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ARCADISMO Cláudio Manuel da Costa Poemas escolhidos Soneto Leia a posteridade, ó pátrio Rio, Em meus versos teu nome celebrado; Por que vejas uma hora despertado O sono vil do esquecimento frio: Não vês nas tuas margens o sombrio, Fresco assento de um álamo copado; Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na tarde clara do calmoso estio. Turvo banhando as pálidas areias Nas porções do riquíssimo tesouro O vasto campo da ambição recreias. Que de seus raios o planeta louro Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro." A história por trás do poema Cláudio Manuel da Costa nasceu na atual cidade de Mariana, que é cortada pelo Rio do Carmo e foi uma das maiores produtoras de ouro do Império Português. A publicação em 1768 das Obras constitui o marco inicial do lirismo arcádico no Brasil. Escreveu várias poesias em que mostra preocupação com problemas políticos e sociais. O texto descreve uma paisagem campista, rural, colocando o Rio do Carmo no centro do poema. Parece que o objetivo do poema é celebrar, para a posteridade, o nome do pátrio rio, para que não seja esquecido com o passar do tempo. A paisagem não é apropriada a idealização do locus amoenus exigida pela poesia arcádica, porque lhe falta a sombra do álamo, as ninfas, o gado para a convenção do pastoralismo, situado em um país tropical, não conta com um verão ameno, e sim quente. Entretanto, citar as ninfas indica uma referência ao clássico. Na mitologia grega as ninfas, são divindades menores ligadas à natureza, que se relacionavam com mortais e deuses. A degradação do rio com suas águas sujas, turvas por causa da ambição dos europeus no garimpo do ouro. O planeta louro, o sol, ilumina através dos raios o movimento das águas e faz parecer que o ouro brota ali, dessa interação entre o sol e as águas do rio. Aparecem algumas características importantes do Arcadismo como: o bucolismo, a busca pela simplicidade, retorno ao clássico, entre outras.
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