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Metodologia da Pesquisa Cientifica

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Metodologia da Pesquisa 
Científica 
 
 
Roberta Bentes 
 
 
 
Artigo científico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
 
 
Roberta Bentes* 
 
RESUMO 
 
Esse artigo presa pela apresentação e explicação da disciplina “Metodologia da 
Pesquisa Científica” de modo claro, direto e pontual. Teve-se o intuito de fazer um 
breve levantamento histórico e especializado quanto aos capítulos, para um melhor 
conhecimento por parte do aluno. A importância da metodologia e sua classificação é 
amplamente exposta, introduzindo ao aluno os meios de como interpretar, como 
elaborar e qual é a importância dos trabalhos acadêmicos de diversos portes. 
 
Palavras-chave: metodologia científica; pesquisa científica; métodos; investigação; 
cientista. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Independente de qual instituição de ensino o aluno esteja inserido para realizar 
um trabalho de qualidade, todos irão esbarrar na produção de conhecimento como um 
tipo de avaliação. Para realizar um material excelente tanto para o professor, quanto 
para o aluno, apresenta-se esta disciplina conhecida como “Metodologia da Pesquisa 
Científica”, estando presente em todas as áreas do conhecimento. 
Com a finalidade de ensinar alunos a realizarem uma pesquisa científica crítica, 
criativa e inteligível, o artigo foi dividido em três capítulos: 1) método científico, onde 
apresentamos o conteúdo histórico e filosófico para relacionar a pesquisa científica 
com o modo de pensar; 2) pesquisa científica, onde é apresentado os tipos de 
classificações que o método científico pode sofrer, tais como tipos de pesquisa, formas 
de pesquisa e de métodos, e os respectivos métodos estatísticos; 3) estrutura e 
normas de projetos e trabalhos acadêmicos, em que são apresentado todos os 
requisitos que a ABNT e seu conjunto de normas brasileiras requerem do pesquisador 
prévio conhecimento e execução, assim como a estrutura que deve ser elaborada - 
com a ajuda das devidas ferramentas - e os cuidados que o pesquisador deve tomar, 
tanto com o plágio quanto com o professor que o orienta. 
Assim, esse artigo visa explicar e ampliar o conhecimento e a pesquisa 
científica com os elementos essenciais para a produção do texto e pensar o texto. 
 
1. MÉTODO CIENTÍFICO 
 
Neste capítulo será vista toda a parte teórica e histórica que versa sobre a 
disciplina de metodologia científica, percorrendo escolas filosóficas e grandes teóricos 
de diferentes áreas. 
 
1.1 As formas de conhecimento: ciência, senso comum e ideologias 
 
 
*Possui especialização em História da Arte pelo Centro Universitário Claretiano. É mestra em História 
pela Universidade Federal do Paraná. Membro dos grupos de pesquisa NEMED – UFPR e NAVIS – 
UNESPAR. E-mail: roberta.bentes@gmail.com 
 
 
 
 
 
A ciência nasce com o auxílio da filosofia com a necessidade de saber o porquê 
dos acontecimentos (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 84), ou seja, para atingir o 
objetivo do conhecimento é necessário um estudo das problematizações, através de 
um conhecimento racional, sistemático e verificável. Ainda que a ciência carregue 
consigo a argumentação racional que advém da filosofia, a mesma toma um caminho 
divergente em que se compromete com demonstrações empíricas, enquanto a 
filosofia busca a verdade nos mais diversos aspectos seja através da essência, moral 
e questões que fogem do concreto. 
Atentando-se para a etimologia da palavra “ciência”, que significa 
“conhecimento”; contudo, devemos lembrar que nem todos os conhecimentos são 
científicos e/ou pertencem à ciência, como por exemplo, o senso comum e também 
das ideologias. 
O senso comum também é conhecido como um conhecimento popular ou 
vulgar, que são elaborados através das experiências acumuladas por um grupo social, 
descrevendo crenças e proposições que tendem a ser interpretadas como “normais” 
sem quaisquer verificações de padrão ou análise científica (LAKATOS, 1985, p. 17-
39), ou seja: 
[...] [o senso comum] não se distingue do conhecimento científico nem pela 
veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a 
forma, o modo ou o método e os instrumentos do 'conhecer'. (LAKATOS; 
MARCONI, 2007, p. 18.) 
 
As características citadas por Lakatos e Marconi sobre o senso comum são de 
superficialidade, ser sensitivo, subjetivo, assistemático e acrítico, pois o mesmo não 
reflete sobre si mesmo, sem qualquer preocupação de sistematização e organização 
de ideias de modo racional e lógico, tentando resolver problemas ou desafios de modo 
imediatistas. 
A outra forma de conhecimento pensado foi a da ideologia, que de acordo com 
Demo (1985) seria um conhecimento integrado de matérias que justificam relações de 
poder e não aceitam a possibilidade de mudança ou atualização de perspectiva, 
tentando unificar ou centralizar o pensamento através de um raciocínio que gere uma 
identificação entre os sujeitos sociais passivos que anseiam pela imagem de classe 
dominante (CHAUÍ, 1981, p.10). 
Contudo, ao analisarmos a ideologia por esse viés seria mais prudente pensá-
la como uma dimensão de conhecimento que pode se inserir em todas as formas de 
conhecimento. Por exemplo, podemos pensar que o próprio senso comum pode ter 
uma carga ideológica em determinados contextos, assim como a própria ciência, por 
isso devemos salientar a necessidade de uma ciência com uma procura metódica de 
saber através de técnicas e procedimentos específicos, estando aberta a possibilidade 
de debates que viabilizem uma mudança de olhar. 
Ao pensarmos na ciência como um objeto a ser alcançado, devemos realizar a 
relação com o sujeito desse processo de conhecimento que é o cientista. O cientista 
– que também deve ser visto como pesquisador – é o sujeito ativo que aplica uma 
metodologia sistemática para obter o conhecimento para a sua área de atuação, e 
quando confirmado e aplicado seu procedimento pode-se afirmar que produziu um 
conhecimento científico. Portanto, a principal função dos cientistas é o seu 
desdobramento sobre pesquisas para obter uma interpretação nítida e complexa a 
respeito do objeto e fonte analisados. 
Assim sendo, a metodologia científica traz a possibilidade de proporcionar a 
análise e entendimento do mundo através da construção do conhecimento. E este 
fundamento só acontece quando o cientista/pesquisador transita pelos caminhos do 
 
 
 
 
 
saber e carrega como protagonista a relação ensino/aprendizagem. Isto posto, 
relaciona-se a metodologia como o “caminho de estudo a ser percorrido” baseando-
se na verificação de uma ou mais hipóteses e ciência como “o saber a ser alcançado”. 
 
1.2 Conceituação e natureza da pesquisa científica 
 
Para fugir das interpretações equivocadas do que seria uma pesquisa, 
podemos nos apoiar no conceito trazido por Pedro Demo: 
Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do 
conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio 
científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo 
de conhecimento. (1985, p.20) 
 
A pesquisa é uma rede que interliga o conhecimento1 com a finalidade de 
ensino, podendo ser individual ou coletivo. É através das problematizações, hipóteses 
e questionamentos variados que surgem através do processo da pesquisa que nasce 
a necessidade de uma lógica para a busca de respostas claras. Para isso, a pesquisa 
se desdobrou em diversas metodologias para conseguir os tipos de respostas que 
foram questionadas. 
O método científico e a capacidade de raciocinar é que permitem seguir em 
frente em busca da verdade e modelagem para aumentar nosso conhecimento 
científico do mundo, assim como é através do método que se pode definir as 
estratégias para o desenvolvimento do estudo. 
 
1.3 Evolução dos métodos de pesquisa 
 
Assim como a sociedade avança e se transforma radicalmente com uma 
dinâmica sem precedentes, podemos levantar a hipótese de que o modo de fazer da 
ciência também mudou. Inovações que possam atender as necessidades, paradigmase interesses de uma sociedade globalizada são trazidos como guias para essa 
evolução metódica. 
Os avanços tecnológicos, que são como divisores de água da sociedade, 
advieram de investigações e experimentos de pesquisas. Pois: 
[...] cabe à pesquisa investigar o mundo em que o homem vive e o próprio 
homem. E para essa atividade, o pesquisador recorre à observação e à 
reflexão que faz sobre os problemas que enfrenta, e à experiência passada e 
atual dos homens na solução destes problemas, a fim de munir-se dos 
instrumentos mais adequados à sua ação e intervir no seu mundo para 
construí-lo adequado à sua vida. (CHIZZOTTI, 1991, p.11.) 
 
Os métodos de pesquisa têm uma história multissecular que se origina com a 
filosofia, e tiveram como seu marco e desenvolvimento os séculos XIX e XX. É desde 
os tempos antigos da humanidade que se indaga a necessidade de explicar e 
descobrir a natureza, e as duas vertentes que levantavam esses pontos eram a 
religião e a filosofia. Enquanto na religião apresentava os fenômenos da natureza e 
da morte como revelações transcendentais da divindade, o conhecimento filosófico 
defendia uma essência permanente do real advinda da investigação racional das leis 
e formas da natureza. 
 
1 Podemos falar da diferença entre informação e conhecimento. Em que informação é um conjunto de 
dados estruturados que pode ser interpretado como útil e relevante a alguém, enquanto o conhecimento 
é aquele que se constrói internamente com conceitos, estudos e experiência. 
 
