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Ficha de Notificação

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Ficha de Notificação – Prof. Luiz (07.08.19) 
Todos que lidam com saúde coletiva, mais com a parte de doenças infecciosas e epidemiologia estão 
preocupados, o país está andando para trás, do ponto de vista de saúde também, temos uma nítida 
percepção olhando o cenário econômico e político do país, percebemos que estamos numa grande confusão 
nacional. Essa confusão por parte da economia está colocada deve ter uns 5 anos, e particularmente teve 
impacto nas receitas públicas o que afeta a execução de políticas públicas, inclusive a política de saúde, isso 
começou a partir de 2014. É importante prestar atenção nisso, porque as condições de saúde de uma 
comunidade são muito dependentes das condições socioeconômicas de uma população, e no caso brasileiro 
em que temos uma desigualdade muito grande, no ponto de vista sócio-econômico um dos países mais 
desiguais do mundo, isso significa que a nossa economia concentra a renda em poucas pessoas e temos 
milhões de pessoas com renda baixa, dados divulgadas no início desse ano é assustador, porque os cincos 
brasileiros mais ricos desse país “percebem” a mesma renda que 50% da população, ou seja, do que 104 
milhões de pessoas, poucos países no mundo tem isso. 
Então a explicação que vai ser debatida adiante é parte do nosso modelo econômico, o impacto da nossa 
matriz de impostos, os nossos impostos são regressivos quanto mais rico for, menos impostos pagam 
proporcionalmente, proporcionalmente quem paga mais imposto são as pessoas mais pobres e a classe 
média, isso se dá porque no Brasil tem muitos impostos sobre o consumo, uma família de 4 pessoas que 
ganha 1000 reais por mês, ela consome 100% da sua renda, tem que comer, pagar luz, telefone, água, 
transportar, comprar medicamentos, então todos os impostos associados ao consumo ela consome. Uma 
família de 4 pessoas que ganha 100 mil reais por mês, que gaste 10 ou 20 mil, o restante é colocado no banco 
que remunera o dinheiro pra ele, além de não gastar e não pagar impostos, apenas o imposto de renda que é 
fixo no limite de 27.5%, então esse dinheiro dessa família é remunerado, então por isso que o imposto no 
brasil é regressivo, diferentemente dos EUA, Europa, no quais são progressivos. Esse é um debate que deveria 
aparecer na campanha presidencial esse ano, e precisamos ficar alertar. Pagamos muitos impostos e não 
recebemos de volta esses impostos, como por exemplo, a UniFOA poderia ser uma escola de medicina 
pública, assim como outras, isso para todos os brasileiros é possível fazer isso, e estamos falando de um país 
que é a oitava economia do mundo. 
Essa deterioração, essa matriz econômica e de retenção de impostos quando piora, piora ainda mais pra 
quem já é a ponta, sem considerar que o país está com 13 milhões de desempregados e quase a mesma 
quantidade na informalidade (quem está “se virando”), um economista muito capitalista afirmou que são 
empreendedores, mas esses que estão na informalidade não são empreendedores, estão sobrevivendo, não 
está no conceito de empreendedor que nós defendemos. 
O que isso tem desencadeado? Uma diminuição na qualidade de vida, e uma piora nos indicadores sociais em 
especial os da saúde, não por acaso estamos vendo recrudescer doenças que não já tínhamos mais 
preocupação, todos estão sendo chamados para tomar vacina do sarampo, há cinco anos atrás estávamos 
para ganhar o certificado de erradicação do sarampo, nós estamos vivendo agora um risco de epidemia de 
sarampo, então essas coisas estão muito interligadas. Aí então tem duas falhas: uma do ponto de vista 
estrutural e a outra do próprio sistema de saúde, aí que entra o conceito que estamos trabalhando aqui hoje, 
é necessário que se tenha uma inteligência permanente daquilo que vocês já conhecem chamada de vigilância 
em saúde, essa vigilância em saúde que a ideia é vigiar, tomar conta, prestar atenção. Ela tem que ser 
sistemática, organizada e ela tem que ser feita assim, ela existe assim há muito tempo. A vigilância é um 
padrão internacional, e o Brasil conquistou uma grande respeitabilidade nessa área, tecnicamente somos um 
país muito bem respeitado na área da vigilância, nós não escondemos dados, cumprimos os protocolos 
internacionais e temos um sistema de saúde que tem capilaridade, ou seja, está em todo lugar para prestar as 
informações necessárias. Visto a zika como exemplo, que o Brasil foi o país de porte grande que teve essa 
epidemia, mas teve capacidade de rapidamente informar ao grupo, formar equipe, investigar. 
