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Alex Lima 2 Síndrome Hipertensiva na Gestação - Complicação Médica mais comum da Gravidez; - 7 a 10% de todas as gestações; - Principal Causa de Morbimortalidade Materna e Perinatal no Brasil; - No Brasil, cerca de 25% das mortes maternas correlacionam-se com hipertensão. · Hipertensão - Pressão arterial sistólica de pelo menos 140 mmHg; ou pressão arterial diastólica de pelo menos 90 mmHg; - Devem ser confirmadas decorrido um período de pelo menos quatro horas, com a paciente em repouso. · Proteinúria significativa - 300 mg de proteína em proteinúria de 24 horas; - 1 + ou mais em proteinúria de fita; - Proteinúria / Creatinúria > 0,3 em amostra simples; mais eficaz que a de fita, mas menos eficaz que a proteinúria de 24h. · Tipos de Síndromes Hipertensivas - Hipertensão Arterial Sistêmica Crônica; - Pré-Eclâmpsia; - Hipertensão Arterial Crônica Superposta por Pré-Eclâmpsia; - Hipertensão Gestacional. · Pré-Eclâmpsia - Definição: Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação acompanhada de proteinúria significativa, com desaparecimento até 12 semanas após o parto; - Se < 20 semanas pensar em DTG ou hidropsia fetal; - OBS: Atualmente também consideramos PE: Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação SEM proteinúria significativa, porém com algum dos sinais/sintomas: plaquetopenia; iminência de eclampsia; Hellp síndrome; Edema agudo pulmonar. - Fatores de risco - Primigesta; - DM; - Gestação Gemelar; - Irmã com PE; - Irmã, mãe, ou avó com eclâmpsia; - Extremos de Idade; - HAS crônica (25%); - PE Sobreposta em gestação prévia; - hidropsia fetal; - Gestação Molar; - Nova paternidade; - Raça Negra. · Hipertensão Arterial Sistêmica Crônica (HASC) - Frequência variando de 0,5 a 4% das gestações; - Definição: Hipertensão Arterial que está presente antes da Gestação ou diagnosticada antes da 20ª semana; - Obs: A hipertensão que se mantém além de 12 semanas após o parto também é classificada como hipertensão arterial crônica. - Hipertensa por muitos anos – investigar já no início lesões de Órgãos Alvo (Coração, Rim, Retina...); - Avaliação Fetal rigorosa, porém, de menor expressão comparada aos casos de pré-eclâmpsia; - Avaliar crescimento fetal em torno de 28-32 semanas e a seguir mensalmente; - Ultrassonografia Doppler se RCIU ou se a pré-eclâmpsia não puder ser descartada; · Hipertensão Gestacional - Definição: Presença, após de 20 semanas de gestação, de hipertensão sem proteinúria, em gestante sem história de hipertensão arterial; - Reavaliação após 12 semanas do parto: · Hipertensão Transitória; · HASC; - Acompanhamento pré-natal rigoroso – RISCO DE PE; · HASC Superposta por PE Definição: ocorrência das seguintes situações · Gestante hipertensa crônica sem proteinúria antes da 20ª semana de gestação, que manifesta proteinúria na segunda metade da gestação; ou · Gestante hipertensa crônica com proteinúria na primeira metade da gestação e após a 20ª semana verifica-se aumento repentino da proteinúria ou da pressão arterial previamente controlada, presença de trombocitopenia ou aumento de enzimas hepáticas; · CONDUTAS OBSTÉTRICAS - PE/Hipertensão Gestacional/HASC Superposta por PE: · Nas gestações não complicadas, interrupção a partir de 37 semanas; · Nas Complicadas, com presença de sinais de gravidade, com 34 semanas; - HASC: · Nas gestações não complicadas, interrupção a partir de 38 semanas; · Nas gestações não complicadas, em uso de hipotensor, interrupção a partir de 37 semanas; · Nas Complicadas, com presença de sinais de gravidade, com 34 semanas; · Pré-Eclâmpsia · Fisiopatologia: - Fatores genéticos, imunológicos e ambientais levando à insuficiência placentária; - Crescimento do embrião -> ondas de migração do trofoblasto: · Primeira onda – final do primeiro trimestre; · Segunda onda – por volta da 20 semana ou final do segundo trimestre – penetração do trofoblasto destruindo a camada muscular das artérias espiraladas aumentando o diâmetro das artérias espiraladas e com isso