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SISTEMA CARDIOVASCULAR 1. SISTEMA CARDIOVASCULAR O sistema cardiovascular é um tanto quanto complexo, cabe dividi-lo em dois componentes para ter uma me lhor compreensão. O sistema cardio vascular é composto por dois circui tos, o primeiro é o circuito pulmonar, já o segundo é o circuito sistêmico. Figura 1. Imagem ilustrativa.. O circuito pulmonar segue a sua própria lógica, sendo ela: o sangue é conduzido do coração até o pul mão e, logo após, volta ao coração. É pertinente ressaltar o caráter quí mico desse sangue nessa etapa da circulação, sendo caracterizado como venoso, ou seja, um sangue pobre em oxigênio. Essa circulação tem iní cio quando o sangue sai do ventrículo direito pela artéria pulmonar em dire ção aos pulmões. A artéria pulmonar ramifica-se e segue cada uma para um pulmão. Ao ocorrer essa ramificação, há uma diminuição no calibre dessas artérias, formando-se assim em artérias de pequeno calibre até os capilares que irão envolver os alvéolos pulmonares. Nos alvéolos, ocorre um fenômeno importante que irá manter o sangue em uma condição propícia para o bom funcionamento dos sistemas, assim ocorrerá trocas gasosas (hematose), que se caracterizam pela passagem do gás carbônico do sangue para o interior dos alvéolos e do oxigênio presente nos alvéolos para o interior do capilar. Outra informação de grande relevância para a compreensão desse circuito, é entender o local onde começa essa circulação. O tronco da artéria pulmonar é a origem da pequena circulação ou então chamada, circulação pulmonar. Ela tem a sua origem no ventrículo direito do coração, de quem recebe o sangue venoso, pobre em oxigênio, que deve ser dirigido até os (pulmões), onde ocorrerá a oxigenação. A partir daí, se divide em dois ramos, a artéria pulmonar esquerda e a artéria pulmonar direita. Após o processo de hematose, o sangue segue pelas vênulas e, posteriormente, para SISTEMA CARDIOVASCULAR 4 as veias pulmonares. Essas veias tem grande relevância, pois elas levam o sangue novamente para o coração. O sangue irá chegar a esse órgão pelo átrio e A circulação sistêmica ou grande circulação é um processo em que o sangue é levado do coração até os tecidos e, após isso, é levado novamente para o coração. Essa circulação tem início quando o sangue sai do ventrículo esquerdo pela artéria aorta. Na grande circulação, o sangue do ventrículo esquerdo vai para todo o organismo, por intermédio da artéria aorta, e retorna até o átrio direito do coração, pelas veias cava. É um a uma circulação que se caracteriza pela seguinte dinâmica: coração-tecido-coração, entre o ventrículo esquerdo e o átrio direito do coração. Da artéria aorta, partem ramos que irão irrigar o corpo inteiro. Nos capilares sanguíneos, irá ocorrer trocas gasosas com células do tecido, após isso, o sangue irá se tornar rico em gás carbônico. Após ocorrer essas trocas gasosas, o sangue é coletado pelas vênulas que levam o sangue até as veias cavas superior e inferior. SISTEMA CARDIOVASCULAR 5 A partir daí, as veias cavas levam o sangue para o coração, desembocando no átrio direito. Estrutura geral dos vasos sanguíneos O sistema circulatório, propriamente dito, é considerado o responsável por conduzir elementos essenciais para todos os tecidos do corpo, como por exemplo, oxigênio para as células, hormônios (que são liberados pelas glândulas endócrinas) para os tecidos, a condução de dióxido de carbono para sua eliminação nos pulmões, coleta de excretas metabólicos e celulares, e, posteriormente, a entrega desses rejeitos nos órgãos excretores, como por exemplo, os rins. Além do mais, apresenta um papel essencial no sistema imunológico contra infecções e na termorregulação. ARTÉRIAS VEIAS PAREDE ESPESSA PAREDE DELGADA DIÂMETRO EXTERNO MENOR DIÂMETRO EXTERNO MAIOR LUZ DO LÚMEN ESTREITA LUZ DO LÚMEN AMPLA A TÚNICA MÉDIA É MAIS ESPESSA QUE A TÚNICA ADVENTÍCIA A TÚNICA ADVENTÍCIA É MAIS ESPESSA QUE A TÚNICA MÉDIA PRESENÇA DE LÂMINA ELÁSTICA INTERNA AUSÊNCIA DE LÂMINA ELÁSTICA INTERNA VASO VASORUM EM MENOR QUANTIDADE VASO VASORUM EM MAIOR QUANTIDADE Tabela 1. Tabela comparativa artérias x veias. Fonte: GARTNER, Leslie P. Tratado de histologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. SE LIGA! Entre os vasos sanguíneos existem algumas diferenças, funcionais, morfológicas e até mesmo estruturais que permite que possa haver a distin ção entre elas. Entre os vasos, artérias e veias essa regra não é uma exceção, nota-se algumas diferenças particulares das quais diferenciam as artérias das veias. Contudo, só se consegue observar o microscópio em cortes trans versais de um par formado por artéria e veia, a partir daí torna fácil comparar seus calibres e as espessuras das paredes. As artérias possuem paredes mais espessas, esse aumento na espessura é uma aplicação fisiológica, haja vista que o coração lança o sangue a pressões elevadas por meio das artérias e ele é transportado até chegar ao nível de capilares, onde ocorrem as trocas de subs tâncias, enquanto as veias possuem pa redes mais delgadas. Além disso, a luz do lúmen é mais estreita, devido a espessura de suas túnicas, outra diferença é a presença da lâmina elástica interna nas artérias, enquanto que as veias não a possui. Sua função é separá-la da túnica média, sendo o componente mais externo da camada. Há outra diferença muito pertinente, que é a quantidade de vaso vasorum, muito maior nas veias, pois sua túnica adventícia é mais espes sa que na artéria e isso fisiologicamente dificultaria a nutrição. SISTEMA CARDIOVASCULAR 6 Os vasos sanguíneos em conjunto dão origem a uma rede de tubos que irão realizar o transporte do sangue pelo corpo. Esses tubos possuem algumas especificações que servem como fator diferencial, como por exemplo, eles têm diferentes diâmetros e fazem circular o sangue arterial (oxigenado) e venoso (rico em gás carbônico), constituindo o sistema cardiovascular ou circulatório. Esses vasos possuem estruturas morfoló gicas que compõem a parede desses vasos, formada por três camadas ou comumente conhecida, como túnicas, são elas: a túnica íntima, a túnica média e a túnica adventícia que é a camada mais externa. Figura 3. Túnicas. Fonte: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. As túnicas dos vasos sanguíneos A túnica íntima, é a camada mais interna da parede de um vaso, apre senta uma camada de células endo teliais que está apoiada em outra ca mada de tecido conjuntivo frouxo, que preenche espaços não ocupados por outros tecidos, apoia e nutre células epiteliais, envolve nervos, músculos e vasos sanguíneos linfáticos, localizado na túnica íntima, é extremamente vantajoso do ponto de vista fisiológico para essa túnica. É pertinente ressaltar ainda que o te cido conjuntivo subendotelial só é facilmente observado em microscopia de luz, nos vasos mais calibrosos e é composto por fibras colágenas e elásticas, sintetizadas por fibroblastos. As fibras colágenas ou conjuntivas são constituídas por proteína co lágeno, o que acaba proporcionando força e resistência às trações e fle xibilidade aos tecidos. Formam-se feixes de fibras brancas, geralmente de contorno ondulado, que se cruzam e entrelaçam, podendo mesmo rami ficar-se. Além disso, a camada su bendotelial, que pode conter células musculares lisas, possui uma con tração involuntária e lenta, compos ta por células fusiformes mononu cleadas. Além disso, é constituída de uma única camada de células endo teliais, achatadas, pavimentosas, que formam um tubo que reveste o lúmen do vaso, e o tecido conjuntivo suben dotelial subjacente. Por fim, a lâmi na elástica interna da túnica íntima apresenta em sua constituição bási ca a elastina, que é considerada uma proteína cuja função é estrutural, formando fibras elásticas, presentes nas artérias