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Arte no Renascimento

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Arte
Volume 5
Sumário
09
10
A arte renasce ........................................... 4
Movimento humanista: o homem no centro do mundo ................................. 6
Renascimento: o adeus definitivo à Idade Média ........................................... 8
Recriar é criar. ............................................. 21
Teatro elisabetano: o mundo todo é um palco! .............................................. 22
Um teatro para ver e ser visto ........................................................................ 23
“Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia” ........... 24
Ser ou não ser original: eis a questão ............................................................. 25
A música renasce cheia de dissonâncias ......................................................... 27
Música instrumental ...................................................................................... 28
Pavanas e galhardas: dança e música ............................................................ 31
Acesse o livro digital e 
conheça os objetos digitais 
e slides deste volume.
A arte renasce
09
Ponto de partida 
Com os colegas, observe as obras de Ghirlandaio e Botticelli e responda às questões propostas.
1. Em que período as obras foram produzidas?
2. Quais são os temas retratados pelos artistas?
3. Essas obras apresentam temas similares? Por quê?
BOTTICELLI, Sandro. O nascimento de Vênus. [ca. 1480]. 
1 têmpera sobre tela, 172,5 cm x 278,5 cm. Galleria 
degli Uffizi, Florença. 
GHIRLANDAIO, Domênico. São Jerônimo em 
seus estudos. 1480. 1 afresco, 184 cm x 119 cm. 
Igreja do Espírito Santo, Florença.
Igreja do Espírito Santo, Florença. Galleria degli Uffizi, Florença.
4
Objetivos da unidade:
 obter uma visão geral sobre as artes visuais durante o Renascimento;
 entender a arte como uma parte integrante dos conhecimentos humanistas;
 compreender como a função da arte está relacionada à valorização dos seres humanos 
e de suas produções;
 reconhecer o aspecto simbólico da arte no movimento renascentista europeu;
 estabelecer relações entre os conteúdos históricos e a contemporaneidade;
 situar historicamente as manifestações artísticas do Período Renascentista;
 aplicar conhecimentos técnicos em produções artísticas.
isuais durante o Renascimento;
Na Europa Ocidental, o período da Idade Média foi considerado, durante muitos séculos, como a “Idade das Tre-
vas”, em razão da soberania da Igreja Católica, que insistia em valorizar apenas o plano espiritual, deixando de lado 
as necessidades materiais da humanidade. A existência do Tribunal da Santa 
Inquisição e as perseguições mantidas pelos seus membros aos considerados 
hereges também contribuíram para que essa época histórica fosse considerada 
um período de atraso e retrocesso em relação à Antiguidade Clássica. 
Entretanto, é importante salientar que foi durante os últimos séculos da Ida-
de Média que ocorreram mudanças responsáveis pelo estabelecimento de uma 
nova sociedade, voltada para os seres humanos e suas realizações. 
Foi nesse período também que surgiu a burguesia – termo utilizado inicial-
mente para denominar os habitantes dos burgos, os quais passaram a promo-
ver um comércio rico e variado e, por meio dessa atividade, a obter lucros.
burgos: vocábulo de origem latina utilizado 
para denominar vilas e cidades medievais. 
Geralmente cercados por muralhas, os 
burgos surgiram nos entroncamentos das 
estradas e muitos deles desenvolveram-se 
das feiras. Em virtude do espaço restrito para 
a realização de atividades agropastoris, os 
burgueses se dedicaram às atividades ma-
nufatureiras e comerciais.
 Na obra de Quentin Massys, há a 
representação de um casal cuja ocupação 
era o empréstimo a juros 
O comércio com o Oriente, espe-
cialmente o realizado pelos mercado-
res de Gênova e Veneza, proporcionou, 
na Europa Ocidental, o consumo de 
produtos raros – possibilitando gran-
des lucros aos comerciantes – e trocas 
culturais que acabaram, aos poucos, 
por alterar as sociedades europeias. Foi 
por meio desses viajantes que novos 
costumes e conhecimentos chegaram 
à Europa.
Museu do Louvre
MASSYS, Quentin. O prestamista e sua esposa. 1514. 1 óleo sobre tela, color., 
71 cm x 68 cm. Museu do Louvre, Paris.
5
antropocentrismo: a valorização do homem pro-
moveu o estímulo à racionalidade e aos prazeres oriundos dos sentidos. Dessa forma, a apreciação de uma produção artística visual passou a ser incenti-
vada e valorizada. Na Grécia Antiga, a valorização do prazer oriundo da estimulação dos sentidos era denominada hedonismo.
Movimento humanista: o homem no centro do mundo
O movimento humanista, central para o Renascimento, pode ser 
relacionado com o comércio e com os conflitos entre o Oriente e o 
Ocidente durante a Baixa Idade Média. Trata-se de um movimento 
que se caracterizou pelo retorno ao estudo da cultura clássica e foi 
fortemente marcado pelo antropocentrismo, ou seja, pela valoriza-
ção do ser humano e de todas as suas realizações. 
Os humanistas contestaram a cultura medieval e se voltaram à 
cultura da Antiguidade Clássica em busca da valorização do homem. 
ConexõesConexões
Leia o fragmento a seguir e, depois, responda às questões propostas.
O movimento intelectual mais característico do Renascimento foi o Humanismo, um programa 
educacional baseado no estudo da antiga literatura grega e romana. A atitude humanista para com a 
Antiguidade diferia dos eruditos da Idade Média. Enquanto estes buscavam adaptar o conhecimento 
clássico a uma concepção cristã do mundo, os humanistas do Renascimento valorizavam a literatura 
antiga por ela própria – por seu estilo claro e elegante e por sua percepção da natureza humana. Com 
os clássicos da Antiguidade, os humanistas esperavam apreender o muito que não lhes ensinaram os 
escritos medievais – esperavam, por exemplo, aprender a viver bem neste mundo. [...] Usavam o co-
nhecimento clássico para alimentar o seu novo interesse pela vida terrena.
PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, [19--?]. p. 271.
1. Explique a diferença entre os estudos da cultura clássica promovidos pelos humanistas e os da cultura clássica pro-
movidos pelos eruditos da Idade Média.
2. O Humanismo pode ser considerado apenas um movimento de retorno à cultura clássica? Justifique sua resposta.
6 Volume 5
Aprecie
Observe, a seguir, um estudo de corpo humano produzido por Michelangelo. 
1. Observando o estudo de Michelangelo, cite os conhecimentos que o artista deveria ter, em sua 
opinião, para produzir a figura de David.
2. Como são feitas as sombras do desenho? Que técnica foi utilizada?
MICHELANGELO. Homem nu, em pé. [ca. 1505]. 1 desenho a bico de pena, 37,5 cm x 19,5 cm. 
Sala de Exposições, Museu do Louvre, Paris.
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Arte 7
GIOTTO. Anunciação de Santa Ana. [ca. 1304]. 1 afresco, 
color., 200 cm × 185 cm. Cappella Degli Scrovegni, Pádua, 
Itália.
GIOTTO. Última ceia. [ca. 1304]. 1 afresco, color., 200 cm × 185 cm. 
Cappella Degli Scrovegni, Pádua, Itália. 
Renascimento: o adeus definitivo à Idade Média
O Renascimento foi um movimento de renovação cultural que ocorreu na Europa entre os séculos XIV e XVI e teve 
manifestações em todas as áreas do conhecimento. Esse movimento promoveu uma grande mudança na maneira de 
se observar o mundo, uma vez que os seres humanos passaram a buscar explicações não somente para a vida espiritual 
como também para a vida terrena. 
Ao colocar a figura humana como o centro de todos os estudos, interesses e produções, o Humanismo lançou as 
bases para o Renascimento. O processo de valorização da vida terrena permitiu o rompimento com as doutrinas impos-
tas pela Igreja Católica, durante a Idade Média, que consideravam Deus como o centro do mundo.
