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Didática: Conceitos e Tendências

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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIDÁTICA 
 
 
 
 
 
VENDA NOVA DO IMIGRANTE – ES 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 O QUE É DIDÁTICA? ....................................................................................................................... 4 
2 CONCEITUANDO O TERMO DIDÁTICA ......................................................................................... 6 
3 DIDÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................ 12 
4 EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL: MODALIDADES ........................................................... 13 
5 A ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO ........................................................................ 15 
6 A EDUCAÇÃO INERENTE À SOCIEDADE HUMANA ................................................................... 17 
7 OS DILEMAS DO PROFESSOR INICIANTE ................................................................................. 19 
8 O INÍCIO DA CARREIRA E A FORMAÇÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA .................................. 21 
9 A EDUCAÇÃO COMO MEIO DE TRANSFORMAÇÃO .................................................................. 22 
10 CARACTERÍSTICAS PECULIARES AO PROFESSOR ............................................................ 24 
11 A PEDAGOGIA COMO CIÊNCIA TRANSFORMADORA .......................................................... 26 
12 A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES ................................................................ 31 
13 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA PRÁTICA ESCOLARES ................................................... 34 
14 TENDÊNCIA LIBERAL E TENDÊNCIA PROGRESSISTA ........................................................ 36 
15 TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL ..................................................................................... 39 
16 TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSISTA ............................................................ 41 
17 TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA ............................................................... 43 
18 TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA ........................................................................................ 45 
19 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA ....................................................................... 49 
20 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA ........................................................................... 52 
21 TENDÊNCIA PROGRESSISTA “CRÍTICO SOCIAL DOS CONTEÚDOS” ............................... 55 
22 TENDÊNCIA LIBERAL (PEDAGOGIA LIBERAL) ...................................................................... 62 
23 TENDÊNCIA PROGRESSISTA (PEDAGOGIA PROGRESSISTA) .......................................... 64 
24 TENDÊNCIA PEDAGÓGICA: TRANSIÇÃO E CONFLITO ....................................................... 65 
25 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR: SABERES E FAZERES NECESSÁRIOS À ATUAÇÃO 
DOCENTE.............................................................................................................................................67 
26 ARTICULAÇÃO DE SABERES .................................................................................................. 69 
27 OS SABERES ESPECÍFICOS ................................................................................................... 70 
28 OS SABERES PEDAGÓGICOS E DIDÁTICOS ........................................................................ 72 
29 OS SABERES ARTICULADOS NA SALA DE AULA ................................................................. 75 
 
 
 
30 ARTICULAÇÃO DE SABERES EXIGE UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA DE 
ENSINO.................................................................................................................................................76 
31 FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................................................................................ 78 
32 AS 10 COMPETÊNCIAS ADQUIRIDAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA .......................................... 83 
33 COMPETÊNCIA NA EDUCAÇÃO.............................................................................................. 85 
34 OS DESAFIOS DA PROFISSÃO DOCENTE NA ATUALIDADE .............................................. 87 
35 A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PROFESSOR ................................................................ 89 
36 SER PROFESSOR: RESGATE PESSOAL E PROFISSIONAL ................................................ 91 
37 OS DESAFIOS DE SER PROFESSOR NA CONTEMPORANEIDADE .................................... 93 
34 A FORMAÇÃO E OS SABERES E FAZERES DOCENTES ..................................................... 95 
38 MÉTODOS DE ENSINO QUE PODEM SER USADOS NO ENSINO SUPERIOR ................... 97 
39 OS DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O ENSINO 
UNIVERSITÁRIO.................................................................................................................................103 
40 A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO ...................................................................... 108 
41 A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA PEDAGOGIA DE FREIRE ..................... 111 
42 OS DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE ................................................................................ 113 
43 ENSINO: AS ABORDAGENS DO PROCESSO ...................................................................... 117 
44 ABORDAGEM TRADICIONAL ................................................................................................. 119 
45 ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA ............................................................................. 121 
46 ABORDAGEM HUMANISTA .................................................................................................... 123 
47 ABORDAGEM COGNITIVISTA................................................................................................ 125 
48 ABORDAGEM SOCIOCULTURAL .......................................................................................... 127 
49 QUE FUNDAMENTA A AÇÃO DOCENTE? ............................................................................ 129 
50 A ESCOLA, O ALUNO, O PROFESSOR E O PROCESSO DE ENSINO E 
APRENDIZAGEM................................................................................................................................130 
51 A ESCOLA E O PROCESSO SOCIAL .................................................................................... 133 
49 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE E OS FUNDAMENTOS DO 
PLANEJAMENTO................................................................................................................................134 
52 PLANEJAMENTO E AÇÃO PEDAGÓGICA: DIMENSÕES TÉCNICAS E POLÍTICAS .......... 140 
53 ETAPAS DO PLANEJAMENTO ............................................................................................... 141 
54 REQUISITOS PARA O PLANEJAMENTO DO ENSINO ......................................................... 143 
55 A PRODUÇÃO DE UM PLANO ESCOLAR PARTICIPATIVO ................................................ 144 
 
 
 
56 A AVALIAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR ............................................................................ 147 
56 EXAMINAR PARA AVALIAR .................................................................................................... 149 
57 MEDIR PARA AVALIAR ........................................................................................................... 151 
58 AVALIAR PARA CLASSIFICAR OU PARA REGULAR ........................................................... 154 
59 AVALIAR PARA QUALIFICAR ................................................................................................. 156 
60 A PRÁTICA DO PROFESSOR EM AVALIAÇÃO .................................................................... 159 
61 BIBLIOGRAFIA BÁSICA .......................................................................................................... 1644 
 
1 O QUE É DIDÁTICA? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: i.calameoassets.com 
 
 
A didática tem como objeto de estudo o processo de aprendizagem e das 
inter-relações na sua globalidade, isto é, tudo o que nos ensinam ou o que 
ensinamos está ligado a uma didática específica, seja na escola, em casa, no 
trabalho ou simplesmente no nosso cotidiano. Desta forma está inteiramente ligada 
às teorias da educação 1, as teorias da organização escolar, as teorias do 
conhecimento e a psicologia da educação. Esse suporte teórico é à base da prática 
educativa. Assim todos nós, em qualquer área que atuamos, precisamos conhecer e 
nos dispor de recursos teóricos para organizar e articular o processo de ensino e 
aprendizagem comum e natural em nosso dia a dia. 
 
 
 
Pois bem, na concepção de Baline Bello Lima (2008)2, a palavra didática se 
associa à arrumação, ordem, logicidade, clareza, simplificação e costuma denotar, 
 
5 
 
portanto, bitolamento, limitação, quadradura. Segundo a autora, se ela adquiriu 
significados negativos, supõe-se que isso se deve ao fato do exercício regular da 
Didática em todos os níveis de ensino, com o uso de manuais carregados de regras 
e conselhos (o professor deve isso... o professor não deve aquilo... tem que...), 
verdadeiros receituários ou listagens de permissões e proibições que acabam por 
minimizar estes processos constitutivos. 
A Didática se caracteriza como mediação entre as bases teórico-científicas da 
educação escolar e a prática docente. Ela opera como “uma ponte” entre o “o que” e 
o “como” do processo pedagógico. Para isso, recorre às contribuições das ciências 
auxiliares da Educação e das próprias metodologias específicas. É, pois, uma 
matéria de estudo que integra e articula conhecimentos teóricos e práticos obtidos 
nas disciplinas de formação acadêmica, formação pedagógica e formação técnico-
prática, provendo o que é comum, básico e indispensável para o ensino de todas as 
demais disciplinas. 
 
 
 
Didática é uma disciplina de caráter pedagógico, voltada para o ensino. É uma 
disciplina importante na formação de professores. Mas também é importante para 
todo e qualquer profissional que se preocupe com a transformação da vida das 
pessoas, tanto no aspecto quantitativo quanto qualitativo. 
No processo do ensinar e aprender, a didática torna-se um elemento impres- 
cindível fornecendo suporte para os professor (e futuros professores) desenvolverem 
a sua prática educativa, à medida que amplia a forma pela qual pensam as ações, 
refletindo sobre o sentido social e político de sua prática no âmbito da sala de aula e 
onde mais acontecer o processo educativo. De acordo com Veiga (apud MELO; 
URBANETZ, 2008) 3 estão presentes no processo didático quatro elementos, que 
são: 
 
 
6 
 
 
 
2 CONCEITUANDO O TERMO DIDÁTICA 
De modo geral, a palavra Didática se associa a arrumação, ordem, logicidade, 
clareza, simplificação e costuma, portanto, também conotar rigor, bitolamento, 
limitação, quadratura. Se ela adquiriu significados negativos, supõe-se que a origem 
deles esteja nas práxis, ou seja, o exercício regular da Didática, em todos os níveis 
de ensino, seria responsável pelo seu desprestígio ou má fama. Realmente, muitos 
manuais de Didática estão cheios de itens e subitens, regras e conselhos: o 
professor deve, o professor não deve e ficam, portanto, muito próximos dos 
receituários ou listagens de permissões e proibições, tentando inutilmente disfarçar o 
seu vazio atrás de excessivo formalismo. 
Corroborando todas estas restritivas, fez-se popular o seguinte conceito de 
Didática - disciplina com a qual ou sem a qual tudo fica tal e qual. 
De fato, convém perguntar como aprenderam os nossos antepassados, 
entregues a professores leigos, cuja preocupação maior era a competência 
conteudística, a manutenção do respeito à cátedra e a sua pessoa, que do alto do 
seu tablado despejava sobre os alunos seu saber irrefutável. Por outro lado, com 
tanta didática hoje em voga, enriquecida pela psicologia, pela análise de sistemas e 
por toda a tecnologia do ensino, como explicar que o ensino continue piorando 
sempre, como a querer comprovar a inutilidade desses recursos? 
 
7 
 
Aliás, estarão eles sendo utilizados? E se realmente estão, haverá em seu 
emprego uma dose mínima de consciência, de adequação, de espírito de busca e 
pesquisa? Ou tudo acontece na simples cópia ou transplante de modelos 
inadequados à realidade brasileira e, por isso, devidamente rejeitados? 
Como saber também se o caos do ensino seria bem maior, sem as tentativas 
de reformulação, sem o esforço das Faculdades de Educação com licenciaturas, 
sem os cursos de reciclagem, sem as pós-graduações em Educação? 
O momento pedagógico é dos piores, reflete os problemas da sociedade 
doente, inflacionada, violenta, desigual. Não adianta, pois, esperar milagres da 
Didática. Conviria, ao contrário, tomar consciência dos seus limites e possibilidades 
e impedir que ela fosse mais um elemento de manipulação do homem, de violação 
dos seus direitos, de repetição do passado. Enfrentar o amanhã com as armas de 
ontem é garantir, previamente, a derrota. Desistir de lutar, sob o pretexto de falta de 
equipamento, é covardia. Não há verbas, não há material, mas o recurso humano, o 
mais válido, existe, e aí está a exigir um aceitamento interior, capaz de acioná-lo. 
De um professor de Didática espera-se que seja pelo menos um didata, não 
na acepção vulgar da palavra, mas no sentido de reconhecer que suas atitudes 
valem bem mais que suas técnicas, que, trocando com seus alunos o que ele é, 
abrirá caminhos mais amplos do que se apenas trocar com eles o que sabe, 
tentando moldá-los a si, ao seu fazer didático. Do professor de Didática é natural que 
o aluno cobre um pouco mais do que de qualquer outro professor: em primeiro lugar, 
ele exige respeito ao que ele (aluno) é; em segundo lugar, que ele vivencie e 
comprove numa lição de autenticidade o que ele (professor) considera correto, mas 
que tenha também abertura para valorizar outras opções. 
Veja o desenho abaixo: 
 
8 
 
 
Fonte: www.tecnologiaedidatica.blogspot.com.br 
 
O mesmo retrata sobre a importância de a Didática ser centrada, correta e 
induzir o pensamento do aluno. 
Uma Didática de vida estaria à frente de qualquer Didática legista ou 
receitante; a vivência didática seria preferível à permanência no exercício didático 
isolado ou atomizado. Ser o professor é conseguir integrar, harmoniosamente e com 
amor, as habilidades antes treinadas em separado. Se em cada habilidade ele se 
coloca, sua humanidade ultrapassará a técnica, conferindo-lhe espaços inusitados. 
Não se trata de negar as bases técnico-científicas em que se assenta a 
Didática, mas de, em as mantendo, acrescentar-lhes uma possibilidade a mais - a da 
ousadia, a do incomum, a do ilógico, a ênfase a tudo o que foge aos padrões 
cotidianos e rotineiros. Parte-se do pressuposto de que se a Didática se alicerça na 
psicologia da aprendizagem e se alimenta da tecnologia do ensino, nada impede o 
seu enriquecimento ou extrapolação na dinâmica da criatividade. 
Por certo, praticando a criatividade, professores e alunos não se tornarão 
melhores, mas é possível que se prepare um pouco mais para o futuro, que 
transfiram mais facilmente as aprendizagens de hoje para o contexto de amanhã e 
que possam tornar-se menos temerosos e mais felizes na superação de situações 
diversas e adversas. 
 
9 
 
Opta-se pela crença de que a boa didática é a que incentiva a produção e 
não a reprodução, a divergência muito mais que a convergência, a crítica em 
lugar da tranquila aceitação, a dúvida em detrimento das certezas 
preestabelecidas, o erro provisório em lugar do acerto fácil. Propõe-se também 
que a essa Didática se chame AMPLA DIDÁTICA: além da fusão harmoniosa de 
princípios científicos e recursos técnicoscom a valorização da função criativa, ela 
se diz "ampla" por aplicar-se a todos os níveis de ensino e por estar aberta a 
todas as contribuições plausíveis que vieram subsidiá-la. 
 
 
TEXTO PARA REFLEXÃO: QUALIDADE EM EDUCAÇÃO (PDQ 
Consultoria - www.pdq.com.br) 
 
O desenvolvimento de processos consistentes voltados para a qualidade em 
educação tem um duplo significado e efeito. 
Quando uma instituição educacional está comprometida com o 
desenvolvimento de um sistema da qualidade, ela está não apenas aperfeiçoando 
seus processos pedagógicos e administrativos, como também exercendo um papel 
educador extremamente importante, com a demonstração de modelos e 
comportamentos que serão exigidos dos alunos nos seus diferentes meios sociais, já 
que o conceito de qualidade transcende o enfoque tecnicista das organizações 
produtivas e contempla todo o contexto do que podemos denominar de "qualidade 
de vida" do cidadão, especialmente nas relações humanas. 
Por isso, o entendimento, a ampliação e a disseminação do conceito de 
qualidade em educação vêm merecendo nos últimos anos uma atenção especial de 
diferentes segmentos da sociedade, não somente daqueles ligados diretamente a 
essa área, mas de todos aqueles efetivamente preocupados com a consolidação 
desses valores de forma sustentada. 
 
http://www.pdq.com.br/
 
10 
 
 
Fonte: www.compromissocampinas.org.br 
 
Mas, afinal, o que é qualidade em educação? 
Para tentarmos responder essa questão, é importante que entendamos a 
qualidade como um processo complexo, que tem no comportamento humano a 
essência de sua natureza. 
Inicialmente, dentro desse processo complexo, entendemos a qualidade como 
uma componente naturalmente integrada ao planejamento, e que essa integração se 
constitui não só num fator fundamental para o desenvolvimento sustentado das 
instituições, como também num exercício valioso dentro do contexto dos processos 
de aprendizagem. 
Dentro de uma visão técnica, o planejamento, como atividade estratégica, que 
se preocupa com o futuro e com os ambientes externos e internos da organização, 
define seus objetivos e os referenciais para o seu desenvolvimento. A qualidade, que 
se preocupa com o aperfeiçoamento contínuo da organização, busca 
permanentemente a melhor forma de atingir seus objetivos e de viabilizar o seu 
desenvolvimento. Definir objetivos (planejar) e buscar a melhor forma de atingi-los 
(qualidade) são os pressupostos básicos para entendermos planejamento e 
qualidade como um processo integrado essencial para o desenvolvimento das 
organizações. 
Peter Senge, em seu livro A Quinta Disciplina, cita que "as melhores 
organizações do futuro serão aquelas que descobrirão como despertar o empenho e 
a capacidade de aprender das pessoas em todos os níveis da organização". Para o 
autor, as empresas terão que se converter em organizações de aprendizagem. 
 
11 
 
Esse conceito nos mostra que as instituições de ensino podem constituir-se 
em modelos para esse processo e que, por isso, terão um papel cada vez mais 
relevante nesse contexto. 
A negociação e o diálogo no lugar do autoritarismo, trabalho em equipe 
substituindo posturas individualistas, ampla delegação ao invés de centralização, 
estruturas organizacionais sem rigidez hierárquica onde se cultive a confiança 
mútua, estímulo à cooperação e desenvolvimento de laços afetivos e desestímulo à 
competição e aos comportamentos agressivos; essas serão as características das 
organizações do futuro que farão com que as técnicas do planejamento e da 
qualidade sejam efetivas e se constituam em fator diferencial competitivo para o seu 
desenvolvimento. 
Podemos, portanto, propor que o entendimento do conceito de qualidade em 
educação se fundamente na busca da formação integral do indivíduo onde a 
racionalidade deve ser vista como uma das dimensões humanas e não como a 
única. Uma instituição de ensino como referencial de qualidade será aquela que 
demonstre esses valores com a prática de seus processos de ensino/aprendizagem 
e se constitua numa organização de aprendizagem, tal como definida por Peter 
Senge. 
 
 
Fonte: www.almanaqueliterario.com
 
12 
 
3 DIDÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
Fonte: 4.bp.blogspot.com 
 
Imagine que você trabalhe numa empresa coordenando uma equipe. E 
percebe que essa equipe caiu em produtividade. Para fazer uma intervenção, você 
precisa comprovar essa queda, através de instrumento avaliativo. De posse desse 
instrumento, você irá aplicá-lo, tabular os resultados, reunir o grupo, apresentar e 
buscar alternativas. Esses são passos metodológicos de um trabalho, que envolvem 
saberes didáticos. 
Talvez você trabalhe na área da saúde, e tenha que orientar uma pessoa 
analfabeta sobre o uso correto dos medicamentos que ela irá tomar. Que estratégia 
você usará para que a pessoa consiga definir o horário, a dosagem, sendo que ela 
não sabe ler? Com certeza você é criativo e irá encontrar uma maneira ou “método” 
eficaz para orientar essa pessoa. Pois então? Ai está a Didática, a sua “maneira de 
ensinar”, de acordo com a realidade do sujeito envolvido no processo de 
aprendizagem. 
Esse processo de construção do conhecimento, de ensino e de 
aprendizagem, que leva em consideração os saberes e a realidade de cada sujeito 
envolvido, objetiva desenvolver as potencialidades, habilidades e competências dos 
mesmos. 
 
13 
 
A concepção democrática de educação respeita o educando como ser único 
que constrói seu aprendizado, e é capaz de encontrar a melhor maneira para 
construir seus conhecimentos, dentro da realidade cultural, cognitiva e pessoal de 
cada um. 
O mais importante nestas situações ilustrativas é podermos perceber que o 
processo de ensino e de educação, acontece em todo e qualquer lugar, não 
somente no contexto escolar, não somente pelas mãos de professores, mas pelas 
nossas mãos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
A filosofia em síntese não é tão somente uma interpretação do já vivido, daquilo 
que esta você possa estar objetivando, mais também a interpretação das aspirações 
e desejos do que ainda está por vir e do que está para chegar. Para iniciar o exercício 
 
 
4 EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL: MODALIDADES 
Muitas vezes nos deparamos com a indagação: o que é educação? Educação 
é a mesma coisa que sistema escolar? Geralmente, quando se fala em educação 
pensamos imediatamente em escolas, alunos, professores, livros, materiais 
pedagógicos. 
Ou seja, a palavra remete imediatamente ao universo escolar. No entanto, a 
escola não é o único lugar onde a educação acontece, ela acontece em todos os 
lugares, em todos os dias em todas as horas: para aprender, para ensinar, para 
aprender e ensinar. 
Somos todos educadores, e, portanto, todos 
envolvidos com a didática! 
 
14 
 
Podemos dizer que não encontramos um sentido unívoco para esse termo. 
Educação é algo tão abrangente quanto às relações humanas. Podemos confirmar 
isso nas palavras de Brandão (1985, p. 7), quando ele nos escreve que ninguém 
escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de 
muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, 
para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os 
dias misturamos a vida com a educação. 
Segundo Luckesi (2001, p. 30)5, a educação é um típico ‘o que fazer 
humano’, ou seja, um tipo de atividade que se caracteriza fundamentalmente por 
uma preocupação, por uma finalidade a ser atingida. A educação dentro de uma 
sociedade não se manifesta como um fim em si mesmo, mas sim como um 
instrumento de manutenção ou transformação social. Todos os profissionais passam 
pelas mãos de um educador. 
Ao trabalhar com a Didática, uma disciplina cujo caráter é educativo, que tem 
ensino como seu objeto principal de trabalho, que rejeita receituários como única 
fonte de orientação, mas aceita-os como instrumentosde apoio para a reconstrução 
da prática. 
 
 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com 
 
15 
 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com 
 
5 A ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO 
 
Fonte: comunidade.rockcontent.com 
 
Devemos aqui definir que existem diferentes níveis e modalidades de 
educação, desde a Educação Infantil (creche) até o último grau de Doutorado. Além 
de escolas que são privadas e públicas (municipal/federal). O funcionamento das 
 
16 
 
escolas, dos cursos de graduação, pós e outros, são gerenciados, senão 
“fiscalizados” por órgãos de instância maior: Ministério da Educação (MEC), 
Secretarias Estaduais/municipais (SEE), Superintendências Regionais de Educação 
(SRE), e que definem diretrizes nacionais e locais para a educação. 
Além disso, temos a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) que discute a 
organização da educação brasileira. O coordenador pedagógico poderá auxiliar na 
obtenção desses dados, além de ajudar na administração dos “dilemas” e na 
reflexão da atividade docente durante esse “choque com a realidade”, impacto 
sofrido por todo profissional que inicia a profissão (FRANCO, 2007). 
Saber como ensinar é igualmente importante. Se o educador não conhecer as 
diferentes estratégias e metodologias de ensino, não souber explorar as diferentes 
tecnologias que podem ser empregadas na educação, de nada adianta dominar a 
teoria. De acordo com os especialistas, desenvolver estratégias para facilitar a 
aprendizagem, assim como ter profundo conhecimento de como ocorre o 
desenvolvimento cognitivo do educando, faz parte das ações dos bons educadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muita informação não é mesmo? 
Mas o mais importante é você compreender a 
relevância de se conhecer o espaço de 
trabalho para concretização de qualquer 
proposta de intervenção ou 
modificabilidade. 
 
17 
 
6 A EDUCAÇÃO INERENTE À SOCIEDADE HUMANA 
Para muitos pesquisadores, a educação é considerada como um processo 
inerente a todas as sociedades humanas. É através dela que o homem e a 
sociedade se desenvolvem. Durante muito tempo houve uma diferença radical entre 
o homem e o animal. O homem, enquanto ser que aprende pela experiência, ao 
perceber que uma determinada experiência é eficaz e boa, ou ineficaz e danosa, 
trata de conservar o conhecimento referente a essa experiência e transmitir às 
próximas gerações, visando, assim, dar continuidade à espécie. Em qualquer lugar 
ou tempo em que tiver um grupo de pessoas, é possível encontrar procedimentos 
que tendem a transmitir aos jovens valores, vivências e aptidões testados e 
aprovados. 
 
 
 
 
 
 
 
Nas sociedades antiga (modo de produção escravista) e medieval (modo de 
produção feudal), com a apropriação das terras privadas houve o surgimento da 
classe ociosa, que vivia do trabalho alheio e, com isso, pôde se dedicar a uma 
educação diferente, com a função de preencher o tempo livre de uma forma mais 
digna. Em contrapartida, o restante da sociedade (formada por trabalhadores livres e 
escravos) era educada de forma assistemática, baseada na própria experiência de 
vida e voltada para o trabalho. Já na sociedade moderna e capitalista, classe 
dominante se tornou empreendedora, procurando sempre revolucionar as relações 
de produção e, dessa forma, afetou a sociedade por completo. Durante esse 
processo a agricultura foi subordinada à indústria e o campo à cidade. 
A educação "primitiva" advinha de quatro aspectos importantes: o saber 
(relacionado ao conhecimento), o estar (relacionado em reconhecer a posição na 
sociedade e agir em conformidade com ela), o fazer (relacionado à aptidão técnica) 
e o ser (relacionado ao valor). Esse tipo de educação era conservadora, visando 
transmitir aos jovens o modo de ser e estar, e também a experiência e visão de 
Só os seres humanos são educáveis, porque 
só eles adquirem as noções e 
comportamentos que os caracterizam por 
aprendizagem. 
 
 
18 
 
mundo dos mais velhos, não existindo lugar para inovação, criatividade e 
originalidade. Deve ser devido a esses motivos que a sociedade nessa época 
cresceu de forma extraordinariamente lenta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Durante a idade média a nobreza dispensou a educação intelectual por muito 
tempo, bastando apenas o treinamento militar e o conhecimento e saber de quem 
estava no topo da pirâmide social. Essa formação intelectual passou a ser destinada 
ao clero. Ao clero compete também a direção espiritual da Cristandade, exigindo 
assim uma preparação de natureza teológica, por muitas vezes precária; em 
contrapartida tornava-se necessário o aprendizado do latim, a língua do culto, 
surgindo assim a cultura greco-romana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A educação primitiva, tal como a educação 
moderna, incidia sobre o 'saber', o 'fazer', o 
'ser' e o 'estar'. 
Durante a Idade Média, a educação intelectual 
restringe-se ao clero, a única classe que dela 
carecia, devido às suas funções de direção 
espiritual da Cristandade. 
 
19 
 
7 OS DILEMAS DO PROFESSOR INICIANTE 
 
 
 
Fontes: nova-escola-producao.s3.amazonaws.com 
 
A seguir, você terá a oportunidade de ler fragmentos de uma pesquisa sobre 
os dilemas do professor em início de carreira, publicada na Revista Multidisciplinar 
da UNIESP – 2009. 
[...] O enfoque nesta fase inicial da carreira docente tem se dado por ser 
considerada “[...] um período muito importante da história profissional do professor, 
determinando inclusive seu futuro e sua relação com o trabalho” (TARDIF, 2002, 
p.84). De modo geral, o início da carreira constitui um período marcado por crises. 
Pesquisas revelam que esse período é considerado pelo professor como um dos 
piores da vida profissional docente. (HUBERMAM, 1992). 
Aproximadamente os primeiros cinco anos marcam o início na carreira, 
considerando que é bastante complexo precisar quando o professor deixa de ser 
“iniciante”, pois o predicativo iniciante refere-se a uma categoria transitória e 
situacional. 
Autores que discutem o início da carreira como Esteves (1995), Veenman 
(1984), analisam que estes profissionais ao chegarem à realidade escolar sofrem o 
que denominam de “choque de realidade”, que representa as dificuldades na nova 
profissão. Esse choque, se não for bem gerido pelo professor com apoio de outros 
profissionais da educação mais experientes, pode provocar sérios danos à 
construção do perfil do docente que neste momento se inicia no trabalho escolar. 
 
20 
 
Os dilemas e dificuldades do professor iniciante são causados pela exigência 
de atuação na resolução de vários problemas, entre os quais, segundo Franco 
(2000, p.34) destaca-se: problemas em conduzir o processo de ensino e de 
aprendizagem, considerando as etapas de desenvolvimento de seus alunos e o 
conteúdo a ser desenvolvido; problemas com a disciplina dos alunos e com a 
organização da sala de aula. 
Neste momento o professor sente “[...] como se da noite para o dia o indivíduo 
deixasse subitamente de ser estudante e sobre os seus ombros caísse uma 
responsabilidade profissional, cada vez mais acrescida, para qual percebe não estar 
preparado. ” (Silva, 1997, p.53). 
No entanto, é importante ressaltar que se são os piores anos, também 
constituem um momento profícuo para mudanças e desenvolvimento profissional, 
pois, segundo Perrenoud (2002, p.14), favorecem a tomada de consciência e o 
debate. Enquanto os profissionais experientes não consideram ou nem percebem 
mais seus gestos cotidianos, os estudantes medem o que supõem ser serenidade e 
competência duramente adquiridas. [...] a condição de principiante induz em certos 
aspectos, a uma disponibilidade, a uma busca de explicação, a um pedido de ajuda, 
a uma abertura à reflexão. 
Finalizo esta aula lembrando que, não importa se você será (ou não) 
professor, mas tome essas reflexões para qualquer profissional em início de carreira.“Grandes obras são executadas não 
pela força, mas pela perseverança” – 
Samuel Johnson 
 
 
21 
 
8 O INÍCIO DA CARREIRA E A FORMAÇÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA 
 
Fonte: canaldoensino.com.br 
 
São muitos os problemas que o docente encontra na fase de entrada na 
carreira e, de acordo com Veenman (1984), o mais completo refere-se ao “choque 
com a realidade”, sentimento decorrente das expectativas iniciais em relação à 
carreira e a realidade vivenciada nas escolas. Tal sensação leva o professor a 
repensar tudo o que foi estudado e fazer uma sistematização disso com a prática. 
Deste modo, podemos entender que o “[...] início da carreira docente está 
intimamente ligado ao período que antecede esta atuação, ou seja, a formação 
profissional” (ROCHA, 2004, p. 04) e, no caso da presente pesquisa, suas 
experiências com a Matemática no decorrer de sua formação nos cursos de 
Pedagogia. Souza (2009) considera que é no começo da carreira que o professor se 
vê a mercê da sorte, sem ter com quem compartilhar suas dificuldades. Com isso, a 
autora afirma ainda que por não ter experiência profissional, “[...] o professor acaba 
apoiando sua prática em ações que vivenciou na época de estudante, reproduzindo 
a prática de seus antigos professores [...]” (SOUZA, 2009, p. 37). 
Assim, ainda descrevendo características das dificuldades deste momento, a 
autora enfatiza que “[...] é importante ressaltar que se são os piores anos, também 
 
22 
 
constituem um momento profícuo para mudanças e desenvolvimento profissional 
[...]” (SOUZA, 2009, p. 38) podendo instigar o docente a ter uma maior consciência 
de seus métodos de ensino levando-o a investigar por meio de suas vivências, 
inseguranças e experiências seus acertos e erros, para saber como a identidade 
profissional, pois se por um lado a uma complexidade inicial que distancia a 
realidade vivida em sala de aula das teorias estudadas, por outro lado há 
entusiasmo em conhecer a melhor forma de lidar com os conteúdos programados 
que por vezes são dados como abstrusos, assim o “[...] turbilhão de sentimentos 
como angústia, insegurança, vivenciados pelo professor, dialeticamente [...]” passa a 
ser “[...] combustível para que este possa se reafirmar na profissão” (SOUZA, 2009, 
p. 39). 
Se em um primeiro momento o início de carreira é difícil, notaremos, então, 
que muitos acadêmicos de Pedagogia não entendem a complexidade do processo 
de ensino e aprendizagem da Matemática escolar no curso de formação inicial por 
se tratar, muitas vezes, de “[...] uma formação centrada em processos 
metodológicos, desconsiderando os fundamentos da matemática” (NACARATO; 
MENGALI; PASSOS, 2009, p. 17). 
 
9 A EDUCAÇÃO COMO MEIO DE TRANSFORMAÇÃO 
Inicialmente, conversamos sobre o conceito das perspectivas tradicionais e 
construtivistas, depois refletimos sobre a questão da educação como instrumento de 
libertação e como a escola pode servir tanto para a alienação, como para 
emancipação do homem na sociedade. 
Agora, nossas reflexões serão para compreensão da escola como um 
espaço para reprodução das lutas de classes e desigualdades sociais. 
 
23 
 
 
Fonte: www.fotosearch.com.br 
 
As diversas relações estabelecidas são resultado de uma construção 
histórica. Como já vimos nas aulas anteriores, o homem, historicamente, desenvolve 
a educação por meio da aprendizagem mútua “(...) O homem é sujeito em meio a 
relações dialéticas e históricas, as quais envolvem questões políticas, econômicas, 
sociais e culturais”. Como nos ensina Leontiev (1978), o homem é um ser de 
natureza social e tudo o que tem de humano nele é resultado da sua vida em 
sociedade, no seio da cultura criada pela humanidade. 
Conforme afirma Ponce (1986), na sociedade primitiva, sem a divisão de 
classes, os objetivos da educação são resultados da estrutura homogênea do 
ambiente social, identificando-se com os interesses comuns do grupo, acontecendo 
de forma igualitária para todos os membros. O modelo de sociedade primitiva é 
superado a partir do momento em que se estabeleceu a divisão de classes, onde 
acontece a substituição da propriedade comum pela propriedade privada, o processo 
educativo, também, sofre tais influências. 
Conforme Pires (2003, p. 46-47), na sociedade dividida em classes, a 
educação é utilizada para formar o “[...] homens limitado e cerceado em suas 
possibilidades de enriquecimento: para o fortalecimento do homem unilateral”. 
 
Quando falamos de escola não 
estamos nos referindo a uma 
instituição restrita, somente 
especializada em tratar de uma 
educação sistematizada e sistêmica, 
mas de uma forma ampla e 
globalizante como forma de 
compreensão do homem, e suas 
relações em sociedade. 
 
24 
 
Afirma ainda que, tal direcionamento perpassa a escola, pois “[...] Tanto na escola 
como na vida, a educação burguesa é um instrumento de dominação de classe, 
tendo seu poder localizado, sobretudo na capacidade de reprodução [...] adequadas 
à reprodução dos interesses e do poder burguês” (PIRES, 2003, p. 47). 
A autora Otaíza Romanelli (2002) chega a afirmar que a escola surge como 
instrumento para a manutenção dos desníveis sociais. Salienta que a função desta 
foi a de manter privilégios, pois a própria instituição se apresenta como privilégio da 
classe dominante a partir do momento que se utiliza de mecanismos seletivos e de 
conteúdo cultural que não propicia às camadas sociais, ao menos, uma preparação 
eficaz para o trabalho. 
 
10 CARACTERÍSTICAS PECULIARES AO PROFESSOR 
Fonte: www.overmundo.com.br 
 
1. Está entre duas identidades, o de ser aluno e de assumir-se como 
professor; 
2. O estresse, a angústia, diversos medos e mesmo momentos de 
pânico assumem enorme importância, eles diminuem com a 
experiência e com a confiança; 
 
25 
 
3. Precisa de muita energia, de muito tempo e de muita concentração 
para resolver problemas que o profissional experiente soluciona de 
forma rotineira; 
4. A forma de administrar o tempo (preparação, correção, trabalho de 
classe) não é muito segura, e isso lhe provoca desequilíbrio, 
cansaço e tensão 
5. Passa por um estado de sobrecarga cognitiva devido ao grande 
número de problemas que tem de enfrentar. Em um primeiro 
momento, conhece a angústia da dispersão, em vez de conhecer a 
embriaguez do profissional que “joga” com um número crescente de 
bolas; 
6. Geralmente se sente muito sozinho, distante de seus colegas de 
estudo, pouco integrado ao grupo e nem sempre se sente acolhido 
por seus colegas mais antigos; 
7. Está em um período de transição, oscilando entre os modelos 
aprendidos durante a formação inicial e as receitas mais 
pragmáticas que absorve no ambiente profissional; 
8. Não consegue se distanciar do seu papel e das situações; 
9. Tem a sensação de não dominar os gestos mais elementares da 
profissão, ou de pagar um preço muito alto por ele; 
10. Mede a distância entre o que imaginava e o que está vivenciando, 
sem saber ainda que esse desvio é normal e não tem relação com 
incompetência nem com sua fragilidade pessoal, mas que está 
ligado à diferença que há entre a prática Autônoma e tudo o que já 
conhecera. 
 
Assim, no “[...] turbilhão de sentimentos como angústia, insegurança, 
vivenciados pelo professor, dialeticamente [...]” passa a ser “[...] combustível para 
que este possa se reafirmar na profissão” (SOUZA, 2009, p. 39). E para que isto 
aconteça é necessário que possa recorrer ao apoio da instituição que trabalha e aos 
referenciais de sua formação inicial. 
 
26 
 
11 A PEDAGOGIA COMO CIÊNCIA TRANSFORMADORA 
 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com 
 
Para Suchodolski (1977), a Pedagogia pode ser considerada como a ciência 
sobre a atividade transformadora da realidade educativa. A Pedagogia é uma ciência 
da prática social da educação. A atividade educativa que acontece em todos os 
espaços sociais só é efetivamente educativa quando transformae emancipa o 
cidadão. A emancipação, por sua vez só acontece quando existe o enfrentamento 
das contradições. Com a consciência de sua existência enquanto cidadão, num 
mundo repleto de relações contraditórias a serem enfrentadas e transformadas, é 
que se estabelece a emancipação. 
No mundo em que vivemos, os processos que transformadores e a análise 
crítica que incide no sistema social desaparecem. Desse modo os programas 
educativos admitem o sujeito adaptando-o à sociedade, visando assim aumentar a 
produtividade, o lucro e a alienação do processo educativo. A Pedagogia é uma 
ciência da prática social da educação. 
Historicamente a formação de pedagogos no Brasil sempre esteve vinculada 
ao preparo do profissional para atuar dentro da escola, se envolvendo com o 
processo de ensino e aprendizagem. Da escola jesuítica tradicional até os dias de 
hoje, existiu uma ambiguidade que se resume em dois enfoques: da técnica e 
 
27 
 
instrumental, da operacionalização metodológica a partir dos estudos das ciências 
da educação. Uma formação voltada para a aplicação prática e outra voltada para a 
aplicação da ciência da educação. 
Pensar em uma Pedagogia Social é pensar em uma Pedagogia que tenha 
qualidade social, analisando e interpretando contextos e fatores que ainda não foram 
totalmente explorados. Segundo Freire (1982), “É que, quase sempre, num primeiro 
momento deste descobrimento, os oprimidos, em lugar de buscar a libertação, na 
luta e por ela, tendem a ser opressores também, ou sub-opressores”. Atuar na 
Pedagogia Social é definir uma concepção teórica a partir de parâmetros da 
educação crítica. É também uma escolha política, com interesse social, com 
intenção delimitada, pelas necessidades dos excluídos e marginalizados, não só os 
sujeitos pobres, os miseráveis. De acordo com Caliman: 
A Pedagogia Social seria necessária numa sociedade com um sistema 
educacional excelente? Perguntei, certa vez, a uma amiga professora de 
uma universidade finlandesa se a Finlândia, por ser um país altamente 
desenvolvido na implementação das políticas educacionais, precisaria da 
contribuição da Pedagogia Social. Sua resposta ligou-se ao fato de que a 
Pedagogia Social não é um privilégio da área da pobreza, mas 
principalmente das áreas de conflito social. E os conflitos existem em todas 
as sociedades, mesmo as mais desenvolvidas. No caso da Finlândia, além 
da presença de problemas ligados à migração, enfrenta outros inerentes à 
sua rica sociedade, como, por exemplo, o crescimento de uma juventude 
pouco preocupada com os problemas sociais, com a solidariedade e com os 
‘outros’, marcada por atitudes de indiferença e de autocentrismo. Portanto, 
mesmo as sociedades mais abastadas têm necessidade de intervenções 
que recuperem atitudes voltadas para a solidariedade, a paz, e o bem 
comum. (CALIMAN, 2011, p. 257). 
 
 
Fonte: www.icguedes.pro.br 
 
 
28 
 
Pedagogia como foco de estudo e como ciência tem por objeto uma educação 
que não está fechada na escola, mas está para além dela. Segundo Libâneo (1999), 
“o aspecto educativo diz respeito à atividade de educar propriamente dita, à relação 
educativa entre agentes, envolvendo objetivos e meios de educação e instrução, em 
várias modalidades e instâncias”. A educação se insere no processo social, como 
parte de um todo, onde se encontra uma sociedade, seus conflitos e dinamismos. É 
com a Pedagogia que surge a educação intencional que acontece quando o ato de 
educar passa a ser um objeto explícito de atenção, criando uma educação 
sistematizada. Quanto a nós, se pretendemos ser educadores (especialistas em 
educação) é porque não nos contentamos com a educação assistemática. Nós 
queremos educar de modo intencional e por isso nos preocupamos com a educação. 
(SAVIANI,2002, p.48). 
 
 
QUESTÃO 01 
Para organizar o projeto da escola, faz-se necessário pensar nas finalidades cultural, 
política, social, profissional e humana que a escola se propõe, como alcançá-las e 
quais ações devem ser priorizadas. A finalidade humana visa: 
a) Preparar o estudante para a compreensão do papel do trabalho na sua 
formação. 
b) Preparar culturalmente os indivíduos para compreender melhor a sociedade 
em que vivem. 
c) Formar o estudante integralmente. 
d) Formar os indivíduos para participarem politicamente na sociedade da qual 
fazem parte. 
e) Definir coletiva mente os conteúdos curriculares. 
 
QUESTÃO 02 
Julgue as afirmativas a seguir. 
I. No trabalho pedagógico diário, o professor precisa gerir o uso do tempo em sala 
de aula direcionado para aprendizagem. 
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 
 
29 
 
II. As situações no relacionamento com seus alunos, ou mesmo entre eles, podem 
comprometer o ambiente ou o empenho coletivo no processo de ensino-
aprendizagem. 
III. Os saberes experienciais surgem como núcleo vital do saber docente, núcleo a 
partir do qual os professores tentam transformar suas relações de exterioridade com 
os saberes em relações de interioridade com sua própria prática. 
IV. A existência de uma pluralidade de saberes docentes possibilita a formação ou a 
existência de um único padrão de práticas docentes que viabilizem o sucesso na 
aprendizagem. 
Está correto apenas o que se afirma em: 
a) I e IIl. 
b) I e IV. 
c) II e III. 
d) II, III e IV. 
e) l.ll e lll 
 
QUESTÃO 03 
A Didática, como disciplina e campo de conhecimento, é marcada pelas mudanças 
gestadas pelo próprio campo em interface com as áreas afins. Como disciplina e 
campo de conhecimento, a Didática tem como objeto de estudo o 
a) Aluno. 
b) Método de ensino. 
c) Professor. 
d) Processo de ensino. 
e) Ensino escolar 
 
QUESTÃO 04 
Considerando a articulação entre Pedagogia, Didática e Práxis Educativa, é 
coerente afirmar, EXCETO, que: 
a) A educação só poderá ser transformadora, quando houver por parte do seu 
profissional uma postura de percepção dos fatos que estão acontecendo ao 
seu redor, com vistas a promover readequações que contribuam para o 
cumprimento de sua intencionalidade. 
 
30 
 
b) O momento fundamental da prática educativa é a reflexão crítica, uma vez 
que esta pode conduzir caminhos que proporcionem melhorias para próximas 
práticas, pois a reflexão crítica da práxis educativa conduz a um novo 
movimento de pesquisa. 
c) A ação teórico-prática da Pedagogia sobre seu objeto de pesquisa, que é a 
práxis educativa, poderá ser compreendida como práxis pedagógica. Então, a 
práxis pedagógica será o exercício do fazer científico sobre a práxis 
educativa. 
d) A pedagogia é a ciência que transforma o senso comum pedagógico, a arte 
intuitiva presente na práxis, em atos científicos, sob a luz de valores 
educacionais, garantidos como relevantes socialmente. 
e) A práxis educativa, objeto da ciência pedagógica caracteriza-se pela ação 
não intencional de sua prática, prescindindo de um processo reflexivo de 
fins e meios. Diferentemente, de outras práticas sociais, que até podem 
funcionar, em certos momentos, como práticas educativas, mas por serem 
organizadas intencionalmente, não foram, até então, objeto de estudo da 
Pedagogia, apesar de estarem incluídas no amplo contexto da educação. 
 
QUESTÃO 05 
A abordagem histórico-social compreende o homem como sujeito que se constitui 
socialmente num dado contexto. Nessa abordagem, o desenvolvimento humano é 
entendido como processo 
a) Que precede à aprendizagem. 
b) Impulsionado pela aprendizagem. 
c) Simultâneo à aprendizagem. 
d) Que independe da aprendizagem. 
e) Não interfere na aprendizagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
12 A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
A Ao longo da história da educação, é possível perceber que o ensino e a 
aprendizagem são compostas por práticas e teorias inseparáveis. Assim o discurso 
para romper a dualidade entre a teoria e a prática não pode ser discutido, enquanto 
for parte do todoeducacional. No entanto é preciso entender e compreender o 
caminho histórico da Didática e suas implicações na formação do professor. 
Um campo destinado a Didática é o constante manejo entre a teoria e prática 
com as outras áreas do conhecimento com a finalidade de dar suporte ao professor 
no desenvolvimento de suas habilidades e competências diante da educação. 
Libâneo (2012, p. 16) refere-se ao assunto e diz que: 
[...] a formação de professores precisa buscar uma unidade do processo 
formativo. A meu ver essa unidade implica em reconhecer que a formação 
inicial e continuada de professores precisa estabelecer relações teóricas e 
práticas mais sólidas entre a didática e a epistemologia das ciências, de 
modo a romper com a separação entre conhecimentos disciplinares e 
conhecimentos pedagógico-didáticos. 
 
32 
 
O estudo da didática é realizado há séculos por diferentes autores, 
estudiosos e teóricos que procuravam identificar e discutir as várias formas técnicas 
e os modelos metodológicos educacionais existentes, com o intuito de melhorar a 
educação. Comenius (1651) reconhece o direito à educação e a importância da 
Didática em relação ao ensino e ao aprendizado na vida de todo ser humano. De 
acordo com ele: 
Nós ousamos prometer uma didática magna, ou seja, uma arte universal de 
ensinar tudo a todos: de ensinar de modo certo, para obter resultados, de ensinar de 
modo fácil, portanto sem que docentes e discentes se molestem ou enfadem, mas, 
ao contrário, tenham grande alegria; de ensinar de modo solido, não 
superficialmente, de qualquer manheira, mas para conduzir à verdadeira cultura, aos 
bons costumes, a uma piedade mais profunda (COMENIUS, 1651, p. 13). 
Damis (1988, p. 13), relata a evolução da Didática em paralelo com a história 
da educação quando diz: 
Desde os jesuítas, passando por Comênio, Rousseau, Herbart, Dewey, 
Snyders, Paulo Freire, Saviani, dentre outros, a educação escolar percorreu 
um longo caminho do ponto de vista de sua teoria e prática. Vivenciada 
através de uma prática social específica – a pedagogia -, esta educação 
organizou o processo de ensinar-aprender através da relação professor 
aluno e sistematizou um conteúdo e uma forma de ensinar (transmitir-
assimilar) o saber erudito produzido pela humanidade. 
A literatura educacional da área aponta vários estudos feitos sobre o processo 
de formação do professor, destacando-se dentre estes Gómez (1992), Candau 
(1993), Pereira (1999), Contreras (2002) e Alarcão (2001), que de modo geral, 
abordam os paradigmas/modelos de formação do professor, questionam suas 
implicações no processo de ensino e de aprendizagem e explicitam as competências 
e os saberes relativos a cada modelo de formação. 
Existem 4 paradigmas (modelos) para a formação do professor: 
 Professor culto – aquele que domina os saberes 
 Professor técnico – aquele que aderiu ao saber-fazer técnico 
 Professor prático-reflexivo – aquele que constrói um saber pela reflexão da 
experiência, tornando-se um pesquisador 
 Professor Ator social – aquele engajado na definição do projeto0 da escola e de sua 
gestão. 
Saviani (2005), ao escrever sobre a história da formação docente no Brasil, 
cita em seu estudo a LDB 9394/96. Segundo a Lei, 
 
33 
 
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível 
superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e 
institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o 
exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do 
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal 
(BRASIL, 1996). 
Estudar a Didática no Ensino Superior, não quer dizer que o profissional irá 
acumular as informações sobre as técnicas e as práticas do processo de ensino e 
aprendizagem, mas que receberá uma capacidade crítica para questionar e fazer 
reflexão sobre as informações adquiridas ao longo de todo processo. Conforme dizia 
Veiga (2010, p. 58) é preciso “tornar o ensino da Didática mais atraente e 
respaldado nos resultados das investigações envolvendo alunos em processo de 
formação”. 
A Didática dentro do currículo é muito importante para o professor. Veiga 
(1989, p. 22) diz que “o papel fundamental da Didática no currículo de formação de 
professor é o de ser instrumento de uma prática pedagógica reflexiva e crítica, 
contribuindo para a formação da consciência crítica”. Ele ainda afirma que: 
Enfatizar o processo didático da perspectiva relacional significa analisar 
suas características a partir de quatros dimensões: ensinar, aprender, 
pesquisar e avaliar. O processo didático, assim, desenvolve-se mediante a 
ação reciproca e interdisciplinar das dimensões fundamentais. Integram-se, 
são complementares. (VEIGA, 2004, P.13) 
A Didática como ciência deve desenvolver a capacidade crítica dos 
professores que estão em formação, para que possam analisar de forma clara e 
objetiva a realidade do ensino de modo que possibilite ao educando construir seu 
próprio saber e não seja alienado apenas com o que lhe é falado. A educação é um 
processo que faz parte do conteúdo global da sociedade e significa entender que a 
prática pedagógica é parte integrante do todo social. 
 
 
 
 
 
 
34 
 
13 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA PRÁTICA ESCOLARES 
Nas próximas aulas vamos tratar das concepções pedagógicas propriamente 
ditas, ou seja, vamos abordar as diversas tendências teóricas que pretenderam dar 
conta da compreensão e da orientação da prática educacional em diversos 
momentos e circunstâncias da história humana. Desse modo, estaremos 
aprofundando a compreensão da articulação entre filosofia e educação, que, aqui, 
atinge o nível da concepção filosófica da educação, que se sedimenta em uma 
pedagogia. Genericamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se traduz 
pelas pedagogias liberais e a perspectiva transformadora pelas pedagogias 
progressistas. 
Essa discussão tem uma importância prática da maior relevância, pois permite 
a cada professor situar-se teoricamente sobre suas opções, articulando-se e auto 
definindo-se. 
O presente capítulo de autoria de José Carlos Libâneo é a reprodução do 
capítulo 1 - "Tendências Pedagógicas na Prática Escolar" - do livro Democratização 
da escola pública: pedagogia crítico-social dos conteúdos, São Paulo, Loyola, 1985, 
autorizada pela Editora e pelo autor, aos quais agradecemos. Foram introduzidas 
modificações na Introdução do capítulo para articulá-lo com o conteúdo deste livro. 
Para desenvolver a abordagem das tendências pedagógicas utilizamos como 
critério a posição que cada tendência adota em relação às finalidades sociais da 
escola. Assim vamos organizar o conjunto das pedagogias em dois grupos, 
conforme aparece a seguir: 
2.3 crítico-social dos conteúdos 
 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
14 TENDÊNCIA LIBERAL E TENDÊNCIA PROGRESSISTA 
 
Fonte: blogdonikel.files.wordpress.com 
 
Devemos aqui definir que existem diferentes níveis e modalidades de 
educação, desde a Educação Infantil (creche) até o último grau de Doutorado. Além 
de escolas que são privadas e públicas (municipal/federal). O funcionamento das 
escolas, dos cursos de graduação, pós e outros, são gerenciados, senão 
“fiscalizados” por órgãos de instância maior: Ministério da Educação (MEC), 
Secretarias Estaduais/municipais (SEE), Superintendências Regionais de Educação 
(SRE), e que definem diretrizes nacionais e locais para a educação. O termo liberal 
não tem o sentido de "avançado", "democrático", "aberto", como costuma ser usado. 
A doutrina liberal apareceu como justificação do sistema capitalista que, ao defender 
a predominância da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, 
estabeleceu uma forma de organização social baseada na propriedade privada dos 
meios de produção, também denominada sociedade de classes. A pedagogia liberal,portanto, é uma manifestação própria desse tipo de sociedade. 
A educação brasileira, pelo menos nos últimos cinquenta anos, tem sido 
marcada pelas tendências liberais, nas suas formas ora conservadora, ora renovada. 
 
37 
 
Evidentemente tais tendências se manifestam, concretamente, nas práticas 
escolares e no ideário pedagógico de muitos professores, ainda que estes não se 
deem conta dessa influência. 
A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar 
os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões 
individuais, por isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar aos valores e às 
normas vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura 
individual. A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de 
classes, pois, embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em 
conta a desigualdade de condições. Historicamente, a educação liberal iniciou-se 
com a pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia da 
burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada escola nova ou 
ativa), o que não significou a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram 
e convivem na prática escolar. 
Na tendência tradicional, a pedagogia liberal se caracteriza por acentuar o 
ensino humanístico, de cultura geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo 
próprio esforço, sua plena realização como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos 
didáticos, a relação professor-aluno não tem nenhuma relação com o cotidiano do 
aluno e muito menos com as realidades sociais. É a predominância da palavra do 
professor, das regras impostas, do cultivo exclusivamente intelectual. 
A tendência liberal renovada acentua, igualmente, o sentido da cultura como 
desenvolvimento das aptidões individuais. Mas a educação é um processo interno, 
não externo; ela parte das necessidades e interesses individuais necessários para a 
adaptação ao meio. A educação é a vida presente, é a parte da própria experiência 
humana. A escola renovada propõe um ensino que valorize a autoeducação (o aluno 
como sujeito do conhecimento), a experiência direta sobre o meio pela atividade; um 
ensino centrado no aluno e no grupo. A tendência liberal renovada apresenta-se, 
entre nós, em duas versões distintas: a renovada progressivista2, ou pragmatista, 
principalmente na forma difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os quais 
se destaca Anísio Teixeira (deve-se destacar, também a influência de Montessori, 
Decroly e, de certa forma, Piaget); a renovada não-diretiva orientada para os 
objetivos de auto realização (desenvolvimento pessoal) e para as relações 
interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers. 
 
38 
 
A tendência liberal tecnicista subordina a educação à sociedade, tendo como 
função a preparação de "recursos humanos" (mão-de-obra para a indústria). A 
sociedade industrial e tecnológica estabelece (cientificamente) as metas 
econômicas, sociais e políticas, a educação treina (também cientificamente) nos 
alunos os comportamentos de ajustamento a essas metas. No tecnicismo acredita-
se que a realidade contém em si suas próprias leis, bastando aos homens descobri-
las e aplicá-las. Dessa forma, o essencial não é o conteúdo da realidade, mas as 
técnicas (forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia (aproveitamento ordenado 
de recursos, com base no conhecimento científico) é o meio eficaz de obter a 
maximização da produção e garantir um ótimo funcionamento da sociedade; a 
educação é um recurso tecnológico por excelência. Ela "é encarada como um instru-
mento capaz de promover, sem contradição, o desenvolvimento econômico pela 
qualificação da mão-de-obra, pela redistribuição da renda, pela maximização da 
produção e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da ‘consciência política 
indispensável à manutenção do Estado autoritário”. Utiliza-se basicamente do 
enfoque sistêmico, da tecnologia educacional e da análise experimental do 
comportamento. 
O termo "progressista", emprestado de Snyders9, é usado aqui para designar 
as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam 
implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação. Evidentemente a 
pedagogia progressista não tem como institucionalizar-se numa sociedade 
capitalista; daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras 
práticas sociais. 
A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendências: a 
libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo Freire; a libertária, que reúne 
os defensores da autogestão pedagógica; a crítico-social dos conteúdos que, 
diferentemente das anteriores, acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto 
com as realidades sociais. 
As versões libertadora e libertária têm em comum o antiautoritarismo, a 
valorização da experiência vívida como base da relação educativa e a ideia de 
autogestão pedagógica. Em função disso, dão mais valor ao processo de 
aprendizagem grupal (participação em discussões, assembleias, votações) do que 
aos conteúdos de ensino. Como decorrência, a prática educativa somente faz 
 
39 
 
sentido numa prática social junto ao povo, razão pela qual preferem as modalidades 
de educação popular "não-formal". 
A tendência da pedagogia crítico-social dos conteúdos propõe uma síntese 
superadora das pedagogias tradicional e renovada, valorizando a ação pedagógica 
enquanto inserida na prática social concreta. Entende a escola como mediação entre 
o individual e o social, exercendo aí a articulação entre a transmissão dos conteúdos 
e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto (inserido num contexto de 
relações sociais); dessa articulação resulta o saber criticamente reelaborado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL 
 
Fonte: QUEIROZ, Cecília; MOITA, Filomena. As tendências pedagógicas e seus Pressupostos, p.4 
 
Papel da escola - A atuação da escola consiste na preparação intelectual e 
moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade. O compromisso da escola 
é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. O caminho cultural 
em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. 
Assim, os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar 
seu lugar junto aos mais capazes. Caso não consigam, devem procurar o ensino 
mais profissionalizante. 
http://slideplayer.com.br/slide/1421680/
 
40 
 
Conteúdos de ensino - São os conhecimentos e valores sociais acumulados 
pelas gerações adultas e repassados ao aluno como verdades. As matérias de 
estudo visam preparar o aluno para a vida, são determinadas pela sociedade e 
ordenadas na legislação. Os conteúdos são separados da experiência do aluno e 
das realidades sociais, valendo pelo valor intelectual, razão pela qual a pedagogia 
tradicional é criticada como intelectualista e, às vezes, como enciclopédica. 
Métodos - Baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou demonstração. 
Tanto a exposição quanto a análise são feitas pelo professor, observados os 
seguintes passos: a) preparação do aluno (definição do trabalho, recordação da 
matéria anterior, despertar interesse); b) apresentação (realce de pontos-chaves, 
demonstração); c) associação (combinação do conhecimento novo com o já 
conhecido por comparação e abstração); d) generalização (dos aspectos particulares 
chega-se ao conceito geral, é a exposição sistematizada); e) aplicação (explicação 
de fatos adicionais e/ou resoluções de exercícios). A ênfase nos exercícios, na 
repetição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e 
formar hábitos. 
Relacionamento professor-aluno - Predomina a autoridade do professor 
que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles 
no decorrer da aula. O professor transmiteo conteúdo na forma de verdade a ser 
absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o meio mais eficaz para 
assegurar a atenção e o silêncio. 
Pressupostos de aprendizagem - A ideia de que o ensino consiste em 
repassar os conhecimentos para o espírito da criança é acompanhada de uma outra: 
a de que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto, apenas 
menos desenvolvida. Os programas, então, devem ser dados numa progressão 
lógica, estabelecida pelo adulto, sem levar em conta as características próprias de 
cada idade. A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para o que se recorre 
frequentemente à coação. A retenção do material ensinado é garantida pela 
repetição de exercícios sistemáticos e recapitulação da matéria. A transferência da 
aprendizagem depende do treino; é indispensável a retenção, a fim de que o aluno 
possa responder às situações novas de forma semelhante às respostas dadas em 
situações anteriores. A avaliação se dá por verificações de curto prazo (interroga-
tórios orais, exercício de casa) e de prazo mais longo (provas escritas, trabalhos de 
 
41 
 
casa). O esforço é, em geral, negativo (punição, notas baixas, apelos aos pais); às 
vezes, é positivo (emulação, classificações). 
Manifestações na prática escolar - A pedagogia liberal tradicional é viva e 
atuante em nossas escolas. Na descrição apresentada aqui incluem-se as escolas 
religiosas ou leigas que adotam uma orientação clássico-humanista ou uma 
orientação humano-científica, sendo que está se aproxima mais do modelo de 
escola predominante em nossa história educacional. 
 
16 TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSISTA 
 
Fonte: QUEIROZ, Cecília; MOITA, Filomena. As tendências pedagógicas e seus Pressupostos, p.7 
 
Papel da escola - A finalidade da escola é adequar as necessidades 
individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o 
quanto possível, a vida. Todo ser dispõe dentro de si mesmo de mecanismos de 
adaptação progressiva ao meio e de uma consequente integração dessas formas de 
adaptação no comportamento. Tal integração se dá por meio de experiências que 
devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as exigências sociais. 
À escola cabe suprir as experiências que permitam ao aluno educar-se, num 
http://slideplayer.com.br/slide/1421680/
 
