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OBTURAÇÃO

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ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
1 
 
A obturação consiste no preenchimento da porção 
modelada do canal com materiais inertes ou 
antissépticos que promovam um selamento 
tridimensional e estimulem – ou não interfiram – no 
processo de reparo. 
É axiomático que o selamento tridimensional do canal 
radicular, através da obturação, constitui um 
procedimento de fundamental importância. 
 Ao ocupar o espaço criado pela modelagem, a obturação 
inviabiliza a sobrevivência dos micro-organismos, evita a 
estagnação de líquidos, oferece condições para que 
ocorra o reparo e, assim, contribui de maneira decisiva 
para o sucesso da terapêutica endodôntica. 
Para que a endodontia possa ser concluída, o que 
acontecerá com a obturação, é necessário que algumas 
condições sejam observadas: 
✓ O dente não deve apresentar dor espontânea ou 
provocada, pois a presença de dor indica a existência 
de inflamação e/ou infecção dos tecidos periapicais, 
e a obturação poderia exacerbar a algia. 
✓ O canal deve estar corretamente limpo e modelado. 
✓ O canal deve estar seco: a presença de exsudado 
contraindica a obturação. Algumas vezes, durante o 
tratamento de um dente com polpa necrosada, após 
algumas tentativas para secar o canal, o exsudado 
persiste. Nestas situações, é conveniente reavaliar o 
preparo realizado e preencher o canal com uma 
pasta de hidróxido de cálcio. 
✓ O canal modelado não deve ter ficado aberto à 
cavidade bucal por rompimento da restauração 
provisória. 
Quando o dente apresentar todos esses requisitos, a 
obturação pode ser concretizada. 
A obturação do canal radicular pode ser realizada na 
mesma sessão em que a modelagem foi concluída. 
A obturação do canal efetuada em outra sessão, seguinte 
àquela em que se realizou o preparo mecânico, e depois 
que o canal preparado ficou submetido à ação do curativo 
de demora, é um procedimento que propicia um pós-
operatório tranquilo. 
 
 
O tratamento endodôntico em uma sessão deve ser um 
privilégio daqueles que conseguem reunir conhecimento, 
experiência e esmero. 
NÍVEL APICAL 
O nível da obturação está intimamente relacionado com o 
nível da modelagem, uma vez que todo o espaço 
modelado deve ser preenchido. 
Estudos dos autores confirmaram os achados de outras 
investigações, ao observar que os melhores resultados, 
tanto do ponto de vista clínico quanto do histológico foram 
alcançados quando a obturação distou, 
aproximadamente, 1 mm do forame apical. 
O nível da obturação é o mesmo da modelagem. 
 
TRIDIMENSIONALIDADE 
A obturação endodôntica deve preencher 
tridimensionalmente o canal modelado. De nada vale 
alcançar satisfatoriamente o nível apical se 
permanecerem espaços laterais que são locais 
adequados para a sobrevivência e o desenvolvimento de 
bactérias, bem como do acúmulo de suas toxinas. A 
obturação deve assegurar um ótimo selamento em todas 
as dimensões, bloqueando as comunicações coronárias, 
apicais ou laterais da cavidade pulpar com o periodonto. 
MATERIAIS 
A literatura, a experiência clínica e os estudos realizados 
pelos autores sobre o comportamento histopatológico de 
alguns materiais obturadores indicam: 
a) que o sucesso do tratamento pode ser alcançado com 
o uso de diferentes materiais; 
b) que mais importante do que o material é a realização 
da obturação tridimensional no nível considerado ideal. 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
2 
 
Assim, até que investigações propiciem o aparecimento 
ou a confirmação da existência do material ideal, a 
obturação poderá ser realizada com um dos materiais 
que – por suas propriedades físicas, químicas e biológicas 
– propicie à obturação condições para que ela atinja os 
seus objetivos. 
GUTA-PERCHA 
A guta-percha foi introduzida na Endodontia por Bow- 
mann, em 1867. É uma substância vegetal extraída sob a 
forma de látex de árvores da família das sapotáce- as 
(Mimusops balata e Mimusops hiberi). Os cones de guta-
percha têm aproximadamente 20% de guta-per- cha, 60 
a 75% de óxido de zinco e os demais elementos em 
proporções menores. A guta-percha apresenta-se sob 
duas formas cristalinas distintas: alfa-cristalina e beta-
cristalina. A guta-percha na forma alfa-cristalina é 
quebradiça à temperatura ambiente, tornando-se, 
quando aquecida, pegajosa, aderente e com maior es- 
coamento. Sua temperatura de fusão é de 65°C. Já a 
forma beta-cristalina, disponível comercialmente na 
maioria dos casos, é estável e flexível à temperatura 
ambiente. Quando aquecida, não passa a apresentar 
adesividade e tem menor escoamento do que a forma 
alfa. Sua temperatura de fusão é de 56°C. 
As deficiências evidenciadas nos diversos produtos têm 
sido, em parte, superadas pelo emprego concomitante de 
materiais em estado sólido (cones de gutapercha ou 
resilon) e em estado plástico (cimentos). 
Os cones de guta-percha apresentam, em sua 
composição, guta-percha, óxido de zinco, 
radiopacificador e resinas ou ceras e, por suas boas 
propriedades físicas, químicas e biológicas, vêm sendo o 
material mais intensamente empregado ao longo dos 
anos. 
Existem cones para serem empregados como cone 
principal e cones para serem utilizados como 
secundários. 
Os cones principais são comercializados nos números 15 
ao 40, 45 ao 80 e 90 a 140 com conicidade 0,02. Os da 
primeira e da segunda série também são fabricados com 
outras conicidades (por exemplo, 0,04, 0,06, etc.). 
Estes calibres deveriam corresponder, 
aproximadamente, aos dos instrumentos; 
lamentavelmente, na grande maioria das marcas, essa 
relação não existe. 
Os cones secundários, auxiliares ou acessórios, usados 
na condensação lateral para ocupar os espaços maiores 
entre o cone principal e as paredes do canal, são mais 
finos, têm várias conicidades e não têm padronização. 
Associados aos cones de guta-percha, os materiais 
plásticos, por sua capacidade de ocupar pequenos 
espaços, desempenham papel significativo no selamento 
tridimensional do canal radicular. 
TÉCNICAS DE OBTURAÇÃO 
Ora adequadas ao material usado, ora de acordo com as 
condições do canal em tratamento, todas elas têm 
objetivos comuns: reunir qualidade com praticidade. 
Concluído o preparo mecânico e preenchidos os demais 
requisitos indispensáveis, estaremos em condições de 
realizar a obturação do canal radicular. 
Após a retirada do selamento provisório, faz-se uma 
abundante irrigação, com o objetivo de remover restos do 
curativo de demora. O canal é seco com cones de papel 
estéreis e tem início a obturação, de acordo com as 
seguintes etapas: 
1-ESCOLHA DO CONE PRINCIPAL 
O cone principal – com o cimento – é o responsável pela 
obturação do canal em profundidade e, com os cones 
acessórios, promove a repleção em lateralidade. A 
escolha de um cone de guta-percha com diâmetro similar 
ao diâmetro do canal em sua porção apical é decisiva 
para a qualidade da obturação. 
Sua eleição está baseada em dois fatores: 
1. no calibre do último instrumento utilizado na 
modelagem e 
2. no comprimento de trabalho usado para modelagem. 
O extremo do cone principal dever ter forma e dimensões 
muito próximas daquelas que o último instrumento usado 
na modelagem do terço apical deu ao canal radicular. 
Para conseguirmos essa adaptação, é fundamental 
correlacionarmos o número do cone principal com aquele 
do último instrumento usado na modelagem do terço 
apical. 
Como essa correlação é subjetiva, somente a colocação 
do cone no canal permitirá avaliar, tatilmente, se ele está 
adaptado. 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
3 
 
