Buscar

Artigo - 15 Congresso - 2018

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O Estado Islâmico e Suas Estratégias para o Recrutamento de Brasileiros: Um Estudo das Ameaças às Olimpíadas de 2016
Bárbara Nunes Teixeira [footnoteRef:1] [1: Aluna do curso de graduação em Relações Internacionais Centro Universitário do Distrito Federal – UDF – 6º semestre] 
Guilherme Adams Guimarães Sales [footnoteRef:2] [2: Aluno do curso de graduação em Relações Internacionais Centro Universitário do Distrito Federal – UDF – 5º semestre] 
João Paulo Alves Assêncio [footnoteRef:3] [3: Aluno do curso de graduação em Relações Internacionais Centro Universitário do Distrito Federal – UDF – 5º semestre] 
Rafaela Batista da Silva [footnoteRef:4] [4: Aluna do curso de graduação em Relações Internacionais Centro Universitário do Distrito Federal – UDF – 7º semestre] 
Victória Desireé Carvalho Beltrão [footnoteRef:5] [5: Aluna do curso de graduação em Relações Internacionais Centro Universitário do Distrito Federal – UDF – 6º semestre
] 
Centro Universitário do Distrito Federal - UDF
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar a possível ameaça do terrorismo no Brasil, devido a sediação de grandes eventos esportivos que acabaram por chamar a atenção de terroristas islâmicos. É por meio de uma contextualização da atuação terrorista no mundo a partir dos atentados de 11 de setembro de 2001 e analise de documentos brasileiros referentes a essa temática, que será analisado o comportamento do Brasil diante desse fenômeno. As Olimpíadas de 2016 trouxe uma percepção do terrorismo e do seu perigo para os seus cidadãos, devido ao crescente numero de ameaças direcionadas ao Brasil com o aumento crescente do uso das redes sócias e internet. Com isso, a analise é feita em cima de acontecimentos recentes no país, e também a criação da Lei Antiterrorista e operações de segurança.
Palavras-chave: Terrorismo; Estado Islâmico; Recrutamento; Antiterrorismo; Brasil.
Preparado para o XV Congresso Acadêmico sobre Defesa Nacional, a ser realizado na Academia da Força Área, Pirassununga/SP, no período de 27 a 31 de agosto de 2018.
Introdução
A proposta deste artigo científico é desenvolver uma análise através da metodologia de revisões bibliográficas de documentos variados, como recortes jornalísticos, tratados internacionais, relatórios e artigos da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e legislação brasileira referentes ao terrorismo no sistema internacional correlacionado ao Brasil a partir da perspectiva do recrutamento de organizações terroristas, especificamente o Estado Islâmico.
 Na primeira seção serão abordados aspectos terroristas no sistema internacional, onde é destacado a não existência de uma definição única e consentida do termo terrorismo, mas que se pode inferir que é o uso do terror como forma de estratégia, seja para fins políticos ou outrem. O terrorismo não surgiu após os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York, mas sim séculos antes de Cristo por terroristas denominados Zealots-Sicarri que tinham a finalidade de criar uma revolta contra o império Romano na Judeia. Outro histórico de terrorismo de décadas atrás se deu durante a Revolução Francesa onde o significado não era negativo, mas sim o estabelecimento de uma ordem durante uma transição caótica com a presença de revoluções contra o próprio governo. O terror ganhou um maior destaque na agenda de segurança internacional após o ataque em 11 de setembro de 2001, onde causou a morte de 3.234 pessoas e o desaparecimento de outras 24 (BAIRROS, 2008). Logo após a tragédia de 11 de setembro, o Presidente Bush reviu leis antiterroristas em questão de um mês para que nada parecido chegasse a acontecer novamente. 
Na segunda parte do artigo é apresentado o terrorismo no Brasil, pois mesmo estando longe da realidade brasileira, onde não ocorrem ameaças nem ataques terroristas, é importante ter leis e ser signatário de diversos tratados internacionais que ajudam a combater o terrorismo. Como uma medida necessária, houve uma recomendação de uma Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) para a criação de um grupo que fosse especializado no assunto de contraterrorismo, que acabou tornando-se o Comando de Operações Táticas (COT), da Polícia Federal. Embora houvessem criticas devido à inexistência de uma legislação que definisse e criminalizasse o terrorismo, que foi criada somente em 2016 (Lei nº 13.260/2016), o Brasil já trazia na Constituição Federal dois artigos que mencionavam terrorismo. A Copa do Mundo de 2014 colocou o Brasil no centro das atenções, inclusive de ameaças terroristas, tal como já ocorrido em eventos esportivos, como nas Olímpiadas de Munique, em 1972, e em Atlanta, 1996. O terrorismo não se resume apenas a atentados terroristas, de modo que, no Brasil, foram criados esforços para impedir a lavagem de dinheiro para que não caia nas mãos de terroristas para financiar seus atos. 
E por fim, na última seção deste artigo será apresentado como o Estado Islâmico tem expandido seu recrutamento rapidamente com a ajuda de sua ferramenta mais poderosa, a internet. A técnica pela qual o EI faz propaganda do grupo é a mesma utilizada para a indução do consumidor à compra, através da dissonância cognitiva, onde fazem parecer que o EI é maior e melhor do que ele realmente é, pregando que os jovens possam se tornar heróis. O Brasil recebeu sua primeira ameaça do grupo em 2015 através de um Tweet, que foi confirmado pela ABIN como uma ameaça oficial. Diferentemente do imaginado, há brasileiros envolvidos com o Estado Islâmico, inclusive há uma página em Português para recrutamento e propaganda que é traduzida por um militante conhecido como “o Brasileiro”. Como esperado em eventos esportivos, o Estado Islâmico já proferiu sua ameaça direcionada a Copa do Mundo na Rússia através da divulgação de uma imagem do jogador brasileiro Neymar, na qual se encontra ajoelhado, alusiva às cenas de degolamento do grupo terrorista. 