elásticas. Possui também pequenas aberturas que viabilizam a difusão de substâncias para célulasmais profundas no vaso, possibilitando a sua nutrição, o que se configura extremamente vantajoso do ponto de vista fisiológico. HORA DA REVISÃO! Como já pontuado anteriormente, o en dotélio é um constituinte da túnica íntima e a sua presença confere algumas fun ções para essa camada. A sua compo sição histológica é um tecido epitelial do tipo simples pavimentoso, com células tão achatadas que só podem ser reco nhecidas por seus núcleos, que frequen temente fazem saliência para a luz do vaso. Uma das funções das células en doteliais é a de secreção de colágeno dos tipos III, IV e V, lamina, endotelina, óxido nítrico e o fator de von Willebrand. Pa ralelo a isso, sob condições patológicas, as células endoteliais fabricam fatores trombogênicos, incluindo o fator tecidu al, o fator de von Willebrand e o fator ati vador de plaquetas. Tal fato revela uma extrema importância clínica, pois o fator de Von Willebrand ajuda na mediação da adesão das plaquetas ao subendoté lio lesado: funciona como uma ponte en tre receptores da plaqueta (glicoproteína Ib e glicoproteína IIb/IIIa) e o subendo télio lesado. Além disso, a constituição histológica do endotélio proporciona a diminuição da fricção do fluxo sanguí neo, assim como algumas propriedades anticoagulantes e antitrombogênicas - secretando o fator ativador do plasmi nogênio, trombomodulina, glicosamino glicanos, prostaglandinas e óxido nítrico. Estes dois últimos induzem uma respos ta das células musculares lisa, causan do o seu relaxamento. Outra função de grande relevância para a clínica é que o endotélio forma uma espécie de barrei ra semi-impermeável que se interpõe ao plasma sanguíneo e o fluido intersticial. As células endoteliais contém algumas enzimas que são ligadas à membrana, tais como a enzima conversora da an giotensina (ECA), que funciona clivando a angiotensina I gerando a angiotensina II, assim como enzimas que inativam a bradicinina, serotonina, prostaglandinas, SISTEMA CARDIOVASCULAR 8 trombina e noradrenalina; ademais, elas ligam-se à lipase lipoprotéica, enzima que degrada lipoproteínas. A túnica média, como o próprio nome já revela, se encontra entre as demais túnicas. Possui constituição histoló gica camadas de músculo liso com orientação helicoidal, sendo uma musculatura lisa ela pode ser consi derada de contração involuntária e lenta. A camada média possui célu las concêntricas que formam a túnica média compreendendo principalmen te células musculares do tipo lisas, que estão dispostas helicoidalmente. Entremeadas com as camadas de músculo liso, são encontradas lâmi nas elásticas (nas artérias de grande calibre), algumas fibras elásticas (nas artérias e veias de médio e pequeno calibre), colágeno do tipo III e prote oglicanos. É importante salientar que as lâminas elásticas são constituídas por proteína elastina, miofibrilas e fibrilina que se caracterizam por se rem separadas umas das outras, não constituindo feixes, como é o caso das fibras colágenas. Além disso, estas fibras podem ser divididas em delgadas e longas, possuindo capa cidade de estiramento até uma vez e meia o seu comprimento total. Es tas fibras são encontradas em locais que requerem uma maior flexibilida de para realizar sua função, como por exemplo, a parede de vasos. É perti nente ressaltar, ainda, que os vasos capilares e vênulas pós-capilares não possuem uma túnica média, entran do outro tipo de camada que exercerá uma função semelhante. Figura 4. Túnicas. Fonte: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017 SISTEMA CARDIOVASCULAR 9 A túnica adventícia, é a camada mais externa dos vasos sanguíneos, justamente por ser a mais externa, funde-se com o tecido conjuntivo circundante. A composição histo lógica dessa camada é formada por fibroblastos, fibras de colágeno do tipo I e fibras elásticas orientadas longitudinalmente. É a mais comum; aparece no tecido conjuntivo frouxo comum, no tecido conjuntivo denso (onde é predominante sobre os outros tipos), sempre formando fibras e fei xes. A túnica adventícia é composta por um tecido conjuntivo denso não modelado cujas fibras são organiza das sem orientação definida. O tecido é classificado como conjuntivo den so não modelado, no qual as fibras formam uma trama que lhes confere certa resistência a trações exercidas em qualquer direção. Além disso, ele possui outro tipo de tecido, o tecido conjuntivo frouxo, que preenche es paços não ocupados por outros te cidos. Tem a função de apoiar e nu trir células epiteliais, envolve nervos, músculos e vasos sanguíneos linfá ticos, faz parte da estrutura de mui tos órgãos e desempenha importante papel em processos de cicatrização. Ainda é pertinente ressaltar a impor tância de outro componente dessa túnica, o vaso vasorum que fornece sangue para as paredes musculares dos vasos sangüíneos. SE LIGA! Os vasos vasorum são peque nos vasos sanguíneos encontrados ao redor das paredes de grandes vasos na camada adventícia, servindo para sua nutrição. A inervação dos vasos sanguíneos É comum os vasos sanguíneos que contêm músculo liso em suas paredes serem providas por uma rede profusa de fibras não mielínicas da inervação simpática (nervos vasomotores), cujo neurotransmissor é a norepinefrina, responsável pelo controle da respira ção e da regeneração do tecido epi telial e nervoso, e atua promovendo a vasodilatação do vaso sanguíneo. Geralmente as terminações nervosas eferentes não penetram a túnica mé dia das artérias, e os neurotransmis sores precisam difundir-se por uma distância para poderem atingir as cé lulas musculares lisas da túnica mé dia. Esses neurotransmissores agem abrindo espaços entre as junções intercelulares das células muscula res lisas e, desse modo, a resposta ao neurotransmissor irá se propagar para as células musculares das ca madas mais internas dessa túnica. Há um conjunto de nervos vaso motores do componente simpático do sistema nervoso autônomo que inerva as células musculares lisas dos vasos sanguíneos. Estes nervos SISTEMA CARDIOVASCULAR 10 simpáticos pós-ganglionares amie línicos são o motivo da vasoconstri ção das paredes dos vasos. Como foi pontuado anteriormente, muito raro os nervos penetram a túnica média dos vasos, eles não realizam sinapse diretamente com as células muscula res lisas. Em vez disso, eles liberam o neurotransmissor noradrenalina, que se difunde para a túnica média e age sobre as células musculares lisas próximas. Para que esses impulsos sejam propagados, é imprescindível a ação das junções comunicantes, células do tipo gap, que coordenam contrações de todas as camadas de células musculares lisas e reduzem, assim, o diâmetro do lúmen vascular. SE LIGA! As artérias possuem um maior número de nervos vasomotores do que as veias, mas as veias também rece bem terminações vasomotoras na tú nica adventícia, além de contarem com um sistema mais efetivo de nutrição, o vaso vasorum. As artérias que irrigam os músculos esqueléticos também rece bem nervos colinérgicos (parassimpáti cos) para que ocorra a vasodilatação. Classificação das artérias As artérias são responsáveis por car rear o sangue a partir do coração, elas podem ser classificadas em 3 ti pos, artérias elásticas, que são con sideradas condutoras, artérias mus culares, que são classificadas como distribuidoras, e as arteríolas. Grandes artérias elásticas Figura 5. Grandes artérias elásticas. Fonte: BREIJE, T. C.; SORENSON, R. L. Histology guide: virtual histology labora tory. 2020. Disponível em: http://www.histologyguide.com/. Acesso em 04/05/2020. SISTEMA CARDIOVASCULAR 11 Estes vasos possuem uma coloração amarelada, devido a com composição ser praticamente toda de elastina, lembrando que a elastina tem função estrutural que forma fibras elásti