O Renascimento teve início na Península Itálica, alastrando-se por várias outras regiões da Europa. Como são várias as 
divisões propostas para esse período,optamos por adotar as divisões frequentemente encontradas na História da Arte: 
Trecento (século XIV), Quattrocento (século XV) e Cinquecento (século XVI). 
Trecento
A primeira fase do Renascimento foi denominada Trecento por tratar-se do século XIV (1301-1400), no qual todos 
os anos, com exceção do último, iniciam-se com mil e trezentos – por isso trecento.
No século XIV, a sociedade europeia era fortemente influenciada pela Igreja Católica e, portanto, pela religiosida-
de. Os artistas não fugiam disso, reproduzindo temas religiosos, os quais acabaram por marcar a arte renascentista, 
especialmente durante esse período. Entretanto, mesmo mantendo a religiosidade como eixo temático, os artistas 
do Renascimento passaram a retratar temas bíblicos cada vez mais ambientados em cenários terrenos. Nesse sentido, 
podemos dizer que o naturalismo foi uma das características marcantes do movimento renascentista.
Um dos grandes nomes da pintura durante o Trecento foi Giotto. Observe, a seguir, algumas de suas obras.
Imagens: Cappella Degli Scrovegni
8 Volumelume 5
Obra em foco
Ceni Piero Giovanni, mais conhecido como Cimabue, foi um dos precursores do movimento renascentista. Ele 
realizou diversas pinturas em madeira para a Igreja de Santa Maria Novella, em Florença. Nessa cidade, teria começado 
sua carreira sob a influência de pintores gregos contratados, por Florença, para a realização de trabalhos e para ensinar 
jovens artistas. De acordo com Giorgio Vasari, Cimabue teria sido um desses jovens.
Observe, a seguir, uma das obras de Cimabue.
CIMABUE. A Virgem e a Criança em majestade rodeadas de seis anjos. [ca. 1270]. 1 têmpera 
sobre madeira, 427 cm x 280 cm. Museu do Louvre, Paris.
As dimensões da 
obra indicam que ela 
foi produzida para 
ser um elemento 
de devoção, fato 
que é comprovado 
pelo lugar em que 
ainda se encontra 
atualmente (interior 
de uma igreja).
 Na obra, é possível observar a forte influência da arte bizantina por conta da 
representação das figuras e dos elementos dourados
O uso de expressões austeras e 
solenes era marca registrada dos 
artistas desse período. 
O azul intenso da 
veste da santa, 
em contraste com 
as folhas de ouro 
do fundo, leva o 
observador a focar 
sua atenção na 
figura de Maria.
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Arte 9
Fazer artístico
Muito bem temperado
Observe a referência da obra de Cimabue. Nela, aparece a informação de que o artista utilizou a têmpera, técnica 
adotada pelos pintores italianos que consistia em usar uma mistura de pigmentos (extraídos da terra, da argila, de 
musgos, de pedras moídas, etc.) com ovos. Portanto, eram os ovos que davam a liga entre os diversos elementos da 
natureza. A tinta assim produzida secava muito rapidamente, fato que impedia os artistas de acrescentar detalhes às 
partes já produzidas.
A técnica de pintura com tinta a óleo, segundo algumas fontes, foi criada em 1410, na Holanda, por Jan van Eyck. 
Entretanto, há relatos do emprego de tipos diferentes de óleos em produções artísticas desde antes de Cristo. Diferen-
temente do que ocorre com a tinta obtida pela têmpera, os pigmentos misturados com óleo demoram mais para secar, 
possibilitando ao artista mais tempo para a execução de seus trabalhos.
Eram os próprios artistas que produziam as tintas que utilizavam. Embora possuíssem o status de artesãos, muitos 
deles viveram em extremas dificuldades, o que os levava a buscar um mecenas para protegê-los e patrociná-los. En-
tretanto, se os artistas podiam desfrutar de algumas vantagens e confortos, também estavam sujeitos às exigências de 
seus senhores.
 Pesquise uma obra do período Trecento que tenha características semelhantes a que estudou e explique por que você 
a escolheu. Que elementos presentes nela podem ser comparados com os da obra de Cimabue?
Sala do artista
Têmpera
Nesta atividade, você vai produzir suas próprias tintas e aplicá-las utilizando a técnica da têmpera. 
Materiais 
Elementos da natureza para produção das cores
Ovos 
Recipientes para triturar, misturar e preparar as tintas 
Tela ou um pedaço de madeira liso 
Lápis grafite
Pincéis
Algodão ou papel-toalha
Organize as ideias
10 Volume 5
MICHELANGELO. Criação de Adão. 1510. 1 afresco, color., 280 cm x 570 cm. Capela Sistina, Vaticano.
 Uma das mais importantes obras das artes visuais é um afresco pintado por Michelangelo no teto da Capela Sistina, representando o 
momento em que Deus criou o primeiro homem 
O afresco também foi uma técnica muito utilizada no Renascimento para adornar as paredes internas de igrejas, 
conventos, palácios e das casas dos ricos burgueses. Conhecida desde a Antiguidade, essa técnica foi aprimorada pelos 
italianos, que se especializaram na produção de murais (nome atribuído às pinturas de grandes extensões).
Para executar o afresco, cabia ao pintor, enquanto a argamassa ainda estivesse molhada, aplicar as tintas. Quando o 
reboco da parede secava, a pintura estava pronta. Leia, a seguir, as observações feitas sobre a técnica do afresco.
Trabalha-se sobre a argamassa fresca e não se abandona o trabalho enquanto não estiver acabado 
aquilo que naquele dia se queria fazer. Porque quando se demora a pintar, a argamassa cria uma cros-
tazinha, seja em decorrência do calor, do frio, do vento ou do gelo, o que embolora e mancha todo o 
trabalho. Por isso a parede que se está pintando precisa ser continuamente molhada, e as tintas usadas 
devem ser todas de terra, e não de minerais, e o branco deve ser de travertino cozido.
VASARI, Giorgio. Vidas dos artistas. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 48-49.
Essa técnica foi aprimorada durante o Quattrocento e o Cinquecento, culminando na genialidade da obra de 
Michelangelo. 
Como fazer
1. Forme uma dupla com um colega e, juntos, criem um projeto de pintura. Em seguida, elaborem um plano do que 
será retratado, destacando as cores das tintas necessárias para o trabalho.
2. Selecionem os elementos da natureza para a produção das tintas.
3. Misturem os pigmentos produzidos com ovo para formar a tinta.
4. Ao iniciar o trabalho de pintura, lembrem-se de que esse tipo de técnica permite a secagem das tintas em um 
curto espaço de tempo.
5. Apresentem à sua turma a obra criada por vocês.
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Arte 11
Quattrocento
A segunda fase do Renascimento é denominada Quattrocento e corresponde ao período do século XV (1401- 
-1500). Foi marcada pelo despontar de Florença como o grande centro cultural e artístico do Renascimento. A Família 
Médici foi importante incentivadora da arte do período e, graças a esses mecenas, a cidade de Florença abriga, na 
atualidade, significativa diversidade da produção artística do Ocidente. 
São expoentes desse período o arquiteto Filippo Brunelleschi, o escultor Donatello e os pintores Fra Angelico e 
Sandro Botticelli.
 Foto da cidade de Florença. À esquerda, o Palazzo Vecchio, 
centro do poder político da Florença renascentista; no centro, a 
cúpula do Batistério; e, à direita, o Duomo (Catedral de Santa 
Maria del Fiore)
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Curiosidades
A arquitetura renascentista encontra-se representada com todo o seu esplendor na cúpula da Catedral de Santa 
Maria del Fiore. A catedral começou a ser erguida em 1296 e sua construção foi interrompida algumas vezes por causa 
de pestes, de guerras e de disputas pelo poder político. 
Desde o início, um dos grandes desafios para a construção da catedral foi a edificação da cúpula, pois o projeto 
previa uma estrutura muito alta e muito pesada (45 metros de largura e 100 metros de altura). Após vários projetos 
malsucedidos, Filippo Brunelleschi foi contratado e iniciou seu trabalho em 1420. O projeto do arquiteto, por não uti-
lizar andaimes, que furavam as paredes do templo e enfraqueceriam a construção, foi considerado bastante inovador 
para o seu tempo. 
