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Anatomia- Vascularização do sistema nervoso

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ANATOMIA – 07/04/2021 
Vascularização do sistema nervoso 
 A primeira coisa que se observa é a existência de um 
conjunto de artérias dentro de um sistema vértebro-
carotídeo 
 Constitui um polígono arterial ou um circuito 
arterial do cérebro 
 Formado pelas artérias vertebrais que vão 
formar a artéria basilar 
 Irrigam o cérebro, parte do tronco encefálico e 
cerebelo 
 Área pequena que encontra-se ao redor do 
hipotálamo, do diencéfalo 
 Artérias vertebrais também emitem ramos que vão ser 
importantes para irrigar a medula 
1. Agenesia do hilo: artérias penetram por diferentes 
pontos da superfície encefálica 
 Hilo é o local por onde as veias entram e 
as artérias saem 
 Sistema nervoso NÃO POSSUI HILO 
2. Artérias são específicas para o encéfalo: não dão 
ramos para outras partes do pouco 
 Fazem poucas anastomoses no próprio 
sistema nervoso 
3. Artérias que irrigam o encéfalo possuem 
tortuosidades e angulações 
 Objetivo é quebrar a força da pulsação 
sistólica sobre o tecido nervoso 
 Quebram a força de pulsação para não 
haver um impacto nas células nervosas 
4. A circulação arterial intracraniana é praticamente 
independente da circulação arterial extracraniana 
 Confirmando que os vasos são específicos 
para encéfalo 
 Não há comunicação entre a circulação 
intracraniana e extracraniana 
5. FSC é muito alto: só perde para dois órgãos (coração 
e rins) 
 Aproximadamente 750ml/min 
 FSC: fluxo sanguíneo cerebral 
6. No encéfalo, existem os espaços perivasculares 
 Pia-máter penetras nos sulcos do 
encéfalo 
 Forma um fundo-de-saco em torno das 
artérias para amortecer as pulsações 
 Sobre a pia-máter vai ser encontrada a 
aracnoide, logo, vai recobrir os sulcos do 
encéfalo 
 Entre a pia-máter a aracnoide os vasos se 
“intrometem” para perfundir o sistema 
nervoso central, principalmente o cérebro 
 
 Vasos do sistema nervoso são frágeis, mais frágeis que 
as veias, e pobres em músculo liso 
 Mais uma característica para apresentar a 
quebra da força pulsátil  para que não 
prejudique a morfologia neural 
 Aracnoide protegem esses vasos 
 A perfusão do SNC depende da resistência 
cerebrovascular 
 Fatores preponderantes a RCV: 
1. Pressão intracraniana 
2. Estado da parede das artérias cerebrais 
3. Viscosidade do sangue 
4. Calibre do vaso 
 As artérias cerebrais tendem a aumentar seu diâmetro, 
vasodilatação, durante o aumento de gás carbônico 
 Vasodilatação aumenta a perfusão sanguínea 
da área 
 Células nervosas liberam óxido nítrico, importante para 
que haja uma vasodilatação 
 Importante para ofertar a demanda de oxigênio 
para o sistema nervoso 
 
𝐹𝑆𝐶 =
𝑃𝐴 
𝑅𝐶𝑉
 
 
 PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA (PAM): 
𝑃𝐴𝑀 = 
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎 + 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑖𝑎𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑋 2
3
 
 
 
INTRODUÇÃO 
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS 
RESISTÊNCIA CEREBROVASCULAR (RCV) 
 
PRESSÃO INTRACRANIANA (PIC): 
 Cavidade craniana tem um volume preenchido por 3 
componentes: 
1. Tecido cerebral (80%) 
2. Sangue (10-12%) 
3. Líquor (8-10%) 
 TEORIA DE MONRO-KELLIE: os três componentes estão em 
um estado de equilíbrio dinâmico 
 Se o volume de um dos três componentes 
aumentar, o volume de um ou mais dos outros 
componentes deve diminuir  se isso não 
acontecer, a pressão intracraniana irá 
aumentar 
 Sangue e líquor devem sair do tecido nervoso, 
em virtude da pressão aumentada, geralmente 
descem para a medula e, o tecido, sofre pressão 
na própria caixa craniana (promove 
degeneração neural) 
 Dentro dos ventrículos, a PIC deve ser <15mmHg 
 15-20mmHg é considerado normal 
 PRESSÃO DA PERFUSÃO CEREBRAL (PPC): diferença entre 
a pressão arterial média e a pressão intracraniana (PIC) 
 PPC normal: aproximadamente 70mmHg 
𝑃𝑃𝐶 = 𝑃𝐴𝑀 − 𝑃𝐼𝐶
=
(𝑃. 𝐴 𝑠𝑖𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎 + 𝑃. 𝐴 𝑑𝑖𝑎𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑋 2)
3
− 𝑃𝐼𝐶 
 