O intuito desta pesquisa é analisar aspectos do terrorismo internacional além de apresentar o conceito de terrorismo com uma visão geral dentro do século XXI, abordando o 11 setembro como forma da reinserção do terrorismo em agendas internacionais, focando na atuação de um dos maiores grupos terroristas, o autodenominado Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS), analisando a percepção do terrorismo no Brasil além da relação aos documentos de defesa e segurança no Brasil tais como a Lei de Terrorismo, lei nº 13.260/2016, citações na Constituição Federal.
1- O Terrorismo e sua inserção no Cenário Internacional Globalizado 
Ainda que não exista consenso na comunidade internacional sobre uma definição legal apropriada[footnoteRef:6], pode-se, no entanto, afirmar, em termos gerais, segundo o escrito por Niaz Murtaza (2011), economista político da Universidade de Berkeley (Califórnia), em seu artigo publicado no periódico paquistanês Dawn, que terrorismo significa, literalmente, usar o terror como estratégia. Por sua vez, a palavra terror, assim definida por Jerrold Post (1998), em seu artigo “Terrorist Psychologic”, significa um estado psíquico de grande medo ou pavor, fruto do desconhecido, psicoses ou paranoias, crenças religiosas de ordem mágico-sobrenatural, catástrofes, guerras, fome, morte, ataque de animais ou outros fatores subjetivos. [6: Segundo André Luís Woloszyn, em sua obra “Terrorismo Global: aspectos gerais e criminais”, lançada em 2009, no período de elaboração do livro já se estimavam em torno de 160 definições diferentes para o termo, baseadas em sua constante evolução e diversidade de consequências.] 
De fato, a prática do terror esteve presente na história da humanidade expressada através do uso da violência, fazendo com que ações terroristas não se constituam num fenômeno atual. O fato mais surpreendente é que o agente mais letal nas ações de terror foi o próprio poder estabelecido a quem o praticava, sendo usado ora contra nações inimigas, ora contra seu próprio povo como forma de repressão (WOLOZYN, 2009).
De tal modo, dentre a série de temas contemporâneos de segurança internacional,atenção especial tem sido dada ao terrorismo, tanto por tomadores de decisão quanto por acadêmicos (LAQUEUR, 2003). Embora seja um fenômeno existente desde os primórdios da humanidade, o terrorismo tomou importância maior na agenda política internacional após os atentados de 11 de setembro de 2001 e impôs-se como debate necessário em diálogos intergovernamentais. A catástrofe marcou o ápice de um fenômeno que vinha tomando forma desde o final da década de 1980 e avançara de forma assustadora nos anos 1990. De fato, o terrorismo islâmico surgiu com alcance mundial, verdadeira globalização do radicalismo, levado a cabo, naquele momento, pela organização terrorista al Qaeda.
Paulo Bairros, Professor graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em seu artigo “11 de setembro de 2001: a versão oficial e as outras” define assim como versão oficial para os fatos ocorridos na ocasião:
Os ataques de 11 de setembro de 2001, também chamados de “atentados de 11 de setembro”, foram vistos oficialmente pelos norte-americanos como uma série de investidas suicidas, coordenadas pela Al-Qaeda, contra alvos estratégicos dos Estados Unidos. [...] na manhã desse dia, quatro aviões comerciais foram sequestrados. Os terroristas embarcaram em voos, saindo das cidades de Portland, Washington e Boston. [...] às 8 horas e 46 minutos, um Boeing 767 da American Airlines – o Voo 11 – bateu contra a torre norte do World Trade Center – WTC, em Manhattan, Nova Iorque. Às 9 horas e 3 minutos, outro Boeing 767, desta vez da United Airlines – o Voo 175 – atingiu a torre sul do WTC. [...] às 9 horas e 45 minutos, uma terceira aeronave, novamente da American Airlines – o Vôo 77 – foi direcionado pelos sequestradores para se chocar contra o Pentágono, no Condado de Arlington, Virgínia. Às 10 horas e 11 minutos, caiu a quarta nave, outra vez da United Airlines – o Voo 93 – cujos destroços ficaram espalhados num campo próximo de Shanksville, Pensilvânia. [...] SANT’ANNA (2006) resume a versão oficial da seguinte forma: em 11 de setembro de 2001, 19 terroristas, dirigidos por Osama Bin Laden, capturaram 4 aviões comerciais norte-americanos. [...] A sequência desses atentados causou a morte de 3.234 pessoas e o desaparecimento de outras 24. (BAIRROS, 2008, pg 5-8).
A citação exposta, além de nortear o leitor sobre o ocorrido à época, ajuda a perceber a tamanha gravidade do evento e entender o porquê da agilidade para rever as leis antiterroristas dos Estados Unidos. De fato, o processo foi bastante rápido: 
11 de setembro de 2001: Ocorrem os atentados terroristas nos Estados Unidos.
