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Nathália Gomes Bernardo Sistema Geniturinário de Pequenos Animais Identificação/ resenha: ➢ Data, nome, idade, raça, cor, sexo, idade, dados do tutor, procedência. ➢ Raça: Anotar detalhes sobre o animal; anotar, por exemplo, se o animal é mestiço mesmo com baixa semelhança a alguma raça, pois pode ser que tenha herdado susceptibilidade a determinadas enfermidades ou ter comportamento característico (ex.: agressividade); ➢ Idade: quando desconhecida olhar a dentição; idade é muito importante e está intimamente ligada a algumas doenças; ex.: Mais possibilidade de acometer filhotes=> doenças congênitas; idosos=> câncer; alteração neurológica em cães filhotes pode ser cinomose, mas em idosos tem baixa possibilidade de ser essa enfermidade; ➢ Dados do tutor e procedência: Há regiões endêmicas para doenças. ➢ Queixa principal: evolução, frequência (está acontecendo muitas ou poucas vezes? A frequência nos indica de o processo é agudo ou crônico), progressão (sempre foi assim ou agora está pior? intensificou? diminuiu?), gravidade, intensidade ou piora do quadro. Agudo X Crônico. Não se manter preocupado apenas com a queija principal, mas dar muita importância a esta. ➢ Obtenção de informações atuais e Histórico pregresso: - Informações sobre apetite/vômito e sobre fezes/defecação: Animais com doença renal crônica frequentemente apresenta náuseas, vômito, tenesmo e até constipação (porque elimina muito K+; Hipocalemia diminui a motilidade intestinal: animal retém mais fezes). - Histórico clínico/ terapêutico: já tratou esse problema antes? melhorou? piorou? quais medicamentos e procedimentos foram utilizados? já teve algum outro problema/ enfermidade anteriormente? Há medicamentos que são nefrotóxicos e portanto podem causar necrose tubular aguda. - Estado vacinal e vermifugação. - Ambiente/ hábito/ manejo: tem acesso a rua? convive com outros animais? fugiu recentemente? passeia sem coleira? - Contactantes: Pode ser que outros animais que convivam juntos também estejam desenvolvendo os meus sintomas=> causas infecciosas; Exposição a agentes irritativos. - Funções/ transtornos reprodutivos: já entrou no cio? Já teve prenhez? Já usou algum método contraceptivo? Castrou? Se sim, com quantos anos? A falta de hormônios reprodutivos (castração precoce) pode causar incontinência urinária -esfíncteres urinários tem interferência muito grande por estes hormônios-, em contrapartida a glândula mamária que não entra em contato com picos de estrógeno não se desenvolve evitando casos de tumor de mama em cadelas em 85% (castração antes do primeiro cio). Cadelas tem cio a cada 6 meses, algumas raças apenas 1x ao ano; Gatas tem cio bem mais curtos, o não cruzamento leva a novo cio e em épocas mais quentes (mais luminosidade) ficam ainda mais ativas. - Procedimentos cirúrgicos/ acidentes. ➢ Anamnese específica do trato urinário: - Não perguntar se a urina “está normal” porque é uma pergunta muito vaga -não fornece detalhes- e muitas vezes o proprietário não sabe o que é um aspecto de urina normal. - Questionar sobre a quantidade de urina; Animais que urinam em caixinhas de areia ou tapetes higiênicos é possível se ter uma base pela poça que forma e pela quantidade de vezes que é necessário trocar a areia/tapete (essa quantidade aumentou/diminuiu?), já animais que urina na grama é possível se basear apenas pelo tempo que ele gasta urinando. - Qual o aspecto da urina? A urina do gato possui odor mais forte porque é mais concentrada, gatos usa feromônios para demonstrar territorialismo. A cor adequada da urina é amarela. Observou se na urina tem matéria sólido ou semi-sólido? (cálculo urinário) Tem atração de formiga? (indicativo de eliminação de glicose- Diabetes) Presença de sangue? A urina sempre teve esse aspecto ou odor? - Qual a frequência o animal urina? (quantidade de vezes que troca areia/tapete ou vê as poças) Aumentou ou diminuiu? O animal é condicionado a urinar apenas quando é levado a passear? Quantas vezes ao dia? Qual a postura do animal para urinar? Animal demonstra dor ao urinar? - Qual a frequência e volume de ingestão de água? Há compartilhamento da vasilha de água? É recomendado ter o número de vasilhas igual ao número de animais + 1. - Animal já teve alguma doença do trato urinário? Já realizou tratamento? Protocolo de Exame Ginecológico Anamnese ➢ Obtenção de dados de resenha (espécie, idade, raça, peso) ➢ Condições alimentares ➢ Manejo sanitário ➢ Medidas preventivas reprodutivas: Uso de contraceptivos? ➢ Resgate do histórico reprodutivo do animal: Animal foi castrada? Há quanto tempo é castrado? Qual o último cio? Foi regular ou irregular? (quantas vezes por ano acontece) Notou alguma diferença dos cios anteriores? Sinais de cio silencioso? (cachorros machos circundando a casa ou ao passear com a cadela cachorros machos seguem, porque muitas cadelas aprendem a se limpar e, por isso, o proprietário nem nota o cio) Já cruzou? Quantos partos? Foram normais ou teve alguma complicação? (Buldogue francês e Pug são exemplos de raças que não ocorre parto normal, porque a cabeça é de tamanho desproporcional ao tamanho da pelve) Nulípara= fêmea que nunca pariu; Primípara= 1 parto; Plurípara ou Multípara= 2 ou mais partos/crias. Exame Físico Específico para o Trato Geniturinário ➢ EXAME DOS RINS: Palpação simultânea (pontas dos dedos). - Rim dos cães fica na região epigástrica, abaixo do gradil costal, então a palpação de restringe a no máximo o polo caudal do rim. Já os rins dos gatos se encontram na região mesogástrica e são possíveis de serem palpados adequadamente. - Ambos são palpáveis? - Tamanho? Simetria? Posição? Os rins dos cães são mais difíceis de mensurar alguns parâmetros, mas através de raio X é possível. - Forma? Contorno? Consistência? - Dor/ sensibilidade? ➢ EXAME DA BEXIGA: Palpação tanto com animal em decúbito ou com animal em estação; em decúbito: se eleva a bexiga (bexiga vazia se localiza na região hipogátrica) com uma das mãos e depois realiza-se movimentos de palpação; com animal em estação: o animal deve estar de costas, pode-se utilizar as duas mãos para palpar realizando movimentos de pinça, mas algumas vezes é mais fácil palpar com movimentos de pinça apenas com uma das mãos (depende do tamanho do animal). - Posição? - Tamanho? Espessura da parede? Bexigas inflamadas, como gatos com cistite, é possível sentir a parede da bexiga mais espessa e algumas vezes com sensibilidade pelo animal. - Cálculos/ massas palpáveis? (cistourolitos= cálculos no interior da bexiga). ➢ PROSTATA: Importante em cães. Palpação com a ponta do dedo indicador (utilizar lubrificante a base de água; é bom estimular o animal defecar antes ou retirar fezes da ampola retal) - A próstata é bilobulada, firme mas não é dura, não tem irregularidades e é simétrica. - A hiperplasia prostática no cão é excêntrica, sendo assim causa mais disquezia (dor ao defecar) que disuria (dor ao urinar). - Próstata de gato não se palpa devido a localização, tamanho do orifício anal, dificuldade, animal com certeza não permitirá, etc. - A partir de 8 anos é obrigatório a palpação da próstata do cão. - Posição? Tamanho? Consistência? Simetria? Dor/sensibilidade? ➢ URETRA NOS MACHOS: Inspeção e palpação. - Faz-se a exposição do meato urinário externo: observar se há presença de secreção uretral, secreção prepucial (esmegma); observar se a uretra não se encontra eritematosa, lesionada; tem-se que inspecionar todo o pênis até o bulbo, TVT por exemplo se encontra justamente no bulbo do pênis. ➢ URETRA NAS FÊMEAS: Palpação (pontas dos dedos com lubrificante) e Inspeção indireta através de espéculo. - Fêmeas que nunca cruzaram tem membrana hímen, então se usa gel de lidocaína nestes casos. - O meato urinário encontra-se no assoalho da vagina e portanto é possível sentir ao introduzir o dedo na vagina.- Não é possível palpar a vagina de gatas; caso necessário utilizar espéculo a gata deve ser anestesiada. - Secreção vaginal? - Anormalidades vulvares/vaginais? ➢ MICÇÃO: Inspeção/ Observação/ Olfação -Frequência? -Disúria? (dificuldade em urinar) Retenção? Tenesmo? - Incontinência? - Odor alterado? Cor alterada? Protocolo de Exames Ginecológicos ➢ EXAME ESPECÍFICO EXTERNO É importante ressaltar que para o exame ginecológico também é importante avaliar abdômen em estruturas como útero e ovários (região mesogástrica). Examinar região perineal porque pode apresentar anormalidades. A cauda também é importante, porque muita das vezes o animal apresenta secreção vaginal, mas lambe e portanto não se observa nessa região, mas um pouco de secreção permanece aderida a cauda. Na cauda também possuem glândulas que as vezes pode apresentar alteração. Dependendo da raça, algumas cadelas não conseguem urinar sem encostar a vagina no chão e isso é propenso a causar inflamação- alta casuística de vaginite. ➢ EXAME FÍSICO DAS MAMAS -Toda cadela deve ter as mamas inspecionadas. - Avaliar número e tamanho