 Monitorização da pressão intracraniana: 
 
 
 Calculando PPC de um caso clínico: 
 PIC = 40 
 P.A = 134/75 
𝑃𝐴𝑀 =
𝑃𝐴𝑆 + (𝑃𝐴𝐷 𝑋 2)
3
 
PAM = 94,6 
PPC = 95-40 
PPC = 55  FLUXO SANGUÍNEO BAIXO, POUCA PERFUSÃO SANGUÍNEA 
devido a um trauma 
 
 REGRA GERAL: DESTRUIÇÃO DO SISTEMA NERVOSO 
1. Se o encéfalo aumenta de volume (tumor, hematoma, 
edema), alguma quantidade de sangue ou líquor deverá 
escapar de dentro do crânio para que a pressão não se 
eleve. Quando isto não puder mais ocorrer, a PIC irá se 
elevar acima de seu valor normal (5-15mmHg) 
 A resposta inicial é uma redução no volume de 
líquor do crânio  o líquor é desviado do 
crânio para dentro do saco espinhal 
2. Diminuir volume de sangue venoso dos seios 
3. Morte do neocórtex 
4. Morte do pareocórtex 
5. Morte do arquicórtex: área mais primitiva do cérebro 
OU 
3. SN supra-segmentar: corresponde a parte onde a camada 
cinzenta (córtex) reveste a camada branca 
 Córtex é encontrado no cérebro e cerebelo 
4. SN segmentar: substância branca reveste a cinzenta 
 Encontrado no tronco e na medula espinhal 
5. Bulbo 
 Formado por dois sistemas: 
1. Vértebro-basilar: artérias vertebrais e basilar 
 Formado por duas artérias 
vertebrais, que passam pelo forame 
magno 
 Em nível sulco bulbo-pontino, as 
artérias vertebrais direita e esquerda 
unem-se formando a artéria basilar 
 
 Ramos das artérias vertebrais: 
artéria espinhal anterior, artérias 
espinhais posteriores e artérias 
cerebelares inferiores e posteriores 
 Ramos da artéria basilar: artérias 
pontinas, artérias cerebelares 
inferiores anteriores, artérias 
cerebelares superiores e artérias 
labrirínticas (ou acústicas) 
SINAL DE LÁZARO: 
 Reflexo medular complexo visto em pacientes com morte 
encefálica 
 Postura patológica reflexa presente em casos graves de 
comprometimento do SNC 
CIRCUITO ARTERIAL DO ENCÉFALO 
 
 Em toda a extensão da artéria 
basilar, são encontrados pequenos e 
finos ramos que penetram no 
parêquima da ponte  artérias 
pontinas, de 4-5 pares 
 As artérias cerebrais posteriores são 
as terminações da artéria basilar, 
elas irrigam o lobo occipital (lobo da 
visão)  transição entre a ponte e o 
mesencéfalo, no sulco ponto 
mesencefálico 
 Cerebelo é perfundido (irrigado), 
tanto na face póstero-superior 
quanto na face póstero-inferior, por 3 
pares de artérias do sistema 
vértebro-basilar: 1 ramo da artéria 
vertebral e 2 ramos da artéria basilar 
 A artéria basilar divide-se em artéria 
cerebral posterior direita e artéria 
cerebral posterior esquerda, próximo 
ao forame interpeduncular 
 Nervo oculomotor está cruzando a 
artéria cerebral posterior 
 
 
PICA: artéria cerebelar póstero-inferior e AICA: artéria cerebelar 
ântero-inferior 
2. Carotídeo interno: artérias carótidas internas 
 As carótidas internas dão origem: 
ramos comunicantes posteriores, 
artéria oftálmica, artéria carióidea 
anterior, artéria cerebral média e 
artéria cerebral anterior 
 Ramos comunicantes posteriores 
anastomosam-se com as artérias 
cerebrais posteriores 
 Artérias cerebrais anteriores 
anastomosam-se com o ramo 
comunicante anterior 
 
 
 POLÍGONO ARTERIAL DE WILLIS: na 
base do cérebro contorna o quiasma 
óptico, o túber cinéreo, os corpos 
mamilares e a fossa interpeduncular 
 ramos desse polígono vão irrigar 
a hipófise, hipotálamo e todo o 
sistema diencefálico 
 Polígono tem na sua constituição o 
sistema vértebro-basilar e carotídeo 
interno, localizando-se na região 
anterior do cérebro 
 