Arte 13
Para muitos estudiosos da pintura, uma das maiores contribuições do Renascimento foi a invenção da perspectiva 
linear,ou científica, com um único ponto de fuga. Trata-se da criação de um plano geométrico disposto sobre uma 
superfície bidimensional com o objetivo de que o observador tenha uma visão tridimensional da cena retratada. Para 
compreender melhor, observe a obra de Carlo Crivelli.
Sala do artista
CRIVELLI, Carlo. Anunciação 
com São Emidius. 1486. 1 óleo 
sobre madeira, transferido 
para tela, 207 cm x 147 cm. 
National Gallery, Londres.
 O esquema com as linhas 
apresenta a maneira como 
Carlo Crivelli planejou sua 
obra. O ponto de fuga, 
marcado pelo ponto de 
interseção entre as linhas, 
foi disposto no lado 
esquerdo da imagem. Para 
ele, convergem todas as 
linhas, o que fornece a 
impressão de que a janela 
está em um plano mais 
distante do observador, 
embora, na verdade, 
toda a cena tenha sido 
retratada em um plano 
bidimensional. O traço 
horizontal representa 
a linha do horizonte e 
se encontra no mesmo 
nível que os olhos do 
observador
WIRTZ, Rolf C. Florença: 
arte e arquitetura. Alemanha: 
Könemann, 2001. p. 50.
 Planta da cúpula da 
Catedral de Santa Maria 
del Fiore
Brunelleschi projetou travamentos horizontais em 
intersecção com travamentos verticais, os quais foram 
recobertos por duas paredes: uma interna e outra ex-
terna. A base da cúpula foi produzida com vários anéis 
separados, erguidos um a um. A função desses anéis, 
também denominados tambores, era reduzir o peso 
da estrutura da cúpula sobre as paredes, que foram 
estruturadas no estilo espinha de peixe (tipo de amar-
ração dos elementos que compõem a estrutura).
A cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore é a 
quarta maior cúpula de um templo católico. Leonel 
Battista Alberti, em 1434, ficou tão admirado com a 
construção que afirmou que a sombra da cúpula seria 
capaz de “cobrir todas as gentes da Toscana”.
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14 Volume 5
Qual das obras abaixo pode enganar o olho humano? Por quê? Em duplas, escolham uma delas e apontem quais 
aspectos são importantes para a imitação ter sucesso. Que semelhança é possível identificar entre a obra de Richard Estes 
e a de Carlo Cravelli?
Imitar não é fácil
Mesmo que a obra de um determinado artista possa parecer mais “rea-
lista” do que a de outro, toda imagem figurativa é uma imitação. O que se 
modifica é a fidelidade da imagem em relação àquilo que pretende imitar.
arte figurativa: aquela que, em diferentes 
momentos da história da arte, procura re-
produzir formas que podem ser encontradas 
na natureza.
Troca de ideias 
CLOSE, Chuck. Mark. [1978 ou 1979]. 1 acrílico sobre 
tela. Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque.
RAPHAEL [Raffaello Sanzio]. Cristo benedicente. 1506. 
1 óleo sobre madeira, 31,6 cm x 25,4 cm. Brescia Civici 
Musei d’Arte e Storia, Brescia.
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ESTES, Richard. Hotel Holland. 1984. 1 serigrafia colorida sobre papel canson, 113,3 cm x 181,3 cm. Richard Levy 
Gallery, Novo México, EUA.
Arte 15
A imitação é tão importante para a sociedade que antigas histórias sobre artistas habilidosos na arte da imitação 
são contadas até os dias de hoje. Uma delas trata de Zeuxis, famoso pintor da Grécia Antiga. Conta-se que Zeuxis par-
ticipou de uma disputa com outro artista igualmente habilidoso, chamado Parraso. Os dois competiam para descobrir 
qual era o mais talentoso na arte da pintura. 
A pintura apresentada por Zeuxis foi a de um cacho de uvas. Quando exibiu o quadro, dois pássaros, imediatamen-
te, vieram bicar as frutas. Feliz com a façanha, Zeuxis pediu ao concorrente que desembrulhasse seu quadro. Nesse mo-
mento, Parraso revelou que sua pintura, na verdade, imitava um quadro embrulhado. Zeuxis, que tinha sido enganado 
pela ilusão criada, reconheceu, então, a superioridade de Parraso na arte da imitação. 
Os artistas do Renascimento retomaram a ideia de imitação da Antiguidade Clássica, mas não se restringiram a ape-
nas copiar as imagens da natureza. Determinados a superar qualquer imitação já concebida, eles corrigiam a natureza, 
a fim de produzir uma imagem idealizada das coisas.
Cinquecento
Essa fase, que compreende o século XVI (1501-1600), marcou o esplendor do Renascimento na Península Itálica. A 
ideia do uomo universale, ou seja, do homem universal, atingiu todas as áreas do conhecimento e passou a ser obser-
vada em várias outras partes do continente europeu. Uma percepção acurada dos seres humanos, que incluía diversos 
prismas (parte física, espiritualidade, intelecto, etc.), estava presente em toda a sociedade europeia.
A Igreja Católica, inicialmente contrária ao movimento humanista, soube repensar sua postura e assumiu um papel 
importante de mecenato e centro de estudos humanísticos. 
As artes plásticas adquiriam outro status, passando de artesanato para artes liberais. Esse período foi caracterizado 
pelas obras de Donato Bramante, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Ticiano, Tintoretto e Rafael.
O chiaroscuro (claro-escuro) foi outra 
técnica aperfeiçoada pelos artistas do Re-
nascimento. Produzindo contraste entre 
cores claras e escuras, os pintores, em suas 
obras, destacavam os elementos principais 
e obscureciam os secundários. A perspecti-
va científica e o chiaroscuro foram técnicas 
utilizadas com o objetivo de retratar os cor-
pos humanos e as cenas representadas de 
forma intensa e realista. Por isso a grande 
expressividade das obras produzidas nesse 
período.
TINTORETTO. Cristo 
diante de Pilatos. [1566 ou 
1567]. 1 óleo sobre tela, 
515 cm x 380 cm. Scuola 
Grande di San Rocco, 
Veneza.
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16 Volume 5
Compare a escultura de Praxíteles, escultor da Grécia Antiga, com a obra David, de Michelangelo. Que semelhanças 
é possível identificar entre elas?
Uma das características do estatuário renascentista era o conceito de contraposto, que consistia na representação 
da figura humana em uma posição em que uma das pernas sustentava totalmente a escultura, enquanto a outra ficava 
livre, conferindo dinamismo à obra.
Escultura
Os avanços das técnicas e os 
resultados obtidos na pintura e na 
arquitetura renascentista também 
podem ser observados na escul-
tura desse período. As esculturas 
gregas e romanas da Antiguida-
de serviram de inspiração para a 
criação de obras que representa-
vam toda a beleza física dos seres 
humanos. Apesar dos tamanhos 
monumentais de muitas dessas 
produções, a beleza contemplada 
também envolvia imperfeições e 
expressões de sentimentos.
PRAXÍTELES. Hermes carregando o infante Dionísio. [entre 330 e 320 a.C.]. 1 escultura em 
mármore, 2,15 m de altura. Museu Arqueológico de Olímpia, Olímpia.
 Ao observar a obra inacabada do 
escravo a acordar, temos a sensação 
de que o homem está saindo da 
pedra como se estivesse a se libertar
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vre, conferindo dinamismo à obra.
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A postura resultante – chamada contrapposto (contraposto) – produz 
todas as espécies de curvaturas sutis: o arqueamento do joelho “livre” re-
sulta em um leve movimento giratório da pélvis, um arqueamento com-
pensatório da coluna vertebral e uma inclinação de ajustamento dos om-
bros. Como os requintados detalhes do Partenon, essas variações nada 
têm a ver com a capacidade da estátua de manter-se ereta, mas acentuam 
intensamente a sua impressão de organismo vivo [...].
