Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Arteriosclerose Arteriosclerose significa, literalmente, “endurecimento das artérias”; esse é um termo genérico que reflete espessamento e perda da elasticidade da parede arterial. Três padrões distintos, com clínica e patologia diferentes: ° Arterioloesclerose: Afeta pequenas artérias e arteríolas e pode causar lesão isquêmica distal. Variante hialina e hiperplásica estão relacionadas com a HAS. ° Esclerose medial de Monckeberg: depósitos calcificados em artérias musculares, tipicamente em pessoas acima dos 50 anos. As lesões não invadem a luz dos vasos. ° Aterosclerose: Mais frequente e clinicamente mais importante. Aterosclerose Aterosclerose é caracterizada por uma lesão na íntima chamada de ateromas. Ateromas: lesões elevadas compostas por centro mole e grumoso de lipídeos (colesterol e ésteres de colesterol) e recobertas por uma capsula fibrosa. Estas placas podem obstruir o lúmen vascular e se romper, evoluindo para uma trombose dos vasos. A camada média também é enfraquecida neste processo levando a formação do aneurisma. Fatores de risco para a prevalência e severidade da aterosclerose e DIC. _______________________________________________________________________ Fatores de risco constitucionais Genéticos: antecedentes familiares são o principal fator de risco independente para a aterosclerose. Heranças poligênicas, como as associadas à hipertensão e diabetes. Idade: As lesões geralmente permanecem silenciosas até determinada idade. A incidência de IAM aumenta cinco vezes entre 40-60 anos. Gênero: As mulheres em período pré-menopausa são relativamente protegidas contra aterosclerose quando comparadas com homem da mesma faixa etária. Com o avanço da idade, o risco passa a ser maior que nos homens. _______________________________________________________________________ Fatores de risco modificáveis Hiperlipidemia: Suficiente para induzir lesões sem que haja outros fatores de risco. ° O LDL é a lipoproteína associada ao aumento do risco, já que é a forma do colesterol distribuída nos tecidos periféricos. ° O HDL de alta densidade, mobiliza as placas de colesterol em desenvolvimento e transporta para o fígado para a excreção biliar. Assim, os maiores níveis de HDL estão associados aos menores riscos de aterosclerose. Hipertensão: aumenta aproximadamente 60% os riscos. Principal causa de hipertrofia do VE que contribui com isquemia do coração. Tabagismo Diabetes melito: relacionado à elevação circulante dos níveis de colesterol. Risco muito elevado de IAM e AVC. _______________________________________________________________________ Fatores de risco adicionais Alguns pacientes, mesmo com níveis baixos de LDL apresentam comprometimento vascular. Inflamação: células inflamatórias estão presentes em todas as etapas da formação da placa de ateroma e estão relacionadas com a progressão e ruptura do plasma. ° Dessa forma, a avaliação da inflamação sistêmica é importante para avaliação do risco. ° Proteína C reativa (PCR) é um dos mais simples e sensíveis marcadores. Níveis de PCR: membro da família da pentraxina; sintetizada na fase aguda, principalmente pelo fígado, em resposta a uma variedade de citocinas inflamatórias. ° Pode ser sintetizado localmente, sendo secretada por células dentro das placas ateroscleróticas, aumentando a adesividade e induzindo o estado protrombótico. ° Importância clínica como biomarcador circulante. Os níveis de PCR predizem forte e independentemente o risco de IAM, AVC, doença arterial oclusiva periférica, mesmo entre indivíduos aparentemente saudáveis. ° PCR é reduzida pela perda de peso, exercício físico e estatinas. Hiper-homocisteinemia: Níveis séricos de homocisteína foram correlacionados com aterosclerose coronariana, AVC e trombose venosa. Pode causado pelo baixo consumo de folato e vitamina B12. Síndrome metabólica: Associada à obesidade central. Caracterizada por resistência à insulina, hipertensão, dislipidemia, hipercoagulabilidade e ao estado inflamatório. Níveis de lipoproteína A: partícula semelhante à LDL que contém apolipoproteina B-100 ligada à apolipoproteina A. Seus níveis estão relacionados com o risco de doenças coronarianas. Níveis elevados de pró coagulantes: potentes preditores de risco para eventos cardiovasculares. __________________________________________________________ Patogenia As grandes artérias elásticas (p. ex., aorta, carótida e artérias ilíacas) e as médias e grandes artérias musculares (p. ex., coronárias, artérias renais e poplíteas) são os vasos mais comumente afetados por aterosclerose. Consequentemente, é mais provável que a aterosclerose apresente sinais e sintomas relacionados com a isquemia no coração, cérebro, rins e membros inferiores. A ruptura da placa aterosclerótica libera restos celulares, que podem evoluir para um