 
 Sistemas anastomosam-se entre si formando os RAMOS 
COMUNICANTES, formando um polígono ao redor do 
diencéfalo 
 Mais precisamente ao redor do hipotálamo 
 
 Formam ramos comunicantes anterior e 
posterior 
 
RELATO DE CASO CLÍNICO 1: 
Mulher de 60 anos, outrora saudável, começou a queixar-se de 
visão turva. 3 dias mais tarde, despertou sem poder abrir seu olho 
esquerdo. O exame neurológico revelou apenas ptose palpebral 
completa à esquerda. Quando lhe era levantada passivamentea 
pálpebra, evidenciava-se que o olho esquerdo estava abduzido. 
Além disso, não conseguia olhar para cima e para baixo, com 
anisocoria pupilar a esquerda e também não respondia ao estímulo 
luminoso direito ou consensual, ou à acomodação. A pupila direita 
reagia a tudo. A acuidade visual era de 20/20 (normal) em ambos 
os olhos e, os campos visuais, também apresentavam-se completos 
(normais). O exame de fundo de olho era normal, assim como a 
sensibilidade da córnea. 
 Foi realizado então uma angiografia dos 4 vasos 
(carótidas e vertebrais), que revelou a presença de um 
aneurisma da artéria comunicante posterior esquerda 
 Paciente apresentou comprometimento do nervo 
oculomotor, decorrente de uma lesão na artéria cerebral 
posterior 
 Essa artéria cruza o nervo oculomotor 
 Ponto de cisalhamento: local onde o fluxo de sangue bate 
nos pontos de bifurcação, podendo sofrer uma dilatação 
onde passa o nervo oculomotor 
 Encontram-se também as artérias cerebral 
posterior e artéria comunicante posterior 
 Muito comum encontrar aneurismas ou placas 
de ateroma nesse local 
 
RELATO DE CASO CLÍNICO 2: 
Paciente masculino, 49 anos. Admitido no PA, apresentando 
cefaleia de início súbito e forte intensidade há 2 horas, 
acompanhada de vômitos, alterações visuais e desvio da comissura 
labial. Apresentava-se consciente, hipertenso, com perda de força 
nos MMII. Encaminhado a Santa Casa com a hipótese diagnóstica de 
AVE. A TC de crânio mostrou HSA. Paciente evoluiu com afasia 
motora e hemiplegia no lado direito do corpo. Angiografia cerebral 
demonstrou aneurisma de artéria comunicante anterior 
 A principal complicação do aneurisma cerebral é a 
ruptura, tendo como resultado a HSA 
 HSA: hemorragia subaracnóidea 
 Estima-se que 20-30% destes pacientes morrem antes de 
chegar à atenção médica, outros apresentam coma ou 
sequela neurológica grave  PROGNÓSTICO SOMBRIO 
 Portanto, o diagnóstico e a terapêutica precoces 
determinam o prognóstico da patologia 
 No caso desse paciente, foi identificado um HIP 
 HIP: sangramento não traumático do 
parênquima cerebral 
 Continua a ser uma causa significativa de 
morbidade e mortalidade no mundo 
 2ª maior causa de AVE após eventos isquêmicos 
 
 
 
 ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR: 
 Segue o sulco do hipocampo, perfundindo o lobo 
occipital 
 Irriga a face inferior do lobo temporal, face 
irregular 
 Irriga, mais precisamente, o giro 
occipito temporal medial (antigo giro 
lingual) e giro occipito temporal 
lateral (antigo giro fusiforme) 
 Obstrução provoca cegueira, devido uma 
necrose dos lábios do sulco calcarino 
 Centro primário da visão 
 Região que irriga os corpos de 
neurônios na região cortical 
 ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR: 
 Encontrada no sulco do corpo caloso (CC), 
encontrado acima do corpo caloso 
 Corpo caloso é a principal estrutura que 
comunica um hemisfério a outro 
 Dividido em: esplênio, tronco, joelho e 
rostro 
 Lâmina rostral tem conexão com a 
comissura anterior, uma pequena 
área de comunicação entre os 
hemisférios 
 Irriga a face medial, com exceção do lobo 
occipital 
 Irriga a face inferior do lobo frontal e 
parte superior do súpero-lateral 
 No lado esquerdo, inferior, é 
encontrado o giro de broca: 
responsável pela articulação das 
palavras 
 Obstrução provoca paralisia e ausência 
sensibilidade do membro inferior contralateral, 
devido a uma necrose do lóbulo para-central 
 Essa artéria ascende em um ramo 
posterior do sulco do cíngulo, sendo 
classificado como um ramo marginal 
 ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA: 
 Encontrada no sulco lateral 
 Ao afastar os lábios do sulco lateral, 
visualiza-se: artéria cerebral média, 
lóbulo da insúla e porção transversa 
do lobo temporal (giro temporal 
transverso) 
 Perfunde a face súpero-lateral 
 São encontrados os giros: pré e pós-central, 
área de broca, giro temporal transverso 
anterior, giro supramarginal e giro angular 
 Giro transverso anterior é o centro 
receptor primário da audição 
 Giro supramarginal e giro angular: 
área de compreensão da linguagem 
TERRITÓRIO DAS ARTÉRIAS CEREBRAIS 
 