JANSON, H. W.; JANSON, Anthony F. Iniciação à história da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 
2009. p. 60.
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 Ao observar David, percebemos 
a grandeza de um trabalho que 
transforma o mármore em uma 
representação tão bela e detalhada do 
corpo humano. A escultura representa 
David, herói bíblico, momentos antes 
de enfrentar o gigante Golias 
Arte 17
Retratos e cenas
É importante lembrar que, comumente, muitas das carac-
terísticas das obras artísticas são reflexo das sociedades nas 
quais foram produzidas. Por esse motivo, ao observarmos as 
diferentes artes, podemos analisar os valores de determinado 
grupo, suas organizações sociais e econômicas, credos, ves-
tuários, costumes, tradições, etc.
No Renascimento, a pintura e a escultura foram utilizadas 
para enaltecer ou simplesmente eternizar momentos impor-
tantes na vida das pessoas retratadas. Era ainda uma forma de 
demonstrar o prestígio, a prosperidade e o poder que tinham 
diante de seus pares e da sociedade na qual estavam inseridas. 
Se é certo afirmar que as artes visuais fornecem características sobre determinados períodos históricos, também é 
correto dizer que as obras de arte estão repletas de críticas a essas mesmas sociedades. Vários foram os artistas que, por 
vingança ao mecenas exigente e sovina, ou como forma de registrar seu descontentamento, inseriram em suas obras 
elementos que simbolizavam posições pessoais contrárias à ordem vigente. 
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VAN EYCK, Jan. Retrato de Giovanni Arnolfini e sua 
esposa. 1434. 1 óleo sobre carvalho, 82 cm x 60 cm. 
National Gallery, Londres.
DA VINCI, Leonardo. A última ceia. 1498. Técnicas mistas, 460 cm x 880 cm. Convento de Santa Maria delle Grazie, Milão.
 Uma das obras mais conhecidas de Leonardo da Vinci retrata a última ceia de Jesus Cristo com seus apóstolos
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 O comerciante Arnolfini encomendou essa obra para registrar 
seu casamento. Ao analisarmos a riqueza com a qual os noivos 
se apresentam e o luxo do quarto que serve de cenário, 
podemos concluir que a pretensão era salientar sua posição de 
poder e seu status social
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18 Volume 5
Analise o autorretrato de Albrecht Dürer.
Obra em foco
DÜRER, Albrecht. Autorretrato aos 22 anos. 1493. 
1 óleo sobre linha, transferido para pergaminho, 
57 cm x 45 cm. Museu do Louvre, Paris.
No autorretrato de Albrecht Dürer, é possível observar o uso da técnica do chiaroscuro, pois há um destaque em seu 
rosto e em suas mãos, as quais são apresentadas com detalhes expressivos da anatomia humana. 
Fazer artístico
Autorretrato
Em uma época em que ainda não havia a fotografia, a pintura foi a forma mais comum de produzir retratos. Além 
de deixar registrados seus contratadores, muitos artistas se autorretrataram em cenas encomendadas ou produziram, 
por iniciativa própria, seus autorretratos. 
Nesta atividade, você vai produzir um autorretrato que apresente elementos que possam comprovar seus hábitos, 
preferências e cenas do seu cotidiano. Em outras palavras, ao analisar seu retrato, o observador deverá ter condições 
de saber um pouco mais a seu respeito. 
Materiais 
 Máquina fotográfica ou celular 
com câmera 
Vestuário 
 Objetos que fazem parte de sua 
rotina 
Cenário
Como fazer
1. Liste suas principais caraterísticas e os elementos do seu cotidiano que 
você deseja que façam parte do autorretrato.
2. Escolha o cenário. Ele deve fazer parte das suas atividades habituais.
3. Fotografe a cena a ser retratada.
4. Produza um desenho com base na foto.
5. Apresente-o na próxima aula.
A obra foi produzida quando Dürer 
viajava entre as cidades de Basileia e 
Estrasburgo. Ele havia sido chamado 
pela família de volta à casa paterna, 
em Nuremberg, para oficializar o 
noivado com a jovem Agnes Frey, com 
a qual se casaria um ano depois. O 
retrato seria um presente para a noiva. 
A flor de cardo que o artista tem em 
suas mãos pode ser interpretada 
como sorte no amor e fidelidade ao 
ser amado, uma mensagem muito 
direta para sua futura esposa.
A inscrição no alto do retrato afirma 
“Tudo ocorrerá de acordo com a vontade 
do alto”. Portanto, a religiosidade do 
artista e a confiança nos desígnios de 
Deus são evidentes.
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Arte 19
Hora de estudo
1. Sobre o movimento humanista, assinale a(s) afirmativa(s) 
correta(s).
 I. Ocorreu na Europa durante o século XIX e teve como 
inspiração o Renascimento.
 II. O estudo da cultura clássica foi essencial para que 
houvesse a valorização dos seres humanos e de 
suas realizações. 
 III. O teocentrismo medieval deu lugar ao antropocen-
trismo.
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) Todas as afirmativas estão erradas.
c) As afirmativas I e II estão corretas.
d) As afirmativas I e III estão corretas.
e) As afirmativas II e III estão corretas.
2. Sobre a arte renascentista, analise as afirmativas a 
seguir.
 I. Movimento de renovação cultural que teve início na 
Península Itálica durante o século XIV.
 II. A burguesia, que desejava firmar sua posição na so-
ciedade europeia no início da Idade Moderna, contri-
buiu para o desenvolvimento da arte renascentista.
 III. Os artistas renascentistas promoveram um retorno 
aos temas religiosos após estes serem proibidos 
pela Igreja Católica.
 De acordo com sua análise, assinale a(s) afirmativa(s) 
correta(s).
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) Todas as afirmativas estão erradas.
c) As afirmativas I e II estão corretas.
d) As afirmativas I e III estão corretas.
e) As afirmativas II e III estão corretas.
3. Sobre as artes visuais renascentistas, assinale as afir-
mativas corretas.
(01) Os temas religiosos passaram a ser retratados 
com mais naturalismo.
(02) O hedonismo, ou seja, a busca pelo prazer em 
apreciar belas obras, pode ser considerado uma 
característica do movimento.
 (04) A técnica do afresco foi bastante utilizada no Re-
nascimento e está presente na decoração interna 
de muitos templos, edifícios públicos e palácios.
 (08) A escultura, em virtude da dificuldade de obtenção 
de materiais para sua produção, não apresentou 
grande destaque entre as artes visuais.
 (16) Entre os séculos XIV e XVI, ocorreram muitas ino-
vações técnicas nas artes visuais, fruto do estudo, 
da observação e da experimentação promovidos 
por artistas e pensadores da época.
4. (UEL – PR) Analise a figura e leia o texto a seguir. 
Andreas Vesalius (1514-1564) 
In: De Humani Corporis Fabrica. 
Gravura 25, dos músculos. 
Basiléia: 1543. 
“Naturalmente, a preocupação maior estava 
na representação do ser humano. A arte renas-
centista nunca se distanciou demasiado dessa 
sua vocação antropocêntrica. Nesse momento, a 
preocupação com a figuração da imagem huma-
na se concentraria na representação do corpo, 
percebido em toda a extensão de sua carnalida-
de, suas formas, seu peso, sua textura, sua os-
satura, sua musculatura, sua anatomia, enfim.”
(SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994. 
p. 62.)
 Com base na imagem e no texto, considere as afirma-
tivas a seguir.
 I. Vesalius expressa na imagem uma visão idealizada 
de homem.
 II. O artista se apoia em uma concepção religiosa de 
homem.
 III. A imagem procura reproduzir os movimentos do 
corpo humano.
 IV. O nu se torna um tema recorrente na arte ocidental 
da época.
 Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.