O uso de uma régua calibradora de cones de guta-percha, 
que apresentaorifícios com diâmetros que correspondem 
aos instrumentos de # 20 ao # 140, pode simplificar esta 
escolha. Bem adaptado, o cone oferecerá discreta 
resistência à tração; parecerá preso ao canal. Atenção e 
sensibilidade são indispensáveis para que se possa 
identificar o travamento do cone. 
Como o cone de guta-percha pode entrar em contato com 
os tecidos periapicais, é necessário fazer a sua 
desinfecção. Para isso, antes de iniciar a seleção, os 
cones que provavelmente serão utilizados devem ficar 
submersos em um antisséptico, por exemplo, a soda 
clorada (hipoclorito de sódio a 5,25%) por 1 a 2 minutos. 
Com o uso de instrumentos e de cones de guta-percha 
estandardizados, essa escolha fica aparentemente 
facilitada. Assim, ao uso do instrumento # 45, deveria 
corresponder o cone principal # 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Infelizmente, na maioria dos casos, a falta de 
estandardização, especialmente na fabricação dos cones 
de guta-percha, não proporciona a correspondência de 
calibre desejada entre o instrumento e o cone do mesmo 
número. Além disso, os cones apresentam 
irregularidades que dificultam a escolha. Por essa razão, 
algumas vezes somos obrigados a recorrer a cones de 
numeração inferior (# 40, para o exemplo dado) ou 
superior (por exemplo, # 50). 
Ainda assim, em alguns casos, é difícil encontrar um cone 
que se ajuste ao canal. Nessas circunstâncias, a 
confecção de um cone com diâmetro intermediário pode 
ser a solução. 
No exemplo usado anteriormente, o cone # 45 era o 
escolhido mas, na prática, mostrou-se muito calibroso; o 
de # 40, muito fino. Cortando, pouco a pouco, pequenas 
frações da extremidade do cone # 40 com uma lâmina de 
barbear ou um bisturi, obteremos um cone com calibre 
intermediário que se ajuste ao canal. 
O corte com tesoura deve ser evitado. A pressão das 
lâminas da tesoura esmaga as extremidades do cone, 
alterando completamente a sua forma. 
Durante todas as manobras para selecionar o cone com 
diâmetro adequado, é necessário considerar também o 
comprimento de trabalho. Ajustes do cone aquém ou além 
do nível estabelecido constituem erros que devem ser 
corrigidos. 
A escolha do cone principal não é fácil e, devido a sua 
importância decisiva para a qualidade da obturção, exige 
muita atenção. Mesmo assim, podem ocorrer equívocos. 
O travamento do cone alcançado, após diversas 
tentativas e muito esmero, muitas vezes não assegura 
sua correta adaptação à porção apical do canal, que só 
acontecerá quando houver correspondência entre a 
forma da secção do canal e a do cone; a inexistência desta 
correspondência poderá comprometer a qualidade do 
selamento. 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
4 
 
Esse fato destaca a importância de uma correta 
instrumentação e evidencia a interrelação entre as 
diversas etapas do tratamento endodôntico. 
Escolhido o cone, uma radiografia confirmará o nível de 
sua adaptação apical (prova do cone) 
Feita essa verificação, é prudente – antes de retirá-lo do 
canal – cortá-lo, com uma tesoura, rente ao bordo de 
referência ou esmagá-lo nesse ponto com os mordentes 
de uma pinça clínica. 
Na sequência, ele deverá ser colocado em um recipiente 
contendo uma solução desinfetante, como soda clorada 
ou álcool 70°, durante aproximadamente 1 a 2 minutos. 
Ocasionalmente, a adaptação do cone principal no nível 
desejado só é alcançada por meio da moldagem do cone 
de guta-percha (técnica do cone moldado). Nesse 
procedimento, a ponta de um cone, ligeiramente maior, é 
levemente aquecida (por exemplo em água morna) ou 
amolecida (por exemplo em clorofórmio ou xilol) e o cone 
é introduzido no canal úmido até o nível desejado. Uma 
suave pressão apical fará com que o cone amolde-se à 
forma apical do canal. 
 