 
 
 
 
O senso comum intercalado com as vertentes religiosas e filosóficas estiveram 
presentes nas investigações do homem até o século XV no Ocidente, e com a 
chegada do século XVI houve o desenvolvimento do que podemos afirmar ser o 
método científico, com Galileu Galilei (1564-1642) teorizando o assunto e 
apresentando o método experimental. Lakatos e Marconi (2007, p. 42.) afirmam que 
para Galilei “as ciências não tinham, como principal foco de preocupações, a 
qualidade, mas as relações quantitativas”. 
Francis Bacon (1561-1626), em sua obra Novum Organum, critica Aristóteles 
afirmando que o silogismo e a abstração que o filósofo grego requer não gerava um 
conhecimento integral do universo. De acordo com o londrino, seria necessário 
observação e experimentação dos fenômenos pelo raciocínio indutivo para chegar aos 
fatos verdadeiros, de maneira que ele se tornou o sistematizador do método indutivo. 
Assim como Aristóteles, Bacon sofreu duras críticas, principalmente por não dar a 
importância devida para as hipóteses. O próximo teórico que colaborou para a 
evolução do método científico foi Isaac Newton (1642-1727), o qual corrobora a 
indução influenciadas por Galileu e Kepler2 e consegue chegar à lei da gravitação 
universal. 
René Descartes (1596-1650), contemporâneo a Bacon e Galileu, também 
contribuiu a história dos métodos tomando o caminho diferenciado com a criação do 
método dedutivo. O filósofo e matemático francês acreditava que a certeza do 
conhecimento vinha do uso da razão, centralizando o conhecimento humano. Ele 
acaba clamando quatro normas: a) evidência, b) análise, c) síntese e d) enumeração 
(HEGENBERG, 1976 apud SILVA, 2001, p. 112.). 
A outra onda revolucionária da metodologia acontece com a reinterpretação da 
dialética, saindo da ideia de que a dialética estaria vinculada à teoria do diálogo. Isso 
ocorre à partir do século XVI, com várias influências a saber: o jurista francês Michel 
de Montaigne (1533-1592), que buscava através de aproximações abordar o real e a 
verdade absoluta – lembrando que a mesma está em constate movimento –; e o 
filósofo e escritor francês Denis Diderot (1713-1784), no século XVIII, que defendia 
que através da razão como guia, com a procura da realidade e da verdade, se 
encontraria o conhecimento sólido. Sua metodologia foi guiada pelo materialismo3e 
também pelo platonismo4, através da sua obra Lettres sur les aveugles a l’usage de 
ceux qui voient (Cartas sobre cegos para uso por aqueles que veem), levantando 
hipóteses que deveriam trabalhar somente com a realidade concreta. O apogeu da 
dialética veio com o filósofo germânico Georg Hegel (1770-1831) que afirma que: “é a 
aplicação científica da conformidade a leis, inerente à natureza do pensamento” 
(PEQUENO DICIONÁRIO FILOSÓFICO, 1977 apud SILVA, 2001, p. 112.), que pode 
trazer questionamentos e consequências às ideias, e com a influência posterior de 
Karl Marx (1818-1883) na dialética, pensa-se no processo da própria realidade, em 
que o uso da dialética: 
[...] permite compreender o fenômeno das mudanças históricas e o das 
mudanças naturais, regidas pelas três grandes leis da dialética: lei da 
negação, lei da passagem da quantidade para a qualidade e a lei da 
coincidência dos opostos. (PEQUENO DICIONÁRIO FILOSÓFICO, 1977 
apud SILVA, 2001, p. 99.) 
 
2 Johannes Kepler (1571-1630) foi astrônomo, astrólogo e matemático alemão que formulou as três leis 
fundamentais da mecânica celeste, além de ter feito o telescópio refrator e ajudado as descobertas 
telescópicas de Galileu. Ele defendia a metodologia indutiva. 
3 Corrente que defende que o mundo físico é a única realidade que existe. 
4 Corrente filosófica encabeçada pelo filósofo grego Platão (V a.C.) que define que as ideias eternas e 
transcendentes originam todos os objetos da realidade material. 
 
 
 
 
 
 
Em resumo, a dialética reconhece a possibilidade de contradição entre o fato 
observado e a atividade fundadora daquele que examina, as oposições divergentes 
entre o todo e a parte, assim como a dos elos do saber e do agir com a vida social 
dos homens. 
De acordo com Eliseu Sposito (1997, p. 141-151), deve ser considerado que “a 
indução e a dedução são direcionamentos do pensamento”, apontando a possibilidade 
de três métodos para a ciência como o método hipotético-dedutivo, método 
hermenêutico e o método dialético. Isso agrega um leque de possibilidades de 
método, e dependendo do objeto e da natureza da pesquisa, escolher o que melhor 
se aplica. 
Entendemos que o esforço da pesquisa tem como objetivo trazer objetos e 
concepções, assim como explicações e avançar com previsões, trabalhando com a 
natureza e com as ações e ideias dos homens, para alcançar novos paradigmas para 
escoltar as transformações do mundo. 
 
1.4 A evolução da ciência na contemporaneidade 
 
De acordo com a divisão histórica, o conceito de Idade Contemporânea deve 
ser interpretado como tal a partir de 1789 até a atualidade (ANDRAUS, 2006). Os seus 
marcos são: a) Revolução Francesa, mergulhado com ideias iluministas – que primava 
pela razão e o desenvolvimento da ciência como uma caução para o progresso 
civilizatório para a humanidade –, b) o desenvolvimento e consolidação do 
capitalismo, c) disputas sociopolíticas de grandes potências europeias, d) duas 
grandes guerras mundiais, e) corrida espacial, f) a grande revolução digital, g) a guerra 
ao terrorismo, h) a crise migratória na Europa, i) Quarta Revolução Industrial e j) a 
pandemia de COVID-19. 
É com a chegada do século XVIII que o Iluminismo e o pós-iluminismo kantiano 
que se propagou a ideia de que os avanços da ciência bastariam para que o homem 
chegasse a um estado de tranquilidade, sendo uma contraposição à religião cristã e 
judaica. 
Dentro desse século também ocorre o que é chamada de Revolução Científica 
(do século XVI até o século XVIII) com a aplicação do método experimental com um 
senso crítico elevado para a atenção às necessidades humanas e fenômenos 
naturais, exemplo de teóricos desse momento são: Nicolau Copérnico (1473-1543), 
Galileu Galilei (1564-1642) e Johciannes Kepler (1571-1630). 
Um dos pontos que não deve ser esquecidos são os avanços sobre a anatomia 
humana e sobre o sistema circulatório, com auxílio das investigações experimentais 
lideradas por Miguel Servet (1511-1553), Andrea Cesalpino (1519-1603), William 
Harvey (1578-1657). 
Isaac Newton (1643-1727) foi um dos cientistas que defendeu o reducionismocientífico – que presava pela simplificação de objetos, fenômenos, teorias e 
significados complexos – , e o mesmo deu material para propagar a instauração do 
cartesianismo acadêmico5. Newton foi responsável pela publicação dos Princípios 
Matemáticos da Filosofia Natural, descrevendo a lei da gravitação universal e as três 
leis de Newton, de enorme contribuição para a mecânica clássica. 
 
5 Método que levanta a dúvida de todo o conhecimento acumulado anteriormente sobre um assunto, 
implicando em que as novas questões sobre o objeto sejam experimentadas e observadas para a 
abertura de novos caminhos que explicassem e compreendessem melhor o assunto estudado. 
 
 
 
 
 
É também na transição do século XVIII para o XIX que acontece a Revolução 
Industrial, com a transição para novos processos de manufatura tanto para produção 
artesanal, quanto para produção por máquinas. Vários pontos altos desses momentos 
estão na fabricação de novos químicos, maior eficiência da energia da água, começo 
da energia a vapor, desenvolvimento das máquinas-ferramentas e a troca do uso da 
madeira pelo carvão; todos esses pontos resultaram em um grande êxodo rural e um 
amplo crescimento urbano. 
Com a chegada do século XIX, Pierre-Simon Laplace (1749-1827) 
complementou o trabalho de Newton ao apresentar sua pesquisa chamada Mecânica 
Celeste, traduzindo o estudo geométrico da mecânica clássica de Newton para um 
estudo baseado em cálculo, chamado de mecânica física. Ele também foi responsável 
pela apresentação da equação, derivada e transformada de Laplace para a teoria das 
probabilidades. 
Também é neste século que os maiores avanços na ciência da astronomia 
acontecem, devido a instauração e aperfeiçoamento do telescópio advindo por 
Newton, além do começo de uma melhor aceitação do heliocentrismo por parte da 
igreja católica, diferentemente do que aconteceu com Giordano Bruno6 (1548-1600), 
Gregor Mendel7 (1822-1884), Teilhard de Chardin8 (1881-1955), ambos de origem 
clerical que sofreram determinadas repressões devido a apresentação de mudanças 
paradigmáticas. Devemos lembrar que o avanço das áreas biológicas, das tecnologias 
e da investigação experimental convergiram para o avanço também da medicina, 
como pode ser visto pelos apontamentos de John Hunter (1728-1793) e Percivall Pott 
(1714-1788). 
Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913) foram 
responsáveis pelos avanços de caráteres científicos na teoria da evolução dentro das 
ciências biológicas, estabelecendo a ideia de que todos os seres vivos descendem de 
um ancestral em comum, propondo a teoria de que os ramos evolutivos são resultados 
de seleção natural e sexual. 
Wallace foi o primeiro a propor a distribuição geográfica das espécies animais, 
sendo o precursor da ecologia e biogeografia. Enfim, a teoria da evolução liderada 
pelos dois britânicos em conjunto com o austríaco Gregor Mendel ditaram os caminhos 
e o legado das ciências biológicas entre o século XIX e XX, abrindo caminho para o 
descobrimento do funcionamento da célula, cromossomos, análise dos neurônios, 
vacinas, raios X e microscopia eletrônica. 
 