20 Volume 5
21
10
Recriar é criar
Ponto de partida 
1. Que costumes da sua região mereceriam ser retratados a fim de serem preservados para a posteridade? Por quê?
2. Como você recriaria a obra de Brueghel utilizando elementos da sua região ou país? 
3. Que elementos da sua época (brincadeiras, jogos, moda, tecnologias, etc.) você colocaria? Explique os motivos da 
sua escolha.
BRUEGHEL,Pieter. Jogos infantis. 1560. 1 óleo sobre painel, 118 cm × 161 cm. Kunsthistorisches Museum, Viena. (Detalhe.)BRUEGHEL, Pieter. JogJ gos inffantis. 1560. 1 óleo sobre paip nel, 118 cm × 161 cm. Kunsthistorisches Museum, Viena. (Detalhe.)
 Observando mais detalhadamente a obra de Brueghel, é possível identificar algumas brincadeiras que ainda fazem parte, na atualidade, 
da diversão e da interação infantis
Kunsthistorisches Museum
Os espetáculos teatrais criados na In-
glaterra entre o começo do reinado de 
Elizabeth I (1558) e o fechamento dos 
teatros profissionais, em Londres, pelo 
Parlamento puritano (1642), fazem par-
te do chamado teatro elisabetano. Foi 
nesse período que William Shakespeare 
(1564-1616), considerado o mais ilustre 
poeta dramático da história do teatro 
ocidental, produziu sua obra. 
Entre os séculos XV e XVII, Londres 
era uma das mais importantes e agitadas 
cidades do mundo, com uma população de 200 mil habitantes, composta de plebeus, membros da nobreza e do clero, 
comerciantes de toda sorte, funcionários públicos, estrangeiros e, é claro, ladrões e trapaceiros. Nesse ambiente fervilhan-
te, homens do teatro criaram peças que, por sua riqueza dramática e qualidade poética, sobreviveram aos séculos. 
Para se ter uma ideia mais clara da efervescência cultural londrina, durante a época do teatro elisabetano foram criadas 
as primeiras salas de espetáculo permanentes do mundo. A cidade contava com, em média, seis salas de espetáculo em 
funcionamento, divididas entre públicas (com preços acessíveis a todos) e privadas (originalmente reservadas a um grupo 
seleto, mas acessível a quem pudesse pagar os altos preços cobrados). Foi também a época em que se formaram vários 
grupos de teatro. Alguns eram assegurados pelo patrocínio e proteção de membros da nobreza, o que permitiu que os 
coletivos de artistas se organizassem como empresas comerciais. A própria rainha Elizabeth, em 1583, decidiu dar de pre-
sente a si mesma uma companhia de teatro, reunindo os melhores atores dos grupos existentes.
Objetivos da unidade:
BERK, Ari; McDERMOTT, Kristen (comp.). Bons conselhos para viajar à noite por Londres. In: ______. A vida e a época de William 
Shakespeare: um relato deste cavalheiro e poeta, em suas próprias palavras. São Paulo: Ciranda Cultural, 2008. p. 9.
 conhecer um panorama do teatro elisabetano;
 conhecer elementos teatrais renascentistas;
 discutir o teatro de Shakespeare;
 ler trechos das peças de Shakespeare;
 discutir questões sobre versões e recriações;
 desenvolver noções de leitura dramática;
 conhecer aspectos da música renascentista;
 compreender os conceitos de consonância e 
dissonância na música;
 entender o conceito de família instrumental;
 conhecer as danças renascentistas pavana e 
galharda.
Teatro elisabetano: o mundo todo é um palco! 
KLIMT, Gustav. The Globe Theatre in London. 1888. 1 afresco. Burgtheater, Viena.
 Afresco representando a encenação de uma cena de Romeu e Julieta, de Shakespeare 
Toma cuidado com os guardas da cidade, pois eles são grosseiros e geralmente abordam à força até 
mesmo boas pessoas que não apresentam nenhuma suspeita. Eles são reconhecidos por seu hálito, que é 
horrível e cheira a cebola. Caso eles te detenham e o oficial pareça querer prender-te, finge ser um francês, 
holandês ou cidadão de um país que está em paz com o nosso, e talvez serás poupado; por não te entende-
rem, eles não poderão interrogar-te, como é costume na cidade, e consequentemente não terão nada para 
dizer-te, e então dirige-te rapidamente para casa. 
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22 Volume 5
Para manter o funcionamento das salas de espetáculo e garantir a sobrevi-
vência das companhias, era necessária a presença significativa de um público pa-
gante, sendo fundamental, tendo em vista que cada espetáculo costumava ficar 
pouco tempo em cartaz, a criação de muitas peças. Esse contexto foi essencial 
para o desenvolvimento de uma importante dramaturgia. 
Os autores das peças teatrais eram geralmente contratados pelas compa-
nhias. Escreviam sozinhos e, com frequência, de modo colaborativo. Essa pro-
dução foi tão intensa que cerca de 600 peças dessa época chegaram até os dias 
atuais. Além disso, são conhecidas outras 600 peças, presentes em documentos 
diversos, sem contar que o número de textos teatrais completamente desapare-
cidos, segundo estimativas, é ainda maior. Cerca de 250 autores dessa época foram catalogados por estudiosos, sendo 
os mais famosos, além de Shakespeare, Thomas Kyd (1558-1594), Christopher Marlowe (1564-1593), John Lyly (1554?- 
-1606) e Ben Jonson (1562-1637).
Um teatro para ver e ser visto
Como os autores faziam para atrair o grande público ao teatro? Que 
tipo de história conseguia tal feito? 
[...] foram buscar na tradição popular, na história e na litera-
tura espanhola e italiana, a matéria para suas peças. Dessa forma, 
juntaram-se a tradição religiosa, o sentimento heroico e o espírito 
romântico e aventureiro das novelas de cavalaria, o que gerou a 
possibilidade de um teatro aberto, híbrido, sem preconceitos, per-
meável a todas as influências, inclusive a trazida pela redescoberta 
dos clássicos.
VASCONCELLOS, Luiz Paulo. Dicionário de Teatro. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 193.
Inspirada em fontes variadas, essa dramaturgia não tinha medo de 
se reinventar em novos formatos.
dramaturgia: ”arte, ciência e técnica de 
escrever peças de teatro. O termo refere-se 
também aos métodos utilizados em dife-
rentes períodos, bem como aos estilos in-
dividuais de composição dramática. Assim, 
podemos falar numa dramaturgia expres-
sionista ou épica, ou numa dramaturgia 
ibseniana ou shakespeariana”.
VASCONCELLOS, Luiz Paulo. D
icionário 
de Teatro. Porto Alegre: L&PM, 2
009. 
p. 77.
 Selo com a ilustração do Globe Theatre, 
teatro de Shakespeare, em 1614 
Desde 1590, apareceram formas originais de escrita dramática que testemunhavam uma 
total liberdade de gosto e um sereno desprezo pelas regras clássicas. [...] O essencial era 
contar uma história, exprimir as verdades do coração e do espírito e refletir o espetáculo do 
mundo. Ousava-se evocar problemas filosóficos tanto quanto fatos políticos e sociais.
CORVIN, Michel. Dictionnaire encyclopédique du théâtre. Paris: Larousse, 2011. p. 566. (Tradução nossa).
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O teatro elisabetano era extremamente popular. As peças eram frequentadas por pessoas de diferentes classes 
sociais, principalmente as encenadas nos teatros públicos, que tinham ingressos mais baratos e se localizavam nos 
arredores de Londres. Shakespeare chegou a ser dono de um desses teatros, o Globe Theatre, uma construção com 
formato circular, sem teto e sem proteção, portanto, do sol e da chuva. Não à toa, os ingressos mais baratos eram desti-
nados ao espaço em frente ao palco, onde o público assistia ao espetáculo em pé e sujeito à ação do tempo. Os nobres 
e comerciantes mais abastados viam o espetáculo dos camarotes mais caros, situados nas laterais do prédio.