O sistema de vigilância tem uma base que é municipal, e essa base que é municipal é em relação aos 
profissionais de saúde, “vocês são compulsoriamente obrigados a fazer vigilância em saúde”, os profissionais 
de saúde são obrigados em conjunto com uma lista de enfermidade que são de interesse coletivo para essa 
finalidade, quando tiver suspeita dessas enfermidades deve informar ao sistema de saúde que ela existe. Essa 
base municipal está centrada no profissional como elemento chave, mas esse profissional trabalha numa 
unidade de saúde, não trabalha sozinho. 
“Queria que vocês me ajudassem nisso aqui”: Sarampo é uma doença grave, que tem alto índice de 
mortalidade, além do alto índice de complicação inclusive em adultos, adulto que contrai sarampo que não foi 
vacinado, a chance de evoluir com surdez é alta, fora pneumonia, encefalite que também pode ter. Mas 
Sarampo é uma doença imuno previnível? Sim, temos vacina para sarampo de excelente qualidade. “A 
maioria de vocês deve ter vacina para sarampo, favor conferir”, porque o vírus do sarampo tem uma 
contagiosidade enorme, a capacidade de andar de uma pessoa para outra é algo fantástico. 
Recapitulando: Temos um sistema de vigilância, a base é municipal começa na unidade de saúde e é o 
profissional de saúde que tem essa responsabilidade, apareceu uma criança com (febre, exantema, mácula 
papular), entre outras coisas pode ser sarampo, deve ser notificado. Se aparecer a mancha de koplik é 
sarampo, mesmo sem ter feito sorologia para sarampo. 
O que está acontecendo para o sarampo está nos colocando com problema? 
Tem um problema da introdução do sarampo no Brasil, a partir de uma imigração inclusive da Venezuela, ou 
seja as unidades de saúde de lá encontraram sarampo e notificaram. 
Outro é a cobertura nacional, cobertura nacional é uma porcentagem da população que tem que estar 
vacinada, e o recomendado é que 95% esteja vacinada. Se a responsabilidade de administrar a vacina é da 
unidade de saúde, tem um grupo de profissionais que trabalham na unidade de saúde destinados a isso e a 
cobertura está baixa, isso significa que tem pessoas imuno suscetíveis (pessoas suscetíveis imunologicamente 
a ter a doença porque não foram vacinadas), mas porque a vacinação está baixa? 
A vantagem da campanha de vacinação é aumentar a adesão, e assim aumenta a cobertura. A desvantagem é 
de as pessoas acharem que só tem vacinação em campanhas, quando na verdade é permanentemente. A 
solução para aqueles que não apareceram é a busca ativa, ir à casa da pessoa. Tem como saber quem não foi 
porque o modelo de saúde que nós trabalhamos no Brasil, é de base territorial e tem um cadastro, é possível 
saber da população que era destinada a tomar a vacina e não tomou. Mas porque está baixa? Não vi que não 
foram vacinadas? Deixei para lá? 
Mas também existe uma janela epidemiológica, há um grupo populacional que eu não vacino, ou por não está 
na idade de vacinar ou por não poder tomar a vacina, mas é um grupo pequeno. 
A tripla carga de doenças, doenças crônicas, acidentes e violências e as infecciosas, as infecciosas estão 
voltando, por exemplo epidemia de sífilis congênita é não ter pré-natal ou ter um pré-natal de quinta 
categoria, isso é assustador no século XXI. 
A impressão é que o sistema de saúde está falhando, mas não é um problema de conhecimento, mas sim de 
operacionalização, o cuidado de ir na ficha de olhar se tomou ou nãoa vacina, pode ser também que o 
sistema não esteja dando conta de dar essa informação, porque o ideal é a enfermeira chegar no posto de 
saúde, abrir o computador e na tela já abrir um sinal de alerta e mostrar que não apareceu pra vacinar, ou 
então vai na ficha. 
O conceito de vigilância não é para coisas agudas apenas, é para tudo aquilo que eu quero observar e 
interferir, é mais conhecido na área de doenças infecciosas. Tem três principais vigilâncias: 
a) Vigilância sanitária: Tem a finalidade de examinar todas as áreas de interesse de saúde que tenham a ver 
com produtos, formas de fazer e serviços. Esse tipo de vigilância é que diz se determinado produto é 
adequado ou não para a saúde humana. Exemplo: Vigilância de batons, óculos. 
b) Vigilância epidemiológica: Faz a vigilância das doenças crônicas e agudas, é a epidemiologia que diz que 
estamos morrendo mais de doenças cardiovasculares, sobressaindo infarto e AVC, e um dos fatores de risco é 
a hipertensão arterial. E é a partir dessas informações que se consegue andar na frente, por isso que se sabe 
que sarampo complica com otite, surdez, pneumonia, mais em uma faixa etária que em outra porque já tenho 
essas informações de um histórico pregresso. 
c) Vigilância ambiental: O meio ambiente tem muita importância no dia a dia de saúde. Aqui ainda é 
subdividido, se olhar no site no sistema de saúde tem vigi-água, vigi-solo, vigi-ar que são sistemas 
informatizados de vigilância que monitora contaminação sobre o ar, ambiente, contaminação do solo, de 
água. São situações ambientais de interesse de saúde humana. 
