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Alex Lima 2 Diabetes Gestacional · Diabetes Mellitus - Doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia - Pode provocar lesões teciduais graves, a longo prazo, em vasos sanguíneos, rins, olhos e nervos; - 6ª causa de morte em nível mundial; - Tipo 2 é 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1; - 80 a 90% dos pacientes sofrem de obesidade; - Aumento da incidência do tipo 2 em países ricos (2000 – 135.000.000 para 2025 – 300.000.000); - 90% dos casos podem ser prevenidos com dieta e estilo de vida saudáveis. · DM Gestacional - Intolerância a “hidratos de carbono” iniciada ou diagnosticada na gestação. · Perdas fetais nas gestantes diabéticas - Glicemia média acima de 170 – 24% de óbitos fetais; - Entre 100 e 170 – 14%; - Menor que 100 – 4% (próximo a população geral). · Gravidez: - Resistência à insulina, mediada principalmente pela secreção placentária de hormônios diabetogênicos, incluindo: Hormônio do crescimento; Hormônio liberador de corticotropina; Lactogênio placentário (somatomamotropina coriônica); Prolactina; Progesterona; - Esses hormônios atuam para aumentar a resistência insulínica na mãe e deixa mais glicose circulando para ter mais trocas na placenta, desde o começo da gravidez, mas tem um boom após 23-24 semanas; - Essas e outras alterações metabólicas possibilitam que o feto tenha um amplo suprimento de nutrientes; - A DM gestacional se desenvolve durante a gravidez em mulheres cuja função pancreática é insuficiente para superar a resistência à insulina associada ao estado de gravidez; - O pâncreas deveria liberar mais insulina, mas se a gestante for insuficiente pancreática não consegue suprir essa necessidade; - A gravidez serve como um teste para o pâncreas; - Ter DM gestacional aumenta o risco de ter diabetes no futuro. · Terminologia - Mulheres com diabetes tipo 1 ou 2 diagnosticado antes da gravidez: diabetes preexistente; - Diabetes gestacional: início ou primeiro reconhecimento de tolerância anormal à glicose durante a gravidez. · Prevalência - Tem aumentado ao longo do tempo: aumento da idade materna média e aumento do peso/obesidade; - Associação Internacional de Grupos de Estudos de Diabetes e Gravidez: prevalência global de hiperglicemia na gravidez foi estimada em 17%, com estimativas regionais variando entre 10% na América do Norte e 25% no Sudeste Asiático. · Repercussões Feto/Neonatais - Fisiopatologia -> A hiperglicemia materna vai influenciar na embriogênese; - Se a mãe está hiperglicêmica durante a organogênese (12 primeiras semanas), riscos de aborto espontâneo e anomalias congênitas aumentam; - Ou seja, muito mais comum ter isso numa mãe que já tinha diabetes antes da gestação -> hiperglicemia -> equilíbrio ácido base alterado no momento da organogênese; - A anomalia congênita mais frequente é a malformação cardíaca, principalmente a septal, mas não é exclusiva da DG – por isso é mandatório fazer um ecocardiograma fetal com o avançar da gestação; - Malformação patognomônica - síndrome do encurtamento dos membros inferiores em forma de calda (regressão caudal) - Níveis de HbA1C e incidência de abortos: (Quanto maior a Hba1C maior o número de aborto) - Níveis de HbA1c no 1o trimestre e incidência de malformações no parto: - Transporte materno-fetal de nutrientes e metabolismo energético do feto: - Glicose aumentada na mãe -> glicose aumentada no feto -> Insulinemia produzida pelo feto, tentando; - Cetonas determinadas por estado cetogênico da mãe vai passar para o feto; - Todo esse estado leva a um quadro de cetoacidose metabólica que pode levar ao óbito fetal e comumente acontece tardiamente. - Retardo da maturação pulmonar -> insulina competindo com surfactante; - Macrossomia -> insulina semelhança com IGF (fator de crescimento); - Hipoglicemia e hipocalcemia neonatais -> pois o leite materno não tem o mesmo aporte de glicemia que o feto estava recebendo dentro do útero, às vezes é necessário fazer suplementação; - Hiperbilirrubinemia -> policitemia fetal (aumento da concentração de células; - Polihidrâmnio (20 vezes mais frequente) -> pela diurese osmótica (mais glicose no sangue – mais glicose nos rins) e placentomegalia; - O líquido amniótico é formado principalmente pela placenta e pela diurese do feto e o PH representa uma descompensação materna aguda; · Resultados adversos associados a DM gestacional - Pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional; - Polidrâmnio; - Macrossomia e bebê GIG; - Tocotraumatismo materno e fetal; - Parto operatório (cesariana, instrumental); - Mortalidade perinatal; - Cardiomiopatia hipertrófica fetal / neonatal; - Problemas respiratórios neonatais e complicações metabólicas (hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, hipocalcemia, policitemia); - Riscos desses resultados aumentam à medida que os níveis de glicose em jejum materno aumentam > de 75 mg / dL; - Este é um efeito contínuo; não há um limite claro que defina as pacientes com risco aumentado de resultados obstétricos adversos; - A longo prazo, as mulheres com diabetes mellitus gestacional têm risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2, e doença cardiovascular; - Risco de sequelas de longo prazo (filhos adolescentes e adultos): obesidade, intolerância à glicose, hipertensão e síndrome metabólica; - Diabetes mellitus gestacional e pré-gestacional têm sido associados a um risco aumentado de autismo e outros resultados adversos do desenvolvimento neurológico na prole, mas não está claro se essas associações são causais (Fatores ambientais e genéticos podem desempenhar um papel impotante); · Fatores de Risco - História pessoal de tolerância à glicose diminuída, A1C ≥5,7%; - Glicemia de jejum alterada ou diabetes mellitus gestacional em uma gravidez anterior; - Membro de grupos étnicos com alta prevalência de diabetes tipo 2: hispânicos, negros, sul ou leste da Ásia; - História familiar de diabetes, especialmente em parentes de primeiro grau; - IMC > 30 kg / m2, alguns autores consideram > 25; - Ganho de peso significativo no início da idade adulta e entre as gestações; - Ganho de peso gestacional excessivo durante as primeiras 18 a 24 semanas; - Idade materna mais velha (> 25 ou 30 anos); - Perda perinatal inexplicável anterior ou nascimento de um bebê malformado; - Glicosúria na primeira consulta pré-natal; - Nascimento anterior de um bebê ≥4000 g; - HDL <35 mg / dL, triglicerídeo> 250 mg / dL; - Síndrome metabólica, SOP, uso de glicocorticóides, HAS ou doença cardiovascular, acantose nigrans; - Gestação múltipla. · Diagnóstico - No passado: fatores de risco + rastreamento laboratorial (glicemia de jejum e teste de sobrecarga com 50g ou 100g de glicose dextrosol); - Em 2010, a Associação Internacional de Grupos de Estudos sobre Diabetes e Gravidez propôs novos critérios de rastreamento e diagnóstico para diabetes na gravidez; - O que que mudou: · O TTOG passou a ser universal, idependente de fatores de risco. exceção – se já tiver o diagnóstico de dmg; · Antes o jejum do ttgo era <95; · Antes eram necessárias 2 alterações. · Abordagens preventivas para redução de risco - Em mulheres com sobrepeso e obesas: perda de peso antes da gravidez pode reduzir o risco e alto risco: durante a gravidez, programa de dieta e exercícios que evita o ganho excessivo de peso gestacional; - Exercícios pré-gestacionais e no início da gravidez: mulheres com sobrepeso e obesas parecem se beneficiar mais; - Iniciar um programa de exercícios no segundo trimestre parece ser insuficiente para impactar o risco de diabetes mellitus gestacional - devem ser iniciados antes da gravidez ou logo depois; - Três a quatro vezes por semana durante sessões de 30 a 60 minutos e continuados até o parto; - Pré-concepção se indica ter a euglicemia da paciente, uns 3 meses antes; - Dieta saudável e parar de fumar antes da gravidez são comportamentos saudáveis que podem estar associados a um risco reduzido de desenvolver diabetes mellitus gestacional; - Dieta que favoreça frutas, vegetais, grãos inteiros e peixes e com baixo teor de carne vermelha e processada, grãos refinados reduz o risco de desenvolverdiabetes mellitus gestacional. · Planejamento Terapêutico - Objetivo -> euglicemia materna -> euglicemia fetal; - Programa de terapia nutricional médica, automonitoramento dos níveis de glicose no sangue e terapia com insulina, quando necessário, melhora o resultado perinatal (redução da pré-eclâmpsia, macrossomia, distocia de ombro); - A terapia nutricional médica é a abordagem inicial; - As calorias geralmente são divididas em três refeições e dois a quatro lanches e são compostas por aproximadamente 40% de carboidratos, 20% de proteínas e 40% de gordura; - O monitoramento automático da glicemia deve ser realizado para avaliar a eficácia da terapia nutricional médica; - Programa de exercícios moderados como parte do plano de tratamento para mulheres sem contra-indicações médicas ou obstétricas para este nível de atividade física (Grau 2C); - Para mulheres que não alcançam o controle glicêmico adequado com terapia nutricional e exercícios apenas, recomendamos