 
2- PREPARO DO CIMENTO OBTURADOR 
Os cimentos obturadores de canal são geralmente 
encontrados sob a forma de pó-líquido ou de pasta-pasta. 
Com uma espátula esterilizada, tire do frasco uma 
determinada quantidade de pó e deposite-a sobre uma 
placa de vidro estéril. 
Do frasco que contém o líquido, pingue algumas gotas 
sobre a placa, ao lado do pó. A quantidade de pó depende 
do volume de cimento obturador que se deseja preparar, 
de acordo com a amplitude e o número de canais a serem 
obturados. O líquido será usado em quantidade suficiente 
para que se obtenha um cimento na consistência 
desejada. 
Com o auxílio de uma espátula para manipulação vá, 
pouco a pouco, aglutinando o pó ao líquido até que o 
cimento preparado adquira uma consistência pastosa e 
homogênea. 
Quando estiver nessa consistência, ao colocar a espátula 
sobre a mistura e levantá-la, irá formar-se um fio de 
cimento que se romperá ao atingir uma altura de 
aproximadamente 2 cm. 
Misturas muito fluidas favorecem o extravasamento; 
aquelas muito consistentes podem prejudicar a qualidade 
da obturação. 
Uma correta manipulação pode melhorar suas 
propriedades. 
Preparado o cimento, recolha-o de sobre a placa de vidro 
com a espátula. Escolhido o cone principal e preparado o 
cimento obturador, inicia-se a terceira e última etapa. 
 
3- TÉCNICA DA OBTURAÇÃO 
1) Utilizando o último instrumento empregado na 
modelagem, calibrado 2 a 3 mm a menos do que o 
comprimento de trabalho, apanhe de sobre a espátula 
uma pequena quantidade do cimento obturador e leve-a 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
5 
 
ao canal. Acoste o instrumento sobre as paredes do canal 
e, com movimento de rotação anti-horário, retire-o 
lentamente, procurando deixar depositado sobre elas o 
cimento. 
2) Repita a operação mais uma ou duas vezes, ou até que 
as paredes do canal estejam revestidas por uma delgada 
camada de cimento obturador. 
3) Com uma pinça clínica, apanhe o cone principal, lave-
o com soro fisiológico ou com água destila- da, seque-o 
com uma compressa de gaze estéril, besunte-o no 
cimento deixando livre a sua extremidade e introduza-o 
lentamente no canal até que penetre em toda a extensão 
do comprimento de trabalho. 
4) Por tentativa, selecione um espaçador digital de 
calibre compatível com o espaço ainda existente no 
interior da cavidade pulpar e proceda a sua calibragem 
de acordo com o comprimento de trabalho. 
5) Com movimento firme em direção apical e com 
pequenas oscilações, de um quarto de volta, para a direita 
e para a esquerda, introduza o espaçador no canal, 
procurando pressionar o cone principal lateralmente 
contra uma das paredes. Em face do travamento do cone 
principal, o espaçador nunca deverá penetrar em todo o 
comprimento de trabalho. Se isso acontecer, reavalie a 
escolha do cone principal. 
 
6) Mantenha o espaçador no canal. 
7) Com a pinça clínica, apanhe um cone acessório (que 
deve estar mergulhado há alguns minutos em uma 
solução antisséptica, como álcool 70°) de calibre similar 
ao do espaçador, seque-o e besunte-o no cimento 
obturador, inclusive sua extremidade. 
8) Enquanto, com uma das mãos, você segura a pinça com 
o cone acessório, com a outra, retire o espaçador do 
canal, girando-o no sentido anti-horário. 
9) Imediatamente, introduza o cone acessório no espaço 
deixado pelo instrumento, procurando fazer com que 
alcance o mesmo nível de profundidade do espaçador. 
10) Repita este procedimento, buscando levar ao canal 
radicular a maior quantidade possível de cones 
acessórios . Eles, juntamente com o cone principal e o 
cimento obturador, serão os responsáveis pela obturação 
tridimensional do canal. 
 
11) A colocação dos cones acessórios deverá ser feita até 
que você observe que tanto o espaçador quanto os cones 
não penetram no canal além do limite entre os terços 
médio e cervical. 
12) Concluídaa condensação lateral, faça uma radiografia 
periapical para avaliar a qualidade da obturação 
(radiografia pré-final). 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
6 
 