cas. As artérias elásticas possuem todas as túnicas com algumas carac terísticas particulares, tome-se como exemplo, a túnica íntima que é constituída por um endotélio sustentado por uma estreita camada subjacente de tecido conjuntivo frouxo contendo poucos fibroblastos, células muscu lares lisas e fibras colágenas. A lâ mina elástica interna não costuma ser nítida na túnica íntima das arté rias elásticas, pois há muitas outras lâminas elásticas presentes na túnica média. Há também células endote liais nessa camada, unidas por jun ções de oclusão, compostas de duas proteínas, claudina e ocludina entre as camadas mais externas de células adjacentes, que servem de barreira à entrada de macromoléculas (lipídios, proteínas) nas células. Ainda nas cé lulas endoteliais, há corpúsculos de Weibel-Palade, grânulos revestidos por membrana, que possuem uma matriz densa com elementos tubu lares contendo alguns elementos, como por exemplo, a glicoproteína fator de von Willebrand. Este fator, que facilita a agregação e a adesão mútua das plaquetas durante a for mação do coágulo, é produzido pela maioria das células endoteliais, mas é armazenado somente nas artérias. A próxima camada é a túnica mé dia das artérias elásticas, composta por muitas lâminas fenestradas de elastina, conhecidas como membra nas fenestradas, que varia com ca madas circulares de células muscula res lisas. A matriz extracelular, que é secretada pelas células musculares lisas, é composta principalmente por condroitino-sulfato colágeno do tipo III (fibras reticulares) e elastina. A lâmina limitante elástica externa tam bém está presente na túnica média e ela marca a mudança da túnica media para a túnica adventícia. A túnica ad ventícia das artérias elásticas é fina e é constituída por tecido conjunti vo frouxo fibroelástico contendo al guns fibroblastos. Os vasa vasorum são abundantes na adventícia, pois permitem a nutrição do tecido con juntivo e das células musculares lisas com nutrientes e oxigênio. Leitos ca pilares se originam dos vasa vasorum e se estendem para os tecidos da tú nica. Um exemplo de artéria elástica é a aorta e os ramos que se origi nam do arco da aorta (a artéria caró tida comum e a artéria subclávia), as artérias ilíacas comuns e o tronco pulmonar. NA PRÁTICA! Indivíduos com a pato logia de von Willebrand, um distúrbio hereditário que leva a um defeito nas plaquetas, possuem um tempo de coa gulação prolongado e excesso de san gramento no local de uma lesão. SISTEMA CARDIOVASCULAR 12 Tal como as artérias grandes elásti cas, as artérias musculares médias possuem todas as camadas com al gumas particularidades. A caracte rística mais marcante de uma artéria muscular média é a espessa túnica média constituída principalmente por células musculares lisas. Um dos exemplos das artérias musculares são a maioria dos vasos originários da aorta, exceto os grandes troncos que se originam do arco da aorta e da bifurcação terminal da aorta abdomi nal, pois, como visto anteriormente, essas são identificadas como artérias elásticas. A túnica íntima das arté rias musculares é mais fina do que a das artérias elásticas, contudo, a ca mada subendotelial contém poucas células musculares lisas, a lâmina li mitante elástica interna das artérias musculares é notória e apresenta uma superfície ondulada ao qual o endotélio se molda. Uma curiosida de pertinente nesse tipo de artéria é que a lâmina elástica interna é du pla, denominado lâmina limitante elástica interna bífida. As células endoteliais dessa camada possuem comunicação com as células muscu lares lisas da túnica média situadas próximo à túnica íntima, por meio das junções comunicantes do tipo gap. Já a túnica média das artérias muscu lares é composta principalmente por células musculares lisas. A maioria das células musculares lisas da tú nica média tem orientação circular; entretanto, no local onde a túnica média faz interface com as túnicas íntima e adventícia, alguns feixes de fibras musculares lisas podem estar dispostos de modo longitudinal. As artérias musculares de pequeno cali bre possuem três a quatro camadas de células musculares lisas, enquan to as artérias musculares de maior calibre possuem até 40 camadas de células musculares lisas dispostas circularmente. O número de cama das celulares diminui à medida que o diâmetro da artéria diminui. Além disso, é pertinente ressaltar que as túnicas musculares contam com vá rias fibras musculares que estão dis postas de forma concêntrica. Quando estas fibras estão relaxadas, as arté rias dilatam-se e, quando se contra em, o diâmetro arterial diminui. Este SISTEMA CARDIOVASCULAR 13 mecanismo possibilita o controle, pelo sistema nervoso autónomo, do fluxo de sanguíneo que pode distribuir-se de diversos modos às diversas regi ões anatômicas, segundo as neces sidades de cada momento. A túnica adventícia das artérias musculares é composta por fibras elásticas, fi bras colágenas e substância fun damental constituída principalmente por dermatan-sulfato e heparan- -sulfato. As fibras colágenas e elás ticas têm uma orientação longitudinal e fundem-se com o tecido conjuntivo circundante. Os vasa vasorum e as terminações nervosas amielínicas estão localizados nas regiões mais externas da adventícia. NA PRÁTICA! O aneurisma é uma espécie de dilatação em formato de saco na parede de uma artéria, comu mente relacionado à idade. Possui al guns vasos que são mais suscetíveis à ocorrência do aneurisma, como por exemplo, a aorta abdominal. Quando descoberta, a área dilatada pode ser reparada, mas se não for descoberta e se romper, ocorre uma rápida perda de sangue, podendo resultar em morte do indivíduo. Arteríolas As arteríolas são classificadas de acordo com o diâmetro, artérias com diâmetro menor que 0,1 mm são con sideradas arteríolas. Os vasos em foco são os vasos terminais que regu lam o fluxo sanguíneo para os leitos capilares. A camada subendotelial é muito fina, diferente das artérias de grande calibre. Nas arteríolas muito pequenas, a lâmina elástica inter na está ausente e a camada média geralmente é formada por uma ou duas camadas de células muscula res lisas circularmente organizadas; não apresentam nenhuma lâmina elástica externa. O endotélio da tú nica íntima é apoiado por uma fina camada de tecido conjuntivo su bendotelial, composta por colágeno do tipo III e poucas fibras elásticas imersas na substância fundamental. Nas arteríolas de pequeno calibre, a túnica média é formada somente por uma camada de células muscu lares lisas, que engloba totalmente as células endoteliais. Nas arteríolas maiores, a túnica média possui duas a três camadas de células musculares lisas. Com uma túnica média muito mais desenvolvida, composta de inú meras fibras musculares, é possível contrair ou relaxar, de modo a re duzir ou dilatar, respectivamente, a entrada, podendo fluir uma maior ou menor quantidade de sangue. Este mecanismo, igualmente controlado pelo sistema nervoso autônomo, é essencial na modulação da pressão arterial e na regulação da quantida de de sangue que passa para os ca pilares. A túnica adventícia das arte ríolas é escassa e é representada por tecido conjuntivo fibroelástico com poucos fibroblastos. SISTEMA CARDIOVASCULAR 14 SE LIGA! As arteríolas terminais que suprem de sangue os leitos capilares são denominadas metarteríolas. Estru turalmente, elas diferem das arteríolas por sua camada de músculo liso não ser contínua. Figura 7. Túnicas arteríolas. Fonte: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. NA PRÁTICA! Quando há algum pro blema embrionário durante o processo de desenvolvimento, esse erro pode, de algum modo, enfraquecer as paredes dos vasos sanguíneos. Além disso, es sas paredes podem ser lesadas por al guma outra patologia, como por exem plo, aterosclerose, sífilis ou distúrbios