quadro de trombose vascular aguda (muitas vezes catastrófico) ou de embolização distal (por destaque do trombo). A estenose crítica é o ponto em que a oclusão limita significativamente o fluxo, e a demanda começa a exceder a oferta. Nas circulações da artéria coronariana (e em outras), isso ocorre em aproximadamente 70% da oclusão fixa. Alteração Aguda da Placa Erosão ou ruptura da placa normalmente desencadeia um quadro de trombose, evoluindo para a obstrução vascular parcial ou total e, muitas vezes, para o infarto tecidual. Ruptura/fissura, expondo os constituintes da placa altamente trombogênicos Erosão/ulceração, expondo ao sangue a membrana basal subepitelial trombogênica Hemorragia no interior do ateroma, expandindo seu volume Os fatores que desencadeiam as alterações agudas na placa são complexos e incluem os intrínsecos (p. ex., composição e estrutura da placa) e extrínsecos (p. ex., pressão arterial). Esses fatores combinados podem enfraquecer a integridade da placa, tornando-a incapaz de suportar forças de cisalhamento vascular. A inflamação da placa promove o aumento da degradação do colágeno e a redução da sua síntese; dessa forma, há desestabilização da integridade mecânica da cápsula. Obs. As estatinas promovem um efeito benéfico não apenas reduzindo os níveis de colesterol, mas reduzindo o quadro inflamatório e estabilizando a placa. A ruptura silenciosa da placa e a subsequente agregação plaquetária superficial e trombose são complicações comuns e repetitivas na aterosclerose. A cicatrização das rupturas de placas subclínicas — com trombose sobrejacente — é um importante mecanismo para o aumento das lesões ateroscleróticas. As placas estáveis podem produzir sintomas relacionados com a isquemia crônica por estreitamento dos vasos, enquanto placas instáveis podem causar complicações isquêmicas drásticas e potencialmente fatais relacionadas com ruptura aguda da placa, trombose ou embolização. ANEURISMAS E DISSECÇÕES Os aneurismas são dilatações dos vasos sanguíneos ou do coração, podendo ser congênitos ou adquiridos. Aneurismas verdadeiros: acomete as três camadas da artéria ou parede frágil do coração. Aneurismas vasculares ateroscleróticos e congênitos, ventriculares resultantes de um infarto transmural. Aneurismas falsos: Dilatação que não envolve a intima. Defeito na parede vascular que resulta na formação de um hematoma extravascular com comunicação intravascular. Rupturas ventriculares contendo adesões pericárdicas e vazamento na junção de um enxerto vascular com uma artéria natural. Os aneurismas ocorrem quando a estrutura ou a função do tecido conjuntivo é comprometida por qualquer um dos seguintes fatores: Caráter multifatorial com dilatação e inflamação associada a um excesso de proteínas preoteolíticas. Síntese inadequada ou anormal de tecido conjuntivo. Diversas doenças hereditárias raras fornecem informações sobre quais tipos deanormalidades moleculares podem evoluir para a formação dos aneurismas. O TGF-B regula a proliferação de células musculares lisas e a síntese de matriz extracelular. Os aneurismas nesses indivíduos podem se romper mesmo quando pequenos. Na síndrome de Marfan, a síntese defeituosa da proteína estrutural fibrilina promove a remoção anormal de TGF-b na parede da aorta, apresentando dilatação subsequente devido à sinalização desregulada e progressiva perda do tecido elástico. Degradação excessiva do tecido conjuntivo. O aumento da expressão de MMPs, especialmente por macrófagos na placa aterosclerótica, pode contribuir para o desenvolvimento do aneurisma devido à degradação de MEC na parede arterial. Perda das células musculares lisas ou alteração fenotípica na síntese das células musculares lisas. O espessamento esclerótico da íntima pode causar isquemia interna na média por aumentar a distância da difusão dos nutrientes para o lúmen vascular. Inversamente, a hipertensão arterial sistêmica resulta no estreitamento luminal dos vasa vasorum da aorta, promovendo a isquemia externa da média. Essa isquemia resulta em perda das células musculares lisas, bem como em ”alterações degenerativas da aorta“. Chlamydia pneumoniae está sendo investigada com a associação com aneurismas abdominais. Há especulação de que os microrganismos compartilham epítopos com a parede da aorta normal, possibilitando que infecções possam desencadear a inflamação da parede da artéria. Há também maiores concentrações de autoanticorpos. Aumento de enzimas proteolíticas max metaloproteinases (MMPs) produzidas por células endoteliais, musculares lisas e fibroblastos. Detectados principalmente na camada adventícia. Aumento do estresse oxidativo O estresse de parede atua preferentemente no segmento abdominal da aorta devido à redução de seu conteúdo de elastina (unidades lamelares) em comparação com a aorta torácica, explicando a acentuada