6 Foi responsável pela proposição de que as estrelas fossem sóis distantes cercados por seus próprios 
planetas e que houvesse a possibilidade desses planetas terem vidas próprias neles, sendo conhecida 
como pluralismo cósmico; além de insistir que o Universo fosse infinito e não poderia ter um centro. 
Giordano Bruno foi julgado pela Inquisição romana como herege, sendo condenado à morte na 
fogueira. 
7 Conhecido como “Pai da Genética”, ele foi responsável pelo estudo do cruzamento de plantas – 
também conhecido como hereditariedade, para estudar a variação (através de resultados matemáticos) 
do aspecto das plantas, auxiliando a teoria da evolução moderna. Foi eleito abade do mosteiro de Brno, 
não podendo nunca mais dar andamento às suas pesquisas. Foi ignorado pela sua instituição 
mantenedora a vida inteira quanto às suas pesquisas. 
8 Padre católico que tentou reconciliar o cisma entre religião e ciência e acabou sendo rechaçado por 
ambos os lados, com a ciência falando de uma linguagem carregada de misticismo e do lado da igreja 
católica, ser proibido de lecionar e publicar suas obras teológicas, submetido a um quase exílio na 
China. Foi geopaleontólogo discutindo a questão da evolução do planeta e da espécie humana, o que 
foi interpretado como uma afronta ao pecado original. 
 
 
 
 
 
Nos séculos XIX e XX, também conhecido como a Segunda Revolução 
Industrial9, há o surgimento das questões atomistas, que se tornaram mais definidas 
com pesquisadores como John Dalton (1766-1844), Amedeo Avogadro (1776-1856), 
Michael Faraday (1791-1867) e Marie Curie (1867-1934), entre outros. A pesquisa do 
campo eletromagnético é consolidada por James Clerk Maxwell (1831-1879), e 
influencia Thomas Edison (1847-1931) e Nikola Tesla (1856-1943) no 
desenvolvimento de equipamentos e motores elétricos, assim como a área de geração 
e distribuição elétrica. 
Uma das mulheres mais marcantes nesse mundo científico quase que 
majoritariamente masculino é Ada Lovelace (1815-1852), que realizou trabalhos 
matemáticos sobre a máquina analítica e produziu um algoritmo criado para ser 
processado por máquinas, sendo considerada a primeira programadora da história. 
 John Ambrose Fleming (1849-1945) foi responsável pela primeira válvula 
funcional termiônica para sinais de radiofrequência, sendo considerado a base para o 
melhoramento do primeiro equipamento de rádio, o que possibilitou um caminho para 
os primeiros experimentos com frequência de ondas e o nascimento da eletrônica. 
Com a descoberta dos raios X e da radioatividade, Max Planck (1858-1947) 
levantou a hipótese de a emissão de radiação de um corpo abrasado poderia ser 
explicado caso a luz fosse emitida em pacotes separados. 
Niels Bohr (1885-1955) apresentou o primeiro modelo de átomo moderno, 
gerando conhecimento de mecânica quântica; e a apresentação das partículas dessa 
mecânica têm propriedades dúbias, ora como grãos de luz e ora como luz, devido às 
suas peculiaridades. 
Werner Heisenberg (1901-1976) demonstrou essa dificuldade através do 
Princípio da Incerteza. Os grandes avanços tecnológicos, tanto nas áreas da 
eletricidade, eletrônica, comunicações e medicina (relacionado a equipamentos 
médicos) derivaram, portanto, da aplicação das leis físico-matemáticas de Maxwell. 
O século XX é marcado pela grande revolução digital, também conhecida como 
a Terceira Revolução Industrial, que se inicia com Alan Turing (1912-1954), 
responsável pelo desenvolvimento da ciência da computação e na formalização do 
conceito de algoritmo, aprimorando o que Ada Lovelace desenvolveu, e computação 
com a máquina de Turing, passo inicial para o computador moderno e da inteligência 
artificial. 
No meio do século XX, tem-se um outro despertar tecnológico com a corrida 
espacial à lua. Claude Shannon (1916-2001) foi o responsável por desenvolver a 
teoria da informação com a ideia de que circuitos elétricos poderiam atuar em conjunto 
eletromecânicos para resolver problemas. Sua publicação A mathematical theory of 
communication serve de fundamento para áreas como compressão de dados e 
criptografia. 
Percy Spencer (1894-1970) auxilia o estudo da eletrônica e das ondas com a 
descoberta das micro-ondas. Martin Cooper (1928-) é responsável pelo primeiro 
celular portátil, “bebendo” das informações feitas por Spencer. É também com o auxílio 
de Steve Wozniak e Steve Jobs que é lançado um dos primeiros computadores 
pessoais e domésticos do mundo. 
Também foi no final do século XX que aconteceu o primeiro grande ataque 
terrorista dentro de solo estado-unidenses, que incentivou uma guerra ao terrorismo 
 
9 Também é reconhecida pelo desenvolvimento da indústria química, do aço, do petróleo e elétrica. 
Esse momento também é muito mercado simbolicamente com a presença de maquinários movidos a 
vapor, o desenvolvimento do aviãoe a produção em massa de bens de consumo. 
 
 
 
 
 
– com novos incentivos à tecnologia – e uma busca por um epicentro e 
responsabilidade na região do Oriente Médio. 
O século XXI traz os avanços e a indicação de que uma Quarta Revolução 
Industrial já está acontecendo, sendo conhecida como Indústria 4.0 (KAGERMANN; 
WAHLSTER; HELBIG, 2013) em que se tem a ideia de tecnologias para automação 
impulsionada pelos avanços em robótica, inteligência artificial, troca de dados através 
de sistemas cyber-físicos, internet das coisas e computação em nuvem. 
Esse momento já começou e está em andamento. Isto posto, cabe aos 
historiadores e cientistas do século XXI a compreensão e o ensino dos pontos da crise 
migratória europeia e da pandemia de COVID-19 que está em andamento, não 
podendo ser abordadas no momento. 
Sabemos que a ciência tem uma transformação e evolução muito dinâmica, e 
com os avanços do compartilhamento de dados maiores descobertas serão 
apresentadas em um curto espaço de tempo 
 
1.5 Método argumentativo, sua ascensão, queda e renascimento 
 
Na seara do método argumentativo, é interessante perceber como há uma 
conexão profunda com a semiótica mitológica e com o desenvolvimento da filosofia, 
como apresenta Daniel Chalhub (2020). A saber, o ser humano das etapas pré-
civilizatórias apoiava-se em uma visão mitopoética para explicar o mundo e seus 
fenômenos. Uma tempestade certamente significa a ira de alguma divindade ligada 
aos céus. Um vulcão era em si mesmo um grande espírito que deveria ser aplacado, 
caso contrário inundaria a terra em fogo e pedra derretida. 
A importância do período mitopoético para o desenvolvimento cognitivo da 
humanidade é de suma importância, uma vez que estabelece fenômeno semióticos 
tão profundos que são presentes até os dias atuais: o calcanhar de Aquiles, o cavalo 
de Tróia, o complexo de Édipo, dentre uma miríade de outros simbolismos. 
Sobre esta base, a filosofia estabeleceu-se como a metodologia argumentativa 
formal. Mesmo os filósofos pré-socráticos, empenhados em debater a metafísica e a 
cosmogonia, esmeravam-se para estabelecer suas afirmações com base em 
princípios fundamentais como a lógica e a não contradição. Alguns destes pensadores 
eram denominados sofistas, pois para Platão encontravam-se ainda num ponto 
intermediário entre o discurso mitopoético e o filosófico - no sentido em que 
relativizavam a verdade filosófica em função de um apego a algum aspecto 
fenomênico do mundo. 
O discurso filosófico, por sua vez, passou a ganhar mais espaço e força a partir 
de Sócrates (século IV a.C.), Platão (século V a.C.) e Aristóteles (século IV a.C.). A 
base fundacional do método argumentativo pode ser potencialmente traçada até à 
Academia de Platão - inaugurando séculos de tradição filosófica ocidental orientada 
ao debate filosófico pautado por metodologias e regras que eventualmente dariam luz 
ao método científico. 
Não há uma cisão clara, tampouco necessária entre o discurso filosófico e o 
científico, além do critério de falseabilidade que rege um dos princípios do método 
científico. Ambos os conceitos se pautam pela busca impessoal e imparcial de alguma 
forma de verdade - ora sobre conceitos abstratos, como o existencialismo, dentro da 
filosofia, ou o tempo para a ciência, ora sobre conceitos mais palpáveis, como a 
consciência para a filosofia, ou um buraco negro para a ciência. O ponto de 
diferenciação sendo a capacidade de criar experimentos e medir resultados - o que 
pode produzir mais ou menos perguntas a partir das respostas obtidas. 
 
