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Distopias testiculares 1 Distopias testiculares Introdução Os testículos se formam no polo inferior dos rins e descrevem um trajeto descendente até o escroto. O trajeto inicia-se pelo espaço retroperitoneal, junto a coluna lombossacra, continuando pelo anel inguinal profundo, canal inguinal, anel inguinal superficial até localiza-se definitivamente no escroto. em condições normais, ao nascimento os testículos já alcançaram sua posição no escroto Definição Situação anômala dos testículos, sempre encontrados fora do escroto, uni ou bilateralmente Classificação Criptoquirdia Ectopia testicular Testículo retrátil Criptoquirdia Os testículos estão fora do escroto, porém em algum ponto de seu trajeto normal Unilaterais Menores que os contralaterais eutópicos em 24% dos casos Distopias testiculares 2 Ausência do gubernaculum testis e do conduto peritoneovaginal (patente do testículo até o meio do canal inguinal) Podem ser palpáveis (deslizantes, superficiais, pubianos e canaliculares) ou impalpáveis (intra-abdominais e canaliculares que se deslocam para o abdome no momento da palpação) Os impalpáveis são mais comuns à esquerda De acordo com sua localização, pode ser classificada ainda em intra-abdominais, canaliculares, pubianos, superficiais e deslizantes: Intra-abdominais: Localizam-se na cavidade abdominal, espaço retroperitoneal, não ultrapassando o anel inguinal profundo Canaliculares: Localizam-se no canal inguinal. Alguns podem estar na cavidade abdominal, confundindo com os intra- abdominais, porém após a abertura do conduto peritoneovaginal, com ligeira tração eles ultrapassam o anel inguinal profundo atingindo o canal inguinal com facilidade Pubianos: Localizam-se na região pubiana, na emergência do anel inguinal superficial Superficiais: Localizam-se na loja inguinal superficial de Denis-Browne, situada entre a fáscia de Scarpa e a aponeurose do músculo olíquo externo Deslizantes: Localizam-se abaixo do anel inguinal superficial, próximo à região superior do escroto. Podem ser deslocados até o escroto manualmente mas depois retraem de volta à posição original. obs: é bilateral em 10 a 25% dos casos e as unilaterais são mais comuns no lado direito Distopias testiculares 3 obs: vanishing testis: são rudimentos de testículos e epidídimos localizados no escroto que se atrofiaram por distúrbios vasculares ocorridos na vida uterina. Os vasos testiculares e o ducto deferente são hipotróficos. Ectopia testicular Testículos fora do escroto e fora de seu trajeto normal. Descem pelo espaço retroperitoneal, atravessam o canal inguinal e tomam uma direção anômala Localizam-se no períneo, na base do pênis, na face interna do terço superior da coxa ou no hemiescroto contralateral Testículo retrátil Testículos localizados no escroto porém retraem-se ao canal inguinal quando submetidos a estímulos como leve toque manual no escroto, na face supero-interna da coxa, abdome inferior ou à exposição ao frio. Logo em seguida eles retornam a posição normal, também quando a criança está dormindo ou quando é colocada em água morna. Associação de uma hiperreflexia do músculo cremaster com uma insuficiente fixação da gônada ao escroto pelo gubernaculum testis Os vasos testiculares e o ducto deferente apresentam comprimento normal Etiologia: A descida testicular relaciona-se com o bom funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-testicular Considera-se a deficiência do hormônio gonadotrófico durante a vida intrauterina a principal causa da criptoquirdia Pode ser encontrada atrofia das células de Leydig a partir da segunda semana de vida em crianças com criptoquirdia além de níveis mais baixos de testosterona até os 2 anos obs: a ação local da testosterona, produzida pelo testículo fetal sobre o ducto de Wolff dá origem ao epidídimo, que é pré-requisito para a descida normal do testículo, uma vez que o gubernaculum testis, que provê o trajeto anatômico testicular está em contato com o epidídimo e não com o testículo Associação com anormalidades genéticas é comum, como trissomias 13 e 18, síndrome de Aarhog, Laurence-Moon-Biedl, Freeman-Sheldon e síndrome tríplice Distopias testiculares 4 Causas anatômicas ou mecânicas: aderências peritoneais, desenvolvimento insuficiente do canal inguinal, dos ângulos inguinais e do terceiro anel de McGregor, ausência da cavidade escrotal, gubernaculum testis insuficiente, hiperatividade cremastérica, conduto peritoneovaginal curto, diâmetro do testículo ou do epidídimo maior que o do canal inguinal e vasos testiculares curtos Patologia Alterações na espermatogênese As lesões histológicas do testículo provocadas pela criptoquirdia podem ocasionar a diminuição da fertilidade A permanência da gônada sob uma temperatura mais elevada do que a bolsa escrotal podem levar a alterações que podem ser observadas aos 612 meses Maturação atrasada das células germinativas com redução de seu número Hialinização de túbulos seminíferos Diminuição