14 de setembro de 2001: O Presidente Bush decreta, com caráter retroativo, o estado de emergência nacional;
17 de setembro de 2001: O Departamento de Justiça aprova uma nova proposta de lei sobre terrorismo (a Lei de Mobilização Contra o Terrorismo);
2 de outubro de 2001: Elaborada a redação do texto por parte da Câmara dos Representantes;
4 de outubro de 2001: Elaborada a redação do texto por parte do Senado norte-americano;
23 de outubro de 2001: Proposta ratificada pela Câmara de Representantes;
24 de outubro de 2001: Votação da proposta pela Câmara de Representantes (o resultado da votação foi de 357 votos a favor e 66 contra);
25 de outubro de 2001: Aprovação da proposta pelo Senado norte-americano, sem emendas, por 98 votos a 1;
26 de outubro de 2001: O Presidente Bush converte o texto da proposta em lei. (VERVAELE, 2006)
O conjunto de princípios criados pelo Governo Bush após os atentados foram responsáveis pela reformulação da política externa norte-americana, a Doutrina Bush. O surgimento do conceito de ‘’Eixo do Mal’’, países que apresentam ameaça aos EUA e aos seus valores, (Irã, Iraque e Coreia do Norte) e a ‘’Guerra ao Terror’’, são conceitos relevantes para o entendimento da atuação intervencionista estadunidense no Oriente-Médio, i.e., as intervenções militares no Afeganistão e no Iraque. 
 A cronologia dos fatos que se seguiram ao atentado mostra como medidas de segurança foram reforçadas diante à ameaça imposta, naquele momento, pela Al Qaeda. Neste contexto, porém, outros grupos terroristas também ganhavam notoriedade no cenário internacional.
O grupo terrorista escolhido como foco deste artigo é o autodenominado Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS), um grupo insurgente e terrorista de inspiração islâmica sunita[footnoteRef:7]. O grupo controla territórios na Síria e no Iraque, mas possui células e simpatizantes em diversos países. [7: Segundo Vali Nasr, em seu livro “The Shia revival”, os xiitas constituem-se de muçulmanos que defendem a sucessão do califado pela hereditariedade, isto é, pelos descendentes da família de Maomé, profeta fundador do islamismo e autor do livro sagrado Alcorão. Já os sunitas, corrente totalmente oposta, acreditam que o sucessor do Profeta o sucedia apenas na sua função de líder da comunidade islâmica e não por sua relação especial com Deus e acreditam que o consenso da comunidade muçulmana para a escolha dos sucessivos califas reflete a verdade da mensagem islâmica, não tendo validade uma escolha feita apenas considerando-se o parentesco com Maomé.] 
Uma série de ataques atribuídos ao grupo e executados em países com forças de segurança e de inteligência bem capacitadas do Oriente Médio, da África, da Europa ou mesmo nos Estados Unidos, têm demonstrado a capacidade do ISIS em provocar a desordem e a instabilidade por meio da violência e do terror.
A principal fonte de financiamento do Estado Islâmico é o petróleo iraquiano. O grupo controla, desde junho de 2014, uma parte importante da indústria de petróleo do Iraque, no norte do país, e exerce controle sobre o campo de gás de Shaar e Baiji, onde está situada a maior refinaria iraquiana. Segundo pesquisas da Bloomberg, o EI consegue aproximadamente dois milhões de dólares por dia só com a venda de petróleo, que ocorre por intermediários na Síria e na Turquia, em mercados negros com o preço muito inferior ao do mercado internacional[footnoteRef:8]. (POLSON, 2014) [8: ] 
Outro quesito que tem chamado a atenção de pesquisadores e da mídia como um todo, é a quantidade de combatentes que o grupo tem conseguido reunir, vindos de diversos países do mundo. Alguns pesquisadores, como o alemão Jochen Müller, que estuda o islamismo e é especializado em jovens imigrantes, apontam como fatores que colaboram para a atração de muitos jovens para servirem como combatentes: o discurso veemente e acalorado realizado pelo Estado Islâmico; a falta de perspectivas de futuro; situações sociais de não aceitação, por exemplo, o preconceito em relação à etnia árabe e à religião islâmica, acirrado desde os atentados de 11 de setembro; e carência de um sentimento de pertencimento a uma comunidade que lhes represente.[footnoteRef:9] (TAUBE, 2014) [9: ] 
Quanto à quantidade de combatentes lutando pelo EI, os números são imprecisos e se alteram dependendo da fonte consultada. O 16º relatório da equipe designada pelo Conselho de Segurança da ONU (CSNU) para o monitoramento da Al-Qaeda contabilizou que, no ano de 2014, mais de 15 mil estrangeiros viajaram para a Síria e o Iraque a fim de lutar ao lado do Estado Islâmico e outros grupos extremistas. Já o Observatório de Direitos Humanos da Síria afirma que o exército do Estado Islâmico possui 50 mil homens somente na Síria, dos quais 20 mil são estrangeiros.[footnoteRef:10] (AL JAZEERA AND AGENCIES, 2014). [10: ] 
2 - O Terrorismo no Brasil e a Legislação
O tema terrorismo no Brasil é visto como algo longe de sua realidade por não haver as mesmas ameaças que outros tantos países sofrem, entretanto, não seria errado afirmar que desde a década de 80 o terrorismo já é alvo de preocupação de autoridades brasileiras. É fato que naquela época o terror não era tão presente como atualmente, sobretudo no Brasil, porém já era o suficiente para fazer com que as medidas necessárias ao seu combate começassem a ser tomadas. Como exemplo de tais esforços, pode ser citada a recomendação de uma CPI para a criaçãode um grupo especializado em contraterrorismo, que mais tarde se tornaria o Comando de Operações Táticas (COT), da Polícia Federal (LASMAR, 2014).
