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Nathália Gomes Bernardo Sistema Digestório dos Pequenos Animais 1. Identificação/ Resenha 2. Anamnese 3. Sinais de Distúrbios Digestórios 4. Exame Físico Geral e Específico do Trato Gasto Intestinal 1. Identificação/ Resenha Anotar detalhes sobre o animal; anotar, por exemplo, se o animal é mestiço mesmo com baixa semelhança a alguma raça, pois pode ser que tenha herdado susceptibilidade a determinadas enfermidades; Animais que possuem heterocromia tem mais chances de terem alguma deficiência visual ou auditiva; Data da consulta/ retorno; Nome; Espécie: gatos geralmente engolem corpos estranhos lineares, como fio dental; Raça: predisposição a enfermidades; Cor; Sexo; Idade: É muito importante e está intimamente relacionada a algumas enfermidades; ex.: doenças congênitas=> filhotes / neoplasias=> idosos Doenças infecto contagiosas, como parvovirose, são mais frequentes em filhotes; Animais constipado (reduziu a frequência de defecações) ou obstipado (não está defecando) sendo filhote pode ser presença de corpo estranho, mas sendo idoso deve-se levar em consideração a existência de neoplasia; Dados do Tutor; Procedência: Há regiões endêmicas para doenças. 2. Anamnese QUEIXA PRINCIPAL Evolução, frequência, progressão, gravidade, intensidade ou piora do quadro; ex.: Animal com diarreia: começou quando? Qual era a Frequência no início? Aumentou ou diminuiu? Qual é a consistência? A consistência ou aparência já modificou? Tem presença de sangue? OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES ATUAIS: Levou a algum outro veterinário? Já administrou alguma medicação? OBTENÇÃO DE HISTÓRICO PREGRESSO: Já teve diarreia antes? Como foi o tratamento? Histórico Clínico/ terapêutico; Hábitos alimentares: Questionar o tipo de alimentação? Qual tipo de ração? Fornece muito petisto? - Rações de combate: 45% de digestibilidade; - Rações premium: 80% de digestibilidade; - Rações superpremium: - Rações de prescrição: ex.: diabetes, insuficiência hepática, etc. Manejo nutricional: O alimento fica à disposição ou é dado porções ao decorrer do dia? Quantas porções? Come tudo ou sobra? Se sobrar, o que você faz com este resto? Mudança recente da alimentação/ ração? Faz muitas mudanças no tipo de alimentação? Compartilha comedouro? Status Vacinal: Desordens gastro entérica virais, ex.: parvovirose, cinomose, giárdia; Vermifugação; Antecedentes mórbidos; Informações sobre o ambiente: Manejo sanitário; Contactantes: pode ser que outros animais que convivam juntos também estejam desenvolvendo os meus sintomas; O animal tem acesso à terra ou rua? O cão tem muito problemas com ingestão de alimentos estragados ou corpos estranhos quando tem acesso a rua. 3. Sinais de Distúrbio Digestório Questionar o proprietário se observou alguma mudança de comportamento do animal para identificar dor, como por exemplo se o animal tem dificuldade de apreender o alimento ou deixa alimento cair da boca depois de ter apreendido; ou ainda se o animal está demorando muito na mastigação, etc. DISFAGIA: Dificuldade de ingestão (apreensão, mastigação ou deglutição). HALITOSE: hálito com odor alterado (fétido) causado por proliferação bacteriana anormal - necrose; - cálculo dental (tártaro); - megaesôfago (dilatação do esôfago) que ocasiona perda dos movimentos peristálticos do esôfago, sendo assim, o alimento ingerido pelo animal pode ficar parado/ retido (causa mal hálito) no esôfago por horas causando até regurgitação; - hálito cetônico: cetoacidose (produção de corpos cetônicos) diabética; O organismo produz corpos cetônicos quando se tem glicose não absorvida/sobrando ou quando não tem glicose (muito raro)- hipoglicemia; - odor urêmico: (odor de urina na boca do animal) paciente doente renal crônico retém compostos nitrogenados; - ingestão de substâncias odoríferas. - odor fétido também pode ser causado por obstrução intestinal grave, pois as fezes podem voltar ao estômago causando até vômito destas. SIALORREIA: Presença de grande quantidade de saliva na cavidade oral. Pode ser causada por dificuldade de deglutição, obstrução, ou seja, pode ser causada tanto por disfagia quanto odinofagia. PTIALISMO: Produção excessiva de saliva pelas glândulas salivares. Geralmente é causado por náuseas (nota-se movimentação da língua precedendo ou não vômito) ou reações medicamentosas (idiossincrasias: reação individual perante um agente farmacológico -> comum em gatos). EXPECTORAÇÃO: Animal engole /deglute muita secreção que acaba causando vômito. Deve-se auscultar e fazer avaliação de TR neste caso. VÔMITO: Só é vômito aquilo que já havia passado para o estômago. ! Casos relacionados a megaesôfago se enquadram em regurgitação. ! Não é porque o material é alimento que é vômito. ! Não se deve levar apenas o tempo e o aspecto em consideração para caracterizar