 
13) Constatada radiograficamente sua adequação, com o 
auxílio de uma cureta aquecida na chama de uma 
lamparina, corte todos os cones na entra- da do canal 
(depois do colo clínico) e remova os excessos. 
14) Utilizando um calcador pequeno, pressione os cones 
de guta-percha na entrada do canal, fazendo uma 
condensação vertical, procurando regularizar a 
superfície cervical da obturação. 
15) Com uma bolinha de algodão embebida em álcool e 
com o auxílio de uma pinça clínica, limpe minuciosamente 
a câmara pulpar, eliminando todo o remanescente do 
material obturador empregado. 
16) Seque a cavidade com uma bolinha de algodão e 
restaure o dente com um cimento provisório 
17) Faça uma radiografia periapical do dente obturado 
Após a remoção do isolamento absoluto, é importante 
avaliar a harmonia oclusal do dente 
tratado.Sobreoclusões podem determinar pós-
operatórios desconfortáveis e retardar o reparo dos 
tecidos periapicais. 
Para contar com a colaboração e a compreensão do 
paciente, oriente-o sobre o pós-operatório. 
Nos casos de algum acidente (sobreinstrumentação ou 
sobreobturação), é conveniente alertá-lo para a 
possibilidade de uma sintomatologia mais acentuada 
Os espaçadores são instrumentos metálicos destinados a 
proporcionar espaços para colocação dos cones 
secundários durante a obturação. São comercializados 
com cabos manuais e digitais e em diferentes calibres. 
Apresentam uma forma cônica com ponta aguda ou 
romba, de acordo com a fábrica. São fabricados em aço 
inoxidável ou níquel-titânio, sendo estes últimos mais 
flexíveis e, por isso, recomendados para obturação de 
canais curvos . 
Com o tratamento endodôntico corretamente concluído, é 
necessário realizar periodicamente avaliações clínicas e 
radiográficas que possibilitem aferir o resultado em 
longo prazo. 
Os inúmeros estudos que têm demonstrado a 
possibilidade de ocorrer infiltração através da obturação 
do canal, no sentido coroa-ápice, recomendam que a 
restauração provisória, ao final da sessão em que o canal 
foi obturado, deve ser realizada com materiais que 
proporcionem bom selameto. Ao mesmo tempo, é ne- 
cessário providenciar a restauração definitiva na maior 
brevidade possível. 
A técnica para obturação de dois, três ou mais canais de 
um mesmo dente em geral é idêntica à que foi descrita. 
1. A obturação, por exemplo, de três canais exige mais 
tempo e mais tranquilidade. 
2. Faça a obturação de cada canal individualmente. Não 
obture todos ao mesmo tempo: isso evitará que os cones 
se juntem na câmara pulpar, dificultando a condensação 
lateral. 
3. Prepare um pouco de cimento para cada canal no 
momento de usá-lo. Isso impedirá que, com o passar do 
tempo, o cimento comece a mostrar sinais de 
endurecimento. 
As discrepâncias morfológicas dos instrumentos entre si, 
entre os instrumentos e os cones de guta-percha, 
somadas à variada anatomia dos canais radiculares cria 
grandes dificuldades para a obturação do sistema de 
canais radiculares com um único material. 
Por esse motivo, a obturação, para atingir o 
preenchimento tridimensional, necessita da guta-percha 
complementada pelo cimento endodôntico. 
A finalidade do cimento é ocupar os pequenos espaços 
entre a guta-percha e as paredes do canal radicular, 
assim como aqueles entre os próprios cones de guta-
percha. 
REQUISITOS 
✓ Fácil manipulação e aplicação no canal: 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
7 
 
A mistura apropriada dos componentes (pó-líquido, pó-
gel, pasta-pasta) melhora as propriedades físicas, 
químicas e biológicas dos cimentos endodônticos. 
Um cimento corretamente preparado, em proporções e 
consistência, possui um tempo de trabalho adequado, 
menor solubilidade e desintegração, conserva a 
estabilidade dimensional, apresenta uma correta 
radiopacidade e melhora, consideravelmente, sua 
tolerância tecidual. 
Um tempo de trabalho adequado significa que o cimento 
deve conservar-se em estado plástico durante todo o 
procedimento de obturação para permitir sua introdução 
no conduto radicular e as manobras inerentes à 
colocação da guta-percha, seja na forma de cones, seja 
na forma termoplastificada. 
Existem cimentos endodônticos que possuem um tempo 
de endurecimento aceitável (tempo decorrido entre a 
mistura e o completo endurecimento), porém um escasso 
tempo de trabalho (tempo decorrido entre o fim da 
espatulação e o início do endurecimento), o que dificulta 
a obturação. 
O uso de um cimento com um bom tempo de trabalho 
permite realizar as manobras de correção da obturação 
quando, na radiografia pré-final (antes de cortar 
definitivamente os cones), constatamos alguma 
incorreção. 
Por outro lado, não é conveniente que o tempo de 
endurecimento do cimento endodôntico seja muito 
prolongado, pois sua ação irritante é maior quando se 
encontra em estado plástico. 
✓ Boa estabilidade dimensional, impermeabilidade 
e aderência 
O cimento endodôntico deve preencher, de forma estável 
e permanente, os espaços entre os cones de guta- percha 
e/ou entre eles e as paredes do canal radicular. 
A estabilidade dimensional do material de obturação, ao 
longo do tempo, é uma condição imprescindível. Sua 
perda parcial ou total atenta contra os objetivos da 
obturação e pode ser produzida por causas físicas 
(contração) ou químicas (solubilidade e desintegração). 
Dentre as condições físicas que devem apresentar os 
cimentos endodônticos, também devemos considerar sua 
impermeabilidade. Nesse sentido, a obturação não deve 
absorver nem ser afetada pela umidade tissular. 
Da mesma forma, é importante que o material tenha 
aderência às paredes do canal ou, pelo menos, se adapte 
adequadamente a elas. 
Quando o material apresentar essas propriedades, 
estaremos em condições de alcançar o adequado 
selamento do canal radicular em toda a sua extensão. 
Isso significa impedir a passagem, quer por via coronária, 
apical e/ou lateral, de micro-organismos, toxinas e 
outros produtos do canal radicular para a região 
perirradicular e vice-versa. 
✓ Bom escoamento 
A variada anatomia do sistema de canais radiculares, 
caracterizada pela presença de anfractuosidades, canais 
laterais, deltas apicais, etc., torna necessário que os 
cimentos endodônticos possuam fluidez adequada para 
ocupar estes espaços e facilitar a tridimensionalidade da 
obturação. 
Esta propriedade adquire fundamental importância 
durante a condensação lateral e no momento da 
compactação da guta-percha termoplastificada. 
✓ Adequada radiopacidade 
A leitura radiográfica representa o único controle 
possível do nível apical e da homogeneidade da obturação 
endodôntica. 
Esta situação requer que os materiais empregados na 
obturação possuam uma radiopacidade superior à dos 
tecidos dentários e ósseos. Ainda assim, a radiopacidade 
não deve ser tão intensa que termine por esconder os 
defeitos da obturação, como ocorre com algumas pastas. 
✓ Não alterar a cor do dente 
Alguns cimentos obturadores, à base de óxido de zinco e 
eugenol, ou que contêm metais pesados, podem alterar a 
cor da coroa. Para minimizar ao máximo essa 
possibilidade, é necessário deixar a obturação além da 
linha do colo, remover completamente o material da 
câmara pulpar e limpá-la cuidadosamente. 
✓ Ação antibacteriana 
Os cimentos endodônticos devem ter ação antibacteriana 
ou, ao menos, não favorecer o desenvolvimento dos 
micro-organismos. Em geral, todos possuem em sua 
fórmula componentescom propriedades antibacterianas 
e, assim, teriam ação contra as bactérias que possam 
 ANA BEATRIZ CAVALCANTI – ENDODONTIA II – P5 
8 
 