do tecido conjuntivo, por exemplo, a síndro me de Marfan e a síndrome de Ehlers- -Danlos. O local afetado pode dilatar-se, formando um aneurisma. Um enfraque cimento posterior pode causar a rotura doaneurisma, uma condição grave que pode levar à morte. SISTEMA CARDIOVASCULAR 15 ARTÉ RIA TÚNICA ÍNTIMA TÚNICA MÉDIA TÚNICA ADVENTÍCI A Art éri a elá stic a (ex : Ao rta ) Lâmina basal, camada subendo telial, lâmina limitante elástica interna incompleta pouco eviden te, endotélio com corpúsculos de weibel-pala de Células muscula res lisas, lâmina elástica externa delgada e pouco evident e, vasa vasoru m na metade externa Delgada camada de tecido conjuntiv o fibroelás tico, vasa vasorum, vasos linfáti cos, fibras nervosas Art éria mus cula r (ex: Art éria femor al) Endotélio com corpúsculos de weibel-pala de, lâmina basal, camada subendoteli al, lâmina Célula s muscu lares lisas, lâmina elástic a extern a Delgada camada de tecido conjuntiv o fibroelás tico, vasa vasorum, vasos limitante elástica interna espessa e bastante evidente espes sa e eviden te linfáti cos, fibras nervosas Arterí ola Endotélio com corpúsculos de weibel-pala de, lâmina basal, camada subendotelia l não muito desenvolvid a, lâmina limitante elástica interna bem definida em arteríolas maiores desaparecen do nas menores Uma ou duas camad as de células muscul ares lisas Tecido conjun tivo frouxo, fibras nervos as Tabela 2. Artérias e suas túnicas Estruturas sensoriais especializadas das artérias As estruturas sensoriais especiali zadas das artérias possuem funções essenciais para o bom funcionamen to do circuito sanguíneo, sendo con sideradas especializações que mo nitoram a pressão e a composição sanguíneas. As estruturas que serão abordas nesse tópico são: os seios carotídeos, os corpos carotídeos e os corpos aórticos. O seio carotídeo é um barorrecep tor que pode ser encontrado na re gião da artéria carótida interna dis tal à bifurcação da artéria carótida comum. Antes de mais nada, é es sencial compreender a função dos barorreceptores para compreender o papel que o seio carotídeo desempe nha. O barorreceptor consegue notar mudanças na pressão do fluxo san guíneo e transmite esta informação ao sistema nervoso central. O seio carotídeo está presente na parede da artéria carótida interna e, neste local, a túnica adventícia deste vaso é mais espessa e muito rica em termina ções nervosas sensoriais originadas do nervo glossofaríngeo (nervo cra niano IX). Ao receber os impulsos dos nervos aferentes, o Sistema Nervo so Central processa a informação no cérebro com a função de controlar a vasoconstrição e manter a pressão sanguínea normal. O corpo carotídeo é outra especiali zação das artérias que funciona como um quimiorreceptor, que monitora SISTEMA CARDIOVASCULAR 16 as mudanças dos níveis de oxigênio e dióxido de carbono, assim como a concentração dos íons hidrogênio. A sua localização é extremamente positiva do ponto de vista fisiológico, pois são encontrados perto da bifur cação da artéria carótida comum. Essa especialização é irrigada por va sos capilares fenestrados que envol vem as células do tipo I e as do tipo II. As células do tipo I são denominadas de células glômicas que contêm vá rias vesículas que armazenam dopa mina, serotonina e epinefrina, essa última substância age diretamente sobre o sistema nervoso simpático. Já as células do tipo II, são conhecidas como células da bainha e são mais complexas, possuem longos prolon gamentos que englobam quase que por completo os prolongamentos das células glômicas. Ao adentrarem os grupos de células glômicas, as termi nações nervosas acabam perdendo suas células de Schwann e se tor nam cobertas pelas células da bai nha, de modo similar a células gliais, que formam bainhas em fibras no sistema nervoso central. O corpo carotídeo é inervado por dois nervos, o glossofaríngeo e o vago, com fi bras aferentes, que levam impulsos ao sistema nervoso central e promo vem as modulações necessárias para regular o pH. Em algumas sinapses, as células glômicas parecem funcio nar como corpos celulares de neurô nios pré-sinápticos, mas as relações específicas ainda são desconhecidas. O corpo aórtico é também uma es pecialização das artérias e localiza- -se no arco da aorta, entre a artéria subclávia direita e a artéria carótida comum direita, e entre a artéria ca rótida comum esquerda e a artéria subclávia esquerda. Sua estrutura e funções são similares às dos corpos carotídeos, ou seja, é composto por fibras aferentes que irão levar as alterações nos pH do sangue para o sistema nervoso central, e a partir dessa resposta é que irá ocorrer a re gulação, tendo em vista que o corpo aórtico é sensível à baixa tensão de oxigênio, à alta concentração de gás carbônico e ao baixo pH do sangue arterial. SISTEMA CARDIOVASCULAR 17 Capilares SE LIGA! Fisiologicamente, a pressão arterial é regulada pelo centro vaso motor do encéfalo, por meio do refle xo barorreceptor. Ao ocorrer os circui tos sistêmicos e pulmonar do coração, o centro vasomotor do cérebro, como resposta ao monitoramento contínuo do coração, controla o tônus vasomotor ou estado de contração constante das paredes dos vasos, o qual é modulado através de vasoconstrição e de vasodi latação. Nesse sentido, com a ativação do sistema nervoso simpático, os nervos vasomotores promovem a vasocons trição; já a vasodilatação é uma função do sistema parassimpático, e ocorre da seguinte forma: a acetilcolina presente nas terminações nervosas da parede dos vasos promove a liberação de óxido nítrico (NO) localizado nas células endo teliais (que pode ser liberado também a partir da fricção que o sangue promove na parede do vaso), que processam a mensagem para as células musculares lisas. Essas ativam o sistema de mo nofosfato cíclico de guanosina (cGMP), resultando no relaxamento das células musculares, o que dilata, assim, o lúmen do vaso. Ademais, quando a pressão sanguínea está baixa, os rins secretam a enzima renina, que irá clivar o angioten sinogênio circulante no sangue, forman do, dessa forma, a angiotensina I que irá se converter em angiotensina II por meio de uma enzima angiotensina, ECA. A angiotensina II é um potente vaso constritor que irá iniciar a contração do músculo liso, reduzindo, desse modo, o diâmetro do lúmen vascular, o que resul tará no aumento da pressão sanguínea, pois haverá diminuição da área do vaso e, com isso, aumento da pressão. Em ca sos mais graves, onde ocorre uma perda muito significativa de sangue, irá ocorrer uma liberação na hipófise do hormônio antidiurético, ADH, ou a vasopressina, que irá promover uma vasoconstrição. Os capilares são formados nas extre midades das arteríolas. São constituí dos de uma única camada de células endoteliais que se enrolam em forma de tubo. O diâmetro dos capilares va ria entre 7 a 9 mm e tem como exten são, no máximo, 50 mm. Esta camada dos capilares, geralmente é formada de 1 a 3 camadas de células. Essas células repousam sob uma lâmina basal cujos componentes molecu lares são produzidos pelas próprias células endoteliais. A forma que as células endoteliais se prendem uma a outra é denominada zônula de oclu são. Além disso, é lícito ressaltar a importância dos pericitos que estão localizados ao longo de toda a super fície externa da parede dos capilares e das pequenas vênulas, dentre as organelas que compõem os perici tos destacam-se: complexo de Golgi pouco desenvolvido, mitocôndrias, REG, microtúbulos e filamentos que se estendem para os prolongamen tos; além disso, essas células também possuem tropomiosina, isomiosina e proteína-quinase, todas tem rela ção com a contração que irá regular o fluxo de sangue através dos capila res. Os capilares ainda se subdividem em 4, são eles: contínuo , fenestrados, fenestrado e destituído de diafragma e sinusoides. SISTEMA