diminuindo a resistência e aumentando o fluxo sanguíneo para o feto pois esse tem necessidade de aporte energético e nutrição; · Falha na segunda onda de invasão trofoblástica -> PE; - Fluxo insuficiente – diâmetro das artérias até 40% menor; - Produção de prostaciclina DIMINUÍDA – produção plaquetária de TxA2 AUMENTADA – aumenta sensibilidade vascular à angiotensina II; - Aumento da PA para tentar manter um fluxo sanguíneo mínimo; - Vasoespasmos, danos no endotélio vascular, agregação plaquetária aumentada – lesões em órgãos-alvo (placenta, rins, fígado e cérebro); - Hipercoagulabilidade, vasoespasmo, CIV, microtrombos em vários órgãos, fluxo úteroplacentário inadequado; · Alterações Renais (rim – órgão primariamente afetado) - Endoteliose capilar glomerular (tumefação das células endoteliais) – aumenta a permeabilidade e diminui a funcionalidade do orgão; A ECG regride após o parto, mas antes do parto, mesmo que tenha melhora no quadro de hipertensão, ela não regride seguindo de forma progressiva; - Proteinúria, diminuição da filtração glomerular, aumenta Ac. Úrico, creatinina e uréia; - Reversível após gestação, mas não desaparecem com melhora clínica, se gravidez persistir. · Alterações Vasculares - Vasoespasmo; - Aumento resistência ao fluxo sanguíneo – aumento da PA; - Aumento da sensibilidade à angiotensina II; · Alterações Cardiovasculares - Contratilidade geralmente normal; - Hemoconcentração – diminuição de proteína no vaso com consequente diminuição da pressão oncótica + hipertensão levando a saída de líquido para o terceiro espaço levando a quadros de edema; - EAP – administração vigorosa de líquidos para expandir volumes. · Alterações Hepáticas - Síndrome HELLP – necrose hemorrágica periportal: Aumento de enzimas hepáticas; Dor no QSD do abdômen; - Hematoma subcapsular (raro) -> Rotura causa sangramento grave; · Alterações Cerebrais - Edemas, necrose hemorrágica, hemorragia difusa, trombos – convulsões; - TC: áreas hipodensas no córtex (hemorragias e enfartes). · Alterações Sanguíneas - Trombocitopenia – alteração hematológica mais comum; Deposição de plaquetas nos locais de lesão endotelial; - Lesão endotelial - Antitrombina II diminuídos e endotelina-1 aumentado; - Hemólise microangiopática – hemácias ao passarem em endotélios lesados por depósito de fibrina; diminuição de hemácias, aumento de bilirrubina, aumento de DHL; - Hemoconcentração; - Presença de esquisócitos – hemácias deformadas. · Alterações Uteroplacentárias - Circulação UP diminuída; - Enfartes placentários; - Crescimento retardado da placenta; - DPPNI; - Sofrimento fetal crônico (SFC); - Aumento do óbito perinatal. · PE com critérios de gravidade: - PAS ≥ 160mmHg ou PAD ≥ 110mmHg; - Oligúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora), por conta da hemoconcentração; - Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL; - Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais) – sinais de iminência, principalmente se a cefaleia não melhora com medicação; - Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito; - Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatia; - Plaquetopenia (<100.000/mm3); - Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas; - Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue periférico - Outros sinais: · Acidente vascular cerebral; · Sinais de insuficiência cardíaca, ou cianose. - OBSERVAÇÃO: · Presença de RCIU (restrição de crescimento intrauterino) e/ou oligohidrâmnio: NÃO é mais critério de gravidade, a RCIU deve ser estudada a parte; · Proteinúria – NÃO é critério de gravidade. · Predição - Gestantes devem ser avaliadas no início da gravidez quanto aos fatores de risco para pré-eclampsia para estimar o risco de pré-eclâmpsia de uma mulher, educá-la sobre este risco e suas implicações, determinar a frequência apropriada de vigilância da gravidez e considerar se ela é uma candidata à aspirina profilática; - A maioria dos fatores de risco para pré-eclâmpsia não são modificáveis; evitar a obesidade e o ganho de peso gestacional