No período anterior aos ataques às Torres Gêmeas, em 2001, de fato o terrorismo foi algo distante da realidade brasileira, o que não significa que não houve certa preocupação em relação ao mesmo. Entretanto, há críticas em acerca do tratamento dado pela legislação brasileira ao terrorismo, ou a falta dela, devido a inexistência de uma legislação especifica que vise definir e criminalizar o terrorismo, o que apenas ocorreu em 2016 pele Lei nº 13.260/2016. Mesmo com tal distanciamento, a preocupação com este mal também pode ser evidenciada em outros aspectos, como por exemplo, na Constituição Federal, em seu artigo 4º, inciso VIII, que cita o “repúdio ao terrorismo e ao racismo”, como um dos princípios fundamentais que regem as Relações Internacionais do Brasil, e, mais adiante, no artigo 5º, inciso XLIII, o terrorismo, entre outros, é considerado “crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia”, (BRASIL. 1988).
Apesar de haver menção ao termo ”terrorismo” em alguns dispositivos, enquanto houve a falta de uma legislação específica que tratasse do terrorismo e que apresentasse uma conceituação do mesmo, o seu combate foi dificultado, havendo casos em que suspeitos de envolvimento com o terror foram acusados de outras práticas criminosas, se não o terrorismo, como, por exemplo, a atuação de diversos estrangeiros liderados por Jihad Chaim Baalbaki e Sael Basheer Yhaya Najib Atari (LASMAR. 2014). No caso, 19 pessoas foram presas, porém pela falta de uma legislação específica, foram acusados de outros crimes, dentre eles: clonagem de cartões de crédito, passagens aéreas, placas de veículos, celulares e obtenção fraudulenta de passaportes (LASMAR, 2014). Já houveram outros casos de pessoas relacionadas com o terrorismo que passaram pelo Brasil como Khalid Sheikh Mohammed, em 1995 (IDEM), que é considerado uma das mentes por trás dos ataques de 11 de setembro e que tempo depois seria preso na prisão de Guantánamo.
Como já foi explorado anteriormente, não há uma definição universal de terrorismo, havendo a realização do mesmo por diversos países e órgãos específicos que o conceituam da maneira que seja melhor entendida, e que, por muitas vezes, utilizam dessa definição para atender interesses específicos (BRANDÃO; BRITO. 2014).
Além da Constituição Federal, as leis de Segurança Nacional e de Crimes Hediondos, leis nº 7.170/1983 e nº 8.072/1990, também citam o terrorismo, porém não o conceituam, apenas dizendo que “atos de terrorismo” terão pena de 3 a 10 anos de reclusão e que a pena prevista no artigo 288 do Código Penal (que trata sobre Associação Criminosa), será de 3 a 6 anos.
2.1 - Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil em 2014 e 2016
Conforme a aproximação da realização de grandes eventos esportivos no Brasil, fica mais evidente a necessidade de um dispositivo legal que possibilite uma resposta a uma possível ameaça e amparo aos esforços realizados pelas forças de segurança para evitá-las.
No período posterior ao 11 de setembro, o terrorismo se tornou uma das principais pautas de Segurança Internacional, fazendo com que outros países passassem a se alinhar com o conjunto de princípios que formularam a Política Externa norte-americana em combate ao terror, a Doutrina Bush, e que resultou nas campanhas militares realizadas posteriormente no Afeganistão e no Iraque. 
Apesar do aumento da relevância do terrorismo na pauta de Segurança Internacional, ainda, este permanece com uma atuação longínqua da realidade brasileira durante o século XXI. A percepção de uma ameaça real ao Brasil começa se fazer presente com a confirmação da sediação de eventos de grande visibilidade recebidos em 2014 e 2016, i.e., a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O temor de que fosse possível um ataque terrorista em solo pátrio nunca foi tão grande quanto nestes dois momentos, sendo uma situação oportuna para a atuação de terroristas, já que houve a presença de milhares de atletas provenientes de todas as partes do mundo e pelo fato de haver um histórico de atentados em eventos esportivos, como as Olimpíadas em Munique, em 1972 e em Atlanta, em 1996.  
O período anterior a estes eventos coincidiu como a ascensão do grupo Estado Islâmico, que provocou grande temor ao realizar diversos ataques no Oriente-Médio e na Europa e espalhar a ideologia extremista. 
2.2 - A Lei Antiterrorismo e sua aplicação no Brasil
Em 2016, entrou em vigor a Lei Antiterrorismo, lei nº 13.260/2016, aprovada pelo Senado em 2015 e pela Câmara em fevereiro de 2016, que por sua vez:
Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de organização terrorista
 Trata-se da regulamentação do que já era presente na Constituição Federal sobre terrorismo. A Lei conceitua o termo como:  
...prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
§ 1o  São atos de terrorismo:
I - Usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa;
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;
V - Atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa: 
Em relação à polêmica referente à criação desta lei, pelo temor de alguns que esta pudesse ser utilizada como repressão de movimentos organizados existentes no Brasil, tais como o MST, a lei é clara ao expor em seu parágrafo 2o que:
 O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei.
A primeira vez em que tal lei foi aplicada foi em 2016, quando foram realizadas prisões de suspeitos envolvidos com o planejamento de atentados terroristas a serem realizados durante as Olimpíadas, pela Operação Hashtag, da Polícia Federal. Na ocasião, foram presos 13 suspeitos, dos quais 8 foram condenados por crimes como promoção de organização terrorista, recrutamento para organização terrorista e associação criminosa, (TOLEDO.2017).