persistir após o preparo do canal radicular. Esse efeito 
diminui consideravelmente após o endurecimento. 
✓ Não interferir com os cimentos para fixação de 
retentores intrarradiculares 
Diversas publicações contraindicam o uso de cimentos 
endodônticos que contenham eugenol quando se 
pretende empregar pinos intrarradiculares que deverão 
ser fixados com materiais resinosos. De acordo com estes 
estudos, os resíduos de eugenol interfeririam na 
polimerização das resinas para cimentação, alterando o 
mecanismo de adesão. Ao contrário, outras avaliações 
descartam a importância clínica daqueles resultados. 
Assim, diante da controvérsia sobre este tema, seria 
conveniente evitar o emprego de materiais de obturação 
endodôntica que possam exercer alguma influência sobre 
o mecanismo de adesão dos cimentos utilizados pela 
prótese. 
✓ Passível de ser removido parcial ou totalmente 
Os materiais empregados na obturação dos canais 
radiculares devem possibilitar a remoção parcial em caso 
da necessidade de uso de um retentor intrarradicular. Da 
mesma forma, em casos de fracasso endodôntico, o 
retratamento exige sua total remoção a fim de tentar uma 
nova terapia. Materiais que dificultam essa manobra 
conduzem, com muita probabilidade, a acidentes. 
Os cones de guta-percha são solúveis em eucaliptol e 
muito solúveis na presença de xilol, clorofórmio e 
terebentina. 
✓ Biocompatibilidade 
A relação dos materiais de obturação com o tecido 
periodontal circundante deve ser ótima. Até o presente, 
todos os materiais empregados possuem certo grau de 
agressão, o que é geralmente tolerado e compensado, 
com o decorrer do tempo, pela capacidade defensiva do 
organismo. 
Todos os materiais, para serem empregados na obturação 
dos canais radiculares, devem apresentar um bom 
comportamento biológico. 
Nesse sentido, a propaganda comercial não é uma 
garantia suficiente, e os resultados de investigações 
criteriosas devem aconselhar seu emprego ou seu 
desuso. 
TIPOS DE CIMENTOS 
A fim de ordená-los didaticamente, os cimentos em 
dodônticos podem ser agrupados de acordo com seus 
componentes químicos: 
CIMENTOS ENDODÔNTICOS COM BASE DE ÓXIDO DE 
ZINCO-EUGENOL 
a) Cimento de Grossman (pó-líquido) 
Possui um tempo de trabalho adequado, bom 
escoamento, boa adesividade às paredes dentinárias e 
radiopacidade aceitável. Durante a sua preparação, deve 
ser espatulado demoradamente, a fim de incorporar ao 
líquido a quantidade necessária do pó. 
Para se obter um bom escoamento, não se deve exagerar 
na quantidade de líquido, mas sim fazer uma mistura bem 
espatulada. Um cimento com alta proporção de eugenol é 
muito irritante e com propriedades físicas e químicas 
deficientes. 
b) Endométhasone ivory (Septodont) (pó-líquido) 
Devido ao pequeno tamanho de suas partículas, permite 
uma maior incorporação do pó ao líquido, o que lhe 
confere boa consistência. Como consequência da 
presença de corticosteroides em sua fórmula, lhe são 
atribuídas propriedades anti-inflamatórias. 
c) Pulp Canal Sealer (SybronEndo) (pó-líquido) 
É um cimento tradicional, conhecido como cimento de 
Rickert. Devido à presença de prata na sua composição, 
possui alta radiopacidade e seu tem de trabalho é curto. 
Existe uma versão (Pulp Canal Sealer EWT, SybronEndo) 
com tempo de trabalho maior. Outro selador, com 
características semelhantes, é o N-Rickert que, além dos 
componente enunciados, contém delta-hidrocortisona. 
d) Tubli Seal (SybronEndo) (pasta-pasta) 
É uma resina oleosa que possui um tempo de trabalho 
reduzido, especialmente na presença de calor e de 
umidade. A apresentação pasta-pasta permite uma 
mistura mais homogênea. Sua radiopacidade, seu 
escoamento e sua capacidade seladora são adequados. 
Atualmente, o Tubli-Seal e o Tubli-Seal EWT são 
comercializados com o sistema de seringas 
automescladoras. 
RESINAS PLÁSTICAS 
a) AH 26 (Dentsply/DeTrey) (pó-gel) 
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É uma resina epóxica que possui um tempo de trabalho 
prolongado e endurece entre 24 e 48 horas. Esta 
característica a torna ideal para o emprego na obturação 
de peças dentárias multirradiculares ou com dificuldades 
anatômicas, em que o procedimento pode resultar mais 
complicado ou serem necessárias correções, dada a 
dificuldade do caso. 
Sua radiopacidade e adesividade são muito satisfatórias. 
Possui alto escoamento, de modo que o canal a ser 
obturado deve apresentar um bom stop apical, a fim de 
evitar a sobreobturação. 
Seu efeito antisséptico é moderado e se mantém até que 
comece o endureci- mento. 
O AH 26 Silver Free (Dentsply/DeTrey) é outra versão, da 
qual foram eliminados o pó de prata e o óxido de titânio 
da fórmula original. 
b) AHPlus (Dentsply/DeTrey) (pasta-pasta) 
Esse cimento é uma epóxi-amina. Possui uma 
composição química diferente do AH 26, e seus tempos de 
trabalho e de endurecimento são ligeiramente menores 
(4 e 8 horas respectivamente). 
Sua radiopacidade e adesividade são muito satisfatórias. 
Possui alto escoamento, o que exige um canal com bom 
stop apical. A proporção adequada para mistura é de 
partes iguais de ambas as pastas. 
c) Diaket (3M ESPE) (pó-gel) 
É uma resina polivinílica que tem um curto tempo de 