A nossa base de vigilância que a gente trata é fundamentalmente epidemiológica, claro que as vezes está 
misturado. Vamos falar de uma questão prática para ser melhor esclarecido, “vocês estão em um pronto-
socorro, aí chega um caso de diarreia, daqui a pouco chega outro vomitando e outro vomitando, aí vocês vão 
juntando e há um conjunto de perguntas na anamnese, e não é raro chegar 10-15 pessoas passando mal, 
geralmente isso é associado a coisas com alimentos, por exemplo servido em uma festa.” A notificação desse 
pessoal é imediata e obrigatória. 
Depois da unidade de saúde, há uma equipe de vigilância que pertence ao município que faz a 
complementação das informações, é um complemento porque o inicial já foi feito, o diagnóstico, as perguntas 
iniciais, anamnese. Quando notifica tem uma ficha de notificação que pode ser geral ou específica, por 
exemplo do sarampo e da aids são específicas, porque tem perguntas mais específicas feitas para ajudar o 
sistema. Manda a ficha de notificação para a equipe de vigilância municipal que vai até o local, e deve constar 
quando aconteceu, quais foram as pessoas afetadas e onde ocorreu, pelo menos essas três variáveis de lugar, 
espaço e tempo são obrigatórias na vigilância. Essa equipe municipal quando confirma a notificação, ela avisa 
ao Estado, as vezes isso tudo acontece em 24 horas como por exemplo em caso de Sarampo, o Estado tenta 
ampliar a base geográfica de análise e aí começa a ter uma ideia de onde está andando, se possui uma rota. O 
Estado então envia para a união que é o ministério da saúde, que tem a obrigação de olhar o conjunto 
nacional. A união quando tem casos que está afetando o país, ela solta alertas, isso é importante para o 
profissional de saúde saber como vai orientar os pacientes. 
A questão da infraestrutura é importante, no caso por exemplo da imigração Venezuela, não é desconhecido 
que a Venezuela está vivendo um caos social, e isso afeta diretamente as questões de saúde que se 
deterioram, e por ser nossa vizinha a vigilância de fronteira deve ficar com o radar no vermelho, deve 
monitorar. Quando começa a entrar venezuelano, o sistema deve estar super ativo, e isso é um problema 
porque não foram tomadas as medidas a altura pelo ministério da saúde. 
Por que teve caso de óbito de febre amarela em minas gerais, se minas estava no campo de vacinação de 
100% de sua vacinação? Porque não estava vacinada, tinha lugares com 20%, outras com 50%, enquanto 
deveriam estar com 95%, essa população que não foi vacinada está em risco, se acontece uma epidemia não 
tem hospital suficiente, não tem medicamento o suficiente, não tem médicos, estamos falando da 
necessidade de milhares em que não consegue dar uma resposta rápida. Então a forma vigilante, 
permanente, sistemática no dia a dia é fundamental. 
Por exemplo, também é feito vigilância a partir de jornal, apenas de não ser uma fonte fidedigna, jornal e rede 
social também, que é uma fonte mais rápida que o sistema formal, porque o sistema formal tem que fazer 
mais perguntas, tem que ter mais certeza pra chegar no Estado demora um pouco mais. 
Suspeitou tem que notificar, aí uma equipe que vai confirmar ou descartar. Então só pra fechar, tem uma lista 
de doenças de notificação compulsória, compulsória significa obrigatória, essa lista é editada pelo ministério 
da saúde e publicada no diário oficial da união, essa lista pode ser por interesse do Estado acrescentadas, por 
exemplo o estado do RJ pode querer investigar coisas que não são do interessa da Amazônia, então tem essa 
liberdade. E o município também pode definir doenças que queira vigiar. Essa lista é modificável e variável em 
função da necessidade do país, com certa frequência entra e sai obrigações. Então tem um sistema de 
vigilância, e esse sistema nacional ele se reporta ao sistema internacional da organização mundial de saúde, e 
funciona bem. 
Existe na regra sanitária, a determinação da quarentena de pessoas, pode inclusive solicitar o auxílio da justiça 
e da força policial para cumprir a quarentena. Em geral, as pessoas seguem.

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