 
 
 
 
Em que pese o refino metodológico do método argumentativo, por exemplo, 
sob a tutela do Direito, onde o legado romano de Marco Túlio Cícero deixa claro a 
importância civilizatória de uma forma estruturada, dinâmica e didática de discurso 
para gerar convencimento racional - e através deste convencimento, perante os 
magistrados, reestrurar questões e fenômenos sociais em macro e micro escala. O 
Direito seja talvez a esfera das Ciências (ou Prudências) Humanas e Sociais onde se 
vê mais claramente o efeito pragmático do discurso argumentativo, próximo da 
Política, onde a retórica orienta-se sempre no sentido do convencimento popular. 
A Democracia moderna, contudo, pôs em xeque alguns hábitos, 
potencialmente malfazejos, da Política não enquanto ciência, mas enquanto profissão: 
os instrumentalizadores do método argumentativo barato, focado em mero populismo 
e teatralidade têm visto seu espaço minguar no mundo civilizado. Não se trata 
obviamente de uma onda homogênea de iluminação ou epifania de consciência 
política, mas uma lenta e gradual evolução educacional - ainda em amadurecimento - 
que nos faz caminhar para um horizonte onde seremos cada vez menos reféns de um 
sistema político e cada vez mais entes ativos. 
Explica-se: o ambiente digital torna a participação popular na política muito 
mais orgânica e menos custosa para o indivíduo, que, ciente de seu peso, pode 
controlar melhor seu próprio destino. Progressivamente enxergando a influência 
perniciosa do método argumentativo aplicado de maneira destrutiva, para ganhos ou 
interesses pessoais - de maneira sofística - e ativamente passando a refutar discursos 
simplórios. Retoma-se Platão: ao se abandonar a busca pela verdade e pautar-se 
unicamente por interesses individuais, afasta-se do preceito fundamental do discurso. 
Ao se resgatar Immanuel Kant (1724-1804), para entender o declínio do valor 
social do método argumentativo, entendemos como o populismo tomou de assalto a 
política, usado aqui para exemplificar de maneira mais objetiva o impacto real do mau 
uso da filosofia e suas ferramentas. Em Kant existe uma verdade única acerca de um 
fenômeno. É possível que não tenhamos ferramentas ou capacidade de conhecer esta 
verdade, o que não significa que esta não exista. Contrariando esta posição, 
frequentemente vemos uma forma distorcida de relativismo moral pós-modernista. 
O pós-modernismo, na filosofia, não é um movimento ético-moral. Longe disto. 
É uma ferramenta de crítica e desconstrução. Pauta-se pelo fundamento de 
questionar a repetição insana de conceitos anacrônicos e ultrapassados. A 
determinação de que serve para estabelecer a mera interpretação de um fato como 
uma verdade possível e concorrente sobre aquele fenômeno é uma leitura 
imensamente simplificada e míope do que é e para que serve a escola de pensamento 
- que não somente estabelece o relativismo moral, e, portanto, o sacrifício da ética 
argumentativa ou pessoal, mas também resgata o que Isaac Asimov (1920-1992), há 
um século, já dizia sobre o obscurantismo: 
O Anti-intelectualismo tem sido uma linha contínua a serpentear através de 
nossa vida política e cultural, alimentada pela falsa noção de que democracia 
significa que ‘minha ignorância é tão boa quanto o seu conhecimento’. 
(ASIMOV, 1980, p. 19.) 
 
1.6 O método dialético e as contribuições de Hegel e Marx 
 
Pensar em dialética requer voltar ao tempo de Platão quando utilizou o conceito 
de dialética como a interpretação do diálogo através da investigação conjunta em que 
se realizava “uma colaboração de duas ou mais pessoas, segundo o procedimento 
socrático de perguntar e responder” ( ABBAGNANO, 1999, p. 269). Ao avançar para 
 
 
 
 
 
a Antiguidade e para a Idade Média, a interpretação da dialética passa a ser 
influênciada pela lógica10 (ABBAGNANO, 1999, p. 271). 
É sabido que a dialética atingiu seu auge com Georg Hegel (1770-1831), e 
acaba sendo repensado por Karl Marx (1818-1883), que apresenta a realidade 
partindo da suposição de que as ocorrências apresentam tributos contraditórios 
organicamente unidos e indissolúveis. Com a visão de Hegel contaminada pelo 
idealismo romântico11 (ABBAGNANO, 1999, p. 94), ele apresentou o conceito de 
como: 
a própria natureza do pensamento, visto ser a resolução das contradições em 
que se enreda a realidade finita, que como tal é o objeto do intelecto. A 
dialética é a resoluçãoimanente na qual a unilateralidade e limitação das 
determinações intelectuais se expressam como são, ou seja, como sua 
negação. Todo finito tem a característica de suprimir-se a si mesmo. [...] De 
fato, pela identidade entre o racional e real, a dialética é não só a lei do 
pensamento, mas a lei da realidade. (ABBAGNANO, 1999, p.273.) 
 
A interpretação de Marx censurava o conceito hegeliano através da perspectiva 
materialista: 
a dialética para Hegel é consciência e permanece na consciência a realidade, 
a natureza, como pensamento. Segundo Marx toda a filosofia hegeliana vive 
na ‘abstração’ e por isso não descreve a realidade ou a história, mas só a 
imagem abstrata desta que, por fim é colocada como suprema verdade no 
‘espírito absoluto’. Marx afirmava, portanto, a exigência de fazer a dialética 
passar da abstração à realidade, do mundo fechado da ‘consciência’ ao 
mundo aberto da natureza e da história. [...] Em Hegel a dialética está na 
cabeça, [e necessário] virá-la de pernas para o ar, para descobrir o cerne 
racional no envoltório místico. (ABBAGNANO, 1999, p.273-74.) 
 
Ainda que aparentemente ambos pareçam se afastar ou serem opostos, vemos 
que a Hegel e Marx se complementam devido à perspectiva convergente de não 
separar os contextos das contradições, como pode ser visto na citação abaixo: 
A consideração dos textos de Hegel permite apontar para a materialidade do 
Espírito mesmo que ela seja resultante deste, pois a exteriorização do 
Espírito nas diversas formas de matéria é o que garante o ser em-si. Não há 
em-si sem o para-si. O infinito depende do finito. A dependência é uma 
necessidade, mas é o único fundamento da liberdade. A obra de Marx insiste 
na primazia da materialidade e essa insistência abre espaço ao Espírito, à 
idealidade, ao constituir a premência de uma explicitação. Esta não acontece 
sem referenciais postos antes e que projetam o depois. A realidade dada não 
se abre por completo, posto que o dado é também um em-si que precisa ser 
tomado no para-si da idéia para ser atingido. (NOVELLI, 1999, p.168) 
 
Portanto, na dialética as contradições se extrapolam e geram novas 
contradições que passam a solicitar uma resposta. Quando aplicado na pesquisa 
qualitativa, o método dialético fornece as bases para uma interpretação totalizante e 
dinâmica da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser 
entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências 
políticas, econômicas, culturais etc. A constante modificação e/ou evolução das 
 
10 “João Salisbury (1120-1180) que tendeu a restringir o significado de dialética à ‘ciência das coisas 
prováveis’. Mas justamente nesse significado ele descobre novas aplicações da dialética (para ele inútil 
se não se unir a outras disciplinas), pois, dada a dificuldade de obter conhecimentos necessários no 
domínio das coisas naturais, as premissas prováveis serão as únicas a que se poderá recorrer: e elas 
são próprias da dialética.”. 
11 Também conhecido como atualismo, em que o princípio do ser ou uma substância deve ser 
reconhecido como ato ou uma atividade, e que a ideia é atualidade perfeita de consciência. 
 
 
 
 
 
contradições demonstra um movimento em direção a um processo de 
desenvolvimento, confirmando que tudo se comunica e se relaciona, transformando e 
apresentando a existência de uma contradição inerente a cada fenômeno. 
Para a utilização desse método é necessário que estude todos os aspectos, 
relações e conexões, lembrando que não se pode ter uma interpretação rígida, e sim, 
resiliente. Deste modo, a dialética privilegia as mudanças qualitativas, e se opõe 
naturalmente a qualquer modo de pensar em que a ordem quantitativa se torna norma. 
 
1.7 A epistemologia kantiana 
 
Epistemologia deve ser considerada como um sinônimo da Teoria de 
Conhecimentos que nos obriga a entender as teorias e ideias de Immanuel Kant, e 
isto está presente em “Crítica da razão pura” que apresenta a filosofia transcendental: 
Que todo o nosso conhecimento começa com a experiência, não há dúvida 
alguma, pois, do contrário, por meio do que a faculdade de conhecimento 
deveria ser despertada para o exercício senão através de objetos que tocam 
nossos sentidos e em parte produzem por si próprios representações, em 
parte põem em movimento a atividade do nosso entendimento para compará-
las, conectá-las ou separá-las e, desse modo, assimilar a matéria bruta das 
impressões sensíveis a um conhecimento dos objetos que se chama 
experiência? Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós 
precede a experiência, e todo ele começa com ela. Mas embora todo o nosso 
conhecimento comece com a experiência, nem por isso todo ele se origina 
justamente da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso 
conhecimento de experiência seja um composto daquilo que recebemos por 
impressões e daquilo que a nossa própria faculdade de conhecimento 
(apenas provocada por impressões sensíveis) fornece de si mesma, cujo 
aditamento não distinguimos daquela matéria-prima antes que um longo 
exercício nos tenha tornado atentos a ele e nos tenha tornado aptos à sua 
abstração. (KANT, 1987, p. 1. Grifo no original) 
 
 O filósofo alemão ficou conhecido por realizar uma síntese entre racionalismo 
e empirismo, afirmando que o sujeito possui as condições de possibilidade da 
experiência, e isto deve levar em consideração circunstâncias anteriores que auxiliam 
determinadas impressões para uma conversão de conhecimento, como pode ser visto 
com a sua frase: “o conhecimento é possível porque o homem possui faculdades que 
o tornam possível”. Esse pensamento possibilita a investigação da razão e suas 
divisas, mudando o viés que até então a filosofia tinha sobre o mundo em que deveria 
investigar como deve ser o mundo para que se possa conhecê-lo. 
Kant aponta duas formas que o homem pode ter a priori para conhecer a 
realidade, que são vinculadas a sua ideia de domínio transcendental do conhecimento 
em que “todo conhecimento que em geral se ocupa não tanto com os objetos , mas 
com o nosso modo de conhecimento de objetos na medida em que este deve ser 
possível a priori” (KANT, 1987, p. 26, grifos do autor): a) a sensibilidade, que possibilita 
que os objetos são dados na intuição; e b) o entendimento que os objetos são 
interpretados nos conceitos. A sensibilidade deve ser interpretada como um modo 
passivo e receptivo em que o espectador é afetado por objetos, fazendo com que a 
intuição seja a maneira direta que nos referirmos pelos mesmos objetos, já que “a 
própria experiência é um modo de conhecimento que requer entendimento” (KANT, 
1987, p. XVII). Enquanto o entendimento, a razão coloca aos objetos determinados 
conceitos a priori, o que já havia sido percebido por outros cientistas como Evangelista 
Torricelli (1608-1647) e Galileu: 
 
 
 
 
 