trabalho e, alguns minutos após sua preparação, adquire 
uma consistência filamentosa que dificulta sua 
manipulação. A proporção adequada é obtida 
combinando-se duas gotas de gel com uma medida de pó. 
Apresenta ótima e prolongada ação antimicrobiana, boa 
capacidade adesiva e escassa solubilidade. É considerado 
um cimento com boa resistência física, pouco 
escoamento e boa radiopacidade. Em casos de 
sobreobturação, sua reabsorção é muito lenta. 
CIMENTOS ENDODÔNTICOS COM BASE DE 
HIDRÓXIDO DE CÁLCIO 
a) Sealapex (SybronEndo) (pasta-pasta) 
Os ingredientes ativos são: resinas de salicilato isobutil 
e salicilato neopentil-glicol-propano-trimetiol e óxido de 
cálcio. 
Para prepará-lo, são empregadas porções iguais de base 
e catalisador. É um cimento com um tempo de trabalho e 
de endurecimento prolongado. 
Sua plasticidade, seu escoamento e sua radiopacidade 
são adequados. Possui alta solubilidade, o que o 
transforma num selador de pouca estabilidade. Essa 
solubilidade é o que lhe permite liberar o hidróxido de 
cálcio no meio em que se encontra. Atualmente, o Sea- 
lapex também é comercializado no sistema de seringas 
automescladoras. 
b) Calcibiotic Root Canal Sealer – CRCS (Hygenic) (pó-
líquido) 
O pó vem em porções individuais contendo, 
fundamentalmente, óxido de zinco e, em menor 
proporção, hidróxido de cálcio. Cada porção deve ser 
misturada com duas ou três gotas de líquido, 
incorporando o pó de forma lenta até se obter uma 
mistura cremosa. 
Possui um tempo de trabalho reduzido, uma vez que seu 
endurecimento se acelera significativamente em 
presença de calor e umidade. Sua aderência e 
radiopacidade são satisfatórias. Apesar de conter 
hidróxido de cálcio, sua capacidade de liberá-lo é 
pequena, comportando-se biologicamente como um 
cimento à base de óxido de zinco eugenol. 
c) Apexit Plus (Ivoclar Vivadent) (pasta-pasta) 
Sua composição está formada por um enorme número de 
componentes, entre os quais se encontra hidróxido de 
cálcio, óxido de zinco, estearato de zinco, fosfato tri- 
cálcico, colofonia hidrogenada, carbonato de bismuto, 
diferentes salicilatos, etc.. 
Foi pouco difundido universalmente. Possui um tempo de 
trabalho adequado, porém diversas pesquisas enfatizam 
sua ação altamente irritante. 
d) Sealer26 (Dentsply/Maillefer) (pó-resina) 
Cimento bastante usado no Brasil, tem tempo de trabalho 
adequado e boa radiopacidade. 
- Novas propostas: 
Nos últimos anos, surgiram no mercado odontológico 
numerosos materiais de obturação que, por unirem-se 
intimamente à parede dentinária do canal radicular 
criariam um monobloco que melhoraria o selamento e 
reforçaria a estrutura dentária. 
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✓ Epiphany (Pentron Clinical Technologies). 
O kit é composto por: 
• Cones de Resilon – para substituir os cones de guta-
percha, são à base de um polímero sintético 
termoplástico (policaprolactona), que contém vidro 
bioativo, sulfato de bário e oxicloreto de bismuto. São 
oferecidos com conicidades 0,02, 0,04 e 0,06. Pedaços 
de Resilon estão disponíveis para uso em sistemas 
injetáveis para condensação vertical. 
• Frasco com primer (Epiphany primer) 
autocondicionador, que contém ácido sulfônico, 
HEMA, água e um iniciador de polimerização. 
• Seringa com selador (Selador Epiphany), que é uma 
resina hidrofílica dual que une o Resilon às paredes 
dentinárias condicionadas, gerando um único bloco. 
Atualmente, está disponível o Epiphany SE (Self 
Etching) com autocondicionante. 
Além do Epiphany, existem diferentes versões deste 
material: Real Seal (SybronEndo), Resinate (Obtura 
Spartan) e outros. O Resilon pode ser encontrado também 
na forma injetável ou como obturadores similares ao 
Thermafil, quando são denominados RealSeal 1. 
✓ Endorez (Ultradent Products Inc) 
É um cimento hidrofílico de dupla polimerização (dual) 
empregado com cones de guta-percha, recobertos pela 
mesma resina do cimento, que apresentam diferentes 
conicidades. Juntos, buscam unir o cimento ao cone, bem 
como a penetração da resina nos túbulos dentinários, 
previamente tratados com). É uma técnica que utiliza um 
único cone. 
✓ Agregado trióxido mineral (MTA) 
O agregado de trióxido mineral (MTA) é um pó branco ou 
cinza, que, misturado com água destilada, forma um 
cimento que endurece em aproximadamente 4 horas. 
O pó tem, em sua composição, fundamentalmente 
cimento Portland e outros óxidos metálicos, dentre eles, 
o óxido de bismuto, que lhe confere radiopacidade. 
É empregado para o recobrimeto da polpa, em 
capeamentos e pulpotomias, para o tratamento de 
perfurações, para o tratamento de dentes com rizogênese 
incompleta e, ainda, em retro-obturações. 
Graças a sua natureza hidrofílica, pode ser utilizado em 
meio úmido e a presença, por exemplo, de sangue ou 
exsudado não altera suas propriedades físico-químicas. 
Tem um pH alcalino, muito próximo ao do hidróxido de 
cálcio, aceitável compatibilidade biológica e excelente 
capacidade seladora. 
Grande quantidade de publicações, seja em estudos 
experimentais, seja em avaliações clínicas, relatam seu 
excelente comportamento. 
Para levá-lo ao local desejado – o que nem sempre é fácil 
– podem ser utilizados calcadores ou uma seringa 
apropriada. 
 