em vômito ou regurgitação, ex.: em casos megaesôfago o alimento pode ficar retido ali por horas e, se expelido pela boca, será regurgitação. Geralmente este material é expelido por alguma força (ex.: pular do sofá/ cama) ou posição por força da gravidade. Náuseas são causadas por alterações químicas gástricas ou intestinais, por isso não está presente na regurgitação e pode ou não estar presente no vômito. Em casos de vômito um dos aspectos é que o animal até tem interesse em se alimentar, mas quando chega próximo ao alimento se afasta (náuseas), causando prensas abdominais ou tem salivação excessiva. * Hematêmese: vômito ou regurgitação com sangue. O pH do material regurgitado e vomitado se diferem. Na regurgitação o material terá pH semelhando ao da boca (maior ou igual a 7). Enquanto em casos de vômito o material pode ter pH menor ou igual a 5, em casos de origem estomacal, ou maior ou igual a 8 quando de origem intestinal (ex.: obstrução). * Na fita de urinálise tem uma região que é para detecção de bile, então se utilizada para o material expelido e der positivo necessariamente tem que ser vômito. HEMATÊMESE: Deve-se tomar cuidado para não confundir com possível sangue proveniente da própria cavidade oral do animal, ou seja, sangramento oral não é hematêmese verdadeira. HEMATOQUEZIA: Dizemos que o sangramento é baixo, nas porções finais do sistema digestório, porque isso significa que não deu tempo de digerir o sangue e por isso este se apresenta de cor mais viva. Ex.: úlcera duodenal - Sangramento de cólon geralmente apresenta como sangue misturado/ entremeado em toda a fezes; - Sangramento de reto geralmente apresenta como sangue apenas em volta das fezes. MELENA: As fezes com melena são escurecidas; dizemos que para ocorrer melena o sangramento é “alto” porque isso significa que o sangue foi digerido. DIARREIA: Qualquer aumento no conteúdo de água das fezes. Ex.: fezes amolecidas ou pastosas. Pode ser pela falta de absorção de líquidos pelo intestino ou a secreção de líquido para dentro deste lúmen causando aumento do conteúdo de água. As diarreias são classificadas de acordo com o tipo, localização anatômica (intestino delgado ou grosso), pelo tempo (aguda ou crônica) e a causa/ origem. Quando a diarreia é causada por problemas relacionado ao intestino delgado as fezes estarão com volume notavelmente aumentado, enquanto que quando o problema é relacionado ao intestino grosso – que já é a porção mais final- as fezes podem ter volume pouco aumentado ou nem ter aumento; Esteatorreia (presença de gordura) do aspecto de fezes preguentas, que grudam no chão; A frequência está relacionada a anatomia; o intestino grosso está mais no final do sistema digestório ex.: parvovirose; Gatos com desordens intestinais apresentam mais comumente vômito e não diarreia; Tenesmo: dor ou dificuldade de eliminar fezes,relacionado ao animal querer e sentir vontade mas tem dificuldade de evacuar; Disquezia: dor ou dificuldade de eliminar fezes. A perda de peso também está relacionada com a pelagem opaca, afinal se o intestino delgado está comprometido consequentemente a absorção de nutrientes também estará. Geralmente diarreias crônicas estão relacionadas ao intestino delgado. DIARREIA OSMÓTICA: Ocorre por exemplo quando há muita ingestão de alimentos e, então, as partículas de alimento dentro do lúmen intestinal atraem água, causando fezes amolecidas e até pastosas; * IPE: Insuficiência pancreática exócrina – comprometimento das enzimas pancreáticas. A diferença entre a diferença entre a diarreia exudativa e a secretória é que na secretória a mucosa do lúmen intestinal não está lesionada; A E. coli, diferente da Salmonela, não lesiona a mucosa apenas estimula a secreção de fluido para o lúmen. - Associar a diarreia exudativa com inflamação/ lesão. DIARREIA POR DISMOTILIDADE: Por exemplo um gato com obstrução intestinal: o intestino aumenta (hipermotilidade) os movimentos peristálticos, para tentar expulsar o corpo estranho, que aumenta a taxa de passagem e isso prejudica a absorção; - Parvovirose pode causar hipermotilidade; - Em casos de hipomotilidade por obstrução o intestino desenvolve hipermotilidade anterior para tentar expulsar o corpo estranho; o problema é que então se tem uma região com hipomotilidade adjacente a outra de hipermotilidade uma estrutura pode invaginar na outra -> Intussuscepção ! Ambientes hostis e/ou barulhentos podem ser um problema para os animais em relação a evacuação e quanto mais tempo se demora eliminar as fezes mais água é absorvida e consequentemente as fezes ficam ressecadas e assim menor o estímulo de eliminação destas-> fecaloma; pode ocasionar megacólon. TENESMO: Ineficiência ou esforço doloroso na defecação ou micção; Animal se esforça, chega até a vocalizar, e pode acabar desistindo de defecar. Geralmente está associado