Compreenderam que a razão só discerne o que ela produz segundo o seu 
projeto, que ela tem de ir à frente com princípios [...] pois do contrário 
observações casuais, feitas sem um plano previamente projetado, não se 
interconectariam numa lei necessária, coisa que a razão procura e necessita. 
A razão tem que ir à natureza tendo numa das mãos os princípios unicamente 
segundo os quais fenômenos concordantes entre si podem valer como leis, e 
na outra o experimento que ela imaginou segundo aqueles princípios, na 
verdade para ser instruída pela natureza, não porém na qualidade de aluno 
que se deixa ditar tudo o que o professor quer, mas na de juiz nomeado que 
obriga as testemunhas a responder às perguntas que lhes propõe.(KANT, 
1987, p. XIII) 
 
Kant apresenta que qualquer experimento pode ser antecedido por suposições, 
assim os pesquisadores e cientistas devem estar acautelados com teorias. Os 
conhecimentos a posteriori são aqueles que “derivam da experiência ou que dela 
dependem” (LALANDE, 1993, p.82), não podendo falar da existência destes se não 
houver uma experiência. 
A epistemologia kantiana acaba trazendodois polos para a produção de 
conhecimento: o sujeito (que se propõe a conhecer) e o objeto (aspecto a realidade a 
ser conhecido), e aponta que o papel do sujeito é fundamental para entender a ciência, 
uma vez que apresenta o jeito que é esperado do cientista se comportar para produzir 
o conhecimento, o que apresenta conjecturas profundas a toda pesquisa. Uma 
posição que acaba reunindo os polos está no papel do cientista na produção do 
conhecimento, através da interação entre o sujeito e o objeto, o que nos leva a 
entender que os produtos da ciência resultam de uma inter-relação com a realidade 
através das práticas sociais. Interpretando a ciência como uma prática social, seus 
produtos estariam contaminados pela cultura ou ideologia influente num contexto 
histórico 
 
2. PESQUISA CIENTÍFICA 
 
A pesquisa científica ficou apresentada neste capítulo através de cinco 
classificações, como veremos abaixo. 
 
2.1 Principais métodos de pesquisa: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, 
histórico e comparativo 
 
Os métodos dedutivos, indutivos e hipotético-dedutivos estão dentro da 
classificação de métodos de abordagem, que oferecem ao pesquisador normas 
genéricas destinadas a estabelecer uma ruptura entre objetivos científicos e não 
científicos (ou de senso comum). A finalidade dessas abordagens está na 
possibilidade de trazer procedimentos lógicos para a investigação científica dos fatos 
da natureza e da sociedade, fazendo permear uma abstração que flexibiliza o 
pesquisador sobre qual caminho tomar na sua investigação, assim como as regras de 
explicação dos fatos e da validade de suas generalizações. Cada um dos métodos 
supracitados detém uma corrente filosófica que os permeia e auxilia a fazer o processo 
do conhecimento da realidade. 
Os métodos históricos e comparativos se encaixam dentro da classificação de 
métodos de procedimento, devendo ser diferenciados dos métodos de abordagem, 
pois são menos abstratos, sendo interpretados até como etapas de investigação. Os 
métodos de procedimento também são conhecidos como específicos ou discretos, 
visto que são associados a procedimentos técnicos de determinada área de 
 
 
 
 
 
conhecimento. Assim, quando for escolhido o método para a realização da pesquisa, 
este ditará o passo a passo que será utilizado tanto para a coleta de dados quanto 
para a sua análise. 
O método dedutivo é aquele que foi defendido pelos filósofos René Descartes 
(1596-1650), Baruch Spinoza (1632-1677) e Gottfried Leibniz (1646-1716). Se 
pressupõe o uso da razão como a única forma de chegar ao conhecimento verdadeiro 
por meio de uma cadência de raciocínio descendente da análise geral para a individual 
ou particular, até a sua conclusão em que se utiliza o silogismo. Com o uso de 
princípios, teorias ou leis consideradas indiscutíveis e verdadeiras, pressagia o 
acontecimento de casos específicos. Assim, vemos duas premissas, sendo uma maior 
e outra menor, que encaminha para uma terceira logicamente decorrente das 
anteriores, como por exemplo: Todo homem é mortal (premissa maior), Pedro é 
homem (premissa menor), logo Pedro é mortal (conclusão). 
Esse método é amplamente utilizado nas ciências duras da Matemática e da 
Física, devido à presença das suas leis e teorias com força equivalente. Nas ciências 
sociais o uso desse método é mais limitante devido à resistência de obter argumentos 
gerais, cuja a veracidade não possa ser colocada em dúvida. 
Gil questiona esse método quando afirma: “Outra objeção ao método dedutivo 
refere-se ao caráter apriorístico de seu raciocínio” (2008, p.10), portanto, deve-se ter 
um cuidado ao utilizá-lo, não devendo pressupor conhecimentos de casos 
particulares, pois levaria a uma indução. 
O método indutivo foi criado pelo filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) 
através da observação dos fenômenos naturais, e com o advento do positivismo sua 
relevância foi fortificada e acabou sendo proposta também como um método 
adequado para a investigação nas ciências sociais. Essa abordagem prega um 
caminho contrário do método anterior, partindo de uma afirmação particular para uma 
mais geral: 
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados 
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou 
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos 
argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo 
do que o das premissas nas quais se basearam. (LAKATOS; MARCONI, 
2007, p. 86.) 
 
Também podemos afirmar que essa abordagem e raciocínio teriam um viés 
empirista, levando em consideração a experiência de casos da realidade concreta, 
investigando a relação existente entre dois fenômenos para generalizar, por exemplo: 
Pedro é mortal, Antônio é mortal, José é mortal; ora, Pedro, Antônio e José são 
homens; Logo, (todos) os homens são mortais. 
Existem dois pontos importantes para a utilização desse método para as 
ciências socias: 1) a possibilidade de que os estudiosos da sociedade abandonassem 
uma apresentação especulativa e se vertessem para a observação como um 
procedimento indispensável para atingir o conhecimento científico; e 2) a definição de 
técnicas de coleta de dados e instrumentos preparados para mensurar os fenômenos 
sociais é aplicável. 
Uma das críticas aplicadas a este método está na passagem do que é 
constatado em alguns casos para todos os casos semelhantes, como afirma Gil: 
[...] diferentemente do que ocorre com a dedução. Assim, se por meio da 
dedução chega-se a conclusões verdadeiras, já que baseadas em premissas 
igualmente verdadeiras, por meio da indução chega-se a conclusões que são 
apenas prováveis. (2008, p. 11.) 
 
 
 
 
 
 
O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper (1902-1994), o qual 
critica o método da indução através da sua obra A lógica da investigação científica, 
publicada pela primeira vez em 1935. De acordo com a leitura que Gil faz das ideias 
de Popper, ”o salto indutivo de ‘alguns’ para ‘todos’ exigiria que a observação de fatos 
isolados atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a 
quantidade de fatos observados.”(GIL, 2008, p. 12.) Abaixo uma citação sobre como 
segue a linha de raciocínio do método hipotético-dedutivo: 
[...] quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são 
insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para 
tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas 
conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se 
consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa 
tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no 
método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método 
hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para 
derrubá-la. (GIL, 2008, p. 12.) 
 
Assim, a problemática dessa abordagem se dá com uma lacuna no 
conhecimento científico que propicia a formulação de hipóteses e por um processo de 
inferência dedutiva, que experimenta o prognóstico da conjuntura de fenômenos 
abrangidos pela hipótese levantada através de testes, experimentos ou observações 
mais detalhadas, possibilitando, assim, modificações das hipóteses. É gerado um 
novo ciclo, até que não haja novas discordâncias. Um ponto que não deve ser 
esquecido dentro desse método é a importância de jamais as hipóteses serem 
consideradas verdadeiras e quando corroboradas serem interpretadas como soluções 
provisórias. 
Tal método acaba sendo interpretado por Lakatos e Marconi como uma forma 
de eliminação de erros e usufrui de uma incrível aceitação do campo das ciências 
naturais: 
Nos círculos neopositivistas, chega mesmo a ser considerado como o único 
método rigorosamente lógico. Nas ciências sociais, no entanto, a utilização 
desse método mostra-se bastante crítica, pois nem sempre podem ser 
deduzidas consequências observadas das hipóteses. (GIL, 2008, p. 13) 
 
O método históricotem como premissa básica a História como ciência e 
disciplina capaz de explicar estruturas e acontecimentos, podendo versar sobre 
diversos pontos sejam culturais, políticos, econômicos, sociais e etc. Portanto, ele é 
centrado na investigação de acontecimentos, fatos ou instituições do passado com 
intuito de verificar a sua influência na sociedade de hoje, realizando um retorno às 
raízes para uma compreensão de sua natureza e função. Conforme Lakatos e 
Marconi,“[...] as instituições alcançaram sua forma atual através de alterações de suas 
partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular 
de cada época.” (2007, p. 107). 
Essa abordagem também é conhecida como método crítico ou crítica história, 
em que um conjunto de procedimentos técnicos e interdisciplinares são aplicados para 
gerenciar suas fontes primárias, investigando eventos anteriores pertinentes às 
sociedades humanas e convergindo para uma produção historiográfica12. As duas 
características que marcam essa abordagem estão na aplicação da análise da 
síntese. Isto posto, devemos ressaltar que a análise compreende quatro operações: 
a) heurística – esta é o procedimento em que há a recolha das fontes de informação 
 
12 Uma melhor interpretação do papel que a história tem dentro da própria sociedade e a possibilidade 
de remontar aos períodos de sua formação e de suas modificações 
 
 
 
 
 
necessárias à análise histórica; b) críticas internas – é o momento em que é avaliado 
a validade e a coerência da própria fonte; c) críticas externas - é o momento que é 
avaliado a veracidade e a validade conforme o contexto da fonte; e d) hermenêutica - 
é a operação pela qual se procede a interpretação dos documentos em termos de se 
saber em que medida as informações fornecidas por estes responde a questões 
inicialmente levantadas. 
O método comparativo é aquele que apresenta instruções e considerações dos 
fenômenos e permite analisar a informação concreta, subtraindo desse “os elementos 
constantes, abstratos e gerais” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 107), propiciando 
investigações de caráter indireto. Filósofos que ficaram conhecidos pelo uso desse 
método são Auguste Comte, Émile Durkheim e Max Weber. 
Conforme é apresentado por Gil, essa abordagem possibilita uma investigação 
de classes, indivíduos, fatos ou fenômenos com objetivo de destacar as semelhanças 
e distinções entre eles. E ele nos informa que: “Sua ampla utilização nas ciências 
sociais deve-se ao fato de possibilitar o estudo comparativo de grandes grupamentos 
sociais, separados pelo espaço e pelo tempo (2008, p. 16-17).. 
A crítica aplicada a esse método é semelhante ao do método dedutivo em que 
se deve aplicar um rigoroso critério para evitar de proporcionar alguma generalização. 
 