excessivo sãoexceções notáveis. - Para mulheres com alto risco: · Pressão arterial de base; · Laboratoriais de base. - Ampla variedade de exames laboratoriais e de imagem foi proposta para distinguir mulheres que desenvolverão pré-eclâmpsia daquelas que não desenvolverão; - Revisões sistemáticas de estudos que avaliaram testes clinicamente disponíveis concluíram geralmente que esses testes não eram suficientemente precisos para a triagem da população obstétrica geral e que a qualidade metodológica geral dos estudos disponíveis era geralmente pobre; - American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG): obter um histórico médico detalhado para avaliar os riscos de um paciente para o desenvolvimento de pré-eclâmpsia, mas não usar exames laboratoriais e de imagem (dopplervelocimetria da artéria uterina ou biomarcadores séricos, como fatores pró e anti-angiogênicos). · Sulfatação -> PE e profilaxia Anticonvulsivante - Melhor forma de prevenir e tratar eclampsia; - Entra no canal de cálcio e impendido assim a entrada do próprio cálcio, as células na eclampsia estão em um estado de hiperexcitabilidade, com o SM isso se estabiliza; - O regime de sulfato de magnésio mais comum: · Dose de carga de 6 g de uma solução a 10% por via intravenosa durante 15 a 20 minutos, seguida de 1 ou 2 g / hora em infusão contínua. (regime mais atual e com melhor indicação); · Um regime alternativo é 5 g de uma solução a 50% por via intramuscular em cada nádega (total de 10 g) seguido de 5 g por via intramuscular a cada quatro horas; · Esses regimes geralmente resultam em níveis semelhantes de magnésio; no entanto, a administração intramuscular resulta em mais flutuação e está associada a mais efeitos colaterais, particularmente dor no local da injeção; - ZUSPAN modificado; - Tratamento da Eclâmpsia · Dose de ataque (para atingir níveis séricos): 6g de mgso4; · Dose de manutenção: 2g/hora. (O tratamento mantém dose de ataque em mesma quantidade, o que muda é a dose de manutenção, que nesse caso dobra) - Anticonvulsivantes: s e a paciente entrar em mal convulsivo e não para de convulsionar. - Nível terapêutico do Mg de 4-7 mEq/L · 7-9 mEq/L : Redução dos Reflexos Profundos · 9-10 mEq/L : Abolição dos Reflexos · 10-13 mEq/L: Depressão Respiratória · 13-15 mEq/L: parada Respiratória · >15 mEq/L: Parada Cardíaca - Monitorização: · Diurese (> 25ml/h), a excreção do SM é renal por isso a diurese deve ser >25ml/h e assim não tenha acúmulo de SM no organismo; · Reflexos Patelares; · Frequência Respiratória; · OUTROS: FC / PA. · Eclâmpsia - Definição: Manifestação de uma ou mais crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, em gestante, com hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, na ausência de doenças neurológicas; - Incidência de 0,6 em países desenvolvidos a 4,5 em subdesenvolvidos / 1000 partos; - 10% das convulsões podem ocorrer na ausência de proteinúria; - Sinais de Iminência – 80%; - 2 teorias – Vasoespasmos dos vasos cerebrais e perda da autorregulação vascular cerebral. · Diagnóstico diferencial (outras causas de convulsão): - Acidente vascular cerebral (Hemorragia intracerebral / Trombose arterial ou venosa); - Doenças hipertensivas (Encefalopatia hipertensiva / Feocromocitoma); - Lesão expansiva do sistema nervoso central (Tumor / Abscesso); - Distúrbios metabólicos (Hipoglicemia / Uremia); - Infecção (Meningites / Encefalites); - Púrpura trombocitopênica trombótica; - Epilepsia. · Tratamento: - ABC (Airways / Breathing / Circulation): 1. Garantir permeabilidade das vias aéreas; 2. Oxigenioterapia; 3. Estabelecer acesso venoso. - Tratamento Anticonvulsivante - dobrar DOSE DE MANUTENÇÃO do MgSO4; - Avaliação Clínica e Obstétrica; - Tratamento da Hipertensão; - Estabilização do Quadro clínico (monitorização e exames laboratoriais); - Interrupção da Gravidez (via obstétrica desde que condições maternas e fetais sejam favoráveis); - Terapia Intensiva. · Complicações Pré-Eclâmpsia e Eclâmpsia - Síndrome HELLP – aumento d os riscos maternos: 1. É o quadro clínico caracterizado por: · Hemólise (H = “hemolysis”); · Elevação de enzimas hepáticas (EL = “elevated liver functions tests”); · Plaquetopenia (LP = “low platelets count “). 