o tratamento anti-hiperglicêmico; - Sugerimos prescrever insulina em vez de agentes anti-hiperglicemiantes orais durante a gravidez (Grau 2B), principalmente as insulinas humanas; - Gliburida ou metformina é uma alternativa razoável para mulheres que se recusam a tomar, ou são incapazes de aderir à terapia com insulina; - Os efeitos a longo prazo da passagem transplacentária de agentes anti-hiperglicemiantes orais não são conhecidos; - Para iniciar a terapia com insulina limites devem ser atingidos ou excedidos em pelo menos um terço das medições de glicose dentro de um intervalo de uma semana, apesar da terapia nutricional médica · Glicose de jejum ≥95 mg / dL; · Glicose pós-prandial em 1 hora ≥130 a 140 mg / dL; · Glicose em duas horas> 120 mg / dL (6,7 mmol / L). · Perfil de Ação das Insulinas - Regular e NPH são as principais; - A regular tem ação mais rápida que NPH; · Momentos de coleta de sangue para perfil glicêmico e administração de insulina - Café da manhã, almoço e janta; - HGT – medição da glicose; - R – geralmente se faz meia hora antes da refeição e vai agir justamente nessa próxima refeição; - NPH – diferente da R o NPH vai agir “2 momentos depois” exemplo: NPH no café da manhã vai agir na glicemia do PA ou glicemia de jejum alterada colocar NPH no jantar; - Existem várias formas de se iniciar a insulina, geralmente se inicia entre 0,2 e 0,5 unidades de insulina/Kg/dia. Ex: iniciar com 0,5 em um paciente com 60 kg, no dia vão ser administradas 30 UI de forma distribuídas; - Geralmente se dá preferência para NPH que é mais estável. Ex: 2/3 de NPH (geralmente uma parte no café e outra no jantar) para 1/3 regular; - Pode ser feito o internamento da paciente e descobrir +- todos os HGTs e administrar a partir disso; - Cada unidade de insulina altera 15 unidade do HGT, independente se é regular ou NPH · Avaliação Terapêutica - Para avaliação e ajustes levar em consideração: ganho de peso, crescimento uterino e perfil glicêmico; - Perfil glicêmico: jejum <90-95mg/dL e pós-prandial após 1h <140mg/dL - Insuficiência placentária – diminuição dos hormônios produzidos – diminuição da resistência à insulina; · Prognóstico - Maioria das mulheres com diabetes mellitus gestacional são normoglicêmicas após o parto, mas apresentam alto risco de desenvolver diabetes mellitus gestacional recorrente, pré-diabetes (tolerância à glicose diminuída ou glicose de jejum prejudicada) e diabetes crônica; - Rastreamento de diabetes mellitus tipo 2 após a gravidez - triagem 4 a 12 semanas após o parto e triagem pelo menos a cada três anos depois disso; - Intervenções no estilo de vida. · Abordagem Obstétrica - Mulheres com diabetes mellitus gestacional A1 (DMG controlada com dieta) expectante no máximo até 41 + 0 semanas de gestação; - Oferecer indução às 39 + 0 semanas de gestação; - Para mulheres com DMG A2 (ou seja, em terapia farmacológica) ou DMG A1 com controle de glicose subótimo: teste fetal pré-natal (CTG) duas vezes por semana, começando com 32 semanas de gestação; - Para mulheres com DMG A2 e mulheres com DMG A1 com controle de glicose subótimo: indução do parto em 39 + 0; - Benefícios potenciais: taxas mais baixas de macrossomia e GIG, taxas mais baixas de distocia de ombro e taxas mais baixas de parto cesáreo; - Se uma condição médica concomitante (por exemplo, hipertensão) estiver presente ou o controle glicêmico estiver abaixo do ideal na terapia farmacológica, o parto deve ser realizado conforme clinicamente indicado antes de 39 + 0 semanas de gestação; - O parto cesáreo agendado para evitar o trauma do nascimento é normalmente oferecido em 39 + 0 semanas para mulheres com DMG e peso fetal estimado ≥4500g; - Todas as mulheres devem ser encorajadas a amamentar. Um benefício potencial da amamentação para algumas mulheres é que ela melhora o metabolismo da glicose em curto prazo. · Indução ou Trabalho de Parto - No dia do parto: · Prescrever ½ da dose de insulina SC e soro glicosado a 10% em infusão contínua; · Jejum após a primeira refeição do dia. - Medir dextro a cada duas horas: · Aumentar infusão de soro em casos de glicemia <100mg/dL; · Administrar insulina regular SC na dose de 5 UI para valores acima de 200mg/dL. - Método para indução de parto; - Macrossomia x distócia de ombro x paralisia braquial, pensar em cesárea. DÚVIDAS - Quando usar metiformina? Quando a insulina já não está controlando a glicemia ou quando antes da gestação já se usava e tinha um bom controle (mas nesses casos a maioria troca por insulina)
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