das glândulas mamárias e tetas. Há variações do número, algumas cadelas/gatas tem 5 pares e outras tem 4 pares de mamas (nestes casos o animal possui apena um par de abdominal que são as caudais- ou seja, faltam as abdominais craniais). - É importante avaliar os linfonodos que drenam as mamas: linfonodos axilares (é palpável) e linfonodos inguinais (normalmente não é um linfonodo palpável, mas em caso de estar aumentado é perceptível). As mamas torácicas, tanto craniais quanto caudais, e as mamas abdominais craniais são drenadas pelos linfonodos axilares, enquanto as mamas abdominais caudais e as mamas inguinais são drenadas pelos linfonodos inguinais. - É importante avaliar a coloração do mamilo, comparar com o demais, avaliar presença de secreção, presença de nódulos, aumentos de volume, temperatura, etc. - Não se pode julgar malignidade de tumores pelo tamanho. ➢ EXAMES COMPLEMENTARES - US e RX de abdômen. - Vaginoscopia (com auxílio do especulo) para avaliar assoalho e teto da vagina. - Citologia e histologia tanto vaginal quanto de mama. - Dosagens hormonais: para saber, por exemplo, o melhor momento para inseminação. Exames microbiológicos e sorológicos: vaginites, piometra, doenças sistêmicas como brucelose (causam alterações reprodutivas). Avaliação da Micção ➢ FREQUÊNCIA DE MICÇÃO A frequência de micções dos animais é muito variável, principalmente em cães machos porque estes animais marcam território; Depende até de quantos animais convivem juntos: territorialismo e estímulo por ter visto outro animal urinando. -Polaquiuria: aumento do número de vezes que o animal urina. Não está necessariamente relacionado ao aumento de volume, porque em casos por exemplo de infecção urinária aumenta a frequência de micção mas a quantidade de urina expelida por vez é baixa e, por isso, não houve aumento de volume. Observa-se aumento das poças de urina, daí deve-se notar o tamanho dessas poças. -Oligosuria: diminuição da frequência de micção por dia. - Iscuria: quando um animal não consegue urinar devido uma obstrução (completa ou incompleta); Nestes casos a bexiga encontra-se cheia ao palpar. É diferente de oligossuria, porque na iscuria se realizado a desobstrução o animal volta a urinar. -Incontinência urinária: perda da capacidade parcial ou total de conter a urina. ➢ DISÚRIA: Dificuldade para urinar. - Micção dolorosa: o animal demonstra a dor em gestos ao tentar urinar. Miados, gemidos, olhar para o abdômen, fazer lambedura na região do abdômen, agitação da cauda no momento de urinar, etc. - Estranguria: como por exemplo quando animal possui cálculo que causa obstrução parcial – animal tem que fazer muita força para eliminar a urina. - Tenesmo vesical: esforço. Relacionado a postura. Muitas das vezes tenesmo e estranguria acontecem juntos. ➢ VOLUME DE URINA - Um cão produz cerca de 1-2 mL de urina por kg por hora. Sendo assim, um cão por exemplo de 10 kg em uma hora irá produzir entre 10 e 20 mL de urina. É importante saber essa relação, por que para fazer uma urinálise é necessário ao menos 10 mL, então em uma rotina clínica um cão de 5kg em uma hora irá produzir de 5 a 10 mL de urina – seria necessário aguardar mais tempo. - Um gato produz cerca de 0,5-1 mL de urina por kg por hora. Sendo assim, um gato de 2,5 kg em uma hora irá produzir entre 1,25 a 2,5 mL de urina. -Poliúria: aumento do volume de urina produzida; Então, por exemplo, se um cão de 10 kg em uma hora produzir mais de 20mL de urina é um caso de poliúria. -Oliguria: diminuição do volume de urina produzida; Então, ainda no mesmo cão, se houver em uma hora produção de menos de 10mL de urina é um caso de oliguria. -Anuria: Ausência da produção de urina. ➢ COLOCARAÇÃO DA URINA Babesia causa hemoblobinúria. A hemoglobina fora da hemácia é nefrotóxica. Hemoglobina tem pigmento vermelho acastanhado. Em casos onde a urina se encontra vermelha, acastanhada, marrom ou preta deve-se fazer diferenciação porque pode ser hematúria, hemoglobinúria ou mioglobinúria. A hemoglobina atinge mucosas também (ictéricas/alaranjadas); já a mioglobina não atinge mucosas. Quando se colhe a urina, mas demora grande tempo para processa-la pode ocorrer atividade bacterina e assim a urina adquire cor verde. A cor laranja da urina indica pigmentos de bilirrubina (pode ser de origem hemolítica ou hepática). A cor amarela escuro é a cor usual da urina. Mas em casos, por exemplo, após atividade física intensa e o animal ingerir muita água a primeira urina pode estar mais