2.2 Principais tipos de pesquisa: exploratória, descritiva, explicativa 
 
A finalidade da pesquisa é gerar um método para conhecer cientificamente um 
ou mais fatos sobre um determinado assunto, seguindo uma sistemática, um método 
e a parte crítica de análise. Assim, a pesquisa deve cooperar para a formação e 
evolução de conhecimento humano, o que faz com que se tenha vários tipos de 
pesquisa e diversas classificações, a classificação de acordo com os seus objetivos 
pode ser apresentada como: 1) Exploratória, 2) Descritiva e 3) Explicativa. As 
principais diferenças que serão encontradas entre as pesquisas estão no modo como 
o pesquisador se debruça sob o tema: na pesquisa exploratória pressupõe uma 
necessidade de busca por conhecimento através de levantamentos bibliográficos, 
citações exemplos, enquanto na descritiva o pesquisador já é mais familiarizado com 
o tema, procurando realizar então uma nova contribuição e olhar para determinada 
realidade já observada através da coleta e do levantamento de dados qualitativos, 
mas, especialmente quantitativos, ao passo que na explicativa buscam identificar e 
explicar as causas e relações de determinado problema do objeto de estudo, por meio 
de um conjunto de variáveis e informações contidas nos levantamentos feitos e 
relatórios apresentados, os quais resultam na apresentação do contexto do objeto de 
estudo. Abaixo esmiuçamos cada pesquisa para um melhor entendimento. 
A pesquisa exploratória visa disponibilizar mais informações sobre o assunto a 
ser investigado, que oportuniza a definição e delineamento da temática, da 
problemática para construir hipóteses e objetivos. Este tipo de método se encaixa bem 
para pesquisas bibliográficas e estudos de caso. Através da produção de material 
seguindo essa pesquisa, os pesquisadores produzem um material a partir da coleta 
de dados e estruturação da argumentação teórica dos autores que deságua em uma 
interpretação, citação crítica e científica de vários autores sobre o tema, se tornando 
uma ferramenta de pesquisa e de fichamento para estudos. 
A pesquisa descritiva é aquela em que o pesquisador documenta, descreve e 
registra os fatos observados sem intervir neles. Um dos pontos mais marcantes de 
sua produção está na elaboração da pesquisa a partir de levantamentos, documentos 
e abordagens de campo. Deste modo, essa pesquisa acaba se encaixando em várias 
 
 
 
 
 
áreas de conhecimento, pois pode-se descrever as qualidades de uma população, de 
um fenômeno, assim como o estabelecimento de relações entre variáveis. Esse tipo 
de pesquisa acaba sendo muito utilizado por pesquisadores socias que se volta para 
a atuação prática. O padrão encontrado nessa pesquisa está na coleta de dados 
através de questionários e da observação sistemática, como um levantamento. 
Por conseguinte, a pesquisa descritiva também é usada para pesquisas que 
permeiam o mercado, como por exemplo, através do marketing, em que se cruzam 
dados mercadológicos existentes para gerar novas estratégias para novas decisões; 
outro exemplo está no contato direto com consumidores, para obter informações que 
ajudem na melhoria da prestação de serviço ou na produção de um bem. Nestas 
situações, a ação intelectual se dá com a aplicação dos dados capturados e não na 
conquista deles, de modo que o pesquisador não interfere na realidade concreta. 
Ainda que possamos ter passado por cima explorando alguns exemplos, 
devemos mostrar as diversas subcategorias da pesquisa: a) levantamento, b) 
levantamento normativo, c) correlacional, d) desenvolvimentista, e) formação de 
consenso, f) estudo de caso, g) análise de trabalho. Abaixo discutiremos cada ponto 
individualmente. 
a) Levantamento: a ideia do levantamento é de angariar informações sobre 
práticas ou opiniões atuais de um determinado núcleo populacional. 
b) Levantamento normativo tem estritas normas para ser realizada a coleta de 
dados relacionada às suas amostras. 
c) Correlacional acaba se observando as relações entre as condições, com 
exceção da relação causa e efeito, fazendo com que esta pesquisa anteceda a 
pesquisa experimental. 
d) Desenvolvimentista tem por objetivo a averiguação de alterações de 
comportamento ao longo de um período de tempo, procurando informações sobre as 
variáveis do estudo. 
e) Formação de consenso é realizada através da mediação do pesquisador 
através do uso de questionários sobre projeções de eventos – estudos de caráter 
exploratório – ou sobre objetivos a serem fixados – como os estudos de caráter 
normativo. 
f) Estudo de caso: a pesquisa toma um norte diferenciado, investigando um 
fenômeno individual com profundidade para entender a situação e também situações 
semelhantes, podendo versar sobre o viés interpretativo, quando usam a descrição, 
avaliativos e a interpretação. Assim, é levantado uma hipótese e amplia o propósito 
da investigação de um fenômeno, contudo não são usados para determinar causa e 
efeito, pois não realiza previsões precisas. 
g) Análise de trabalho tem o foco determinado para um trabalho em específico 
ou treinamento para que a demanda tenha sucesso. 
Na pesquisa descritiva encontramos um método de observação mais eficaz 
paraa investigação, podendo ser: observação quantitativa e observação qualitativa. 
Na primeira, tem-se a finalidade de coleta de dados puramente numéricos como 
idades, pesos, escalas e afins; enquanto que na segunda o pesquisador se delimita a 
fazer características de monitoramento, e as características observadas são naturais 
e eficazes. O pesquisador pode escolher diversos pontos de observação: participante, 
observador ou completo. 
Apresentação de porquês das coisas e das causas é o que guia a pesquisa 
explicativa. O pesquisador deve apresentar essas respostas através de análise, 
registro, classificação e da interpretação dos fenômenos observados, e tais pontos 
irão identificar os fatores que determinam ou auxiliam a eventualidade das causas. Gil 
 
 
 
 
 
(2002, p. 28) reforça isso quando afirma que essa pesquisa ”aprofunda o 
conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas”. 
Essa investigação é aplicada com auxílio do método experimental quando 
realizada pelas ciências naturais, enquanto nas ciências sociais ela conta com o 
auxílio do método observacional, ou até mesmo as pesquisas ex-post-facto. Por conta 
disso, a pesquisa acaba tendo um viés mais complexo, já que além de todos os seus 
objetivos citados também têm a preocupação em identificar seus fatores 
determinantes, gerando um conhecimento mais profundo da realidade, que envereda 
para a exploração de tópicos novos, mas também pode estar mais sujeita a erros: 
A pesquisa explicativa apresenta como objetivo primordial a necessidade de 
aprofundamento da realidade, por meio da manipulação e do controle de 
variáveis, com o escopo de identificar qual a variável independente ou aquela 
que determina a causa da variável depende do fenômeno em estudo para, 
em seguida, estuda-lo em profundidade. (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 
54.) 
 
As ferramentas que a pesquisa explicativa pode utilizar para um melhor avanço 
são as comparações de dados coletados anteriormente, investigação bibliográfica e o 
uso da lógica dedutiva. Devido a sua complexidade, há quem diga que “o 
conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos 
explicativos” (GIL, 2002, p.42), mas isso não deve diminuir a pesquisa descritiva ou 
exploratória, já que as mesmas constituem etapa anterior indispensável para obter 
respostas científicas, ou ainda, que a pesquisa exploratória poderá conter elementos 
descritivos, ou pontos da exploratória. 
 
2.3 Principais formas de pesquisa (participante, qualitativa, documental, 
quantitativa) 
 
As pesquisas conseguem ser classificadas de modos diversos, e a partir de 
agora mostraremos quatro investigações que detém duas classificações diferentes. 
As pesquisas qualitativas e quantitativas estão englobadas em uma forma de 
abordagem do problema. As pesquisas participante e documental são classificadas 
pelos seus procedimentos técnicos, ou seja, pela maneira como são obtidos os dados 
para o andamento da pesquisa, em que se faz um modelo conceitual e operativo para 
traçar ideias de modelo, sinopse plano. A pesquisa documental está vinculada as 
fontes de papel, enquanto a pesquisa participante está vinculada aos dados 
fornecidos por pessoas. 
A pesquisa participante se elabora através da interação de pesquisadores e 
membros das situações investigadas, e busca os interesses da comunidade na própria 
investigação13 (GROSSI, 1981). Pensar o universo vivido pelos indivíduos implica 
entender a perspectiva de cada um e dos grupos a respeito das situações que vivem: 
[...] em virtude das dificuldades para contratação de pesquisadores e 
assessores, para reprodução de material para coleta de dados e mesmo para 
garantir a colaboração dos grupos presumivelmente interessados, o 
planejamento da pesquisa tende, na maioria dos casos, a ser bastante 
flexível. (GIL, 2002, p.157) 
 
Os pontos mais altos que o pesquisador deve ter atenção são a 1) preparação 
dos pesquisadores com a organização do processo da pesquisa – tais como quais 
 
13 Segundo Grossi a investigação participante tem interesse de promover uma transformação social em 
benefício dos participantes que são oprimidos. 
 