CARDIOVASCULAR 18 Figura 8. Capilar contínuo. Fonte: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Figura 9. Capilar fenestrado. Fonte: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.;ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. SISTEMA CARDIOVASCULAR 19 Figura 10. Capilar sinusoide. Fonte: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Os capilares contínuos tem essa no menclatura, pois não têm fenestras, tão pouco furos em sua parede o que os diferenciam dos demais no aspecto visual. Os capilares contínuos podem ser localizados nos tecidos muscu lar, nervoso e conjuntivo; no tecido cerebral, eles são classificados como capilares contínuos modificados, ten do em vista que aquela região preci sa de diferenças morfológicas para suprir as necessidades fisiológicas daquele tecido. É pertinente ressaltar que as junções comunicantes que fi cam entre as suas células endoteliais são do tipo faixas de oclusão, esse tipo de junção comunicante é muito importante do ponto de vista fisiológi co, pois ela possui certa seletividade, impedindo a passagem de algumas moléculas, formando a barreira he matoencefálica. Substâncias como aminoácidos, glicose, nucleosídeos e purinas passam por essas junções, mas com o auxílio de carreadores. SE LIGA! As zônulas de oclusão têm um papel de extrema importância no que tange a fisiologia do sistema circulatório. Essas junções possuem permeabilidade variável a macromoléculas, consoante com o tipo de vaso sanguíneo, e desem penham um papel fisiológico significa tivo tanto em condições normais como patológicas. Os capilares fenestrados, como o próprio nome revela, têm fenestras e podem ser classificados com ou sem SISTEMA CARDIOVASCULAR 20 diafragma. Este diafragma não tem a estrutura trilaminar típica de uma unidade de membrana. A lâmina ba sal dos vasos capilares fenestrados é contínua. Os capilares fenestrados podem ser localizados em tecidos nos quais ocorrem trocas rápidas de substâncias entre os tecidos e o sangue, como o rim, o intestino e as glândulas endócrinas. Estas trocas são possíveis justamente por conta das fenestras e da delgada cama da que compõe o diafragma. Uma exceção é o glomérulo renal, com posto por capilares fenestrados sem diafragma. Neste tipo de capilar, na altura das fenestras, o sangue só está separado dos tecidos por uma lâmina basal muito espessa e contínua, di ferentemente dos capilares fenestra dos com diafragma que contam com mais uma camada. NA PRÁTICA! O edema é caracterizado pelo aumento da quantidade de líquido intersticial em um tecido ou então no interior de uma cavidade. Esse líquido acumulado no edema é composto por uma solução aquosa de sais e proteínas do plasma sanguíneo. O edema pode ter várias causas, mas a que é pertinente á nossa discussão é o edema provoca do por alterações na parede de um ca pilar, tais como dano ao endotélio, em que pode haver passagem de água e íons para fora do vaso, ocasionando o acúmulo de líquido no interstício. Nor malmente ocorre em casos de alergias agudas. Os capilares sinusoides têm células endoteliais e lâmina basal que são descontínuas e possuem muitas fe nestras grandes sem diafragma, au mentando as trocas entre o sangue e o tecido. A composição histológica é formada por células endoteliais que juntas formam uma camada descon tínua separadas por amplos espaços. Os sinusoides são revestidos por endotélio. Em alguns órgãos, o en dotélio é muito fino e contínuo, já em outros, ele pode ter áreas contínuas misturadas com áreas fenestradas, tome-se como exemplo, as glându las endócrinas. Além disso, consta ta-se que a lâmina basal tem uma descontinuidade durante o seu per curso. Há também a presença de ma crófagos entre as células endoteliais, mesmo as células endoteliais não possuindo vesículas pinocíticas. Os capilares sinusoides estão presen tes em alguns canais vasculares em certos órgãos do corpo, que incluem a medula óssea, o fígado, o baço, órgãos linfóides e algumas glându las endócrinas. A estrutura da pare de desses vasos possui uma grande vantagem fisiológica, haja vista que ela facilita o intercâmbio entre o san gue e os tecidos. SISTEMA CARDIOVASCULAR 21 CA PIL AR ES CONTÍNU OS CA PIL AR ES FEN EST RAD OS CO M DIA FRA GM A CAPILAR ES FE NESTR ADOS SEM DIAFRAG MA CAPILARE S SINUSOID ES Ausência de fenestras Possui fenestras nas pare des endotelia is obstruíd as por diafragm a Possu i fenest ras, mas não apre sent am diafr agm a; Cont êm fene stras sem diafr agm a Encontr ado em todos os tipos de tecido muscula r, tecidos conjunti vos, glân dulas exócrin as e tecido nervos o Enco ntra dos nos rins, intes tino s e glân dula s end ócri nas Cara cterí stico do glo mér ulo rena l Encontr ados no fígado e órgãos hemocit opoétic os. Tabela 3. Tabela capilares Classificação das veias As veias são vasos que transportam o sangue de volta para o coração. O início desse circuito inicia-se no re torno venoso, em que há a condução do sangue dos órgãos e tecidos de volta para o coração, na extremidade distal dos capilares, onde se iniciam pequenas vênulas. A partir disso, as vênulas lançam seu conteúdo em veias que vão aumentando o seu calibre e se tornando cada vez maio res. Sob um panorama histológico, as veias seguem em paralelo às artérias; contudo, suas paredes em geral estão colabadas, pois são mais delgadas e menos elásticas do que a parede das artérias e o retorno venoso é um sistema de baixa pressão. As veias são classificadas em três grupos, com base em seu diâmetro e espessura de sua parede: de pequeno, médio e grande calibres. Figura 11. Estrutura da veia. Fonte: https://mundoedu cacao.bol.uol.com.br/biologia/veias.htm. As vênulas e veias de pequeno ca libre possuem esse nome, pois a classificação das veias é baseada no diâmetro do vaso. As vênulas pos suem paredes que se assemelham às dos capilares, com um fino endo télio revestido por fibras reticulares SISTEMA CARDIOVASCULAR 22 e pericitos. Contudo, como diferença, os pericitos das vênulas pós capila res formam uma intrincada rede frou xa envolvendo o endotélio. À medida que o diâmetro da vênula aumen ta, as células musculares lisas dimi nuem o espaço entre elas e acabam por formar uma camada contínua nas vênulas musculares e nas veias de pequeno calibre. É válido lembrar que as vênulas pós-capilares possuem uma permeabilidade maior e, com isso, ocorre o intercâmbio de subs tâncias entre os espaços do tecido conjuntivo e o lúmen, não apenas nas vênulas pós-capilares que possuem uma maior permeabilidade, mas tam bém nos próprios capilares. Nesse local, ocorre a migração dos leucó citos da corrente sanguínea para os espaços teciduais. Estes vasos res pondem a agentes farmacológicos como a histamina e a serotonina. As células endoteliais das vênulas es tão localizadas nos órgãos linfoides em disposição cuboide e recebem o nome de vênulas de endotélio alto. NA PRÁTICA! A histamina tem alguns efeitos, dentre eles está o efeito vasodi latador que predomina sobre os vasos sanguíneos finos, tendo como resposta o aumento da permeabilidade vascular, em rubor, queda da resistência periférica total e redução da pressão sanguínea. Figura 12. Vênula. Fonte: Sanarflix As veias de médio calibre possuem menos de 1 cm de diâmetro e reali zam a drenagem na maior parte das regiões do corpo. Possuem uma tú nica íntima que inclui endotélio, lâ mina basal e fibras reticulares. Não há a formação de uma fibra elástica interna como em alguns tipos de ar térias, mas possuem uma rede elás tica que circunda o endotélio. Além disso, a túnica íntima possui tecido conjuntivo frouxo que tem função de preenchimento. Na túnica média, há a presença de células musculares lisas que se organizam em uma ca mada frouxa entremeada por fibras colágenas e elásticas. A túnica ad ventícia nesse tipo de veia costuma ser