Arte 23
Nos teatros públicos e aber-
tos (sem cobertura), como o Globe 
Theatre, normalmente o palco prin-
cipal avançava no meio do público, 
que o cercava por três lados. Uma 
segunda área cênica ficava elevada 
perto desse palco, podendo ser usa-
da pelos atores, em determinadas 
cenas, ou por músicos. O público, 
além de estar em pé, podia comer e 
beber durante a representação. Pró-
ximo ao palco ficavam comerciantes 
que vendiam laranjas e cerveja. Para 
uma peça funcionar nesse ambiente, 
era preciso que envolvesse comple-
tamente a audiência. 
 Apresentação no Globe Theatre, que foi reconstruído e 
reinaugurado pela rainha Elizabeth II, em 1997 
 Converse com os colegas sobre as questões propostas.
1. Você já assistiu a interpretações das obras de Shakespeare? Vale apresentações ocorridas em sua escola, nos teatros 
de sua cidade ou em filmes. Caso tenha assistido, cite-as e descreva suas impressões sobre essa experiência.
2. Que obras de Shakespearevocê já leu?
Troca de ideias 
"Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa 
vã filosofia"
Shakespeare é o grande nome do teatro elisabetano. Sobre sua vida 
pouco se sabe. Nascido e criado em uma família de agricultores e comer-
ciantes que viviam em uma pequena cidade chamada Stratford-up-Avon, 
rumou para Londres com uma trupe de atores, aos 23 ou 24 anos, deixan-
do, na sua cidade natal, mulher e três filhos. Em Londres, consagrou-se 
como dramaturgo, poeta, ator e até empresário e dono de teatro. Escreveu 
37 peças consideradas um tesouro da cultura universal. As mais famosas, 
para citar algumas, são Hamlet, Otelo, Rei Lear, Macbeth, Romeu e Julieta, 
Henrique V, Ricardo III, Muito barulho por nada, Assim é se lhe parece, A Tem-
pestade, Sonho de uma noite de verão, A megera domada e As alegres coma-
dres de Windsor.
 William Shakespeare em gravura de E. Scriven, 
publicada em The Gallery of Portraits with 
Memoirs encyclopedia, Reino Unido, 1835
©Shutterstock/Kamira
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24 Volume 5
Suas peças são tradicionalmente categorizadas em tragédias, comédias, peças históricas e tragicomédias. Embora 
didática, essa divisão se revela arbitrária, uma vez que nas peças shakespearianas há uma miscelânea de aspectos trági-
cos, de humor, históricos e elementos de fantasia. Shakespeare, como poucos, soube tirar proveito dos recursos cênicos 
disponíveis, abusando da linguagem poética para atiçar a imaginação dos espectadores. 
Trabalhemos a força da vossa imaginação.
Supondo que, entre esta cintura de mura-
lhas, 
Estão agora confinadas duas poderosas 
monarquias 
Cujas frentes alevantadas e contíguas 
O perigoso e estreito oceano separa e divide. 
Completai as nossas imperfeições com os 
vossos pensamentos: 
Em mil partes dividi um homem 
E criai uma potência imaginária; 
Pensai, quando falamos de cavalos, que os 
vedes 
Ser ou não ser original: eis a questão
No teatro elisabetano, assim como em outras épocas, para criar suas próprias obras, os artistas frequentemente se 
apropriavam de enredos e histórias existentes. 
A genialidade de Shakespeare não reside na originalidade da trama, mas na qualidade com que desenvolveu suas 
cenas e personagens, mesclando inteligência, profundidade, beleza e humor em falas que sobreviveram à passagem 
do tempo e que se tornaram máximas da sabedoria e da poética humana. Como homem de teatro, ele soube explorar 
as possibilidades da cena de maneira crível e encantadora, utilizando diferentes formas de monólogos e diálogos, des-
cortinando com maestria confidencialidades, confissões, arranjos de conveniência, momentos de loucura, discursos 
públicos e fantasias. 
Enquanto Shakespeare estava ocupado reformulando o Hamlet original de Thomas Kyd – hoje de-
saparecido – em seu próprio herói trágico, Ben Jonson se debruçava sobre uma tarefa similar. Ele estava 
adaptando o principal trabalho de Kyd, The Spanish Tragedie, que também envolve um tema de vingança, a 
aparição de um fantasma e uma peça dentro da peça. [...]
O que importava no teatro elisabetano, como em outros, não era a invenção de uma trama, mas sua 
elaboração criativa. Frequentemente, vários autores se juntavam para uma produção conjunta. Francis 
Beaumont e John Fletcher escreveram juntos umas cinquenta comédias populares nos anos de 1606 a 1616, 
contribuindo Fletcher com seu espírito frívolo e viva fantasia, e Beaumont, com seu talento dramático. 
BERTHOLD, Margot. História mundial do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2001. p. 319. 
Imprimindo os seus altivos cascos na terra 
acolhedora; 
Pois os vossos pensamentos devem agora 
ornar os nossos réis, 
Levá-los ali e acolá, saltando sobre os 
tempos, 
Mudando as ações de muitos anos 
Numa hora de ampulheta; para tal serviço 
Admiti-me como Coro desta história; 
O qual, à laia de prólogo, pede à vossa 
caridosa paciência 
Que ouça com mansidão e julgue com 
bondade a nossa peça.
SHAKESPEARE. Prólogo de Henrique V. In: PORTAS, Renata. Dramaturgos e demiurgos – uma linha quase invisível. Disponível em: 
<http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/11376.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Arte 25
 Fazer artístico
FUSELI, Henry. Hamlet e o fantasma de seu pai. [entre 1780 e 1785]. 
1 nanquim sobre papel-cartão, 38 cm x 49,5 cm.
Você percebeu que no teatro elisabetano as mesmas histórias eram recontadas por diversos autores? O im-
portante era a maneira como elas eram recontadas. Pesquise trechos de peças de Shakespeare e, em seguida, 
reescreva, em parceria com mais dois colegas, uma cena de uma de suas histórias.
Sinta-se livre para modificar a trama à sua maneira. Ela 
deve ser envolvente para o seu público (colegas). Contudo, é 
preciso que respeite as seguintes regras:
escreva as falas para os personagens em forma de diálogos 
ou monólogos;
lembre-se de incluir, quando necessário, as rubricas;
seu texto deve ter no máximo duas páginas.
Ao finalizar a parte escrita, o grupo deve realizar uma leitura dramática do texto produzido. Essa é uma das 
muitas formas cênicas de apresentar o texto dramático. As ações devem ser realizadas sobre um espaço delimi-
tado pelo grupo e o uso de alguns objetos pode ser valioso para o entendimento da cena. Para interpretar o texto, 
não é necessário decorar as falas. A ação deve se pautar pelas falas e pelas rubricas, conforme o exemplo.
rubrica: refere-se a todas as palavras es-
critas em um texto de teatro que não se-
jam fala de personagem, como indicações 
de cenários, figurinos, marcações de cena 
e nomes de personagens.
Shakespeare reinventou o uso de elementos tradi-
cionais do teatro, como o canto, a dança, a música e as 
máscaras, atribuindo-lhes relevância na ação, como na 
cena memorável do baile em que Romeu e Julieta se 
conhecem. Além disso, reposicionou personagens tradi-
cionais, dando-lhes uma proeminência na trama, como 
o fantasma que orienta a vingança de Hamlet e o clown 
que acompanha o Rei Lear em sua desgraça.
SHAKESPEARE. Hamleto. In: ______. Teatro completo: tragédias. Tradução de Carlos 
Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d.]. p. 593.
HAMLET – Deixa-me vê-lo. Pobre Yorick! (Toma o crânio)
Conheci-o, Horácio; um sujeito de chistes inesgotáveis e de uma 
fantasia soberba [...] Onde estão agora os chistes, as cabriolas, as 
canções, os rasgos de alegria que faziam explodir a mesa em garga-
lhadas? Não sobrou uma ao menos, para rir de tua própria careta? 