 
 
 
 
técnicas de coleta de dados, a região que será estudada e o cronograma que será 
seguido; 2) a identificação da estrutura sociais da população e outros dados para 
apresentar as diferenças e semelhanças dos membros e realizar as interpretações 
devidas com as informações angariadas. A flexibilidade presente nessa pesquisa 
possibilita a união entre o conhecimento e ação, visto que, conforme a ação acontece, 
são apresentados novos problemas não levantados, cuja análise pode resultar em 
modificações da própria pesquisa14. Portanto, qualquer ideologia que seja 
apresentada pode ser aceita, contudo será controlada através de um enfrentamento 
aberto, ou seja, através de discussão crítica. 
A pesquisa qualitativa foi devidamente influenciada pelas correntes filosóficas 
da fenomenologia15(SANTOS, 2007) e interação filosófica, e tem o espaço ou lugar 
como fonte direta de dados, havendo uma relação direta do ambiente com o objeto de 
estudo, o que obriga ao pesquisador a investir um trabalho mais intensivo de campo. 
Os dados coletados16 nessa investigação são descritivos, subjetivos e tentam trazer a 
maior quantidade de elementos presentes na realidade estudada, dando um enfoque 
maior ao processo do que ao produto final. Quando o pesquisador se lança a análise 
dos dados coletados, ele não se preocupa em fundamentar hipóteses anteriormente 
estabelecidas, contudo não suprimem um quadro teórico que direcione a coleta, a 
análise e interpretação dos dados. Esse processo faz com que o seu modo de análise 
seja indutivo pelo próprio pesquisador. 
A pesquisa documental acaba sendo comumente confundida coma pesquisa 
bibliográfica – que utiliza fundamentalmente das contribuições de vários autores sobre 
um tema – ; a sua maior diferença está na utilização de documentação indireta – que 
não receberam tratamento analítico ou que podem ser reconstituídos conforme a 
necessidade da pesquisa – mediante arquivos públicos e/ou particulares, fontes 
estatísticas, fontes não escritas. A investigação documental pode participar um elenco 
de pesquisas usadas em um mesmo estudo ou destacar uma única para tal. 
Normalmente, essa pesquisa se destaca pela possibilidade de organizar as 
informações que estão dispersadas, dando um novo mérito para a fonte de consulta. 
As fontes devem ser classificadas em: 1) documentos de primeira mão e 2) 
documentos de segunda mão. Gil conceitua documentos de primeira mão como 
aqueles que não receberam qualquer tratamento analítico, como por exemplo, 
documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, fotografias, etc.; 
documentos de segunda mão são os que já foram, de alguma forma, analisados, como 
por exemplo: relatórios de empresas, tabelas estatísticas, relatórios de pesquisa, etc. 
Qualquer documento que seja usado pelo pesquisador para angariar 
informações deve passar por uma rotina de processo crítico: 1) observação com crítica 
dos dados presentes na fonte, 2) a leitura crítica da garantia, intepretação e do valor 
interno da fonte, 3) a reflexão crítica do processo e do conteúdo da fonte e por último 
a 4) crítica por um juízo fundamental sobre o valor do material aplicado para o trabalho 
científico. 
A abordagem quantitativa se norteia pelo positivismo, empiricismo e pela lógica, 
e considera que tudo pode ser quantificável, ou seja, fazendo ser necessário uma 
interpretação e análise de números e possíveis classificações que eles possam ter. 
Essa investigação conta com o uso de técnicas de estatísticas, como por exemplo, 
 
14 Alguns pesquisadores consideram que a pesquisa como uma busca plena pelo conhecimento. 
15 A fenomenologia é uma corrente filosófica que entende que o conhecimento está fundamentado nos 
fenômenos da consciência. 
16 Devemos lembrar que o pesquisador é o principal instrumento, pois ele que realizaa entrevista e as 
observações. 
 
 
 
 
 
percentagem, média, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação e etc., assim 
como por instrumentos manipulados, como escala, teste, questionário e etc. Também 
é necessário a formulação de hipóteses e classificação da relação entre as variáveis 
para atingir uma precisão dos resultados, fugindo de contradições durante o processo 
de análise e interpretação. A pesquisa descritiva bebe muito da abordagem 
quantitativa para fazer uma relação de causa-efeito entre fenômenos e também pela 
aptidão de poder descrever por meio da dedução a complexidade de um problema 
através de números. 
 
2.4 Métodos estatísticos: conceitos básicos, planejamento de coleta de 
dados, produção de dados, análises estatísticas básicas 
 
Assim como foram apresentados os métodos histórico e comparativo como 
inerentes aos métodos de procedimentos, os métodos estatísticos também são meios 
técnicos de investigação. O seu principal papel é realizar a possibilidade de uma 
descrição quantitativa da sociedade, considerando-a como uma totalidade estruturada 
através de coleta, análise e a produção de dados (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.3). 
Gil (2008, p.17) define esses métodos como a possibilidade de se fundamentar 
“na aplicação da teoria estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para 
a investigação em ciências sociais”, mas devendo realizar uma ressalva crítica em 
não ler esses dados sem o auxílio do contexto histórico do momento analisado. 
Portanto, o objetivo do método está na determinação com termos numéricos de 
um possível acerto de uma determinada conclusão, levantando-se também uma 
margem de erro do valor obtido, ou seja, estabelecer uma relação de causa e efeito 
de diferentes situações da sociedade, registrando possíveis variações e 
probabilidades de circunstâncias de alguns acontecimentos. Esse método, por fim, 
acaba complementando as conclusões alcançadas pela pesquisa mediante a 
experimentação e observação. 
A coleta de dados, um dos pontos-chave desse método, é conceituada como 
uma exploração de informações essenciais para a análise e estudo de uma 
problemática. Para realizar uma coleta de dados apropriada, é requerido indicar o tipo 
de variável a ser estudada. 
A variável é aquela que retrata uma qualidade relevante da base de dados de 
uma pesquisa, e deve ser definida pelo pesquisador com base nas perguntas que ele 
deseja resposta. 
A coleta de dados é interpretada como uma das primeiras fases da análise 
estatística (CRESPO, 2011), pois é nesse momento que se obtém as bases de dados 
necessárias para uma pesquisa, por meio de amostras ou pelo exame de toda uma 
população. Assim, como as metodologias, a coleta de dados detém classificações e 
subclassificações, como Crespo apresenta: 1) coleta direta e 2) coleta indireta. 
A coleta direta é aquela que é colhida diretamente segundo a fonte de pesquisa, 
como por exemplo, mensurações diretas ou de entrevistas, ou questionários aplicados 
a sujeitos de interesse para a pesquisa. Essa coleta se subdivide em: 1) Coleta direta 
contínua, que se dá de forma ininterrupta durante um determinado período de tempo, 
como por exemplo, cálculo de pluviosidade mensal de um local; 2) Coleta direta 
periódica, que é feita em épocas específicas, como o censo demográfico no Brasil, a 
cada 10 anos; 3) Coleta direta ocasional, que acontece de forma acidental 
satisfazendo o estudo de uma situação, como o levantamento e a contagem de casos 
de novos infectados pelo SaRs-CoV-2, no Brasil. 
 
 
 
 
 
Já a coleta indireta acontece quando é feita a colheita de dados em fontes e 
outras bases de dados que já foram publicados ou registrados por meio de diversas 
plataformas de informação, como livros, revisas, jornais e afins. Esse tipo de coleta 
também se subdivide em: 1) Coleta indireta por analogia, que acontece através de 
outras pesquisas executadas em que o pesquisador comprova e confronta aspecto de 
causalidade entre o seu estudo; 2) Coleta indireta por proporcionalização, também 
conhecida como estatística indutiva, e ocorre quando a coleta acontece por meio de 
uma amostragem de uma população, que possibilita novas generalizações; 3) Coleta 
indireta por indícios é aquela que ocorre através de levantamento de acontecimentos 
não factuais, ou seja, por meio de sinais que levam à pesquisa escolhida; 4) Coleta 
indireta por avaliação é entendida como a coleta de dados que acontece através de 
informações originais ou de estimativas cadastrais. A partir destas, avalia-se uma 
relação quantitativa de um fato. 
Os processos de análise dos dados de coleta podem se dar por meios variados 
e cada um seguirá uma forma, portanto, também serão apresentados separadamente. 
Eles são: 1) Apuração; 2) Técnicas de amostragem; 3) Técnicas de arredondamento. 
Conforme já apresentamos, dentro dessa pesquisa é necessário uma variável 
para ser um dos nortes da pesquisa, e a apuração segue essa necessidade, assim a 
apuração de dados relacionada a uma variável é o processo em que o pesquisador 
irá registrar, manualmente ou através de softwares, o número de vezes que a variável 
estudada obteve um determinado valor, colocando esse número dentro de uma série 
de dados. 
Essa análise permite que os pesquisadores possam calcular as percentagens, 
as ações de cada variável em termos do número de dados observados e em relação 
à população total – a porcentagem de observações em relação ao total da amostra 
analisada também é denominada por frequência relativa. Um exemplo disso está na 
apuração dos votos quando ocorre as eleições, quando são contados todos os votos 
e distribuídos entre cada um dos candidatos para o cargo pretendido. 
A técnica de amostragem é igualmente um processo pelo qual apresenta-se 
uma amostra de uma população. Como a população é complexa e detém várias 
características, é necessário realizar um filtro dos dados que se necessita e possa 
tornar a pesquisa possível. Isto posto, a amostra deve apresenta uma parte 
representativa da população da qual o pesquisador deseja levantar hipóteses. O 
entendimento desta técnica é importante, pois permite a produção de dados confiáveis 
e precisos para análises eficientes. Para realizar esse procedimento é necessário 
escolher duas possibilidades: 1) probabilísticos e 2) não probabilísticos. 
Nos probabilísticos os dados são escolhidos através de uma seleção aleatória, 
de um jeito que cada indivíduo da população tenha a probabilidade igual de ser 
escolhido. Um dos exemplos seria o sorteio de 3% da população do Paraná pelos dois 
últimos algarismos finais do seu Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). Enquanto que 
nos não probabilísticos, os dados não possuem a mesma oportunidade da escolha, 
devido à necessidade exposta pelo pesquisador de critério, seleção e perfil da 
pesquisa. Um exemplo disso está na seleção de mulheres negras acima de 50 anos, 
para verificar a porcentagem de portadores de câncer de mama na população do 
Complexo do Alemão. 
A presença de número racionais, irracionais, também pode ser comum dentro 
da pesquisa estatística, e para que o pesquisador consiga apresentar sua análise, 
usa-se o termo algarismo significativo, que seria o algarismo – ou uma série deles – 
que segue uma dízima periódica e é diferente de zero, para apresentar dados mais 
resumida e eficientemente, tornando a sua apresentação final menos exaustiva e 
 