muito espessa e é composta por feixes de fibras colágenas e fibras elásticas dispostas longitudinalmen te, em conjunto com poucas células musculares lisas dispersas.SISTEMA CARDIOVASCULAR 23 As veias de grande calibre realizam o retorno do sangue venoso vindo das extremidades, da cabeça, do fíga do, diretamente para o coração. São exemplos de veias de grande calibre: veias cavas, pulmonares, porta, re nal, jugular interna, ilíaca e ázigo. A túnica íntima das veias de grande ca libre tem algumas semelhanças com as veias de médio calibre, porém, as grandes veias têm uma espessa ca mada subendotelial de tecido con juntivo contendo fibroblastos e uma rede de fibras elásticas, diferente das veias médias, que são mais delgadas. As veias de grande calibre não pos suem túnica média, com exceção de algumas das veias principais, como por exemplo, as veias pulmonares. A túnica adventícia possui muitas fi bras elásticas, várias fibras colágenas e vasa vasorum, o que permite uma boa nutrição, enquanto que a veia cava inferior possui células muscula res lisas dispostas longitudinalmen te na sua túnica adventícia. É perti nente ressaltar, ainda, que as veias pulmonares e as veias cavas ao se aproximarem do coração, têm células musculares estriadas cardíacas na camada adventícia. Figura 14. Túnica das SE LIGA! As valvas venosas são com postas por dois folhetos, cada um cons tituído por uma fina prega da túnica ínti ma, que sai da parede e se projeta para o lúmen. As valvas das veias são muito importantes, dentre elas, se destaca as valvas localizadas nas veias da perna, que atuam contra a força da gravidade. SISTEMA CARDIOVASCULAR 24 VEIA S GRANDE CALIBRE MÉDIO CALIBRE PEQUENO CALIBRE Túnic a íntim a A camada subendo telial de tecido conjunti vo é relativa mente espessa Endotélio e fibras reticulares Endoté lio delgad o e com fibras reticu lares e perici tos Túnic a médi a Pouco desenv olvida; Possui células muscul ares, poucas fibras Pouco desenvol vida ou pratica mente ausente Células musculares lisas Pouco desenvolvi da elástica s e reticula res. entreme adas por fibras. T ú n i c a adve ntícia Mais espess a que as a nt er io re s Bem desen volvid a Pode conter feixes de músculo liso Presen ça de agente s farm acoló gicos como a hista mina e a serot onina Ta bel a 4. NA PRÁTICA! Podemos encontrar veias dilatadas e tortuosas, as denomi nadas veias varicosas, com formato al terado, acarretando em uma patologia muito conhecida pelos indivíduos, as famigeradas varizes, que surgem devido à insuficiência das válvulas, que desen cadeia refluxo e dilatação. Como resul tado disso, ocorre distensão contínua, as veias perdem sua elasticidade, e, devido à falta de elasticidade e ao mal funcio namento das válvulas, o sangue passa a ficar parado nelas, gerando mais dilata ção e mais refluxo. Figura 15. Comparação veia varicosa e veia normal. Fonte: https://www.msdmanuals. com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cor a%- C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sang u%- C3%ADneos/dist%C3%BArbios-veno sos/ veias-varicosas O tratamento das varizes varia de acor do com o paciente, sendo fundamental avaliar qual veia acometida. Dentre os tratamentos, destacam-se o cirúrgico e a escleroterapia (aplicação de medica mentos denominados esclerosantes). Figura 16. Varizes em membros inferiores. Fonte: https://eigierdiagnosticos.com.br/blog/ doencas/como-acabar-com-varizes/ Coração HORA DA REVISÃO! O coração está localizado no mediasti no, cerca de dois terços de sua massa está à esquerda da linha mediana. Tem a forma de um cone deitado de lado. Seu ápice é a parte inferior pontiaguda; sua base é a ampla parte superior. Essa eficaz bomba fica recoberta por uma membrana, denominada pericárdio, que possui a função primordial de proteção contra choques mecânicos. Entre uma camada e outra do pericárdio encontra- -se um líquido lubrificante, que reduz o atrito pericárdico entre as duas mem branas. Fisiologicamente e anatomica mente, o coração conta com 4 câmaras eficazes, duas delas são os ventrículos, o direito recebe sangue do átrio direito, já o ventrículo esquerdo bombeia o san O coração é um órgão muscular que bombeia o sangue através dos vasos sanguíneos do sistema circulatório. O sangue que flui no sistema circu latório fornece ao corpo oxigênio e alguns nutrientes e ajuda a eliminar resíduos metabólicos. gue oxigenado através da valva da aorta até a aorta. O coração conta ainda com mais duas câmaras, os átrios: o direito recebe sangue da veia cava superior, veia cava inferior e seio coronário por meio da atrioventricular direita. O átrio esquerdo recebe o sangue arterial (com O2) do pulmão conduzido pelas veias pulmonares. Figura 18. Box anatomia. Fonte: https://www. passeidireto.com/multiplo-login?returnUr l=%- 2Farquivo%2F69557375%2Fanatomia- cora cao SISTEMA CARDIOVASCULAR 27 Camadas da parede cardíaca As camadas da parede cardíaca con tam com 3 tipos diferentes, endo cárdio, miocárdio e o epicárdio. A primeira camada, a mais interna, é o endocárdio, formado por um en dotélio do tipo epitélio simples pa vimentoso e pelo tecido conjuntivo subendotelial, que tem como função revestir o lúmen do coração. O en docárdio é contínuo com a túnica íntima dos vasos sanguíneos. Mais internamente, encontra-se uma ca mada de tecido conjuntivo denso, rico em fibras elásticas misturadas com algumas células musculares lisas. Abaixo do endocárdio, situa-se uma camada subendocárdica, cuja constituição histológica é compos ta de tecido conjuntivo frouxo, que contém pequenos vasos sanguíne os, nervos e fibras de Purkinje do sistema de condução do coração. A camada subendocárdica consti tui o limite do endocárdio, através do qual esta túnica se liga ao endomísio do músculo cardíaco. É lícito pontuar que o endomísio é uma camada de tecido conjuntivo que engloba uma fibra muscular e é composta, princi palmente, por fibras reticulares. Além disso, contém capilares, nervos e va sos linfáticos. Figura 19. Corte histológico do coração. Fonte: BREIJE, T. C.; SORENSON, R. L. Histology guide: virtual histology laboratory. 2020. Disponível em: http://www.histologyguide.com/. Acesso em 04/05/2020. SISTEMA CARDIOVASCULAR 28 A camada intermediária é o miocár dio, muito importante do ponto de vista fisiológico no que concerne a transmissão do impulso nervoso. O miocárdio é a mais espessa das três camadas do coração, forma da por células musculares estria das cardíacas dispostas em espi rais complexas ao redor dos orifícios das câmaras. Tais células muscula res estriadas cardíacas são impor tantes no que concerne à fixação do miocárdio ao esqueleto fibroso do coração. Outras células possuem especializações para secreções en dócrinas, assim como para geração ou condução dos impulsos cardí acos. Essa camada ainda conta com um importante marcapasso natural, o nó sinoatrial. É pertinente ressal tar que o nodo sinoatrial é uma mas sa de células musculares cardíacas especializadas, formadas por células fusiformes, menores do que as célu las musculares do átrio e apresentam menor quantidade de miofibrilas. Al gumas células musculares do nodo atrioventricular sofrem modificações, e passam a ser reguladas por impul sos provenientes do feixe atrioven tricular (feixe de His). As fibras do feixe atrioventricular passam pelo septo interventricular conduzindo o impulso para o músculo cardía co, produzindo assim uma contra ção rítmica. Anatomicamente falan do, mais distalmente, essas células tornam-se maiores e adquirem uma forma característica. Elas são conheci das como células de Purkinje e pos suem um ou dois núcleos centrais e citoplasma rico em mitocôndrias e gli cogênio. Tais células transmitem os impulsos para as células muscula res estriadas cardíacas localizadas no ápice do coração. Células mus culares cardíacas especializadas, que se localizam primariamente na pare de atrial e no septo interventricular, produzem e secretam um conjunto de pequenos peptídeos. Tome-se como exemplo, a atriopeptina, polipeptí deo natriurético atrial, cardiodila tina e cardionatrina, que são libera dos nos capilarescircundantes. Estes hormônios auxiliam na manutenção de fluidos e no balanço eletrolítico e diminuem a pressão sangüínea. Figura 20. Corte histológico - disco intercalado. Fonte: BREIJE, T. C.; SORENSON, R. L. Histology guide: virtual histology laboratory. 