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Onfalocele e Gastrosquise 1 Onfalocele e Gastrosquise Defeitos congênitos de parede abdominal caracterizados pela exteriorização de alças intestinais e visceras Onfalocele Defeito na linha média da parede abdominal, na porção central, epigástrio ou hipogástrio. As vísceras são recobertas por membranas translúcidas, o âmnio, o peritônio parietal e a geleia de Wharton, com o cordão umbilical sempre no ápice do defeito O defeito pode ser de tamanhos variáveis e conter ou não o fígado em seu interior Quanto maior o defeito, pior o prognóstico Gastrosquise O defeito na parede abdominal de espessura completa e é relativamente pequeno, localizado à direita do cordão umbilical que permanece em sua posição normal. Não há membranas recobrindo as vísceras Onfalocele e Gastrosquise 2 Fisiopatologia A parede abdominal se forma na quarta semana de gestação. Quando ocorre o dobramento do embrião, as dobras laterais formam as porções laterais da parede abdominal e as dobras cefálica e caudal formam o epigástrio e o hipogástrio. Na sexta semana, o intestino cresce rapidamente tornando a cavidade abdominal pequena para contê-lo resultando em protrusão do intestino médio → Hérnia fisiológica do intestino médio → envolve a rotação de 90º do intestino médio, sendo bem evidente na USG entre 9 e 11 semanas. A hérnia fisiológica se reduz por volta da 12º semana Onfalocele → formada por uma falha no retorno do intestino para a cavidade abdominal, acompanhada por rotação incompleta do intestino e ausência de fixação mesenterial Gastrosquise → a etiologia é menos esclarecida, uma teoria sugere que resulta de uma falha na formação do mesoderma da parede abdominal anterior e outra sugere uma involução da veia umbilical com enfraquecimento da parede abdominal (ruptura precoce da somatopleura paraumbilical ao nível da veia umbilical direita que encontra-se atrofiada) Prognóstico Proporção entre vísceras e cavidade abdominal: A desproporção entre as vísceras exteriorizadas e o tamanho da cavidade abdominal ditam o A onfalocele - B Gastrosquise Onfalocele e Gastrosquise 3 prognóstico → implica em maior ou menor dificuldade de redução cirúrgica das alças à cavidade abdominal Nas onfaloceles o conteúdo do saco herniário é maior e a cavidade abdominal é menor que na gastrosquise. Na gastrosquise, a desproporção entre o conteúdo eviscerado e a cavidade abdominal deve-se principalmente ao edema e espessamento das alças expostas ao líquido amniótico, que é ácido e irritante Presença de outras malformações e anomalias cromossômicas: malformações não jejunoileais (hérnia de diafragma, trissomias, cardiopatias congênitas) são mais comuns nas onfaloceles. a má rotação intestinal é quase sempre presente na onfalocele obs: malformações associadas mais comuns na onfaloceles: Síndrome da linha média decorrente de alteração embriológica da prega caudal e intestino terminal → fissura vesicointestinal, atresia cólica, extrofia da bexiga e ânus imperfurado e defeitos da coluna sacral e lipo ou meningocele. Síndrome ou pentalogia de Cantrell: defeitos do esterno, diafragma, pericárdio e malformações cardíacas, inclusive ectopia cordis Síndrome de Beckwith-Wiedemann: macroglossia, gigantismo, hipoglicemia por secreção inapropriada de insulina Trissomias 1315 e trissomias 1618 Características clínicas e morfológicas Onfalocele Recoberta por membranas Geralmente o fígado ou grande parte dele fazem parte do conteúdo herniário Defeito geralmente maior que 4cm Músculos reto-abdominais inserem-se nas margens costais e não no xifóide (ao contrário do Gastrosquise Defeito paraumbilical a direita do cordão umbilical e a falha é pequena, podendo estar ou não separada do cordão umbilical por uma ponte de pele Ausência de membranas recobrindo as vísceras Ao nascimento, as alças estão espaçadas, edemaciadas e aparentemente encurtadas Onfalocele e Gastrosquise 4 que ocorre na gastrosquise e na hérnia de cordão umbilical) Cordão umbilical localizado no ápice da protrusão herniária Cavidade abdominal nitidamente hipodesenvolvida Associação frequente com outras malformações Associação menos frequente com outras malformações Cavidade abdominal mais desenvolvida que na onfalocele obs: na gastrosquise é observada hipomotilidade do trânsito intestinal mesmo após a correção cirúrgica, o que é causado por maior imaturidade dos plexos nervosos entéricos Diagnóstico pré-natal USG detecta gastrosquise geralmente a partir da 20º semana (presença de alças flutuantes e defeito na parede abdominal à direita da linha média. A onfalocele é vista a partir da 18º semana e pode ser detectada no primeiro trimestre em USG tridimensional Alfafetoproteína materna elevada: diagnostica as duas condições mas é mais frequente na gastrosquise Tratamento Sempre que possível deve ser tentado o tratamento com fechamento primário Tratamento estadiado Onfalocele e Gastrosquise 5 deve ser utilizado apenas quando o fechamento primário não for possível, seja por critérios clínicos ou por medida direta da pressão intravesical Consiste na colocada de um silo (tela de silicone reforçada com dacron em formato de cilindro ou silo) O conteúdo do silo deve ser diariamente reduzido visando a redução progressiva do conteúdo à cavidade abdominal → o prazo máximo visado deve ser de 4 a 6 dias obs: medida da pressão intra vesical para estimar pressão abdominal obs: fechamento a beira do leito sem anestesia → deixar criança em decúbito lateral por algumas horas e depois reduzir conteúdo à cavidade abdominal e fechar o umbigo → melhor resultado estético Onfalocele e Gastrosquise 6
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