Tudo descarnado! Vai agora aos aposentos da senhora e dize-lhe que 
embora se retoque com uma camada de um dedo de espessura, algum 
dia ficará deste jeito [...] E este cheiro? Puá! (Joga o crânio)
26 Volume 5
 As músicas de Tom Jobim já inspiraram muitas 
versões
Interseção
Troca de ideias 
Escolha uma obra musical que você aprecie e que tenha mais de uma versão alternativa, isto é, que tenha inter-
pretações diferentes da gravação original. Mostre-as aos colegas e, juntos, elaborem uma lista com as diferenças 
entre a gravação original e as versões. 
A música renasce cheia de dissonâncias
Os compositores renascentistas almejavam criar sonoridades que estimulassem os sentidos, alargando as possibi-
lidades do discurso musical. Essa preocupação incluía novos tratamentos para as combinações das harmonias, isto é, 
das sonoridades que aconteciam simultaneamente. A perspectiva renascentista compreendia 
que certas combinações de sons, consideradas impróprias durante a Idade Média, 
poderiam ser novamente utilizadas, o que deu à música renascentista um cará-
ter menos austero, tornando-a mais rica e agradável para os sentidos. 
Assim, as dissonâncias, em constante interação com as consonâncias, 
passaram a ser incorporadas como um recurso expressivo na música.
dissonância: combinação de sons que causa impressão “desagradável”. A dissonância está ligada às propriedades físicas das ondas geradas por esses sons, que entram em choque umas com as outras, causando uma sensação estranha quando as ouvimos. Elas geram uma tensão, dandoa impressão de que algo não parece resolvido e necessita de resolução.
consonância: é o oposto e o complemento da dissonância. Trata-se da combinação de sonoridades que “resolve” uma sensação de desacordo pro-vocada pela dissonância. Novamente, ela está ligada às propriedades físicas das ondas sonoras, que, na consonância, parecem completar-se, conferin-do um sentido harmonioso à combinação. 
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rgA releitura de obras não é uma característica apenas renascentista. No-
vas versões de obras conhecidas são frequentes em praticamente todas as 
esferas artísticas desde épocas remotas. Na Roma Antiga, eram comuns 
as versões romanas de esculturas gregas. Obras que foram criadas para o 
público de um determinado contexto sociocultural podem sofrer novas 
interpretações, em contextos diferentes, visando atingir outros públicos. 
Na música brasileira, canções como “Garota de Ipanema” (1962), de 
Tom Jobim e Vinicius de Moraes, ou “Aquarela do Brasil” (1939), de Ary 
Barroso, são exemplos disso. Uma contagem inicial, feita em 1997, re-
velou 188 diferentes versões de “Garota de Ipanema”. Já o número de 
releituras da “Aquarela do Brasil” é ainda maior: a música já tem mais de 
400 diferentes versões, no Brasil e no exterior. 
Arte 27
Aprecie
Agora você vai ouvir dois exemplos musicais, um da época do Renascimento e outro do início do século XX. O primeiro 
é uma composição do italiano Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594). O segundo é uma obra do compositor Alban 
Berg (1885-1935). Ouça as duas obras com atenção e responda: 
1. Qual delas utiliza mais dissonâncias no seu discurso?
2. De que obra você mais gostou? Por quê? Que sentimentos ela transmite?
Música instrumental
O processo de impressão de partituras contribuiu decisivamente para afetar a forma e as bases de transmissão da 
música. A partir da instauração desse processo, as pessoas puderam aprender a ler uma partitura e comprar livros com 
obras musicais para tocar e cantar nos momentos de lazer. 
Essa dinâmica estimulou o surgimento de pequenos conjuntos vocais e foi responsável pela formação das primei-
ras formas de conjuntos da música ocidental, os consorts – que eram pequenos grupos instrumentais formados por 
instrumentos da mesma “família”, com timbres parecidos, mas de tamanhos diferentes. Os consorts podiam ser com-
postos somente de flautas, de violas ou mesmo de instrumentos de sopro e refletiam a divisão das vozes da formação 
do coral, com instrumentos mais graves e mais agudos interagindo para criar uma sonoridade homogênea e cheia.
Fazer artístico
Os compositores renascentistas também compunham versões com base em obras musicais de outros composi-
tores. A proposta desta seção é que você, em conjunto com os colegas e seguindo as orientações do professor, faça 
algo semelhante. Para tanto, sigam o passo a passo a seguir.
1. Selecionem um ou mais trechos de composições de que vocês gostem. 
2. Recortem esses trechos e procurem reordená-los em uma sequência. Essa sequência deve ter por fim um 
discurso coerente, que aborde um assunto ou tema específico. 
3. Transcrevam a nova composição de maneira que todos os seus executantes possam acompanhar o desenvol-
vimento da música.
4. Atribuam um título à nova composição.
5. Ao final, apresentem a composição aos demais colegas. Como desafio, eles devem indicar quais são as obras 
em que cada nova composição se baseou. Lembrem-se de registrar o passo a passo do processo. 
28 Volume 5
 Partitura musical
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Instrumentos também têm família
O desenvolvimento das famílias instrumentais iniciou-se durante o Renascimento e intensificou-se cada vez mais 
ao longo dos séculos seguintes. 
Essa evolução continuou vinculada à divisão das vozes, segundo sua extensão para o grave/agudo, e cada instru-
mento musical passou a ter a sua própria família, com um representante adequado para cada tessitura. Ademais, a 
combinação de diversos instrumentos de famílias diferentes passou a ser explorada em virtude da riqueza de timbres 
que se poderia obter. Com o tempo, criaram-se conjuntos mais complexos, como a orquestra, que combina timbres 
de diferentes famílias.
Arte 29
BRUEGHEL, Jan The 
Elder. O sentido da 
audição. 1618. 
1 óleo sobre tela, 
65 cm x 107 cm. Museu 
del Prado, Madri.
 Observe, a seguir, a imagem que retrata uma obra do pintor renascentista Jan Brueghel. Nela, há uma sala com vários 
instrumentos musicais utilizados no período em que foi produzida. Agora, observe os instrumentos musicais retratados. 
 Pesquise um desses instrumentos, descreva sua história e principais usos na música (popular ou clássica). Em 
seguida, usando a técnica indicada pelo professor, faça um desenho ou pintura do instrumento pesquisado. 
Obra em foco
30 Volume 5
Pavanas e galhardas: dança e música
Dança
Nessa época, a noção de família não se encontrava somente na separação dos instrumentos. Havia um “casamento” 
também entre os gêneros de dança, normalmente um mais calmo e outro mais agitado. 
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A Pavana é fácil de dançar, consistindo basicamente de dois passos simples e um passo duplo 
adiante, seguidos por dois passos simples e um passo duplo para trás. Ela é tocada em templo 
duplo, devendo-se notar que os passos adiante começam com o pé esquerdo e que os passos para 
trás começam com o pé direito.
PAVANE. In: BROWN. The new grove dictionary of music and musicians. London: Macmillan Publishers, 2001. (Tradução nossa).
As danças renascentistas mais 
características eram a pavana, mais 
lenta, e a galharda, mais rápida, que 
faziam parte das chamadas danças 
sociais. A pavana era uma dança de 
Corte em compasso binário, com pas-
sos simples e repetitivos, que tinha 
um caráter calmo e respeitável e era 
quase sempre dançada como um tipo 
de introdução dos casais ao recinto do 
baile ou em cerimônias de casamen-
to de moças de família. Nessa dança, 
enquanto o cavalheiro segurava o 
chapéu em uma mão e portava a es-
pada e uma longa capa sobre o braço, 
oferecia solenemente a mão direita a 
seu par, praticamente imóvel em seu 
longo e pesado vestido de cauda, 
pleno de ouro e joias. Assim, avança-
vam o lorde e a lady em cadência com 
pompa e luxo. 
Originária de Pádua, na Itália, a pa-
vana se tornou bastante popular nos 
séculos XVI e XVII na França, na Ingla-
terra e na Espanha, sendo conhecida 
não apenas nos teatros e na Corte, 
mas também muito apreciada pelas 
classes médias francesas. 
Os textos a seguir fornecem infor-
mações sobre como, e sob quais cir-
cunstâncias, as pavanas e as galhardas 
eram dançadas no Renascimento. 
