na qual cresceu, e só pode fazê-lo 
isolando-se dela e quebrando os elos da dependência.
Segundo ele, se não houver a oportunidade da existência do conflito, não há 
adolescência, e o sentido individualista não pode se desenvolver. Neste sentido, a 
personalidade individual e particular só se desenvolve a partir do conflito 
vivenciado entre o adolescente e seus cuidadores, sua cultura e os valores com o 
qual foi constituída sua infância, para dar a luz a uma nova forma de vida.
“O conflito adolescente é o 
instrumento pelo qual o indivíduo 
aprende a diferença complexa, 
sutil e preciosa entre ele mesmo 
e seu ambiente.”
(Friedenberg)
Tratamento de crianças e adolescentes
Em vários anos de atendimento de saúde mental, temos assistido uma contínua e 
crescente demanda por tratamento de crianças e adolescentes. Inúmeras famílias 
e escolas os encaminham na expectativa de que os psicólogos possam auxiliá-los 
em face dos frequentes “fracassos escolares”, “distúrbios de comportamento”, 
“dificuldades cognitivas”, “levadeza”.
Em geral, as escolas e familiares trazem também uma demanda de 
encaminhamento das crianças e jovens para as denominadas escolas especiais. 
Nesse caso, querem apenas que forneçamos um “passaporte”, sob a forma de um 
laudo, que lhes abra as portas para o requerido encaminhamento.
Concordar com essa prática e “patologizar” o que pode ser considerado próprio à 
idade pode ser também uma forma de incluir os serviços de saúde mental numa 
lógica de contenção das liberdades e, mais que isso, uma forma de normatizar a 
vida, produzindo padrões de vida cada vez mais estandardizados e empobrecidos.
A psicologia tem respondido a essa demanda por longos anos. Para tanto, se 
coloca a definir “especializações” que, além de se prestarem ao atendimento dos 
casos que realmente se beneficiam com seus préstimos, se apresentam enquanto 
saberes genéricos sobre a vida jovem, como se fundassem uma síndrome (ou 
patologia) da adolescência, numa espécie de um novo quadro nosológico.
Patologia da adolescência?
“Leva pro psicólogo”
Temos servido a uma imposição que nos leva a “adoecer” e a “medicalizar” etapas 
da vida simplesmente porque pais, escolas e instituições experimentam 
dificuldades em lidar com o que é próprio à idade e com isso requerem dos 
profissionais “psi” uma ajuda para condicioná-los à nova ordem do pouco tempo 
para tudo, da impaciência, da falta de disponibilidade, do “leva pro psicólogo”.
Enquanto isso, a prática de atenção a crianças e adolescentes segue uma rota de 
exclusão social, porque, ao patologizar a vida e encaminhar tantos jovens para 
especiais especiais, quando não para centros de tratamento neuropsiquiátricos, 
entendemos estar participando de um processo de exclusão social. 
“Aborrecente”
Essas crianças e jovens se apresentam, por meio de seus cuidadores (ou 
“descuidadores”) em busca de um “passaporte” às escolas especiais e aos centros 
de tratamento neuropsiquiátricos.
São jovens que, ao experimentarem as novas condições da adolescência, novas e 
diferentes formas de ser, acabam conflitando ou recusando o modelo institucional 
da escola e, por isso, são taxadas de “problema” – “criança-problema”, 
“adolescente-problema”, “aborrecente”.
Do rio que tudo arrasta se diz que é 
violento. Masninguém diz violentas 
as margens que o comprimem.
(Bertolt Brecht)
Por que querer dominar a adolescência?
A psiquiatria, enquanto saber médico, é, assim, uma prática de dominação 
imprescindível ao disciplinamento do campo social, quando os loucos de toda 
espécie precisavam ser abordados e compartimentados em locais para não 
ofender à nova ordem instituída. Nessa mesma perspectiva, temos assistidos às 
especializações e profusões discursivas sobre a categoria adolescência.
E nos interrogamos: por que esse exercício de dominação sobre ela? Por que isso 
se faz tão presente nos dias atuais? Que monstrengo é esse que se criou 
significando adolescência como problema, enfrentamento, transtorno, violência, 
drogas, descaminho, desrespeito?
Temos fracassado enquanto sociedade
Nós, os especialistas, os psicólogos de adolescentes, somos obrigados a constatar 
que, temos fracassado enquanto sociedade no processo de propiciar aos jovens 
rituais de passagem que os insira na vida social.
Pelo contrário, prolongamos a infância ao máximo e ao final lhes impomos uma 
troca de um dos momentos mais ricos da vida, de maior força e beleza física, de 
densidade emocional, de criatividade, de sexualidade exuberante, por um longo 
trecho em banho-maria, numa atividade generalizada de acumular conhecimento e 
disciplina, para que o futuro os compense. E o adolescente tem dificuldade de 
manter esse pacto como teria qualquer um ao trocar a vida pela clausura.
Culturas e papel da família
Há culturas inúmeras, e é certo que todas criaram opções para lidar com o 
momento de passagem do mundo infantil para o mundo adulto. Há rituais de 
passagem, há práticas e exigências aplicadas aos jovens para que sejam aceitos 
no mundo dos adultos.
Não podemos deixar de reconhecer que a instituição familiar se presta muito bem 
à maternagem, ao procriar e cuidar da infância, enredando-a em sua novela 
familiar, que dá ao papai e à mamãe essa aura de intimidade privada na mais pura 
concepção do romantismo. Mas a família, e particularmente a típica de classe 
média, não está colaborando para criar o trânsito necessário à construção de um 
espaço de participação social do jovem.
Examinar a doença social de nosso tempo
Concluindo, lembramos aos profissionais da saúde mental que, antes de 
psicologizar ou medicalizar a adolescência, deve-se examinar a doença social de 
um tempo que esvaziou seus rituais de passagem e quer aplacar a força da vida 
apenas com a repetição de um modo de vida adulta de regularidades e padrões 
bem sucedidos tende a ostentar.
Os adolescentes, por certo, desconfiam dessa fraude, e é-lhes insuportável trocar a 
vida por moeda tão gasta. Fazer sua vida na divergência, na adrenalina, na 
pichação, na drogadição, é apenas uma forma de afirmar uma vida menos 
medíocre. Enfim, a vida não cessa de se afirmar...
Referências Bibliográficas
Adolescência e psicologia: concepções, práticas e reflexões críticas. 
Coordenação Maria de Lourdes Jeffery Contini; organização Sílvia Helena Koller. 
Rio de Janeiro: Conselho Federal de Psicologia, 2002.
BECKER, Daniel. O que é adolescência. São Paulo: Brasiliense, 1999.
BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 
14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Por: Bruno Carrasco
Professor de filosofia e psicologia, graduado em psicologia, licenciado em filosofia 
e em pedagogia, pós-graduado em ensino de filosofia e em psicologia existencial 
humanista e fenomenológica, pós-graduando em aconselhamento filosófico.
www.brunodevir.blogspot.com
www.instagram.com/brunodevir
www.fb.com/brunodevir
http://www.brunodevir.blogspot.com
http://www.instagram.com/brunodevir
http://www.fb.com/brunodevir

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes