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ARTIGO DE PEDAGOGIA_2 correção

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FACULDADE INVEST DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
CURSO PEDAGOGIA
A CONTRIBUIÇÃO PEDAGÓGICA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
PRESCILA KARINE DE OLIVEIRA SOUZA
CUIABÁ/MT/2021
PRESCILA KARINE DE OLIVEIRA SOUZA
A CONTRIBUIÇÃO PEDAGÓGICA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Trabalho Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia Faculdade Invest de Ciências e Tecnologia.
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Orientadora: Profª Esp. Sandra Maria Pinto da Silva
CUIABÁ/MT/2021
A CONTRIBUIÇÃO PEDAGÓGICA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Prescila Karine De Oliveira Souza
- Resumo: Neste trabalho analisa se a contribuição pedagógica da importância do brincar na educação infantil para o desenvolvimento infantil. Para tanto, apresenta os seguintes objetivos: identificação da contação de história nos documentos legais da educação brasileira, no que concerne à educação infantil; compreensão da contação de história como instrumento pedagógico e por fim, a relação entre a imaginação infantil e a contação de história. A pesquisa utilizou a abordagem qualitativa, pautando-se na pesquisa bibliográfica e documental, delimitando o procedimento técnico-metodológico por meio das seguintes fases: a) Pesquisa documental - estudo dos documentos oficiais: LDB/1996; RECNEI; DCNEI; BNCC. b) Pesquisa bibliográfica - Estudar referenciais teóricos: artigos, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses etc. A pesquisa evidencia que a prática da contação de história nas instituições escolares, principalmente na educação infantil, é um importante instrumento de formação humana, com contribuições significativas para o desenvolvimento infantil.
- Palavra-Chaves: Instrumento pedagógico. Contação de história. Imaginação infantil.
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INTRODUÇÃO
Desde cedo, a contação de história vai fazendo parte do universo da criança, especialmente as histórias orais, contadas pela mãe ou pai, pelos avós, pelos familiares mais próximos da criança e, logo depois, pelo professor. A transmissão oral de histórias caracteriza o contato inicial das crianças com textos.
De acordo com Abramovich (1997), é pela voz da mãe e do pai, contando contos de fada, trechos da Bíblia, histórias inventadas tendo a gente como personagem, que iniciamos o primeiro desenvolvimento da criança, no que tange a construirmos sinais de entendimento e de escuta. Os estudos de Porto e Porto (2012) afirmaram que além disso, as histórias possibilitam a compreensão de situações adversas e conflitos, bem como, a identificação das histórias ao contexto de quem as ouve, assiste ou lê.
 Esse contexto, possibilita o reconhecimento da importância da leitura não apenas para a formação escolar, mas também e principalmente, para a formação social da criança. A contação de história neste processo é uma importante ferramenta utilizada para a aquisição da leitura onde, apesar de toda tecnologia, advinda do processo de globalização da sociedade, tem a sua função no processo de ensino aprendizagem para o desenvolvimento de crianças da educação infantil. 
Assim sendo, este estudo traz como objetivo analisar a contação de história e como ela pode ser utilizada na forma de estratégia pedagógica para estimular o desenvolvimento. Ainda justifica-se, pela necessidade de aprofundar o conhecimento teórico do processo de evolução da contação de história. Feita a discussão e construção do escopo deste, elucidou-se a seguinte questão: qual a contribuição pedagógica da contação de história no processo de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento infantil?
Para isso, fez-se necessário uma revisão de literatura, com os principais contribuintes da temática, a qual, foi possível correlacionar teorias e discutir o quanto a contação está presente no processo de ensino da educação infantil. Este trabalho está composto por esta lauda, bem como, a apresentação dos objetivos, a revisão de literatura, o processo de desenvolvimento, a conclusão e por fim, toda bibliografia utilizada. 
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a contação de história como estratégia pedagógica para o desenvolvimento infantil. 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Identificar nos documentos legais da educação infantil no Brasil, como é retratada a estratégia pedagógica da contação de história como ferramenta para o processo ensino aprendizagem.
b) Analisar a contação de história como um instrumento pedagógico.
c) Explicar a relação entre a imaginação e a contação de história no desenvolvimento de crianças na educação infantil.
As estratégias adotadas para a coleta de informações foram organizadas conforme os objetivos específicos e estão apresentadas no quadro 1:
Quadro 1. Objetivos específicos da pesquisa, estratégias e instrumentos da coleta de dados
	Objetivos específicos
	Instrumentos para coleta de dados/ Estratégias para a obtenção dos dados
	Identificar nos documentos legais da educação infantil, no Brasil, como é retratada a estratégia pedagógica da contação de história como ferramenta para o processo ensino-aprendizagem.
	Pesquisa documental: Estudar documentos oficiais: LDB/1996; RECNEI; DCNEI; BNCC.
	Analisar a contação de história como um instrumento pedagógico.
	Pesquisa bibliográfica: Estudar referenciais teóricos: artigos, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses etc.
	Explicar a relação entre a imaginação e a contação de história no desenvolvimento de crianças da educação infantil.
	Pesquisa bibliográfica: Estudar referenciais teóricos: artigos, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses etc.
Fonte: Organizada pela autora.
Considerando os limites traçados para este estudo, podemos caracterizá-lo como uma investigação de natureza qualitativa. De forma sintética, apresentamos no quadro 2 a metodologia e técnica de pesquisa utilizadas neste estudo, a partir de Gil (2008).
Quadro 2. Metodologia e técnicas utilizadas no estudo.
	Metodologia
	Técnicas de pesquisa
	Características
	Quanto à forma de abordagem ao problema
	Pesquisa qualitativa
	O pesquisador busca se aprofundar em questões subjetivas do fenômeno. Os dados podem ser coletados por entrevistas, observações, narrativas e documentos.
	Quanto aos objetivos
	Pesquisa exploratória
	Tende a buscar familiaridade com problemas pouco conhecidos. Envolve levantamento bibliográfico.
	Quanto aos procedimentos técnicos
	- Pesquisa bibliográfica
- Pesquisa Documental
	- Desenvolvida a partir de material já publicado, como livros, artigos, periódicos, internet e outros.
- Desenvolvida a partir de material que não recebeu tratamento analítico. Podem ser utilizados registros, anais, circulares e outros materiais.
Fonte: Adaptado de Gil, 2008.
A pesquisa, no intuito de alcançar o objetivo geral, assim se organizou:
· Primeiro tópico: examina a contação de história nos documentos legais da educação, especificamente a infantil, Leis de Diretrizes e Bases (LDB), Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI), Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 
· Segundo tópico: busca analisar a relevância da contação de história como prática educativa para crianças da educação infantil. 
· Terceiro tópico: busca compreender como se dá a relação entre contação de história e o pensamento imaginário para o desenvolvimento infantil, levando- nos a refletir sobre a importância de se valorizar o pensamento imaginativo nas instituições escolares, principalmente na educação infantil.
DESENVOLVIMENTO
a contação de história: o que dizem os documentos legais da educação brasileira
A arte de contar histórias está presente na sociedade há muito tempo, e vem se tornando principalmente no âmbito escolar, na etapa da educação infantil, uma importante ferramenta de aprendizagem que ajuda no desenvolvimento cognitivo, psicológico e cultural da criança, possibilitando-a ampliar seu vocabulário e seu conhecimento de mundo.
Paratanto, o contador de história, sendo nesta perspectiva “o professor”, é um mediador deste processo com o desafio de envolver a criança na história, ou seja, ao ser narrada a história precisa contagiar não somente o ouvinte mais também o contador, estimulando na criança o gosto pela leitura, o desenvolvimento da linguagem, a curiosidade, a imaginação e o desejo pelo aprender através dos livros.
Veja o que nos dizem a legislação educacional brasileira no campo da educação infantil, referindo-se a contação de história para o processo de ensino aprendizagem neste espaço. 
Na Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96), documento este que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, onde se reafirma o direito à educação garantida pela Constituição Federal, expressa no que se refere à educação infantil em seu artigo 29 o seguinte:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, 1996).
A inserção da educação infantil na educação básica, como sua primeira etapa é o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é fundamental para o desenvolvimento da criança. Portanto, a LDB 9.394/96 regulamenta as leis e normas que norteiam a educação no Brasil, não especificando em sua estrutura questões relacionadas aos aspectos pedagógicos e suas práticas.
O ministério da educação elaborou em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI/1998), documento criado para estabelecer parâmetros e referências para a educação infantil no Brasil, é uma referência e uma orientação para auxiliar os docentes da educação infantil na realização dos trabalhos a se desenvolver no dia a dia escolar. Serve como um guia de reflexão sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os professores que trabalham com crianças de zero a seis anos.
O âmbito da educação infantil, conhecimento de mundo, está contido os eixos referentes ás áreas de conhecimento, ou seja, a construção das diferentes linguagens do conhecimento, desta etapa da educação, que são: movimento, música, arte visual, linguagem oral e escrita textos referentes á importância da aprendizagem linguística desenvolvida na educação infantil. Consta no documento que: 
A educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. (BRASIL, 1998, p. 117)
Assim, é possível analisar que na educação infantil se amplia o processo de desenvolvimento das capacidades da criança, processo este que tem início com a família e por meio de uma aprendizagem significativa se intensifica na escola a partir de práticas pedagógicas desenvolvidas na educação infantil. O RCNEI dispõe em seu material a relevância da contação de história no processo ensino aprendizagem da educação infantil, onde se destaca:
Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a história é lida. (BRASIL, 1998, p.143)
O professor neste processo é o responsável por tornar possível que este momento de fato seja significativo, pois a sua narrativa, o tom da voz, e o seu interesse pela história lida, tornarem-se á fator primordial para que a criança consiga adquirir o conhecimento necessário para o seu desenvolvimento, bem como o interesse pela prática da leitura.
Este documento ainda ressalta que a leitura de histórias além de ser um momento prazeroso, e despertar a curiosidade, a imaginação e o interesse das crianças pela leitura, proporciona as mesmas o conhecimento de outras culturas em contextos, tempos e lugares diferentes do seu, levando-as a estabelecer relações com a sua realidade, ou seja, com a cultura da qual faz parte.
No documento RCNEI foi verificado a importância da literatura, dos livros, no processo ensino aprendizagem da educação infantil, pois antes mesmo de conseguir ler totalmente um texto ou história, já é possível que a criança consiga ao seu modo compreender e interpretar àquilo que ouviu, possibilitando desta forma o enriquecimento de seu vocabulário, pois a “leitura de histórias é uma rica fonte de aprendizagem de novos vocabulários. Um bom texto deve admitir várias interpretações, superando-se, assim, o mito de que ler é somente extrair informação da escrita”. (BRASIL, 1998, p. 145).
Portanto o Referencial é um guia de orientações com subsídios necessários para que os professores reflitam sobre sua prática pedagógica.
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, implantada por meio da resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, apresenta a organização da proposta pedagógica da educação infantil, visando o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. Neste sentido as DCNEI (2009) em seu artigo 4º, diz o seguinte:
As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2009, p. 97
Ainda segundo as Diretrizes Curriculares da educação infantil:
[...] Atividades realizadas pela professora ou professor de brincar com a criança, contar-lhe histórias, ou conversar com ela sobre uma infinidade de temas, tanto promovem o desenvolvimento da capacidade infantil de conhecer o mundo e a si mesmo, de sua autoconfiança e a formação de motivos e interesses pessoais, quanto ampliam as possibilidades da professora ou professor de compreender e responder às iniciativas infantis. (BRASIL, 2009, p. 87)
O documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) implantado em 2017, traz um reconhecimento sobre a educação infantil como uma etapa essencial ao estabelecer direitos de aprendizagem para crianças de 0 a 5 anos. O documento também reconhece essa etapa da Educação Básica como fundamental para a construção da identidade e da subjetividade da criança, considerando assim, que: 
“O importante é criar condições para a formulação de perguntas. As crianças precisam pensar sobre o mundo ao seu redor, desenvolver estratégias de observação, criar hipóteses e narrativas. A sistematização dos conceitos só precisa acontecer na etapa do Ensino Fundamental”, afirma Silvana Augusto, assessora pedagógica de redes municipais de ensino para o segmento de Educação Infantil e formadora do Instituto Singularidades². 
(²Disponível em: https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/56/com-a-bncc-as-criancas-passam-a-ter-6-direitos-deaprendizagem Acesso em: 27 abr. 2019.)
De acordo com a BNCC, na educação infantil, primeira etapa da educação básica, as crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, estes eixos devem ser assegurados através dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento (Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se), que possibilitam as crianças construírem significados sobre si, os outros, o mundo social e natural.
Esses direitos de aprendizagem e desenvolvimento devem ser desenvolvidos por meiodos campos de experiências (O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações). Em cada campo de experiência são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de acordo com a faixa etária. Todos os campos de experiência podem ser explorados quando se utiliza como prática pedagógica a contação de história, porém no campo da “escuta, fala, pensamento e imaginação”, o documento ao se referir à faixa etária de 4 anos a 5 anos e 11 meses, em seus objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, cita explicitamente a contação de história como parte integrante do processo de aprendizagem.
Ainda no que se refere ao campo de experiência em questão, a BNCC em seu texto cita o seguinte:
Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua. (BRASIL, 2017, p.40).
Dessa forma, a educação infantil é uma fase propícia para que a criança seja estimulada e incentivada a adentrar no mundo da leitura. O professor se torna fundamental para este processo, pois a metodologia utilizada para esta prática contribuirá significativamente para o desenvolvimento intelectual e emocional da criança. 
Ao analisar estes documentos referentes à legislação educacional brasileira, com ênfase na educação infantil, referindo-se a contação de história, objeto de pesquisa deste trabalho, encontramos maiores subsídios com relação às práticas pedagógicas e o ensino aprendizagem do educando, pois detalham em sua estrutura o que cada criança precisa desenvolver em cada fase de sua vida escolar. Para tanto, a forma como se alcançará estes objetivos cada instituição deverá organizar o seu currículo de modo que atenda as necessidades locais da realidade ao qual a comunidade escolar está inserida.
2. A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO PRÁTICA EDUCATIVA: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA
Que a contação de história faz parte da realidade vivenciada pela maioria das crianças na educação infantil, não é nenhuma novidade. Mas será que essa ferramenta pedagógica possibilita a estas crianças um aprendizado significativo? Em que medida este instrumento é interessante para ser utilizado pelo professor? A partir destes questionamentos, tratamos neste tópico, não um modelo a ser seguido, mas sim reflexões para que a contação de história na educação infantil contribua ou continue contribuindo significativamente com o pleno desenvolvimento da criança.
Início, significando os vocábulos “estória e história” muito disseminados neste contexto referente ao tema em questão, e que ainda hoje é causa de curiosidade e dúvida quanto a sua empregabilidade. 
Estória: De acordo com o dicionário online de português, o significado de estória se refere: a uma palavra classificada como brasileirismo, que significa um gênero narrativo de ficção, onde a ação não é baseada em fatos verídicos. Muitas vezes é usada como sinônimo de história. Uma estória é a expressão escrita de contos populares e tradicionais, normalmente com aspectos mirabolantes. Uma estória pode ser uma lenda, conto, fábula, novela, história em quadrinhos etc. História: é uma palavra com origem no antigo termo grego "historie", que significa "conhecimento através da investigação".  A história pode relatar a evolução não só de uma comunidade, mas também de eventos ou organizações de diversos tipos, análise das informações sobre o passado e sobre o desenvolvimento da humanidade, de um povo. A história é baseada em documentos ou testemunhos, pode ser, por exemplo, a história do Brasil.
Ressalto, que de acordo com Moreno (2009, s/p, apud VASCONCELOS, 2016), o termo estória “em 1943, com a reforma ortográfica foi eliminada tal distinção gráfica, recomendando-se o uso de “história” em qualquer situação: realidade ou ficção”. Dessa forma, o termo história passa ser utilizado tanto para as narrativas reais quanto para as da ficção.
Coelho (2000) ajuda-nos a compreender que a literatura e de forma especial a infantil, cumpre uma tarefa fundamental nesta sociedade em constante transformação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola. Ainda de acordo com a autora compreende-se que:
O caminho para a redescoberta da literatura infantil, no século XX, foi aberto pela psicologia experimental, que, revelando a inteligência como o elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência), e sua 17 importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. (COELHO, 2000 p.30)
Em sua análise, Coelho (2010, p. 31) divide esta fase em pré-mágica até os 3 anos e a fase mágica dos 4 aos 6 anos. Conforme a autora, para a fase pré-mágica são mais indicadas “narrativas com enredos simples e atraentes, de preferência com muito ritmo e repetição, gostam de histórias de bichinhos, brinquedos, objetos, seres da natureza (humanizados), histórias de crianças”. (COELHO, 2010, p. 31). Já, na fase mágica a autora ressalta que as crianças gostam de ouvir histórias de forma repetitiva, ou seja:
Neste período a criança tem uma imaginação criadora, é a idade do “conte outra vez” em que, a princípio, tudo é novidade e ouvindo outras vezes, sabendo o que vai acontecer, adoram apreciar os detalhes. No início desta fase são recomendáveis histórias com enredos curtos e expressões repetidas, mas conforme sua linguagem se torna mais evoluída, a criança passa a exigir enredos mais longos permitindo maior variedade de assuntos. (COELHO, 2010, p. 31).
A partir deste conhecimento muda-se a concepção de criança exigindo da literatura infantil adequar-se ao seu público alvo “a criança”. Coelho, assim define a literatura infantil:
A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os ideais e sua possível/impossível realização. (COELHO, 2000, p.27)
Deste modo, pode-se dizer que a contação de história é uma arte, arte que encanta, que faz sonhar, que cria, que transforma, e que vive. É uma das formas mais antigas de comunicação da civilização, pois muito antes do surgimento da escrita os antigos a utilizavam como forma de expressar suas experiências e repassar suas histórias e vivências. Os antigos costumavam se reunir em volta da fogueira para contar e ouvir histórias. De acordo com Bredan:
Desde que o mundo é mundo, o homem sempre esteve ao lado de suas narrativas, ao redor do fogo, por meio da escrita rupestre entremeada de sons guturais até a elaboração da linguagem. Contando sua própria história e a do mundo, o homemvem se utilizando da narrativa como um recurso vital e fundamental. (BEDRAN, 2012, p. 25 apud RETO, 2014, p.73)
Ratificando essa ideia, Riter reflete:
[...]todavia a contação de histórias exige uma preparação quando realizada na escola. Não se pode pegar um livro ao acaso […]. O livro escolhido deve ser amado pelo contador, pois só assim haverá sintonia entre ambos e o resultado será o melhor possível para aquele momento, atraindo a atenção da platéia (RITER, 2009, p.88).
Portanto, a contação de história utilizando-se da linguagem oral se perpetua através dos tempos, passando de geração em geração e continua a encantar principalmente o público infantil, que desde muito cedo já ouvem histórias contadas pela mãe, pai, avó, avô, enfim sempre em algum momento da vida ouvimos histórias e que muitas vezes estas são refletidas e lembradas por nós quando adultos. São histórias que se fixam em nosso inconsciente e nos marcam, nos emocionam, nos encantam, e se tornam parte de nossa história. 
Assim sendo, é fundamental para a formação da criança ouvir histórias, pois através da contação de histórias, é despertado na criança o imaginário, a curiosidade, os questionamentos, as emoções, e se bem narrada, a criança vai se identificando com cada personagem, com cada história, e de forma lúdica e prazerosa vai adentrando no fabuloso mundo da leitura. Pois, o ato de ler não está associado apenas a decodificação das palavras, uma criança mesmo antes de saber os códigos da escrita, já consegue realizar a leitura de mundo por meio dos símbolos que estão por todo lugar como nos livros, gravuras, imagens, ruas.
Abramovich (1997) ressalta como é relevante para o processo de formação de a criança ouvir histórias:
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo... (ABRAMOVICH, 1997, p.16)
Abramovich (1997) ainda afirma que as histórias suscitam a imaginação e a curiosidade das crianças. O imaginário das histórias infantis permite que a criança consiga acompanhar o enredo e viver a história junto com os personagens, trazendo para si, e fazendo ligação muitas vezes com suas próprias experiências de vida.
Ao ouvir uma história a criança pode desenvolver e alcançar diversos objetivos, como apresenta Tahan (1957) em seu livro, (um livro antigo, mas repleto de significados):
a. Expansão da linguagem infantil - enriquecendo o vocabulário e facilitando a expressão e a articulação; 
b. Estímulo à inteligência - desenvolvendo o poder criador do pensamento infantil;
 c. Aquisição de conhecimentos – alargando os horizontes e ampliando as experiências da criança; 
d. Socialização – identificando a criança com o grupo e ambiente, levando – a estabelecer associações, por analogia, entre o que ouve e o que conhece;
 e. Revelação das diferenças individuais - facilitando à professora o conhecimento de características predominantes em seus alunos, evidenciadas através das reações provocadas pelas narrativas;
 f. Formação de hábito e atitudes sociais e morais - através da imitação de bons exemplos e situações decorrentes das histórias, estimulando bons sentimentos na criança e incitando –a na vida moral; 
g. Cultivo da sensibilidade e da imaginação - condição essencial ao desenvolvimento da criança;
 h. Cultivo da memória e da atenção – ensinando a criança a agir e preparando – a para a vida; 19
 i. Interesse pela leitura - familiarizando a criança com os livros e histórias, despertamos, para o futuro, esse interesse tão necessário. (TAHAN, 1957, p.21 Apud RIGLISKI, 2012, p.9)
Para tanto, o planejamento daqueles que narram às histórias precisam ser cuidadosamente elaborado de forma que a criança consiga obter resultados positivos quanto ao seu desenvolvimento. O professor neste contexto é aquele que irá mediar este processo de aprendizagem que começará com o ingresso da criança na educação infantil.
Dessa forma, o docente, necessita compreender que a educação infantil precisa ser um espaço permeado de ludicidade, aprendizagem exploratória, estimuladora e criativa para atender as necessidades de seu público, ou seja, a fase do descobrimento, do faz de conta, da curiosidade. E a utilização da contação de história, neste espaço, possibilita e contempla o desenvolvimento das aptidões emocionais, cognitivas e sociais do aprendiz.
Como já citado neste trabalho a educação infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social (LDB 9.394/96). Logo, a escola é um espaço privilegiado para a formação integral da criança, sendo a educação infantil o início deste processo.
De acordo com Craidy e Kaercher (2001):
(...) somente iremos formar crianças que gostem de ler e tenham uma relação prazerosa com a literatura se propiciarmos a elas, desde muito cedo, um contato frequente e agradável com o objeto livro e com o ato de ouvir e contar histórias (…) isso equivale a dizer que tornar um livro parte integrante do dia a dia de nossas crianças é o primeiro passo para iniciarmos o processo de formação de leitores. (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 19).
Assim, contar histórias na educação infantil é uma prática quase que diária e que não deve se restringir apenas a momentos de entretenimento e diversão para a criança, cabendo ao professor, mediador deste processo, considerar o planejamento como um aspecto fundamental, pois através do mesmo deve-se delinear os objetivos a serem alcançados, bem como o caminho a ser seguido, ou seja, a metodologia a ser desenvolvida para que a contação de história possibilite a criança um momento de aprendizado, estimulando e incentivando o desejo e o gosto pelo aprender.
A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real. Pode, a partir de uma experiência relatada na história, identificar-se com a situação narrada, compreender melhor o universo em que se situam, refletir sobre a história ficcional que pode se aproximar da realidade vivida. Nessa interpretação das histórias contadas, é importante o papel desempenhado pelo contador para que haja de fato estimulação à leitura e prazer ao se ter contato com a narrativa.
Os cuidados ao se contar as histórias são importantes, assim como o reconhecimento do que a contação pode promover no desenvolvimento da criança. Rosa (2007, p. 31) destaca que:
A criança, quando ouve uma história, se identifica com o personagem que mais se aproxima do seu eu (características físicas, psicológicas) e de seu momento de vida (o tema abordado) e com isso ela interage e então passa a brincar quando, por exemplo, veste a roupa da Branca de Neve e imita a personagem quando verbaliza a parte da história que mais gostou, fazendo relação com algum momento de sua vida ou quando fala da parte que não gostou ou sentiu medo, fazendo uma elaboração do seu sentimento, acomodando situações que está vivendo. Todo esse movimento é também brincar de forma lúdica e prazerosa, além da criança também estar tendo a oportunidade de colocar em ordem suas questões emocionais (sua casa interna).
A prática da contação de história pode acontecer de várias formas e se utilizar de vários recursos e técnicas, tendo como critério inicial a faixa etária da criança, pois definido esta, o professor será capaz de identificar os interesses e necessidades específicas para o público em questão. O professor que atua em sala de aula tem a seu favor o fato de estar todos os dias com seus alunos, fator facilitador para à escolha da história a ser trabalhada e desenvolvida para estimular a imaginação.
2.1 A IMAGINAÇÃO ESTIMULADA POR MEIO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Quando nos referimos ao ato de contar histórias no universo infantil sempre surgem neste contexto o vocábulo “imaginação” já citado neste trabalho, porém o seu significado é bem amplo, mas a sua compreensãose torna imprescindível para que o desenvolvimento da prática da contação de história contribua significativamente para o desenvolvimento infantil. 
Considerando a autora Egan (2007, p.11 a 35) verificamos algumas definições do conceito de imaginação relacionadas a outras categorias conforme síntese do quadro 4:
Quadro 4. Conceito de imaginação e suas definições.
	Conceito
	Definição
	Imaginação e pensamento convencional. 
	A imaginação nos possibilita sermos livres para perceber as utilidades e arbitrariedades dos pensamentos convencionais e imaginar-se mudando ou não.
	Imaginação na Aprendizagem 
	A aprendizagem consiste em dar significado àquilo que foi aprendido. A nossa mente recebe as informações que se conectam com as emoções, intenções, lembranças e imaginação que revestem o conteúdo aprendido de significados. 
	Imaginação e Memória 
	Existe uma conexão nestes dois princípios, pois em muitos momentos somente o conhecimento que está em nossa memória é acessível à ação da imaginação. 
	Imaginação e Liberdade 
	A imaginação por meio do senso de liberdade nos possibilita irmos além da realidade que estamos inseridos. Porém, este exercício de liberdade precisa ser disciplinado, estar conectado com a realidade, ou seja, a imaginação desenvolvida precisa ser trabalhada para que a sua apropriação de mundo seja enriquecida com significado. 
	Imaginação e Conhecimento Objetivo 
	A objetividade está na capacidade imaginativa de se habitar as formas dos materiais, do conhecimento, da habilidade ou da prática com as quais se trabalha. A conexão entre imaginação e objetividade se faz necessário para entender qualquer área do conhecimento. 
	Imaginação e Emoção 
	No campo da educação razão e emoção, são partes que precisam caminhar juntas, ao contrário disso, a educação se torna ineficiente e desastrosa para o aprendizado humano. Portanto, o aprendizado imaginativo inevitavelmente envolve as nossas emoções. 
Fonte: EGAN (2007). 
Falar de imaginação portanto, não significa no contexto infantil levar a criança a excluir o real, viver da fantasia, mas sim, compreender que o imaginário e o real são elementos complementares, são caminhos que se juntam e contribuem para ampliar e dar sentido as experiências cotidianas vivenciadas pelas crianças.
As práticas das narrativas realizadas no contexto da educação infantil promovem nas crianças tanto o desenvolvimento do pensamento lógico como também da sua imaginação. Segundo Vigotsky “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável, do pensamento realista” (Vigotsky 1997, p.128 apud Girardello 2007, p.41).
De acordo com Bowra, “exercitando sua imaginação, o indivíduo cria vida e acrescenta sua experiência de vida. Ele deseja ser não um observador passivo, mas um agente ativo” (BOWRA 1949, p.292 apud EGAN 2007, p. 16).
O jogo de faz de conta constitui, portanto, um outro universo: “Faz de conta que” é uma frase na qual a criança expressa: “Vamos brincar de criar uma outra realidade?”. Porém a matéria-prima é a realidade cotidiana, que ela busca entender no faz de conta. (GOUVÊA, 2016, p.96)
Assim sendo, a imaginação é desenvolvida de forma a capacitar a mente humana, para que compreenda a sua existência. No universo infantil este processo se torna mais eficiente e repleto de significação quando desenvolvido por meio da ludicidade. De acordo com Gouvêa:
O caráter lúdico realiza a mediação entre a ação da criança e o mundo. Em suas atividades, a criança empresta-lhes um sentido que não está na objetividade dos resultados, mas no prazer da sua execução. (GOUVÊA, 2016, p.97)
Nesse sentido, como apontou Vigotsky (1997), a brincadeira constitui a atividade através da qual a criança significa a cultura. Seu sentido está não nos resultados práticos da ação, mas na ação. Essa ação envolve um deslocamento do significado dos objetos, mediado pela imaginação. O filósofo Gaston Bachelard (1991) desenvolveu estudos sobre a imaginação, distinguindo-a da razão na construção do conhecimento do mundo.
Para o autor, enquanto compreender, por meio do uso da razão, envolve um diálogo com o real, com as ideias socialmente construídas, a imaginação transcende o passado e a realidade imediata, ela nos liberta do concreto e nos lança nas diferentes possibilidades de significação do real. A imaginação permite o desenvolvimento do pensamento criativo, fundamental para a inserção no mundo. (BACHELARD, 1991, apud GOUVÊA, 2016, p. 99
Mas o que é a imaginação?
Grosso modo, é a capacidade de elaborar imagens, tanto evocando objetos e situações vividas como formando novas imagens. A imaginação funda-se numa relação com o sensível, ao mesmo tempo que rompe com ele, ao representá-lo através de imagens. Para Vygotsky, ela carrega duas dimensões: a imaginação reprodutora, em que evocamos situações, acontecimentos, seres e pessoas, sendo referente ao vivido, e a imaginação criadora, que envolve a invenção, a combinação de ideias que se encontram para além do real. Tais dimensões não são, portanto, privilégio da infância, mas também caracterizam o pensamento adulto. (GOUVÊA, 2016, p. 99 grifo nosso).
Na criança, entretanto, a imaginação toma uma dimensão mais central na relação cotidiana com o mundo:
[...] A criança brinca com o real, sabendo que as fantasias são dimensões diferenciadas da realidade. Mas, no ato de imaginar, em sua produção simbólica (usando desenhos, modelagem, jogos do faz de conta, no brinquedo, etc.), ela compreende e ultrapassa essa realidade, reconstruindo-a na imaginação. (GOUVÊA, 2016, p. 100).
Podemos dizer então que o imaginário infantil precisa ser alimentado para que cresça e se desenvolva. Ao professor da educação infantil cabe-lhe portanto, a função de estimular este desenvolvimento, dando asas à imaginação da criança e espaço para através de seu pensamento imaginário criar e recriar possibilidades que ampliem seu conhecimento e signifique o seu mundo. Abramovich (1997, p. 24) ressalta que “quando uma criança escuta, a história que se lhe conta penetra nela simplesmente, como história. Mas existe uma orelha detrás da orelha que conserva a significação do conto e o revela muito mais tarde”. 
Para Vigotsky (2009, p. 25) o produto da imaginação coincide com a realidade:
[...] a imaginação adquire uma função muito importante no comportamento e no desenvolvimento humano. Ela transforma-se em meio de ampliação da experiência de um indivíduo porque, tendo por base a narração ou a descrição de outrem, ele pode imaginar o que não viu, o que não vivenciou diretamente em sua experiência pessoal. A pessoa não se restringe ao círculo e a limites estreitos de sua própria experiência, mas pode aventurar-se para além deles, assimilando, com a ajuda da imaginação, a experiência histórico ou social alheias.
Dessa forma, por meio da contribuição do autor, compreendemos que a imaginação é constituída como uma condição importante e necessária para a atividade mental humana, assim, relevante para o desenvolvimento infantil.
CONCLUSÃO
A presente pesquisa teve como escopo a explanação da contribuição da contação de história, como instrumento para o desenvolvimento pedagógico, no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem da criança. Ressalto, ao longo do texto, a sua importância como ferramenta de incentivo à leitura na educação infantil, partindo da concepção de que a história, quando bem contada, funciona como uma mola propulsora para a estimulação de alunos leitores. Compreendo que a prática da contação de história nas instituições escolares, principalmente na educação infantil, é um importante instrumento de formação humana, com contribuições significativas para o desenvolvimento infantil. 
Os autores apontarem que a partir da contação de história é despertado na criança a imaginação, a curiosidade, a criatividade, os questionamentos, as emoções, o hábito e o gosto pela leitura. Em contribuição ao estudo, nota que um aspecto a se considerar é o planejamento pedagógico do professor, de fundamental importância para este processo, poisa contação de história não deve se restringir apenas a momentos de entretenimento e diversão, mas sim, ser uma atividade lúdica com objetivos formativos, sendo explorada de modo a instigar, motivar, despertar, e estimular a imaginação da criança.
Conclusivamente, compreendemos a contribuição pedagógica da contação de história, como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem, visto que mesmo tratando-se do público da educação infantil, ainda não alfabetizada, possibilita a formação de um leitor, proporcionando contato com a cultura letrada, com o mundo que a cerca, criando intimidade da criança com o livro, este é o primeiro passo para a formação de futuros leitores.
Como aprofundamento deste estudo, em oportunidade futura, poderá ser realizada um estudo em campo, considerando uma sala de aula, como público a ser investigado. Acredito que relatos do profissional de educação e análise de comportamentos dos alunos, poderão enriquecer a discussão deste temática. 
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