O terrorismo não se limita apenas aos atos terroristas, há outras práticas em conformidade que também são alvos de preocupação. No Brasil, existem esforços para impedir a lavagem de dinheiro como forma de evitar que isso possa ser utilizada por terroristas como financiamento para suas atividades. O ministério da Fazenda atua nessa área através do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que é a Unidade de Inteligência Financeira brasileira (UIF), (LASMAR. 2014). A ABIN também é um órgão voltado, dentre outros objetivos, à prevenção de possíveis ataques terroristas, demonstrando em seus documentos, a Política Nacional de Inteligência (PNI) e a Estratégia Nacional de Inteligência (ENI), que reconhecemo terrorismo como ameaça no ambiente internacional e se comprometem a suprimi-lo, (BRASIL. 2017).
2.3 – Tratados Internacionais sobre Terrorismo no Brasil e no Mundo
O Brasil é signatário de diversos tratados internacionais acerca do terrorismo, que auxiliam o seu combate e reforçam o repúdio do Brasil referente a tais atos. São estes:
· Convenção relativa às infrações e a certos outros atos cometidos a bordo de aeronaves, Tóquio (1963);
· Convenção para a Repressão ao Apoderamento Ilícito de Aeronaves, Montreal (1970);
· Convenção para a Repressão aos Atos Ilícitos contra a Segurança da Aviação Civil, Montreal (1971);
· Convenção Internacional contra a Tomada de Reféns, Nova York (1979);
· Convenção sobre a Proteção Física do Material Nuclear, Viena (1980);
· Protocolo para a Repressão de Atos Ilícitos de Violência nos Aeroportos que Prestem Serviço à Aviação Civil Internacional, Montreal (1988);
· Convenção para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da Navegação Marítima, Roma (1988);
· Protocolo para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança de Plataformas Fixas localizadas na Plataforma Continental, Roma (1988);
· Convenção sobre a Marcação de Explosivos Plásticos para Fins de Detecção, Montreal (1991);
· Convenção Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com Bombas, Nova York (1997);
· Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo, Nova York (1999).
A participação brasileira nesses tratados demonstra que o país está comprometido em combater o terrorismo de todas as maneiras possíveis e está disposto a cooperar com outros estados para garantir a segurança no sistema internacional.
Segundo o Global Terrorism Index de 2014, o Brasil possui, de acordo com a classificação, o menor impacto de terrorismo, estando na posição nº 72, com uma pontuação de 1,72, em uma escala de 0 a 10, em que 0 é o menor impacto possível de terrorismo e 10 o maior. No índice de 2016, o Brasil ocupou a posição nº 80, com uma pontuação de 1,74. Em 2014 e 2016, países como Estados Unidos se encontrava nas posições nº 30 e 36, e Rússia nas posições nº 11 e 30. O estudo mais recente é de 2017 e o Brasil está na posição nº 87, o que demonstra que cada vez mais, há menos impactos do terrorismo no Brasil.
3 - O perigo do terrorismo no Brasil
 O Estado Islâmico (EI) é considerado um dos maiores grupos terroristas que existem hoje, e isso não é ao acaso. Seus números não são exatos, mas estima-se que chegue até 100 mil pessoas que fazem parte da organização terrorista. O grupo é famoso principalmente pelos ataques bem-sucedidos e pelo grande número de seguidores e recrutas (MERELES, 2016).
Diferente dos demais grupos terroristas, o EI usa como ferramenta a internet e as redes sociais para recrutamento e propaganda, assim ampliando o seu escopo na busca de simpatizantes e fanáticos religiosos, mas também tendo sucesso principalmente em atrair jovens e mulheres para o grupo ao redor do mundo (PASSOS, 2017, P. 22)
Segundo Risoti (2016, apud PASSOS, 2017) o Estado Islâmico foi o primeiro grupo terrorista a usar as redes sócias, como: Skype; WhatsApp; Facebook; Twitter; Instagram; YouTube e outros, como ferramenta de recrutamento, tornando o acesso aos escolhidos mais fácil. A internet serve como uma plataforma para o EI de disseminar sua palavra e “orientando o recrutamento, apresentando sua imagem como a fantasia máxima Jihadistas” (PASSOS, 2017, P. 22).
Segundo o jornalista Sérgio Henrique da Silva Pereira (2016), uma técnica muito usada pelos recrutadores é a de dissonância cognitiva, muito usada nas propagandas para induzir o consumidor à compra, na qual uma pessoa irá tentar justificar sua escolha através de conhecimentos pessoais plausíveis, ela tentará chegar ao conforto da sua escolha, mesmo que essa lhe traga algum incômodo. Pereira (2016) dá um exemplo de uma compra, na qual a pessoa não teria condições de pagar, porém pelo prazer da compra – e status social – ganhe no final, fazendo com que o aborrecimento de pagar a conta seja mínima em comparação ao objeto no final.
Essa tática de venda se assemelha a como os radicais induzem os jovens a entrar para o Estado Islâmico, o qual o conforto da escolha se baseia em ele se tornar um herói Jihadistas, salvar um Estado “injustiçado” pela violência ocidental e assim estão fazendo um bem maior, onde a escolha de matar se torna justificada. Portanto, essa tática serve principalmente para fazer com que o EI pareça muito mais forte do que seja, por meio de propagandas e mensagens de guerra, o EI mostra uma estrutura militar funcional, organizada e com propósito.
Consequentemente, contrário do que imagina, o Brasil não está muito longe da atenção dos terroristas. A primeira ameaça veio em 2015, da rede social Twitter, onde um dos chefes do EI, Maxime Hauchard, deixou a seguinte mensagem: “Brasil, vocês são o nosso próximo alvo, podemos atacar esse país de merda” (tradução livre)[footnoteRef:11], confirmada como oficial pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). [11: Texto original: “Brésil, vous êtes notre prochaine cible, nous pouvons attaquer ce pays de merde”] 
Embora o Brasil não corra risco eminente de ataque terrorista, já se têm notícias de brasileiros envolvidos com o islamismo. Em 2016, foi criado uma página na internet em português pelo EI com o objetivo de noticiar, recrutar e fazer propaganda das conquistas do grupo, com fotos, vídeos e textos que fazem apologia à violência. Estratégia essa para recrutar brasileiros e aumentar seu número de soldados pelo mundo. O responsável pela tradução e monitoramento da página, é o militante que se denomina Ismail Abdul Jabbar Al-Brazili, ou simplesmente “o Brasileiro”. (RANGEL, 2016)
Além da página em português, Al-Brazili também promete facilitar o acesso ao aliciamento e comunicação entre simpatizantes. E o número de possíveis recrutados brasileiros cresce, segundo o jornalista Rodrigo Rangel (2016), já há possíveis suspeitos de terem sidos recrutados pelos EI. A universitária de 20 anos, Karina Ailyn Raiol, sumiu quando ia a faculdade em 2016, e ainda hoje não se tem notícias dela, mas suspeitas de que tenha entrado ao Estado Islâmico foram confirmadas depois de encontrar mensagens trocadas pelo grupo no computador da jovem. [footnoteRef:12] [12: Artigo publicado no site Veja.com. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/o-ei-agora-tem-um-recrutador-de-brasileiros-ismail-al-brazili/>. Acesso em: 28 abr. 2018.] 
Em 2015, um filho de brasileiro foi morto lutando em nome do Estado Islâmico na Síria, seu nome era Brian de Mulder, porém usava o nome de Abu-Qassem Brazili, filho de cidadão belga e brasileiro, Brian se filiou ao EI em 2013 e mesmo não possuindo nacionalidade brasileira, carregava o nome de Brazili ou “Brasileiro”, em tradução, como combatente. (BRASIL, 2016)
Denúncias à Polícia Federal levaram a Ibrahim Chaiboun Darwiche, que depois de ter passado alguns meses na Síria, voltou ao Brasil e passava seu tempo em campos de treinamento de tiro. Com a permissão da Justiça, ele é vigiado 24 horas por dia, por meio de tornozeleira eletrônica e é proibido de chegar perto de escolas e lugares muito públicos. 
Esse crescente número de simpatizantes e propagandas islâmicas que chegam ao Brasil, preocupou as autoridades em 2016, época das Olimpíadas do Rio. Segundo o relatório da ABIN, divulgado em reportagem no site da VEJA: 
 A disseminação de ideário radical salafista entre brasileiros, aliada às limitações operacionais e legais em monitorar suspeitos e à dificuldade de neutralizar atos preparatórios de terrorismo, aponta para o aumento, sem precedentes no Brasil, da probabilidade de ocorrência de atentados ao longo de 2016, especialmente por ocasião dos Jogos Rio 2016” (RANGEL, 2016)
Ações da Polícia Federal, em 2016, conseguiu prender dez pessoas suspeitas de organizar atos terroristas, todos brasileiros. Por meio de conversas em redes sociais e grupos virtuais planejavam conseguir armamento para cometer crimes, com o nome de Defensores daSharia, o grupo foi preso 15 dias antes das Olimpíadas. 
No mesmo ano, devido às Olimpíadas, o Brasil atraiu muita atenção do Estado Islâmico. Em maio desse ano, foram criados canais em português no aplicativo Telegram, para pessoa que declaravam lealdade ao EI e com o intuído de espalhar propaganda extremista. Um deles, nomeado de Ansar al-Khilafah Brazil, tinha como intuito espalhar manuais e listas para cometer atentados terroristas durante os jogos olímpicos, dos itens estaria métodos de envenenamento dos jogadores, ataques a turistas e as delegações. 
Segundo a explicação do manual, um dos motivos para não se fazerem um ataque no Brasil – considerado um país neutro da guerra contra o Islã – seria o aumento do número de países que se encontrariam contra o EI. No entanto, a atenção que o Estado Islâmico deu ao país nas Olimpíadas fez com o que país, até então longe da guerra contra o terrorismo, se preocupasse com possíveis ataques. Hoje, sabe-se que não foram realizados ataques terroristas no país, porém as ameaças ao país não pararam. 
A ameaça agora é direcionada a próxima Copa do Mundo 2018, sediada na Rússia, onde Estado Islâmico divulgou uma imagem do brasileiro Neymar em uma nova ameaça, “Vocês não terão segurança até que a gente a tenha em um países muçulmanos" (tradução livre)[footnoteRef:13] , na qual o jogador se encontra ajoelhado em frente a um terrorista islâmico, fazendo referência à cenas de degolamento liberadas pelo grupo. (JORNAL DO BRASIL, 2017) [13: Texto original: “You will not enjoy security until we live it in Muslim Countries”] 
É relevante considerar que o Brasil não está longe de ameaças e perigos do terrorismo. Talvez o país não corra perigo de um ataque eminente em seu território, mas o surgimento do interesse do Estado Islâmico para com o país não pode ser ignorado. Jovens brasileiros estão cada vez mais abertos às propagandas e mídias dos extremistas islâmicos. Segundo HAQ (2014 apud PASSOS, 2017), os motivos para os jovens se interessarem são grandes. O apelo à aventura e heroísmo, além de se sentirem pertencentes a algo importante, auxilia no recrutamento.
O principal medo das autoridades são os chamados “lobos solitários”. Esses não são necessariamente religiosos islâmicos, mas concordam com as posições dos terroristas e atacam sozinhos, nome do grupo. A ABIN monitora redes sociais de suspeitos, pois a maioria dos possíveis convertidos brasileiros não pretendem deixar o país, mas sim trabalharem para tentar o aumentar do número de recrutas. (SILVA, 2016)
Conclusão
A partir do que foi apresentado, pode se refletir sobre o conceito de terrorismo no sistema internacional e suas consequências no âmbito brasileiro. Nos últimos tempos vemos a crescente manifestação do chamado terrorismo islâmico instaurado a partir do destaque dos atentados de 11 de setembro de 2001, a qual os Estados Unidos começaram sua “Guerra ao Terror”, fazendo com que o sistema internacional aderisse a uma nova agenda de segurança, baseada na cooperação e construção de uma causa a ser seguida por via de princípios voltados às alianças ocidentais para conter o novo inimigo, que dedica-se ao medo para perturbar o conceito de ordem democrática seguida pelo ocidente. Deste modo os Estados tendem a se preocuparem com um terceiro agente importante no que diz respeito à segurança internacional, pois até então os entraves guiados na sociedade internacional foram guerras entre os próprios atores Estatais. 
Seguindo esta justificativa, os sistemas de inteligência de diversos países foram adaptados e melhorados no que se concerne à contra inteligência, contenção e regulamentação formal ao novo inimigo que por muitas vezes pode ser confundido com outros tipos de manifestação que trabalham com a prática do terror. Ao mesmo tempo a ascensão do EI é vista como um fator preocupante, pelo fato de os interesses do grupo provocarem uma determinada atenção pela causa que é imposta. 
Sendo um dos principais objetivos do Estado Islâmico a política declarada contra os Estados alinhados a chamada Guerra ao Terror, os extremistas fundamentam seus atos de violência através de propagandas e com isso conseguem ser um ator importante no sistema, promovendo seus atos terrorista, e reafirmando a contextualidade de suas ações radicais através dos acontecimentos históricos promovidos pela agressão ocidental.
 Seguindo, de tal forma, a prática do terror imposta pelo grupo terrorista faz com que o medo se propague dentro das populações civis, interferindo na tomada de decisão dos Estados, no que se refere à segurança. Visto isso, o uso de ferramentas da globalização está propagando a causa terrorista, mas da mesma forma trabalha para ajudar os órgãos de inteligência dos Estados a se prevenir, fazendo com que o uso das inteligências seja ativo e presente para contenção de possíveis ataques a civis ou de não combatentes que por sua vez expressam o medo de tal ameaça dentro de seus regimes democráticos. 
No âmbito brasileiro pode-se ver um crescente debate sobre a causa que ganhou notoriedade quando o Brasil foi ameaçado através de uma rede social pelo grupo Estado Islâmico, que até então não possuía uma pauta de debate sobre o terrorismo internacional por diversos fatores que envolvem propriamente a sua política externa, política doméstica e as instituições democráticas que por fim expressam em uma linha histórica sua neutralidade no que tange os conflitos mundiais. Seguindo esta análise, a política externa brasileira trabalha para a cooperação e promoção do multilateralismo e resolução de conflitos através da via diplomática, buscando assim consolidar sua posição através de seus órgãos de defesa e segurança que trabalham em conjunto aos ideais da política externa contemporânea que tem como prioridade a cooperação com países de igual capacidade ou mesma situação no sistema internacional. 
Pode se entender que os fatores domésticos dentro do continente distanciam a causa brasileira de assuntos ligados a segurança internacional como o terrorismo, por meio de convivências que prezam pela cooperação dos povos e união entre a nações pacificamente. O Brasil por muito tempo se manteve distante de tal realidade até ser um país anfitrião de diversos eventos internacionais, como as Olimpíadas de 2016, sediadas no Rio de Janeiro, esta realidade mudou, e com isso houve uma movimentação no que tange os órgãos de defesa e segurança, alinhados em sistema de inteligência que trabalha para a contenção de ataques e participação de células de grupos terroristas no território brasileiro mas sem ter uma política agressiva ao assunto no que se refere ao caso do EI na região do oriente médio. 
Tal posição leva o Brasil a ter uma tranquilidade momentânea ao não enfrentar diretamente a causa terrorista, expondo assim suas ideias contra a política do grupo extremista, evitando um choque ideológico ou provocativo como, por exemplo, as atitudes tomadas pelas potências que recentemente sofreram atentados terroristas, e que por sua vez precisam trabalhar com a resposta eminente para justificar a sua população que algo está sendo feito para conter os novos inimigos. 
Desta forma, tal tranquilidade não é motivo de negligência no assunto, e sim sendo preciso um conjunto político para que a inteligência, defesa e segurança possam cooperar para tratar do assunto. Tais medidas foram implementadas pelo governo brasileiro através de ações de segurança conjuntas com a Polícia Federal e a ABIN, e na elaboração da Lei antiterrorismo n° 13.260/2016, para que os objetivos a serem atingidos sejam mais eficientes e alinhados a contenção da expansão do recrutamento do terrorismo no Brasil.
Referência Bibliográfica
ARTURI, Carlos Schmidt. Políticas de Defesa, Inteligência e Segurança. Porto Alegre : UFRGS/CEGOV, 2014. P. 168-186 ; il. (Capacidade Estatal e Democracia)
ALJAZEERA. Islamic state ‘has 50,000 fighters in Syria’. 2014. Disponível em: http://www.aljazeera.com/news/middleeast/2014/08/islamic-state-50000- fighters-syria-2014819184258421392.html. Acesso em18 de março de 2018.