falada e escrita, respectivamente  
ÁREA DE WERNICKE 
 Obstrução causa paresia e anestesia 
contralateral 
 Exceção dos membros inferiores 
 Lesão no giro supramarginal vai desencadear 
uma surdez verbal: tem o centro primário 
integro, mas o paciente não entende o que o 
outro está falando 
 Lesão no giro angular: vai desencadear uma 
cegueira verbal: não entende o que está escrito 
 O sangue venoso é drenado para os seios venosos 
 Na cavidade craniana existem dois folhetos de dura-
máter que, ao longo dos seus caminhos, unem-se 
formando cavidades entre um folheto e outro 
 Cavidades constituem os SEIOS VENOSOS 
 Na margem da tenda do cerebelo, encontra-se 
um seio transverso 
 Todo o sangue venoso vai ser drenado para a JUGULAR 
INTERNA 
 Os dois principais seios encontrados são: SEIO SAGITAL 
SUPERIOR e SEIO SAGITAL INFERIOR 
 Seio sagital superior recebe as veias cerebrais, 
logo, apresenta um diâmetro maior 
 Drena de dois grandes seios: SEIO 
TRANSVERSO 
 União entre o seio sagital superior e o 
seio transverso forma a confluência 
do seio 
 Seio caverno é uma dilatação pequena encontrado na 
fossa média 
 Próximo a esse seio é encontrado o sifão 
carotídeo, uma dilatação venosa 
 Principais veias que desembocam nesse seio 
são as veias oftálmica superior e inferior 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATO DE CASO 1: 
Minas Gerais, férias de verão. A produtora de moda Mônica, 24 anos, 
está com um amigo numa lanchonete quando chefa outro jovem. Ela 
cumprimenta polidamente. Meio espantado, o amigo pergunta: 
“Mônica, você não se lembra do Marcelo?” Ela não consegue 
reconhecer o tal Marcelo, que dá um sorriso constrangido. Era seu 
ex-namorado 
 
RELATO DE CASO2: 
São Paulo, Hospital Unifesp. O médico Rodrigo Schultz, 25 anos, está 
trabalhando no setor de neurologia. Até que chega um paciente se 
queixando de um estranho problema. Schultz mostra uma foto à 
paciente e pergunta: “quem é esta mulher?” A paciente não sabe 
responder, mas a pessoa em questão era ela mesma 
 
 Nos dois relatos o diagnóstico foi o mesmo: PROPAGNOSIA 
 Relacionado com o giro fusiforme ativo na percepção das 
faces, ou seja, ocorre devido a uma lesão na artéria 
cerebral posterior  giro fusiforme ou giro occipito 
temporal medial 
 Consegue reconhecer através do cheiro, da roupa, dos 
movimentos... 
 Quem tem prosopagnosia não é capaz de reconhecer 
parcial ou totalmente o rosto de conhecidos, mas mantém 
preservada a capacidade de memorizar seus nomes e 
demais características individuais 
DRENAGEM 
FISTULA ARTERIOVENOSA: 
 Pode ser causada por um trauma ou lesão na base do 
cérebro, bem como um processo inflamatório (meningite) 
 Reversão do fluxo para as veias oftálmicas 
 Exoftalmia, paralisia do sistema nervoso 
central, amaurose e dor orbital 
 Hipertensão nos seios da dura-máter 
 Cefaleias, hemorragias intracranianas ou 
sangramento para o interior do seio esfenoidal 
(epistaxe, em casos mais graves) 
 Diagnóstico na história clínica, exame físicos e exames de 
imagem (angiografia)

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