diferença em incidência entre as localizações. A redução dos vasa vasorum no segmento abdominal também pode ser um fator facilitador, reduzindo a perfusão local É DENOMINADO ANEURISMA QUANDO O DIÂMETRO TRANSVERSAL EXCEDE EM 1,5 O DIAMETRO NORMAL. AS DUAS PRINCIPAIS CAUSAS DE ANEURISMA AORTICO SÃO ATEROSCLEROSE E HIPERTENSÃO. A aterosclerose para a aorta abdominal e a hipertensão para o ramo ascendente. O tabagismo entra como causa modificável. Trauma, vasculite (a seguir), defeitos congênitos e infecção, denominada aneurisma micótico. ____________________________________________________________________ Manifestações clínicas Na maioria das vezes é assintomático. Pode manisfestar com dor torácica, lombar ou abdominal, com ou sem instabilidade hemodinâmica. Em situações de ruptura, pode haver ou não exteriorização do sangramento. ____________________________________________________________________ Conduta terapeutica A cirurgia é profilatica, algumas vezes terapeutica e raramente paliativa. A profilaxia é evitar a ruptura aorta com suas consequencias, que a evolução de todos os aneurismas será a ruptura ou dissecção da aorta. Os aneurismas da aorta torácica devem ser operados quando o seu diametro exceder 5 cm; DISSECÇÃO DA AORTA A dissecção aórtica ocorre quando o sangue se espalha nos planos laminares da média, formando um canal repleto de sangue dentro da parede aórtica Pode ser catastrófico se houver rompimento da dissecção através da adventícia e hemorragia nos espaços adjacentes. Não precisa estar associado à dilatação da aorta. São incomuns em casos de aterosclerose Hipertensão é o principal fator de risco - A aorta de pacientes hipertensos apresenta hipertrofia dos vasa vasorum da média associada a distúrbios degenerativos da MEC e perda variável das células musculares lisas da média. Isso sugere que a lesão causada pela diminuição do fluxo através dos vasa vasorum seja contribuinte-. Na maioria dos casos, o ponto de dilaceração da intima é na aorta ascendente. É observado na histopatologia degeneração cística da média Os aneurismas e as dissecções resultam do enfraquecimento estrutural da parede do vaso provocado por perda de células musculares lisas ou insuficiente quantidade de matriz extracelular, podendo ser consequência de isquemia, defeitos genéticos ou defeito no remodelamento da matriz extracelular. ° Homens entre 40-60 anos de idade com histórico familiar de hipertensão (mais de 90% dos casos). ° Pacientes jovens com anormalidades no tecido conjuntivo que afetam a aorta (p. ex., síndrome de Marfan). ° Iatrogênicas apresenta dor intensa, de início súbito, de caráter migratório e geralmente descrita como sensação de rasgamento ou pontada. A localização inicial da dor sugere o local do início da dissecção. Nas dissecções proximais, a dor começa no precórdio, irradia para pescoço, braços, mandíbula, antes de migrar para as costas, região lombar ou membros inferiores. Nas dissecções distais, é preferencialmente referida como dor nas costas, irradiada para dorso, abdome ou membros inferiores. Difere da isquemia miocárdica pela infrequente associação com náuseas e vômitos, pela intensidade crescente e possível isquemia de territórios adjacentes. O comprometimento da valva aórtica ocorre na maioria dos pacientes com dissecção proximal, pode ser acompanhada de dispneia pela regurgitação aórtica. O tamponamento cardíaco é o principal responsável pela instabilidade hemodinâmica. Quando o inicio do evento ocorre em menos de 2 semanas é aguda, posterior a isto, crônica. DeBakey I: acomete aorta ascendente, arco aórtico e aorta descendente. DeBakey II: se restringe à aorta ascendente DeBakey III: delaminação se estende a partir da subclávia esquerda em direção ao diafragma (IIIa) ou até o abdome (IIIb). Stanford tipo A: comprometimento da aorta ascendente. Pacientes mais jovens e a degeneração do tecido elástico é o achado mais comum. Stanford tipo B: comprometimento a partir da subclávia esquerda. lesão secundária à degeneração da média pelo uso e desgaste do envelhecimento. QUANDO COMPROMETER O ARCO AORTICO, SEM COMPROMETER A ASCENDENTE, É STANFORD TIPO B. OBS. ASSIM, O TIPO A PODE CORRESPONDER A DEBAKEY I E II E NUNCA AO DEBAKEY III. O TIPO B CORRESPONDE AO DEBAKEY III. _______________________________________________________________________ Terapêutica As dissecções proximais deverão sempre ser encaminhadas para cirurgia. No final de duas semanas, as taxas de mortalidade é de 60 a 90%. Já as dissecções distais, apresentam comportamento benigno na fase aguda, não justificando o tratamento cirúrgico, a não ser que haja ruptura e isquemia. Para dissecção crônica, a cirurgia é profilática. “quem não opera, morre” Muito difícil de cronificar Ecocardiograma transtorácico não o suficiente para o tipo B, deve ser feito um transesofágico
Compartilhar