BAIRROS, Paulo. 11 de setembro de 2001: a versão oficial e as outras. Fundação Universidade do Sul de Santa Catarina (Fundação Unisul). 2008. Disponível em http://paginas.unisul.br/agcom/revistacientifica/artigos_2008b/paulo_barrios.pdf. Acesso em 03 de abril de 2018.
BRASIL, Da Ansa. Extremistas divulgam há semanas métodos de terrorismo em português. 2016. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-07/extremistas-divulgam-ha-semanas-metodos-de-terrorismo-em-portugues>. Acesso em: 28 abr. 2018
CANTANHÊDE, Eliane; MATAIS, Andreza. Governo detecta recrutamento de jovens pelo Estado Islâmico. 2016. Disponível em: <http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,governo-detecta-recrutamento-de-jovens-pelo-estado-islamico,1655354>. Acesso em: 28 abr. 2018.
DIAS, Ana Alice Viana. Terrorismo no Brasil. BIC, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 113-123, 2015.
Institute for Economics and Peace. Global Terrorism Index: Measuring and understanding the impact of terrorism, 2017. Disponível em: http://visionofhumanity.org/app/uploads/2017/11/Global-Terrorism-Index-2017.pdf - Acesso em: 30/04/2018.
Institute for Economics and Peace. Global Terrorism Index: Measuring and understanding the impact of terrorism, 2016. Disponível em: http://economicsandpeace.org/wp-content/uploads/2016/11/Global-Terrorism-Index-2016.2.pdf - Acesso em:30/04/2018.
Institute for Economics and Peace. Global Terrorism Index: Measuring and understanding the impact of terrorism, 2014. Disponível em: http://economicsandpeace.org/wp-content/uploads/2015/06/Global-Terrorism-Index-Report-2014.pdf - Acesso em:29/04/2018.
JORNAL DO BRASIL. Após Messi, Estado Islâmico usa Neymar para ameaçar Copa do Mundo de 2018. 2017. Disponível em: < http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2017/10/29/apos-messi-estado-islamico-usa-neymar-para-ameacar-copa-do-mundo-de-2018/>. Acesso em 29 de abr. 2018.
LASMAR, Jorge Mascarenhas. A legislação brasileira de combate e prevenção do terrorismo quatorze anos após o 11 de setembro: limites, falhas e reflexões para o futuro. Revista de Sociologia e Política, v. 23, n. 53, p. 47-70, mar. 2015.
LAQUEUR, Walter. No End to War: terrorism in the twenty-first century. New York: Continuum, 2003.
MEIRELES, Carla. Tudo sobre o Estado Islâmico. Disponível em: <http://www.politize.com.br/estado-islamico-entenda/>. Acesso em: 28 abr. 2018.
MURTAZA, Niaz. Who is a terrorist?. 2011. Disponível em https://www.dawn.com/news/667359/who-is-a-terrorist. Acesso em 03 de abril de 2018.
O DIA. Estado Islâmico usa app para conseguir simpatizantes no Brasil, releva agencia. 2016. Disponível em:< http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2016-06-16/estado-islamico-usa-app-para-conquistar-simpatizantes-no-brasil-revela-agencia.html>. Acesso em: 28 abr. 2018.
PASSOS, Lourenço Medeiros. Terrorismo Nas Redes Sociais: Estudo de um audiovisual do Estado Islâmico. 2017. 60 p. Monografia (Graduação em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda) - Faculdade de Ciências Econômicas, Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2017.
PEREIRA, Sérgio Henrique da Silva. Como se dá o recrutamento de jovens ao Estado Islâmico?. 2016. Disponível em: <https://sergiohenriquepereira.jusbrasil.com.br/artigos/256050379/como-se-da-o-recrutamento-de-jovens-ao-estado-islamico>. Acesso em: 28 abr. 2018.
POLSON, James. Islamic State Earns $800 Million a Year From Oil Sales. Bloomberg. 2014. Disponível em https://www.bloomberg.com/news/articles/2014-10-20/islamic-state-earns-800-million-a-year-from-oil-sales. Acesso em 18 de março de 2018.
RANGEL, Rodrigo. O EI agora tem um recrutador de brasileiros: Ismail al-Brazili: História. 2016. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/o-ei-agora-tem-um-recrutador-de-brasileiros-ismail-al-brazili/>. Acesso em: 28 abr. 2018.
REICH, Walter. Origins of terrorism: psychologies, ideologies, theologies, states of mind. Woodrow Wilson Internacional Center for Scholars. 1998.
SANT’ANNA, Ivan. Plano de ataque: a história dos vôos de 11 de setembro. Objetiva. 2006.
SILVA, Igor Patrick. O Estado Islâmico pode mesmo atacar o Brasil?. 2016. Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/igor-patrick-silva/o-estado-islamico-pode-mesmo-atacar-o-brasil_a_21692522/>. Acesso em: 28 abr. 2018.
TAUBE, Friedel. Religião é só um pretexto para jovens se radicalizarem, diz especialista. DW. 2014. Disponível em http://dw.de/p/1DHP9. Acesso em: 18 março 2018. Acesso em 18 de março de 2018.
TREVISI, A. F.. Assessing the terrorist threat in the tri-border area of Brazil, Paraguay and Argentina. International Institute for Counter-Terrorism. Oct., 2013.
WOLOSYN, André. Terrorismo Global: aspectos gerais e criminais. EST Edições. 2009.

Outros materiais