2020. Disponível em: http://www. histologyguide.com/. Acesso em 04/05/2020. SISTEMA CARDIOVASCULAR 29 Figura 21. Miocárdio. Fonte: BREIJE, T. C.; SOREN SON, R. L. Histology guide: virtual histology laboratory. 2020. Disponível em: http://www.histologyguide.com/. Acesso em 04/05/2020. SE LIGA! A camada intermediária, o miocárdio, possui algumas especializa ções, dentre elas está o nó sinoatrial, atrioventricular e feixe de His (fibras de purkinje). Nó ou nodo sinoatrial é um marcapasso fisiológico natural, localiza- -se na junção da veia cava superior com o átrio direito. Estas células musculares cardíacas nodais especializadas tendem a se despolarizar espontaneamente 70 vezes por minuto, gerando um impulso que se espalha pelas paredes da câma ra atrial, através de vias internodais até o nó ou nodo atrioventricular, localizado na parede septal, logo acima da valva tricúspide. Além disso, há o feixe de His, situado no interior do músculo cardíaco do septo interventricular. A composição histológica desse feixe é por cardiomió citos, ou seja, células musculares cardí acas especializadas, que não possuem a capacidade contrátil para se tornarem condutoras rápidas de impulsos ner vosos, facilitado por meio do fluxo iô nico, que passam através das junções comunicantes. Figura 22. Condução de impulsos anato mia. Fonte: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. O epicárdio é a camada mais exter na do coração, também é denomina do camada visceral do pericárdio, constituído por um epitélio simples pavimentoso, denominado meso télio. A camada subepicárdica é for mada por tecido conjuntivo frouxo que contém vasos coronários, nervos e gânglios. Além disso, essa é a re gião em que a gordura é armazenada na superfície do coração. Há também as raízes dos vasos que entram e saem do coração, onde há a forma ção do pericárdio, que é dividido em fibroso e seroso. O pericárdio é uma espécie de saco que recobre o coração, possuindo, como dito ante riormente, duas estruturas: a exter na que é fibrosa, e a interna, serosa. SISTEMA CARDIOVASCULAR 30 A fibrosa recobre externamente os grandes vasos, e a interna possui uma constituição mais serosa, o pe ricárdio seroso, constituído por duas lâminas: a lâmina parietal e a lâmina visceral. A lâmina parietal é a mais externa e recobre a superfície interna do pericárdio fibroso e a lâmina visce ral, ou epicárdio, é a reflexão ao nível dos grandes vasos da lâmina parietal em direção ao coração. O pericárdio fibroso possui uma constituição his tológica composta por uma camada densa de faixas colágenas que se entrelaçam com o esqueleto de fibras elásticas. É importante assinalar ain da que o coração está preso no me diastino por ligamentos, como por exemplo a base do coração que está presa ao centro tendíneo do múscu lo diafragma, por meio do ligamento freno-pericárdio. Figura 23. Camadas do coração. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/41665 3403020778303. Fonte: https://lacunoesc.wordpress.com/ 2015/07/25/anatomia-cardiaca-p arte-1/ SISTEMA CARDIOVASCULAR 31 NA PRÁTICA! Algumas patologias são decorrentes de alguns distúrbios no tecido cardíaco, dentre elas doença coronariana e pericardite. Figura 24. Doença coronarianA. Fonte: https://www.brasil247.com/geral/ doenca-coronariana-imagiolog ia-para-monitorar-as-arterias A Cardiopatia Isquêmica é uma doença provocada pela obstrução nas arté rias coronárias, vasos que levam sangue para o coração, em decorrência do acúmulo de placas de colesterol que pode levar ao infarto do miocárdio ou até à insuficiência cardíaca. Os tratamentos incluem mudanças no estilo de vida, medicamentos, angioplastia e cirurgia Figura 25. Pericardite. Fonte: https://cardiologiahmt.com.br/pericardite- idiopatica/ Já a pericardite é uma inflamação da membrana que recobre e protege o co ração, podendo ser classificada como aguda ou crônica. O sintoma mais co mum é dor aguda no peito com irradiação para o ombro esquerdo e pescoço. A pericardite geralmente tem início rápido, contudo não dura muito tempo. A maioria dos casos é leve e costuma melhorar por conta própria. O tratamento dos casos mais graves pode incluir medicamentos e, raramente, cirurgia. SISTEMA CARDIOVASCULAR 32 Esqueleto fibroso cardíaco O esqueleto cardíaco, ou ânulo (anel) fibroso do coração, não é uma estru tura óssea como o esqueleto do corpo humano, mas um suporte estrutural fibroso para as câmaras do coração, o órgão principal do sistema cardio vascular. Sua constituição histológica é de tecido conjuntivo denso não modelado, incluindo três componen tes principais: anéis fibrosos, trígo no fibroso e o septo membraná ceo. Os anéis fibrosos localizam-se em torno da base da aorta, da artéria pulmonar e dos orifícios atrioventricu lares. O trígono fibroso é localizado na vizinhança da área da cúspide da valva aórtica. Já o septo membraná ceo forma a porção superior do sep to interventricular. De modo geral, o esqueleto cardíaco possui algumas funções, dentre elas a ancoragem das cúspides das valvas cardíacas, função muito importante, tendo em vista que de certo modo ela fixa as cúspides para que nenhum movi mento brusco a desloque. Além dis so, impede a distensão das valvas atrioventriculares e semilunares, haja vista que nas valvas atrioventri culares passam um grande fluxo de sangue, e o esqueleto fibroso impede que haja uma distensão excessiva. É importante pontuar ainda que possui duas funções extremamente impor tantes: serve como inserção dos fei xes do músculo cardíaco e promove o isolamento elétrico. Válvulas cardíacas As válvulas cardíacas são estrutu ras fibrosas, posicionadas na entrada e saída dos ventrículos, cuja função é garantir que o sangue siga numa única direção, sempre dos átrios para os ventrículos, e destes para a aorta e artérias pulmonares. É importan te salientar que tanto as válvulas de entrada como as de saída, em condi ções normais, se fecham em perfeita sincronia a cada batimento cardíaco. Qualquer distúrbio em umas das vál vulas prejudica o bom funcionamento do sistema circulatório, podendo cau sar trombos, coagulação no interior do vaso sanguíneo, fruto da agrega ção plaquetária. Algumas válvulas se destacam, como a válvula tricúspide (VT), localizada entre o átrio e o ven trículo direito. Ela possui três folhetos que se fecham no início da contração ventricular, impedindo que o sangue retorne do ventrículo ao átrio direito. Os folhetos são sustentados em for ma de um guarda-chuva pelas cor doalhas tendinosas. Além disso, há a válvula pulmonar (VP), posicionada na saída do fluxo sanguíneo do ven trículo direito para o tronco da artéria pulmonar. Seus folhetos se fecham no final da contração ventricular, evitan do que o sangue que atingiu a artéria pulmonar retorne para o ventrículo di reito. O diâmetro dessa válvula é me nor do que a válvula tricúspide. A vál vula mitral (VM), situada entre o átrio e o ventrículo esquerdo, tem como SISTEMA CARDIOVASCULAR 33 função evitar o refluxo de sangue do ventrículo para o átrio esquerdo. É im- portante pontuar que a VM se fecha no início da contração ventricular. APLICAÇÃO CLÍNICA: A febre reumá- tica (FR), também chamada de reuma- tismo infeccioso, é uma doença infla- matória que se desenvolve após uma infecção anterior provocada pelo estrep- tococo. Um dos sintomas da FR é a in- flamação no músculo do coração (cardi- te), além do sopro cardíaco, quando há comprometimento das válvulas do co- ração. O tratamento é medicamentoso, que incluem: prescrição de antibióticos específicos, tendo em vista que o agente infeccioso é uma bactéria. Além da pres- crição de medicamentos anti-inflamató-rios e de medicamentos anticonvulsivos. 