A ESCOLHA DO CIMENTO ENDODÔNTICO 
É comum que o clínico geral ou o endodontista se 
acostume a usar um determinado cimento endodôntico. 
A pergunta é inevitável: um cimento endodôntico serve 
para todos os casos clínicos? A resposta obriga a algumas 
reflexões. A escolha do cimento deve ser feita levando em 
consideração suas propriedades biológicas, suas 
propriedades físico-químicas ou ambas? 
Fundamentados na literatura pertinente ao assunto, os 
autores consideram que todos os cimentos adequados, 
possuem certo grau de toxicidade quando em contato 
com os tecidos apicais e periapicais. 
Um cimento poderá ser empregado em todos os casos 
mas, em certas circunstâncias, a utilização de um 
cimento apropriado às condições clínicas do dente em 
tratamento poderia tornar o trabalho mais fácil e, talvez, 
alcançássemos uma obturação de melhor qualidade. 
Na realidade, quando escolhemos um cimento 
endodôntico, o fazemos pensando em aproveitar suas 
características físico-químicas. 
Vejamos alguns exemplos para esclarecer esse conceito. 
Se estivermos realizando o tratamento endodôntico em 
um dente multirradiculado, com dificuldades anatômicas, 
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devemos dar preferência ao emprego de um cimento que 
possua um tempo de trabalho prolongado, como o AH 26, 
AH Plus ou Pulp Canal Sealer EWT. Nesses casos, o uso de 
um cimento de endurecimento rápido, como o Tubli Seal 
ou o Diaket, dificultará a obturação. O cimento começará 
a endurecer durante a obturação e inviabilizará um 
procedimento adequado, bem como impedirá a realização 
de qualquer correção. 
Em outra circunstância, perante um caso clínico de uma 
raiz muito curta, quando se deverá fazer o preparo para 
um retentor intrarradicular e, em consequência, o 
remanescente da obturação endodôntica será de apenas 
alguns milímetros, seria conveniente empregar um 
cimento endodôntico de endurecimento rápido, com 
muito boa capacidade de selamento e baixa solubilidade, 
como o Diaket ou o MTA. 
Em dentes sem um stop apical nítido, deve-se evitar 
cimentos com grande escoamento. 
Em dentes com rizogênese incompleta, em pacientes 
adultos, que apresentem um forame com dimensões que 
evidenciem que não foi formado e que necessitem de 
tratamento endodôntico, seria recomendável 
Molar inferior com anatomia complexa, obturado pela 
técnica de condensação lateral com cones de guta-
percha e AH 26. 
Paea fazer a obturação do terço apical usando o MTA que 
possui propriedades químicas, físicas e biológicas 
reomendáveis para estas situações. 
Nas situações em que se obteve um forte ajuste do cone 
principal às paredes do conduto radicular, a escolha 
deveria recair sobre os cimentos endodônticos fluidos, 
como o AH Plus ou Tubli Seal, pelo fato de que um cimento 
consistente, como o Diaket, não permitiria o 
reposicionamento do cone até o limite apical desejado. 
Quando empregamos técnicas com guta-percha 
termoplastificada, é aconselhável o uso de cimentos 
endodônticos de endurecimento lento. O aumento da 
temperatura a que é submetida a guta-percha tende a 
acelerar o endurecimento do cimento no canal radicular. 
A partir de 1967, com a generalização da técnica de 
condensação vertical da guta-percha, foram 
desenvolvidas várias técnicas de obturação que 
empregam a guta-percha termoplastificada. 
Estas técnicas buscam criar uma obturação 
personalizada para cada conduto radicular, dando como 
resultado uma obturação tridimensional que acompanha 
a anatomia do canal. 
As técnicas de guta-percha termoplastificada são 
especialmente indicadas na obturação de canais amplos, 
com anfractuosidades, com istmos, com reabsorções 
internas, etc. 
Para facilitar a leitura, elas serão agrupadas em: 
TÉCNICAS TERMOMECÂNICAS 
As técnicas de compactação termomecânicas mais 
difundidas são a de McSpadden, e a técnica híbrida (de 
Tagger). 
TÉCNICA DE MCSPADDEN 
Nas técnicas termomecânicas, a guta-percha é 
amolecida pela ação do calor produzido pela fricção de 
instrumentos especiais denominados compactadores. 
Fabricados com aço inoxidável, esses compactadores têm 
um desenho similar a uma lima Hedströem, porém com 
as espirais invertidas . No mercado odontológico existem 
diferentes marcas e tipos de compactadores (Gutta-
Condensors - Dentsply/ Maillefer; Microseal Condensers 
– SybronEndo) comercializados em calibres de # 25 a # 
80, com comprimentos de 21 e 25 mm. 
✓ Antes de iniciar os procedimentos para obturar o 
canal por esta técnica, é necessário escolher o 
compactador que será usado. Esta escolha é 
importante para que possamos obter uma boa 
obturação e principalmente para não fraturá-lo. 
 