a parte final do trato digestório DISQUEZIA: Dor ou dificuldade em eliminar as fezes do reto. Caso haja uma obstrução de intestino desgado, por exemplo, as fezes não irão chegar ao reto; É valido lembra que os nervos pélvico e pudendo controlam o peristaltismo do cólon e esfincter anal e a estimulação no nervo é dada por presença de conteúdo que despara resposta motora de aumento de peristaltismo, sendo assim, a abertura de esfincter pelo nervo pudendo se da quando o material empurra o esfincter. Por isso, pode-se concluir que nem toda disquezia está associada a tenesmo, como em uma obstrução de jejuno, cárdia, piloro ou intestino delgado pois nem chega a ter estímulo para defecar. ! No cão macho o principal problema de protatopatia é tenesmo e disquezia porque a prostata comprime o ânus dos animais. CONSTIPAÇÃO: Evacuação infrequente ou difícil; Pode se dar devido a alimentação ou medicamentos (tramal). OBSTIPADO: Não é possível defecar; A constipação pode levar a obstipação, pois quando mais tempo demora eliminar fezes mais água é absorvida e mais ressecadas as fezes ficam, podendo haver distensão de cólon que causa perda de sua força de contração, ou seja, perda da capacidade de peristaltismo afetando a eliminação de fezes. Na diabetes o animal tem muito apetite, mas, mesmo comendo mais que o normal, ele tem perda de peso, pois o animal utiliza proteína para conseguir glicose. Teste de baloteamento: coloca a mão de um lado do abdome do animal e provoca uma batida leve do outro para contatar presença de líquido. ! Gato não tem ascite por ICC direita. A efusão abdominal pode ser por perfusão de algum órgão ou neoplasias principalmente. Abdômen extremamente sensível. Ex.: Úlcera duodenal, pancreatite, peritonite, contaminação, perfuração de estômago, torção de estômago (principalmente em cães grandes). Inspeção: olhar o animal pelas laterais de ambos os lados e olhar por cima, para analisar a silhueta; Ruptura de bexiga pode causar ascite e consequentemente dilatação abdominal. 4. Exame Físico Geral e Específico do Trato Gastrointestinal A percussão é bem importante quando há dilatação; A auscultação é mais relevante em grandes animais; em pequenos animais se utiliza quando se desconfia da existência de hérnia. Em gatos é comum ocorrer úlceras nos lábios; Nas gengivas podem ter úlceras, gengivites ou outras lesões; Nos dentes é comum ter tártaro ou retenção de alimento; Na língua de gato é comum ter fio enrolado, pois é o tipo de corpo estranho atrativo ao gato; Glândulas: parótida, mandibulares, zigomática; Palato mole: lesão ou prolongamento; Palato duro: fissura, ulcera, neoplasias; Faringe: necessário sedar animal e fazer endoscopia. Faz- se inspeção e palpação da região oral, faríngea e cervical. O esôfago se encontra do lado esquerdo. É necessário deslocar a cabeça do animal dorsalmente para palpação de esôfago. Em casos de deslocação esofágica faz-se oclusão das narinas e compressão do tórax para evidenciar a dilatação. Um animal caquetico, em 99% das vezes, não precisa receber glicose, estará normoglicemico ou mais provavelmente hiperglicemico pois há diversos mecanismos para produção de glicose – o animal estará realizando proteolise. Com uma das mãos (esquerda) se realiza uma pequena força elevando as estruturas enquanto que com a outra mão (direita) se tenta identifica-las. EPIGÁSTRICA: Essa região se delimita ente a primeira linha imaginária que é no rumo do diafragma no processo xifoide; e a segunda linha imaginária é na última costela; - O lado direito é o qual mais temos acesso a borda hepática (fígado); - No cão, os rins se localizam em baixo das costelas. No máximo, o que se sente no rim é a borda caudal por estar em baixo do gradil costal. - O baço pode estar tanto em região epigástrica como em mesogástrica; - Em condições normais não se sente estômago, porque está dentro do gradil costal. MESOGÁSTRICA: Nessa região também se encontra bexiga quando cheia; A bexiga vazia se encontra na região hipogástrica. O mesmo ocorre com a próstata, quando aumentada pode se encontrar na região mesogástrica. ! Nos gatos os rins se encontram na região mesogástrica e são facilmente palpáveis; ! Faz- se teste de sensibilidade dos rins pressionando a região (a delimitação da região é feita traçando mentalmente um triângulo que compreenda a última costela e a coluna vertebral) com a ponta dos dedos. EXAMES COMPLEMENTARES: Radiografia simples ou contrastada; Ultrassonografia abdominal: avaliar movimento peristáltico, espessura e distensão de alças, fígado, pâncreas, etc Endoscopia: importante para avaliar esôfago, estômago e duodeno principalmente para diagnosticar úlcera; Colonoscopia: para avaliar trato final – reto, cólon e até um pouco do duodeno; Tomografia; Ressonância; Laparotomia exploratória.
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