 Iluminura de uma pavana, intitulada A dança no jardim, que faz parte do Roman de 
la Rose, Toulouse, início do século XVI. Encontra-se na Biblioteca Britânica
Arte 31
No Renascimento, a galharda formava um par muito popular com a pa-
vana. Contudo, ao contrário desta, tinha compasso ternário e tempo rápido. 
Era uma dança de origem popular que acabou incorporada pela nobreza. 
Na Inglaterra, isso ocorreu por imposição da rainha Elizabeth I, que, grande 
amante da dança, impôs seu gosto aos cortesãos. 
A galharda era uma dança alegre e saltitante, que exigia dos dançarinos 
bastante habilidade e força física. Era dançada a dois da seguinte forma:
Ela serve aos Reis, príncipes e senhores graves, para se exibirem, em alguns dias de festividade 
solene, com suas grandes capas e vestes de aparato. E então, rainhas, princesas e damas acompa-
nham-nos, com as grandes caudas dos vestidos abaixadas e arrastando pelo chão, às vezes seguras 
por demoiselles. E são, as referidas pavanas, tocadas pelos oboés e sacabuxas, que eles chamam o 
grande baile, e fazem-no durar até que os que dançam tenham feito duas ou três voltas completas 
na sala.
OUVRARD, J. P. A música noséculo XVI: Europa do Norte, França, Itália, Espanha. In: MASSIN, J.; MASSIN, B. História da 
Música Ocidental. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 274-275.
Primeiro, o homem selecionava a parceira, guiava-a ao fim do salão, e, depois de tirar o chapéu 
em uma breve reverência, acompanhava-a em volta do salão em uma basse danse [dança de Corte, 
normalmente a pavana], seguida de reprise. Então ele fazia uma nova reverência e se distanciava 
um pouco dela durante a mudança de tempo que sinalizava a galharda, na qual ela saía dançando 
vivamente através do salão, em três tempos. O homem a seguia mostrando saltos e floreios. [...] 
A dança prosseguia com uma série de separações, reuniões e declarações de amor sublimadas em 
passos delicados, rápidos e saltitantes. Popular em casamentos e em bailes de corte, era normal-
mente finalizada com uma suíte de danças, ocasionando a troca de beijos, favores ou buquês. [...] 
Na sua forma elementar, a galharda consistia em quatro passos ou saltos (pieds em l’air ou grèves), 
um salto (saut), uma pose (posture) [...]. Esse vocabulário básico era objeto de infinitas variações 
[...] Os dançarinos embelezavam os passos cruzando os pés, levantando-os à frente (ruade), do-
brando ou triplicando seus passos, usando o calcanhar ou a ponta dos pés, realizando cortados 
(entretailles) ou combinando duas rápidas mudanças com um salto e um golpe com a ponta do pé 
em direção ao pé oposto (fleuret). Os saltos, por sua vez, podiam ser baixos (petit saut), altos (saut 
majeur) ou ornamentados com uma batida dos pés no alto à maneira de um entreato.
VAN ORDEN, Kate. Music, discipline, and arms in early modern France. Chicago: University of Chicago Press, 2005. p. 94. 
(Tradução nossa).
Para se manter em forma, a própria rainha 
Elizabeth I (a mesma do teatro elisabeta-
no), já com 65 anos, dançava seis ou sete 
galhardas todas as manhãs.
32
Música
Com a popularização das danças renascentistas, houve a necessidade da criação de músicas especialmente com-
postas para acompanhá-las, o que deu origem a tipos específicos de composição musical, as quais levaram também 
os nomes pavana e galharda. 
Vários compositores daquele período compuseram para danças nesse formato, que eram incluídas em pequenos 
ciclos e tocadas em ocasiões festivas. Com o tempo, essas músicas acabaram constituindo um modelo que foi retoma-
do por compositores de outros períodos históricos. Contudo, esses músicos nem sempre tinham como objetivo criar 
obras destinadas à dança. Seu intuito era o de retomar elementos e características do Período Renascentista. 
Em termos de música, as pavanas e as galhardas eram de gênero instrumental, cujo aspecto rítmico era bastante 
enfatizado, geralmente reiterando um padrão que era acompanhado, com passos estilizados, pelos dançarinos. O ma-
terial musical, especialmente as melodias, era sempre bem semelhante entre elas. Em outras palavras, cada par pavana/
galharda era composto praticamente da mesma música. As diferenças entre um e outro tipo de composição musical 
ficavam a cargo do ritmo e da velocidade com que eram tocadas. 
A pavana era sempre tocada em compasso binário, ou seja, com marcação dos passos em dois tempos. A galharda, 
por sua vez, era de compasso ternário e, por isso, produzia um contraste com a pavana justamente por introduzir um 
compasso de três tempos em andamento rápido. Dispondo as composições em pares do tipo lento/rápido, os músicos 
exploravam as relações matemáticas ao apontar as possibilidades das divisões binária e ternária do ritmo. 
Fazer artístico
Faça uma pesquisa sobre a pavana e a galharda e, com base nas informações encontradas acerca dessas dan-
ças, procure reproduzir os passos ao som da música indicada.
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Arte 33
1. (FGV – SP)
“Que obra prima é o homem! Como é nobre 
em sua razão! Como é infinito em faculdades! 
Em forma e movimentos, como é expressivo e 
maravilhoso! Nas ações, como se parece com 
um anjo! Na inteligência, como se parece com 
um deus! A maravilha do mundo! O padrão de 
todos os seres criados!”
(SHAKESPEARE, William. Hamlet. São Paulo: Martin Claret, 
2002. p. 47.)
 Nesse trecho do Hamlet de William Shakespeare pode-
mos identificar algumas características:
a) Do Catolicismo, com a afirmação da arte como um 
ofício religioso.
b) Do Protestantismo, com a perspectiva da infalibili-
dade dos textos bíblicos.
c) Do Renascimento, com a valorização do homem 
como o centro ou a medida do Universo.
d) Do Hedonismo, com a identificação da beleza como 
uma manifestação do espírito divino.
e) Do Teocentrismo, com a negação da influência do 
classicismo greco-romano.
2. (UFS – SE) Quem é considerado o principal dramaturgo 
inglês da Renascença?
a) Henrik Ibsen
b) Molière
c) George Harrison
d) William Shakespeare
e) Harold Pinter
3. (ENEM) 
Acompanhando a intenção da burguesia 
renascentista de ampliar seu domínio sobre a 
natureza e sobre o espaço geográfico, através 
da pesquisa científica e da invenção tecnoló-
gica, os cientistas também iriam se atirar nessa 
aventura, tentando conquistar a forma, o mo-
vimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a ex-
pressão e o sentimento.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984. 
 O texto apresenta um espírito de época que afetou 
também a produção artística, marcada pela constante 
relação entre:
a) fé e misticismo. 
b) ciência e arte. 
c) cultura e comércio. 
d) política e economia. 
e) astronomia e religião.
4. (PUC-Rio – RJ) Sobre o conjunto de ideias que marcou 
o Renascimento é correto afirmar que
a) a Renascença contribuiu para o reforço de valores 
humanistas em toda a Europa. A valorização do Ho-
mem como “medida para todas as coisas” se tornou 
uma ideia importante para os pensadores renascen-
tistas.
b) as ideias dos pensadores renascentistas tornaram-
-se populares, influenciando movimentos revolucio-
nários. Esses ideais seriam retomados no século XIX 
pelos socialistas.
c) os pensadores do Renascimento recuperaram ideias 
da Antiguidade clássica, estando de acordo com as 
orientações religiosas da Igreja Romana.
d) a Igreja Católica, como principal compradora de 
obras de arte, se tornou uma defensora das ideias 
renascentistas.
e) como movimento intelectual, o Renascimento pro-
vocou uma ruptura na Igreja, dividida a partir de en-
tão em Igreja Ortodoxa e Igreja Romana.
Hora de estudo
34 Volume 5

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