✓Com o canal vazio, teste o compactador selecionado 
levando-o até a profundidade desejada (CTM – 2 a 3 
mm). Ele não deverá ficar preso entre as paredes do 
canal. Se ficar travado com o canal vazio, poderá 
fraturar durante o uso. Também não deverá estar 
muito folgado, pois poderá não gerar a fricção e o 
calor necessário para plastificar a guta-percha. A 
escolha deverá recair sobre um instrumento que não 
fique travado ou excessivamente folgado. 
 
 
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✓ Selecione e deixe prontos para uso calcadores que 
possam penetrar na entrada do canal. Logo após a 
colocação do cimento nas paredes dentinárias, o 
cone principal, escolhido da forma habitual, deve ser 
posicionado corretamente no canal. 
 
✓ O compactador selecionado deve entrar, sem pressão 
exagerada, pelo menos até o terço médio. Antes de 
levá-lo ao canal, é importante verificar se está 
girando no sentido horário. 
 
 
✓ O instrumento calibrado (CTM – 2 a 3 mm), girando a 
uma velocidade de 8.000 a 12.000 rpm, é introduzido 
ao lado do cone de guta-percha, e o calor resultante 
do atrito plastificará a guta-percha que, 
concomitantemente, será compactada dentro do 
canal. 
 
✓ Este instrumento não pode ser empregado no sentido 
anti-horário. 
 
 
✓ À medida que a guta-percha vai sendo compactada, 
o instrumento tende a sair do canal. Essa retirada, 
sempre com o micromotor em movimento, deve ser 
feita lentamente. Nem tão rápido como o instrumento 
parece querer e nem tão lento para produzir um 
aquecimento excessivo, possibilitando a aderência da 
guta-percha ao compactador e criando espaços na 
obturação. Imediatamente após a retirada do 
compactador, com o uso de calcadores faz-se a 
condensação vertical. 
TÉCNICA HÍBRIDA 
Na obturação do canal pela técnica híbrida serão 
utilizadas duas técnicas: condensação lateral e 
McSpadden. Com a primeira, faremos a obturação do 
terço apical; com a segunda, concluiremos a obturação 
dos terços médio e cervical. 
Empregando cimento endodôntico, o cone principal e 
alguns cones acessórios, em quantidade compatível com 
as dimensões do canal, os primeiros passos dessa técnica 
são idênticos à condensação latera 
Posteriormente, um espaçador cria um espaço, nos 
terços cervical e médio, onde é introduzido um 
compactador de guta-percha de calibre previamente 
escolhido. 
Girando na velocidade correta e no sentido horário, ele 
provocará o amolecimento e a compactação da guta-
percha. 
O uso do compactador é similar ao descrito no item 
anterior, variando somente a profundidade de introdução 
que, nesta técnica, não deve alcançar o terço apical. 
Esta técnica reúne os benefícios do correto 
posicionamento do cone principal no terço apical, 
propiciado pela técnica de condensação lateral, e a 
homogeneidade e a compactação da guta-percha, obtidas 
pela ação termomecânica do compactador. 
TÉCNICAS TÉRMICAS PROPRIAMENTE DITAS 
Entre outras, destacam-se a condensação vertical da 
guta-percha aquecida, o Thermafil (Dentsply/Maillefer), 
o MicroSeal (SybronEndo) e o System B (Sybro- nEndo). 
TÉCNICA DE CONDENSAÇÃO VERTICAL DA GUTA-
PERCHA AQUECIDA 
A técnica de condensação vertical da guta-percha 
aquecida foi introduzida por Shilder em 1967. Para 
realizá-la, faça inicialmente a escolha do cone principal, 
que deve estar adaptado à porção apical do canal 
modelado. 
Selecione e deixe prontos para o uso calcadores que 
possam ser levados próximos ao terço apical do canal. 
Leve ao canal uma pequena quantidade de cimento e 
coloque o cone selecionado. 
Um espaçador quente ou o Touch’n Heat (SybronEndo) 
introduzido no canal promove o aquecimento do cone, que 
imediatamente é compactado com os calcadores 
selecionados previa- mente, de acordo com o calibre do 
canal. Dessa maneira, a guta-percha vai sendo 
gradualmente compactada do terço cervical até o terço 
apical. Obturado o terço apical, pedaços de guta-percha 
vão sendo colocados nos terços médio e cervical do canal, 
aquecidos e com- pactados, realizando o preenchimento 
homogêneo e tridimensional. 
THERMAFIL (DENTSPLY /MAILLEFER) 
Obturadores Thermafil são hastes plásticas revestidas 
com uma guta-percha mais pegajosa e fluida do que a 
guta-percha tradicionalmente utilizada. São 
comercializados em diferentes calibres e com conicidade 
0,04. 
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Com a ajuda de instrumentos especiais chamados 
verificadores, o obturador a ser usado deverá ser sele 
cionado, de acordo com as dimensões do canal radicular 
Introduzido no canal, o verificador deve ajustar-se, sem 
pressões excessivas ao seu diâmetro e comprimento. O 
obturador deverá ter o mesmo número do verificador. 
Uma pequena quantidade de cimento endodôntico, com 
boa fluidez, deve ser colocada no terço cervical do canal. 
O obturador Thermafil é colocado em um forno 
(ThermaPrep) que, após algum tempo, através de um 
sinal sonoro, informará que a guta-percha está 
plastificada. Neste momento, ele será retirado do forno e 
inserido, firme e lentamente, no canal. 
Depois de alguns minutos, a haste plástica é cortada na 
entrada do canal radicular, com uma broca esférica, e a 
guta-percha é compactada verticalmente com 
condensadores adequados. Quando necessário, a 
obturação dos terços cervical e médio pode ser 
complementada com cones acessórios. 
Os obturadores Thermafil também são empregados para 
os sistemas GT e ProTaper e se denominam Obturadores 
GT e Obturadores ProTaper, respectivamente. Há um 
sistema similar denominado Soft-Core (CMS Dental).

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