clara. Após colocar a amostra de urina na centrífuga, caso no fundo no tubo crie um botão (escuro) e a amostra perde o aspecto avermelhado intenso significa que houve sedimentação de células e então é hematúria. Já após a centrifugação, caso a amostra continue com o mesmo aspecto pode ser tanto hemoglobinúria quanto mioglobinúria, pois ambos os casos são pigmentos e portanto não irão sedimentar. (Para diferenciar estes dois casos: olhar hemograma para ver se algum parâmetro indica hemólise e analisar mucosas; em caso de mioglobina há marcadores de lesão muscular como AST, CK). Urinas de cor enegrecida geralmente estão associadas a zoonoses, principalmente Leptospirose. Quando a origem do sangramento é na bexiga pode até se ter eliminação de sangue/coágulo no início de meio da micção, mas é predominantemente na fase final da micção que há eliminação dos coágulos devido a uma questão anatômica- as hemácias que estavam decantadas saem quando há contração maior da bexiga (fase final). Neste caso do sangramento de origem vesical, não há sangramento no período entre uma micção e outra. Porém, caso a bexiga esteja com sangramento muito intenso, há eliminação de sangue em todas as fases. Quando o sangramento é de origem uretral, assim que a urina passar pela uretra para ser eliminada (urina passa com pressão e a uretra é fina) já irá levar junto o sangue/coágulo; Sendo assim, a eliminação de coágulo se concentra na fase inicial. Pode haver perde discreta de sangue no intervalo entre as micções. Quando o sangramento é de origem renal há presença de hemácias em todas as fases da micção, independente se é só um ou ambos os rins acometidos. Sangramento com origem do trato genital: Nos machos por exemplo com sangramento prostático ou com sangramento de origem do bulbo do pênis ou no caso das fêmeas com sangramento de origem do útero, cérvix, ou vagina, a eliminação do coágulo é na fase inicial da micção. É bem provável que ocorra gotejamento ou secreção sanguinolenta no intervalo entre as micções. -> exemplos: TVT, câncer de próstata. Um exame diferencial nestes casos é coletara urina por cistocentese, porque assim não tem nenhuma interferência do trato genital. Urina coleta por cistocentese e que apresenta sangue, o sangue deve ter origem da bexiga, dos ureteres ou dos rins. Métodos de Coleta de Urina A estimulação para o animal urinar por compressão da bexiga deve ser feita crânio caudalmente. É importante lavar com água o prepúcio ou a vulva. A micção espontânea é um bom método para avaliar a urina quanto a qualidade deste e do funcionamento dos rins, mas não é um bom método para avaliar bactérias (para está avaliação é bom que a urina não passe pelo trato genital). Durante o processo de cateterização pode ocorrer de ser levado para a bexiga bactérias provenientes do trato genital. Usar lubrificante a base de água para não alterar a composição da urina. É bom desprezar as primeiras mL de urina, mas antes de desprezar deve-se reservar essa urina porque há possibilidades de não haver mais urina suficiente para realização do exame. Fazendo mentalmente um X entra os dois útimos pares de mamas, na região central é o local ideal para realização da cistocentese quando a bexiga está no mínimo moderadamente cheia. Sempre que possível é bom realizar a cistocentese guiada por ultrassom, porque este mede a distância entre a parede e a bexiga. Geralmente se utiliza a agulha cinza ou a branca para animais mais gordinhos. Em gatos pode-se elevar a bexiga lateralmente e acessa-la pelo flanco, pois a bexigas destes animais é mais “maleável” e além diso é difícil manter gatos em decúbito dorsal. Exames Complementares ➢ A urinálisa é um exame essencial em animais de queixa de trato urinário; avaliar função de rim. A creatinina e a ureia não são tóxicas, são apenas marcadores, como é livremente filtrada em condições fisiológicas isso significa que se for retida é um marcador de que os rins estão deixando de filtrar. ➢ Cultura e antibiograma da urina: avaliação de bactérias, infecção. O melhor método de coleta para este fim é a cistocentese. ➢ Análise dos cálculos: calculo que se encontra no rim: nefrolito; que se encontra no ureter: ureterólito; que se encontra na bexiga: cistorólito; A casuística de cistourolito nos animais é maior. ➢ Uretrocistoscopia: avaliar a uretra e a bexiga por câmera-> avaliar aspecto interno e/ou colher amostra. ➢ Laparotomia exploratória da bexiga
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