34 SISTEMA CARDIOVASCULAR Pericárdio Miocárdio Endocárdio Camadas Válvulas cardíacas Esqueleto fibroso Mais externa Camadas Intermediária Mais interna Fibroso Seroso Impulsos nervosos Ancoragem Impede a distensão Isolante elétrico FUNÇÕES Lâmina pariental Lâmina visceral Fibras de Purkinje Nó sinoatrial Nó atrioventricular FUNÇÕES Exemplos Válvula tricúspide Fluxo de sangue unidirecional Válvula mitral Válvula pulmonar Anéis fibrosos Aorta Trígono fibroso Artéria pulmonar Valva aórtica Septo membranáceo Septo interventricular SISTEMA CARDIOVASCULAR 35 2. SISTEMA VASCULAR LINFÁTICO Além dos vasos sanguíneos, o corpo humano conta com um sistema de canais, cujas paredes são finas e re vestidas por endotélio que coleta o fluido dos espaços intersticiais e o retorna para o sangue. Este fluido é denominado linfa. Os vasos linfáti cos possuem uma estrutura similar à das veias, exceto por não apresenta rem uma separação clara entre as tú nicas (íntima, média, adventícia) e pe las paredes mais finas. A função do sistema linfático é realizar o retorno do sangue ao fluido dos espaços intersticiais. Ao entrar nos vasos ca pilares linfáticos, esse fluido contribui para a composição da parte líquida da linfa. Além disso, contribui ainda para a circulação de linfócitos e outros fatores imunológicos que penetram os vasos linfáticos quando eles atra vessam os órgãos linfoides. SE LIGA! O sistema vascular linfático se caracteriza por ser um sistema aber to, em que não há bomba, diferenciado do sistema cardiovascular que tem o coração como uma bomba que realiza a circulação do sangue em um sistema fechado. Capilares linfáticos Os capilares linfáticos possuem uma única camada de células endoteliais extremamente achatadas e uma lâ mina basal incompleta. É importante assinalar que eles se originam como vasos finos e sem aberturas termi nais. As células endoteliais ficam em uma conformação que se sobrepõem umas às outras em alguns locais, mas existem fendas intercelulares que facilitam o acesso ao lúmen do vaso. Além do mais, os capilares linfáticos se caracterizam por não apresenta rem fenestras e não estabelecerem junções de oclusão umas com as outras. Os feixes de filamentos de ancoragem linfáticos (5 a 10 nm de diâmetro) terminam na membrana plasmática luminal. Pesquisas ainda estão sendo feitas e acredita-se que estes filamentos possam desempe nhar um papel mantendo a patência do lúmen destes vasos delicados. Vasos linfáticos Os vasos linfáticos de pequeno e médio calibres se caracterizam por possuírem valvas com espaçamento próximo. Os grandes vasos linfáti cos assemelham-se estruturalmen te às pequenas veias, exceto por seus lúmens serem maiores e suas paredes mais finas. Os grandes vasos linfáticos possuem uma fina camada de fibras elásticas e uma delgada camada de células musculares li sas. Esta camada de músculo liso é envolta por fibras elásticas e colá genas que se fundem com o tecido conjuntivo circundante, assemelhan do-se muito a uma túnica adventícia, contudo os estudiosos não entraram SISTEMA CARDIOVASCULAR 36 em consenso sobre os capilares linfá ticos terem túnicas. Nas porções entre as válvulas, os vasos linfáticos apre sentam- se mais dilatados e exibem um aspecto nodular ou “em colar de contas’’. Os vasos linfáticos possuem válvulas em forma de bolso, como as das veias, e elas asseguram o flu xo da linfa numa só direção. Estão ausentes no sistema nervoso central (SNC), na medula óssea, nos múscu los esqueléticos (mas não no tecido conjuntivo que os reveste) e em es truturas avasculares. SE LIGA! A anatomia dos vasos linfáti cos superficiais e profundos atravessam os linfonodos em seu trajeto no sentido proximal, tornando-se maiores à medida que se englobam com os vasos que dre nam em regiões adjacentes. Os grandes vasos linfáticos entram em grandes va sos coletores denominados troncos lin fáticos, que se unem para formar o ducto linfático direito ou ducto torácico. CAPILARES LINFÁTICOS Paredes Características Finas Não possuem fenestras Alta permeabilidade Não possuem junções de oclusão C Única camada endotelial Pequeno VASOS LINFÁTICOS Calibre Valvas Grande Fluxo unidirecional Camada Fibras elásticas Tecido conjuntivo Células musculares lisas SISTEMA CARDIOVASCULAR 37 Ductos linfáticos Os ductos linfáticos são semelhan tes às grandes veias, com algumas diferenças, pois lançam seu conte údo nas grandes veias do pescoço. O ducto torácico e o ducto linfático direito, desembocam na junção das veias jugular interna esquerda com a veia subclávia esquerda na con fluência da veia subclávia direita e a veia jugular direita interna. Ao longo de seu trajeto, os vasos linfáti cos atravessam os linfonodos. O duc to linfático direito tem como função recolher a linfa do quadrante superior direito do corpo, já o ducto torácico recolhe a linfa do restante do corpo. Dentre todos os ductos o maior, o ducto torácico, tem sua origem no ab dome como a cisterna do quilo, e as cende através do tórax e do pescoço para desembocar na junção das veias jugular interna e subclávia esquerdas. A túnica íntima dos ductos linfáti cos tem sua constituição histológica formada por um endotélio e muitas camadas de fibras elásticas e colá genas. A túnica média possui uma camada condensada de fibras elás ticas que se assemelha a uma lâmina elástica interna, contudo não pode ser nomeada de lâmina elástica interna. Além disso, encontram-se presentes na túnica média camadas de múscu lo liso em disposições longitudinal e circular. A túnica adventícia contém células musculares lisas com orien tação longitudinal e fibras colágenas que se fundem com o tecido conjun tivo circundante. Ao penetrar nas pa redes do ducto torácico, existem pe quenos vasos semelhantes aos vasa vasorum das artérias. NA PRÁTICA! Células de tumores ma lignos, em especial os carcinomas, se confluem pelo corpo por meio dos va sos linfáticos. Quando as células ma lignas chegam até um linfonodo, elas ficam mais lentas e multiplicam-se, sur gindo, assim, a metástase, ou seja, um tumor em local secundário. Por isso, na remoção cirúrgica de um crescimento canceroso, o exame dos linfonodos e a extração tanto dos linfonodos aumenta dos como dos vasos linfáticos associa dos daquele trajeto são essenciais para a prevenção do crescimento secundário do tumor. 38 SISTEMA CARDIOVASCULAR Pequeno calibre e vênulas Médio calibre Válvulas Camadas Esqueleto fibroso Coração Febre reumática Endocárdio Anéis fibrosos Miocárdio Trígono fibroso Pericárdio Septo membranáceo Grande calibre Veia SISTEMA CIRCULATÓRIO Paredes finas Camadas Capilares linfáticos Alta permeabilidade 1 camada endotelial Elástica Musculares médias Sistema Cardiovascular Artéria Capilares Sistema Vascular Linfático Ductos linfáticos Vasos linfáticos Ducto direito Ducto torácico Cisterna do quilo ArteríolasContínuo Com diafragma Fenestrados Sem diafragma Sinusoide Válvulas Calibre Grande Pequeno SISTEMA CARDIOVASCULAR 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BREIJE, T. C.; SORENSON, R. L. Histology guide: virtual histology laboratory. 2020. Disponí vel em: http://www.histologyguide.com/. Acesso em 04/05/2020. GARTNER, Leslie P. Tratado de histologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. KOEPPEN, B.M.; STANTON, B.A. Berne & Levy: Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 864 p SISTEMA CARDIOVASCULAR 40
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