2. Critérios Diagnósticos: · Bilirrubina total>1,2mg%; · TGP/TGP >70 UI/L; · DHL>600 UI/L; · Plaquetopenia < 100.000/mm. - Paciente chegou com Síndrome HELLP com certeza a gravidez vai ser interrompida, só é precisa avaliar se tem tempo, por meio dos critérios diagnósticos, para fazer maturação pulmonar. · Exames Laboratoriais Importantes - Proteinúria de 24h; - Rotina de Pré-Eclâmpsia: · Hemograma completo com plaquetas e pesquisa de esquizócitos; · Uréia, creatinina e ácido úrico; · TGO, TGP, BT e frações; · DHL. · Uso de Drogas nas Síndromes Hipertensivas · Quais drogas usar na urgência: - Hipertensão grave durante o trabalho de parto deve ser tratada imediatamente com hidralazina ou, menos comumente, nifedipina oral para prevenir acidente vascular cerebral ou labetalol intravenoso (indisponível no Brasil – evitar em pacientes com asma); - Os medicamentos anti-hipertensivos não previnem a eclampsia, ou seja, tem que fazer o sulfato de magnésio; - Pressão arterial alvo - Uma vez iniciado o tratamento, tentamos reduzir a pressão arterial média em não mais de 25% em duas horas para atingir as pressões sanguíneas alvo de 130 a 150 mmHg sistólica e 80 a 100 mmHg diastólica (Poucas evidências científicas); - A rapidez com que a pressão arterial deve ser trazida a níveis seguros é controversa - Isquemia ou infarto cerebral ou miocárdico podem ser induzidos por terapia anti-hipertensiva agressiva. · Terapia de Manutenção - A terapia anti-hipertensiva oral pode ser necessária para manter a pressão arterial na faixa desejada durante a gravidez; - Drogas de escolha: labetalol (indisponível no Brasil) ou nifedipina de ação intermediária ou de liberação prolongada. A hidralazina oral pode ser adicionada, se necessário, para atingir e manter a pressão arterial alvo; - Metildopa – mais utilizada, mas muitos pacientes não atingirão as metas de pressão arterial ou se incomodam com seu efeito sedativo em altas doses. · Prevenção da Pré-Eclâmpsia · Profilaxia com aspirina em baixa dose - AAS em baixa dose (81 mg/d ou 100mg/d) é recomendado em mulheres com alto risco de pré-eclâmpsia: · História de pré-eclâmpsia; · Doença renal; · Doença autoimune; · Diabetes tipo 1 ou tipo 2; · Hipertensão crônica. - Para mulheres com mais de um fator de risco moderado para pré-eclâmpsia: · Primeira gravidez; · Gravidez com 35 anos ou mais; · IMC superior a 30; · História familiar de pré-eclâmpsia; · Características sociodemográficas (raça negra, baixa status socioeconômico); · Fatores da história pessoal (parto anterior com feto com baixo peso ao nascer ou pequeno para idade gestacional, desfecho adverso anterior da gravidez, mais de10 anos de intervalo interpartal). - Deve ser iniciado entre 12 e 28 semanas gestação (idealmente antes de 16 semanas – depois disso já se instalou a pré-eclâmpsia) e continuação diariamente até o parto; · Outros Métodos Preventivos - Heparina de baixo peso molecular: · Os dados disponíveis não suportam de forma conclusiva o uso de profilaxia com heparina de baixo peso molecular; · Esses dados não sejam definitivos e haja preocupações metodológicas com os estudos publicados. - Cálcio: · Em populações com baixa ingestão de cálcio, a OMS recomenda 1.500 a 2.000 mg de suplementação de cálcio elementar por dia; · Para mulheres saudáveis, dose diária recomendada de cálcio elementar aconselhada: 1000 mg / dia em mulheres grávidas e lactantes de 19 a 50 anos de idade (1300 mg para meninas de 14 a 18 anos); · Não prescrever DOSES MAIORES QUE ESSAS para mulheres com alto risco de desenvolver pré-eclâmpsia. - Perda de peso: · A perda de peso pré-concepção pode reduzir o risco de desenvolver pré-eclâmpsia; · A perda de peso em mulheres com sobrepeso e obesas é recomendada para uma variedade de benefícios reprodutivos, gravidez e saúde.
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