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Profa Mª. Christina Montuori NUTRIÇÃO INTEGRADA (NI) DCNT NO BRASIL E NO MUNDO As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil e do mundo. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que as DCNT são responsáveis por 71% das 57 milhões de mortes ocorridas globalmente em 2016 (WHO, 2018a, 2018b). No Brasil, as DCNT são igualmente relevantes, tendo sido responsáveis, em 2016, por 74% do total de mortes, com destaque para doenças cardiovasculares (28%), neoplasias (18%), doenças respiratórias (6%) e diabetes (5%) (WHO, 2018c). Fatores de risco que se relacionam com a grande maioria de mortes por DCNT: tabagismo, o consumo alimentar inadequado, a inatividade física e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas (WHO, 2014). Vigitel Brasil 2019, 2020 Em razão da relevância das DCNT na definição do perfil epidemiológico da população brasileira, e pelo fato de que grande parte de seus determinantes é passível de prevenção, o Ministério da Saúde implantou, em 2006, a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). A atualização contínua desses indicadores é imprescindível para o monitoramento das metas previstas no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil, 2011-2022 (BRASIL, 2011a), Controle das DCNT da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2013), entre outros. Média (H/M): 55,4% Homens: 57,1% Média (H/M): 55,4% Mulheres: 53,9% Média (H/M): 20,3% Homens: 19,5% Média (H/M): 20,3% Mulheres: 21% Média (H/M): 7,4% Homens: 7,1% Média (H/M): 7,4% Mulheres: 7,8% PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA ENFRENTAMENTO DAS DCNT NO BRASIL (2011 – 2022) O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011- 2022, define e prioriza as ações e os investimentos necessários para preparar o país para enfrentar e deter as DCNT. Aborda quatro principais doenças (doenças do aparelho circulatório, câncer, respiratórias crônicas e diabetes) e os fatores de risco (tabagismo, consumo nocivo de álcool, inatividade física, alimentação inadequada e obesidade). PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA ENFRENTAMENTO DAS DCNT NO BRASIL (2011 – 2022) METAS • Reduzir a taxa de mortalidade prematura (<70 anos) por DCNT em 2% ao ano • Reduzir a prevalência de obesidade em crianças e adolescentes • Deter o crescimento da obesidade em adultos • Reduzir a prevalência de consumo nocivo de álcool • Aumentar a prevalência de atividade física no lazer • Aumentar o consumo de frutas e hortaliças • Reduzir o consumo médio de sal • Reduzir a prevalência de tabagismo em adultos • Aumentar a cobertura de mamografia em mulheres entre 50 e 69 anos • Ampliar a cobertura de exame preventivo de câncer de colo uterino em mulheres de 25 a 64 anos • Tratar 100% das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA ENFRENTAMENTO DAS DCNT NO BRASIL (2011 – 2022) EIXO - Promoção da saúde • ATIVIDADE FÍSICA (Programa Academia da Saúde; Programa Saúde na Escola; Reformulação de espaços urbanos saudáveis; Campanhas de comunicação); • ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (promover alimentação saudável em escolas; aumento da oferta de alimentos saudáveis; acordos com a indústria para redução do sal e do açúcar; redução dos preços dos alimentos saudáveis; Plano Intersetorial para Prevenção e Controle da Obesidade); • ENVELHECIMENTO ATIVO (ações de promoção da saúde, de prevenção e de atenção integral), etc. PROGRAMAS NACIONAIS PARA CONTROLE DAS DEFICIÊNCIAS DE FERRO, ÁCIDO FÓLICO, VITAMINA A e IODO Anemia Ferropriva ❖ Problema nutricional mais importante da população brasileira, com severas consequências econômicas e sociais. ❖ Apesar da ausência de um levantamento nacional, existe consenso na comunidade científica de que a anemia ferropriva tem alta prevalência em todo o território nacional. ❖ Atinge todas as classes de renda. • → custo adicional para a economia brasileira. Redução da Anemia • Diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição: • → Fortificação Obrigatória de Alimentos • → Programa Nacional de Suplementação de Ferro Fortificação obrigatória das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico • Resolução RDC n° 150 de 17 de abril de 2017 (A 1ª em 2002) • Adição obrigatória mínima de 4 a 9 mg de ferro e com 140 a 220µg de ácido fólico nas farinhas de trigo e milho (em cada 100g). • -> reduzir a prevalência de anemia por deficiência de ferro e prevenir defeitos do tubo neural. Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF) ❖ O Programa Nacional de Suplementação de Ferro, instituído pela Portaria nº 730 de 13 de maio de 2005, é uma das estratégias da Política Nacional de Alimentação e Nutrição para o combate da deficiência de ferro no Brasil. ❖ Em 2013 o programa foi reformulado sendo descentralizada a aquisição dos suplementos para a esfera municipal, distrital e estadual (onde couber) através do recurso do Componente Básico da Assistência Farmacêutica, de acordo com a Portaria nº 1.555 de 30 de julho de 2013. Programa Nacional de Suplementação de Ferro ❖ Suplementação medicamentosa de sulfato ferroso para todas as crianças de 6 meses a 24 meses de idade, gestantes (incluindo também ácido fólico) a partir do momento que iniciarem o pré-natal e mulheres até o 3º mês pós-parto (ou pós-aborto). ❖ Os suplementos de ferro e ácido fólico deverão estar gratuitamente disponíveis nas farmácias das Unidades Básicas de Saúde, em todos os municípios brasileiros. Importante... O planejamento da aquisição dos suplementos de ferro (PNSF) pelo município, pode priorizar o público, levando em consideração: - população mais vulnerável; - crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família e/ou outros programas de transferência de renda; - dados locais que revelem a magnitude do problema; - existência de outras medidas para prevenção e controle da anemia. Deficiência de Vitamina A ❖ A deficiência de vitamina A é considerada como uma das mais importantes deficiências nutricionais do mundo subdesenvolvido. ❖ Esta deficiência é a principal causa de cegueira evitável no mundo, estando também associada a 23% das mortes por diarreias, em crianças. ❖ Cerca de 25% dos sobreviventes à xeroftalmia grave perdem completamente a visão. ❖ Os sinais clínicos da deficiência da vitamina A estão quase sempre acompanhados de manifestações de deficiência energético-proteica. Objetivos do Programa O Vitamina A Mais - Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A (desde 2005) - é um programa do Ministério da Saúde, com apoio dos Estados, que busca reduzir e erradicar a deficiência nutricional de vitamina A em crianças de 6 a 59 meses de idade e puérperas no pós - parto imediato (antes da alta hospitalar – ainda na maternidade*), residentes em regiões consideradas de risco **. * As mulheres grávidas ou em idade fértil, que podem estar na etapa inicial da gravidez sem saber, não devem receber a megadose de vitamina A. Os suplementos de vitamina A em grandes doses administradas no início da gravidez podem causar problemas de má-formação fetal (teratogenicidade). (**) Somente na Região Nordeste e em alguns municípios localizados na Região Norte, estados de Minas Gerais e Mato Grosso. Crianças de 6 a 59 meses Triagem - A partir dos 6 meses, todas as crianças até 59 meses de idade que residam em área de risco da deficiência, devem receber doses de vitamina A nos contatos com os serviços de saúde. Para tanto, pode-se verificar no cartão da criança a data da última aplicação de suplementos de vitamina A. → Registro no Cartão da Criança (Caderneta Saúde da Criança) Período Dose Frequência Criança de 6 a 11 meses 100.000 UI Uma vez a cada 6 meses Criança de 12 a 59 meses 200.000 UI Uma vez a cada 6 meses Puérperas no pós-parto imediato, antes da alta hospitalar • - Aspuérperas devem receber uma única dose de vitamina A na concentração de 200.000 UI imediatamente após o parto na maternidade ou hospital. • → Registro no Cartão da Gestante Período Dose Puérperas no pós-parto imediato 200.000 UI Cápsulas Cápsulas de vitamina A com 200.000 UI Cápsulas de vitamina A com 100.000 UI Como prevenir e tratar a deficiência de vitamina A ❖ Incentivar o aleitamento materno; ❖ Orientar a família para o aumento do consumo de alimentos que contenham vitamina A; ❖ Incentivar a produção de alimentos ricos em vitamina A através de hortas domésticas; ❖ Administrar doses maciças de vitamina A (megadoses) em crianças e mulheres no pós-parto imediato nas unidades de saúde (Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A); ❖ Encaminhar os casos que apresentem sintomas da carência para o médico. Deficiência de Iodo • Desde a década de 50 é obrigatória a iodação de todo o sal destinado ao consumo humano. Nessa época, aproximadamente 20% da população apresentava Distúrbio por Deficiência de Iodo (DDI). Assim, com o propósito de diminuir essas altas prevalências adotou-se a iodação universal do sal. Após cerca de seis décadas de intervenção, se observa redução na prevalência de DDI no Brasil (20,7% em 1955; 14,1% em 1974; 1,3% em 1994; e 1,4% em 2000). Fortificação com Sais de Iodo - Lei 6150 - Desde 1953 é obrigatória a iodação do sal no Brasil, e desde 1974 é obrigatória a iodação de todo o sal destinado ao consumo humano e animal. • Maio de 2003 → Resolução Sanitária RDC nº 130, diminuiu os teores para 20 a 60 miligramas de iodo por quilograma de sal (Portaria 218 de 1999 estabelecia 40 a 100mg de iodo/kg de sal). Referências bibliográficas Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022 / Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Suplementação de Ferro. Disponível em: http://nutricao.saude.gov.br/ferro.php. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A. Disponível em: http://nutricao.saude.gov.br/vita.php. Ministério da Saúde. Deficiência de Iodo. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pcan.php?conteudo=deficiencia_iodo.
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