das células de Leydig Quanto maior o tempo que os testículos passam fora do escroto, mais graves serão as lesões histológicas, podendo levar, por fim, à completa esclerose do testículo. O testículo contralateral em posição normal apresenta alterações histológicas semelhantes às do testículo críptico porém menos intensas Degeneração maligna Causas: hipertermia dos testículos pela localização fora do escroto, interferência do suprimento vascular, possibilidade maior de traumas em testículos pubianos e superficiais exposição a excesso de estrógenos no primeiro trimestre da gestação Fatores de risco comuns: presença de hérnias inguinais e anomalias do trato urinário. O tipo mais comum é o seminoma, seguido pelos teratomas e carcinomas embrionários Carcinoma in situ precede o aparecimento de tumores seminomatosos e não seminomatosos Funções endócrinas A criptoquirdia não provoca alterações clínicas das funções endócrinas Distopias testiculares 5 Níveis elevados de LH em pacientes com testículos impalpáveis indicam anorquia bilateral Torção testicular É rara na criptorquidia, porém, em uma criança do sexo masculino com dor no abdome inferior e ausência do testículo ipsilateral na região inguinoescrotal, deve-se suspeitar de uma torção testicular intrabdominal Anomalias associadas As anomalias mais comuns associadas são hérnias inguinais, anomalias do trato urinário superior e anomalias do epidídimo (podem limitar ou bloquear o fluxo do esperma, sendo causa de infertilidade → pesquisar durante a orquidopexia) Diagnóstico Exame físico! Escroto vazio e pouco desenvolvido com palpação do testículo em outro lugar (canal inguinal, região pubiana, região superior do escroto) → criptorquidia Palpação do testículo no períneo, base do pênis, face interna do terço superior da coxa ou hemiscroto contralateral → testículo ectópico Testículos palpados na região pubiana e deslocados facilmente para a bolsa escrotal porém retraindo-se imediatamente para a posição original → testículos deslizantes Não palpação do testículo na região inguinoescrotal ou em sítios ectópicos → testículo intra-abdominal, atrofia testicular ou anorquia obs: na criptorquidia bilateral fazer exame de cariótipo para definição do sexo Testosterona baixa ou ausente + elevações de LH e FSH + ausência ao estímulo hormonal → diagnóstico provável de anorquia Tratamento Principais indicações da orquidopexia: Correção de uma anomalia visível da genitália externa Preservação das funções testiculares Prevenção de distúrbios psicológicos Preservação e prevenção de lesões testiculares que são irreversíveis e progressivas Distopias testiculares 6 Cura de hérnia inguinal diagnóstica no pré-operatório associada a criptoquirdia Profilaxia de torções testiculares e de orquiepididimites traumáticas Profilaxia possível ou diagnóstico precoce de neoplasias malignas nos testículos crípticos Idade cirúrgica: entre 1 e2 anos de idade 915 meses) Condições necessárias: Idade correta Via de acesso com boa exposição dos elementos e das estruturas Hemostasia e assepsia que evitem hematomas e infecções Alongamento adequado do funículo espermático Preparação da cavidade escrotal, sem comprometimento da anatomia e da fisiologia do escroto Colocação do testículo críptico no escroto em posição correta, sem tensão e sem torção dos vasos testiculares Tempos cirúrgicos Inguinotomia transversa ou oblíqua, ampla ou reduzida Encontro e mobilização do testículo críptico Mobilização e alongamento do funículo espermático Preparo da cavidade escrotal para receber o testículo críptico Pexia testicular sem alterações anatomofuncionais do escroto Complicações Lesão dos vasos testiculares e de suas anastomoses → atrofia parcial ou completa do testículo críptico Lesão vascular por tração exagerada da artéria testicular Torção dos elementos do funículo espermático no momento da colocação e fixação do testículo ao escroto Lesão direta do testículo no ato de sua pexia, com ou sem infecções pós- operatória Lesão do ducto deferente Distopias testiculares 7 Lesões escrotais Avaliação dos resultados situação escrotal no período pós-operatório imediato e tardio Avaliação da forma, consistência e volume do testículo Avaliação do espermograma Estudos histopatológicos Testículos ectópicos e retráteis Ectópicos: transferência cirúrgica do testículo situado em posição anômala para a cavidade escrotal, o tratamento é indicado ao diagnóstico. Retráteis: não apresentam significado patológico, não requerindo nenhum tratamento Tratamento hormonal Não é feito na criptoquirdia, apenas em testículos retráteis ou inguinais livro: LHRH intranasal Medcurso: HCG intramuscular ou GnRH intranasal Testículos altos todos os pacientes com esse tipo de testículo requerem exploração cirúrgica para diagnóstico diferencial com anorquia Se possível, devem ser abaixados cirurgicamente até o escroto e nele fixados ou então ressecados para evitar possível degeneração maligna
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