 
 
 
 
facilitando os cálculos matemáticos. As técnicas de arredondamento podem acontecer 
de quatro maneiras: 1) Quando o número tem mais de dois algarismos, se o algarismo 
do lado direito for maior que cinco, o arredondamento será feito somando mais uma 
unidade ao número da esquerda, como por exemplo, se a dízima for 0,6798, seu 
arredondamento será para 0,68; 2) Se o número da direita da vírgula for menor que 
cinco, o arredondamento será desprezando os números posteriores, como por 
exemplo, 0,1242 se tornará 0,12. 
Contudo, se o algarismo for exatamente 5, as regras mudam:1)no caso de 
qualquer algarismo que venha em seguida do cinco for diferente do zero, é acrescida 
uma unidade ao algarismo à esquerda, como por exemplo, 0,8250002, torna-se 0,83; 
2) se o algarismo cinco não for seguido por outros algarismos, ou eles forem zero, 
aumenta-se uma unidade ao algarismo à esquerda do algarismo 5 se ele for ímpar, 
como por exemplo, 25,650000 passa para 25,6; e o número 78,7500 vira 78,8. 
 
2.5 O método das ciências naturais e das ciências sociais 
 
Do mesmo jeito que as ciências biológicas e bioquímicas realizam exames para 
identificar problemas ou entendimentos específicos para conceitos ou tratamentos 
através de métodos, as ciências sociais e as ciências naturais necessitam de uma 
metodologia científica para divulgar o conhecimento elaborado em seu meio. 
No meio acadêmico, a pesquisa passou por diversas reinterpretações de 
conceitos e ganhou tantos adjetivos que o sentido real do seu “fazer científico” se 
deformou. 
Conforme nos informa Pedro Demo (1985), algumas ciências sociais se dizem 
aplicadas, pois se voltam para o cumprimento prático de teorias sociais, tais como: 
serviço social, administração, contabilidade, etc.; enquanto as consideradas ciências 
sociais mais clássicas seriam aquelas com maior densidade teórica, como por 
exemplo: a antropologia, a etnologia, a sociologia, a educação, a economia, a história 
e também a psicologia. Assim com a necessidade de estabelecer métodos de 
pesquisa e de adquirir status de cientificidade, as teorias sociológicas clássicas 
procuram discutir a questão da objetividade e da subjetividade, buscando sempre 
mostrar a objetivação, da relação sociedade-indivíduo, amparada em causalidades e 
finalidades ontológico-sociais (SILVA, 1996, p. 21-26). 
A metodologia que normalmente é utilizada dentro das ciências naturais é a do 
uso da pesquisa explicativa/experimental, raciocínio indutivo no século XVII, método 
hipotético-dedutivo; enquanto nas ciências sociais requer o método 
 
 
 
 
 
explicativo/experimental17 em poucos casos, método observacional18, método 
comparativo, método estatístico, pesquisa ex-post-facto19, pesquisa ação20. 
 
3. ESTRUTURA E NORMAS DE PROJETOS E TRABALHOS ACADÊMICOS 
 
Neste capítulo será apresentado a parte estrutural que deve ser seguida pelos 
trabalhos acadêmicos, assim como seus conceitos e normas. 
 
3.1 Elementos essenciais em um roteiro de pesquisa (tema, problema, hipótese, 
referencial teórico e revisão da literatura) 
 
Para que seja possível a escrita de uma pesquisa científica e acadêmica –m 
um dos pré-requisitos de algumas disciplinas do ensino técnico, superior e, também, 
da pós-graduação –, a disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica apresenta um 
instrumental para a elaboração desse material: 
Para o desenvolvimento adequado de uma pesquisa científica, é necessário 
planejamento cuidadoso e investigação de acordo com as normas da 
metodologia científica, tanto aquela referente à forma quanto a que se refere 
ao conteúdo. (OLIVEIRA, 2002, p. 62) 
 
Essa parte se divide em: 1) delimitação do tema, 2) elaboração da problemática 
da pesquisa, 3) formulação de objetivos; 4) levantamento de hipóteses, 5) formulação 
de justificativa, 6) a procura por um referencial teórico e revisão da literatura, 7) 
metodologia e 8) cronograma. 
 
3.1.1 Tema 
 
Após a escolha do assunto que o pesquisador pretende estudar, o passo 
seguinte é a delimitação do tema, e isso acontece quando o tema conseguir indicar a 
abrangência do estudo, estabelecendo os limites intencionais e conceituais do ponto 
a ser abordado. Como se sabe, o mesmo assunto pode gerar inúmeras pesquisa, por 
conta de todas as problemáticas que se pode levantar, portanto, pode-se pensar em 
alguns pontos para facilitar isso, como por exemplo, a) a existência de bibliografia 
disponível sobre o assunto, b) a possibilidade de orientação e supervisão apropriada 
dentro do assunto, c) conhecimento prévio de autores, temas e assuntos, d) relevância 
e fecundidade do assunto. 
 
17 De acordo com Gil, é uma pesquisa que tem por base procedimentos técnicos: “a pesquisa 
experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes 
de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no 
objeto” (2002, p. 47).. 
18 O método observacional é um dos mais utilizados nas ciências socias e é considerado como um dos 
mais primitivos, e por conta disso, o mais impreciso. A diferença que é encontrada entre o método 
observacional e o experimental é que nos experimentos o cientista toma providências para que alguma 
coisa ocorra a fim de observar o que se segue, ao passo que no estudo por observação apenas observa 
algo que acontece ou que já aconteceu (GIL, 2008, p. 16). 
19 Gil apresenta essa pesquisa como “[aquela que] é [feita] a partir do fato passado’. Isso significa que 
neste tipo de pesquisa o estudo foi realizado após a ocorrência de variações na variável dependente 
no curso natural dos acontecimentos. (...) verificar a existência de relações entre variáveis”. Esta 
pesquisa também é baseada em procedimentos técnicos (2002, p. 49). 
20 Ela pode ser definida como: “(...) um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada 
em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os 
pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo 
cooperativo ou participativo”(GIL, 2002, p. 55). 
 
 
 
 
 
Com a delimitação do tema aplicado, todos os tópicos subsequentes serão 
mais claros e mais fáceis de serem elaborados. 
 
3.1.2. Problema 
 
Problematizar a temática significa elaborar pontos que serão o cerne do estudo 
do pesquisador. Essas questões serão o gatilho para desencadear todo o raciocínio 
do trabalho científico, portanto é importante que já tenha lido previamente materiais 
para instigar novos questionamentos. A busca pela resposta dessas perguntas é que 
guiarão a pesquisa, assim, o problema deve referir-se ao interesse a ser investigado. 
Gil (2002, p. 26-29) apresenta pontos importantes para auxiliarem na 
formulação da problemática. O problema deve ser: a) expresso de forma interrogativa; 
b) ser delimitado a uma dimensão viável; c) formulado de maneira clara e explícita; d) 
preciso quanto aos limites de sua aplicabilidade. 
 
3.1.3. Objetivos 
 
Os objetivos da pesquisa devem apresentar as intenções do autor, assim como 
a possibilidade de obtenção de resultados, metas, finalidade do que o trabalho deve 
alcançar. Ao momento da escrita dos objetivos, estes devem ser elaborados com a 
conjugação no infinitivo, mostrando a ação que se quer atingir e concluir. Os objetivos 
também são classificados em gerais e específicos. 
 
3.1.3.1 Objetivos gerais 
 
Os objetivos gerais estão ligados a uma visão global e envolvente ao problema 
do tema, ou seja, define o propósito do trabalho do pesquisador. Os verbos dos 
objetivos gerais devem ser escritos no infinitivo e devem estar diretamente ligados 
com o conteúdo inerente, quer dos eventos ou fatos, quer das teorias estudadas. 
 
3.1.3.2 Objetivos específicos 
 
Os objetivos específicos são aqueles que devem ser executados para convergir 
e atingir o objetivo geral, trazendo verbos no infinitivo que possam ser aplicados a 
situações particulares que atinja os pontos do objetivo geral. 
 
3.1.4. Hipótese 
 
As hipóteses podem ser interpretadas como supostas e provisórias “respostas” 
ao problema levantado. Sua função está na orientação da condução do trabalho pelo 
pesquisador. A diferença entre o problema e a hipótese está na sua afirmativa. O 
número de hipóteses pode variar de acordo com as pesquisas, podendo trazer a 
possibilidade de hipótese base e hipóteses secundárias. 
Para uma boa hipótese Gil (2002, p. 36-38) também apresenta pontos de que 
a hipótese precisa ser: a) clara, b) específica, c) ter referências empíricas, d) 
parcimoniosa,

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