Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Júlia Figueirêdo – HABILIDADES GERAIS V RISCO DE VIÉS METODOLÓGICO: O viés é um tipo de erro sistemático que promove associações incorretas entre uma variável e um desfecho. O objetivo da metodologia científica é minimizar a ocorrência desses fenômenos, pois é impossível não haver nenhum tipo de interferência numa pesquisa. O erro aleatório, ou ao acaso, é associado ao tamanho da amostra, orientado por cálculos amostrais específicos para cada tipo de estudo. Uma forma de evitar a ocorrência desse fenômeno é aumentar o tamanho do grupo amostral. A análise do risco de viés é composta, inicialmente, por dois processos, a saber: Validade interna: corresponde ao rigor do método científico utilizado na produção do material, seja no delineamento da pesquisa ou na coleta/análise de dados. Leva em consideração: o Randomização; o Sigilo de alocação; o Mascaramento; o Validade dos instrumentos de coleta de dados; o Descrição seletiva ou interrupção da análise do desfecho; o Exclusão de dados. Validade externa: avalia a possibilidade de eAxtrapolação dos resultados para a população geral, relacionando-se com o método utilizado na produção. Conta com a avaliação de: o Aplicabilidade; o Conhecimento clínico. Os vieses podem ser divididos em: Viés de seleção: consiste na presença de diferenças sistemáticas na consolidação dos grupos (controle x intervenção). Podem auxiliar a diminuir esse viés: o Randomização: utilizar métodos que garantam 50% de probabilidade de uma pessoa participar de cada um dos grupos (controle e intervenção); o Sigilo de alocação: corresponde ao desconhecimento do investigador sobre a forma de entrada do participante no estudo, impedindo que ele interfira esse processo. Para minimizar esse processo, os indivíduos responsáveis pelo transporte devem ser externos à pesquisa. Viés de performance: surge quando os indivíduos envolvidos sabem a qual terapia estão submetidos. Para minimizá-lo, é possível realizar o cegamento/mascaramento, que busca evitar o vazamento de informações que permitam ao pesquisador ou ao participante descobrir a identificação dos grupos, podendo, inclusive, ser aplicado no processo de análise estatística. Nem sempre é possível cegar o investigador, pois em algumas situações ele intervém e avalia o desfecho (ex.: cirurgião ou psicólogo). Os tipos de cegamento aplicados são: o Estudo cego: o participante não sabe a qual grupo pertence; o Estudo duplo-cego: tanto o participante quanto o investigador desconhecem a organização dos grupos; o Estudo triplo-cego: além dos indivíduos diretamente envolvidos na coleta de dados, os estatísticos também não conseguem identificar a identidade dos participantes dos grupos. No contexto do viés de performance, é importante ressaltar dois efeitos importantes, que indicam a realização adequada do cegamento da pesquisa, a saber: Júlia Figueirêdo – HABILIDADES GERAIS V o Efeito placebo: a administração de um medicamento sem ação farmacológica pode despertar reflexos biológicos positivos; o Efeito Hawthorne: descreve a mudança ativa do comportamento de um participante decorrente do contexto de observação/monitoramento. Viés de detecção: também chamado de viés de diagnóstico, o viés de detecção está associado à maior probabilidade de detecção de uma doença a partir do uso de critérios distintos. Está intimamente associada ao conhecimento dos grupos nos quais os pacientes estão inseridos. A melhor forma de evitar a ocorrência desse fenômeno é realizar o cegamento adequado do investigador, evitando que ele modifique sua avaliação entre os grupos. Viés de atrito: corresponde à presença de desfechos incompletos, resultado da perda de dados de segmento dos participantes. Os dados perdidos não são excluídos, de forma a não prejudicar a randomização. As tabelas são completas pela repetição dos dados da última consulta de avaliação ou por notificação de óbito. Essa condição pode ser minimizada por meio da instauração de períodos maiores de follow-up (acompanhamento) e da análise de intenção de tratar, que consiste no seguimento do participante até o fim, registrando todas as informações de contato, computando-as até o último encontro no qual o indivíduo participou. Viés de relato: corresponde à descrição seletiva dos desfechos, sendo verificado em situações com múltiplos parâmetros citados para avaliação metodológica e exclusão daqueles que não refletem as intenções do pesquisador. Para minimizar a ocorrência desse tipo de viés, é necessário abordar todos os desfechos propostos (principais e secundários). Viés de condução: está relacionado à aplicação divergente da metodologia de cuidado ofertado, sendo minimizado pelo mascaramento dos participantes (adoção de conduta única pelos investigadores). Viés de mensuração: representa a ocorrência de diferenças na mensuração dos desfechos analisados numa pesquisa (ex.: uso de equipamentos de marcas diferentes ou questionários distintos entre os grupos). Pode ser minimizado pela realização do mascaramento adequado, nivelando os instrumentos utilizados; Viés de informação: determina a ocorrência de incoerências na forma de obtenção dos dados entre os grupos controle e intervenção. o Nesse grupo, insere-se também o viés de memória, associado à incapacidade do paciente em fornecer determinadas informações. Principais tipos de viés em pesquisa científica A finalidade de compreender e identificar os tipos de viés é garantir o controle do efeito confundidor, que distorce a associação entre exposições e desfechos, ao Júlia Figueirêdo – HABILIDADES GERAIS V considerar como componentes da cadeia causal de eventos situações externas, ainda que avaliadas no mesmo estudo. Essa situação pode ser manejada por meio dos seguintes ajustes: No desenho de estudo: o Randomização adequada; o Restrição da participação de indivíduos que possam colaborar com o fator de confusão; o Pareamento de participantes semelhantes entre os grupos. Na análise de dados: o Estratificação; o Análise multivariada.
Compartilhar