42 
 
processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa interação entre 
estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente. 
Conteúdos de ensino - Como o conhecimento resulta da ação a partir dos 
interesses e necessidades, os conteúdos de ensino são estabelecidos em função de 
experiências que o sujeito vivencia frente a desafios cognitivos e situações 
problemáticas. Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais e 
habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de 
"aprender a aprender", ou seja, é mais importante o processo de aquisição do saber 
do que o saber propriamente dito. 
Método de ensino - A ideia de "aprender fazendo" está sempre presente. 
Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do 
meio natural e social, o método de solução de problemas. Embora os métodos 
variem, as escolas ativas ou novas (Dewey, Montessori, Decroly, Cousinet e outros) 
partem sempre de atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu 
desenvolvimento. Na maioria delas, acentua-se a importância do trabalho em grupo 
não apenas como técnica, mas como condição básica do desenvolvimento mental. 
Os passos básicos do método ativo são: a) colocar o aluno numa situação de 
experiência que tenha um interesse por si mesma; b) o problema deve ser 
desafiante, como estímulo à reflexão; c) o aluno deve dispor de informações e 
instruções que lhe permitam pesquisar a descoberta de soluções; d) soluções provi-
sórias devem ser incentivadas e ordenadas, com a ajuda discreta do professor; e) 
deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à prova, a fim de determinar 
sua utilidade para a vida. 
Relacionamento professor-aluno - Não há lugar privilegiado para o 
professor; antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo da 
criança; se intervém, é para dar forma ao raciocínio dela. A disciplina surge de uma 
tomada de consciência dos limites da vida grupal; assim, aluno disciplinado é aquele 
que é solidário, participante, respeitador das regras do grupo. Para se garantir um 
clima harmonioso dentro da sala de aula é indispensável um relacionamento positivo 
entre professores e alunos, uma forma de instaurar a "vivência democrática" tal qual 
deve ser a vida em sociedade. 
Pressupostos de aprendizagem - A motivação depende da força de 
estimulação do problema e das disposições internas e interesses do aluno. Assim, 
aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem, sendo o 
 
43 
 
ambiente apenas o meio estimulador. É retido o que se incorpora à atividade do 
aluno pela descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura 
cognitiva para ser empregado em novas situações. A avaliação é fluida e tenta ser 
eficaz à medida que os esforços e os êxitos são pronta e explicitamente 
reconhecidos pelo professor. 
Manifestações na prática escolar - Os princípios da pedagogia progressista 
vêm sendo difundidos, em larga escala, nos cursos de licenciatura, e muitos 
professores sofrem sua influência. Entretanto, sua aplicação é reduzidíssima, não 
somente por falta de condições objetivas como também porque se choca com uma 
prática pedagógica basicamente tradicional. Alguns métodos são adotados em 
escolas particulares, como o método Montessori, o método dos centros de interesse 
de Decroly, o método de projetos de Dewey. O ensino baseado na psicologia 
genética de Piaget tem larga aceitação na educação pré-escolar. Pertencem, 
também, à tendência progressivista muitas das escolas denominadas 
"experimentais", as "escolas comunitárias" e mais remotamente (década de 60) a 
"escola secundária moderna", na versão difundida por Lauro de Oliveira Lima. 
 
 
17 TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Papel da escola – Acentua-se nesta tendência o papel da escola na 
formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os 
problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo esforço está 
em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a 
uma adequação pessoal ás solicitações do ambiente. Rogers4 considera que o 
ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele os procedimentos 
didáticos, a competência na matéria, as aulas, livros, tudo tem muito pouca 
importância, face ao propósito de favorecer à pessoa um clima de 
autodesenvolvimento e realização pessoal, o que implica estar bem consigo próprio 
e com seus semelhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao 
de uma boa terapia. 
Conteúdos de ensino – A ênfase que esta tendência põe nos processos de 
desenvolvimento das relações e da comunicação torna secundária a transmissão de 
conteúdos. Os processos de ensino visam mais facilitar aos estudantes os meios 
para buscarem por si mesmos os conhecimentos que, no entanto, são dispensáveis. 
Métodos de ensino – Os métodos usuais são dispensados, prevalecendo 
quase que exclusivamente o esforço do professor em desenvolver um estilo próprio 
para facilitar a aprendizagem dos alunos. Rogers explicita algumas das 
características do professor "facilitador": aceitação da pessoa do aluno, capacidade 
de ser confiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de 
autodesenvolvimento do estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se 
organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os sentimentos de cada um 
possam ser expostos, sem ameaças. Assim, o objetivo do trabalho escolar se esgotanos processos de melhor relacionamento interpessoal, como condição para o 
crescimento pessoal. 
Relacionamento professor-aluno – A pedagogia não-diretiva propõe uma 
educação centrada no aluno, visando formar sua personalidade através da vivência 
de experiências significativas que lhe permitam desenvolver características inerentes 
à sua natureza. O professor é um especialista em relações humanas, ao garantir o 
clima de relacionamento pessoal e autêntico. Toda intervenção é ameaçadora, 
inibidora da aprendizagem. 
 Pressupostos de aprendizagem – A motivação resulta do desejo de 
adequação pessoal na busca da auto realização; é, portanto, um ato interno. A 
motivação aumenta, quando o sujeito desenvolve o sentimento de que é capaz de 
 
45 
 
agir em termos de atingir suas metas pessoais, isto é, desenvolve a valorização do 
"eu". Aprender, portanto, é modificar suas próprias percepções; daí que apenas se 
aprende o que estiver significativamente relacionado com essas percepções. Resulta 
que a retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao "eu", ou seja, o 
que não está envolvido com o "eu" não é retido e nem transferido. Portanto, a 
avaliação escolar perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a auto avaliação. 
Manifestações na prática escolar - Entre nós, o inspirador da pedagogia 
não-diretiva é C. Rogers, na verdade mais psicólogo clínico que educador. Suas 
ideias influenciam um número expressivo de educadores e professores, 
principalmente orientadores educacionais e psicólogos escolares que se dedicam ao 
aconselhamento. 
 
18 TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA 
 
Fonte: QUEIROZ, Cecília; MOITA, Filomena. As tendências pedagógicas e seus Pressupostos, p.9 
 
Papel da escola - Num sistema social harmônico, orgânico e funcional, a 
escola funciona como modeladora do comportamento humano, através de técnicas 
específicas. À educação escolar compete organizar o processo de aquisição de 
http://slideplayer.com.br/slide/1421680/
 
46 
 
habilidades, atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que os 
indivíduos se integrem na máquina do sistema social global. Tal sistema social é 
regido por leis naturais (há na sociedade a mesma regularidade e as mesmas 
relações funcionais observáveis entre os fenômenos da natureza), cientificamente 
descobertas. Basta aplica-las. A atividade da "descoberta" é função da educação, 
mas deve ser restrita aos especialistas; a "aplicação" é competência do processo 
educacional comum. A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social 
vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sistema produtivo; 
para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia 
comportamental. Seu interesse imediato é o de produzir indivíduos "competentes" 
para o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, 
objetivas e rápidas. A pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise 
experimental do comportamento garantem a objetividade da prática escolar, uma vez 
que os objetivos instrucionais (conteúdos) resultam da aplicação de leis naturais que 
independem dos que a conhecem ou executam. 
Conteúdos de ensino - São as informações, princípios científicos, leis etc., 
estabelecidos e ordenados numa sequência lógica e psicológica por especialistas. É 
matéria de ensino apenas o que é redutível ao conhecimento observável e 
mensurável; os conteúdos decorrem, assim, da ciência objetiva, eliminando-se 
qualquer sinal de subjetividade. O material instrucional encontra-se sistematizado 
nos manuais, nos livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dispositivos 
audiovisuais etc. 
Métodos de ensino - Consistem nos procedimentos e técnicas necessárias 
ao arranjo e controle nas condições ambientais que assegurem a 
transmissão/recepção de informações. Se a primeira tarefa do professor é modelar 
respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a principal é conseguir o 
comportamento adequado pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia 
educacional. A tecnologia educacional é a "aplicação sistemática de princípios 
científicos comportamentais e tecnológicos a problemas educacionais, em função de 
resultados efetivos, utilizando uma metodologia e abordagem sistêmica 
abrangente"5. Qualquer sistema instrucional (há uma grande variedade deles) 
possui três componentes básicos: objetivos instrucionais operacionalizados em 
comportamentos observáveis e mensuráveis, procedimentos instrucionais e 
avaliação. As etapas básicas de um processo ensino-aprendizagem são: a) 
 
47 
 
estabelecimento de comportamentos terminais, através de objetivos instrucionais; b) 
análise da tarefa de aprendizagem, a fim de ordenar sequencialmente os passos da 
instrução; c) executar o programa, reforçando gradualmente as respostas corretas 
correspondentes aos objetivos. O essencial da tecnologia educacional é a 
programação por passos sequenciais empregada na instrução programada, nas 
técnicas de microensino, multimeios, módulos etc. O emprego da tecnologia 
instrucional na escola pública aparece nas formas de: planejamento em moldes 
sistêmicos, concepção de aprendizagem como mudança de comportamento, 
operacionalização de objetivos, uso de procedimentos científicos (instrução 
programada, audiovisuais, avaliação etc., inclusive a programação de livros 
didáticos). 
Relacionamento professor-aluno - São relações estruturadas e objetivas, 
com papéis bem definidos: o professor administra as condições de transmissão da 
matéria, conforme um sistema instrucional eficiente e efetivo em termos de 
resultados da aprendizagem; o aluno recebe, aprende e fixa as informações. O 
professor é apenas um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-
lhe empregar o sistema instrucional previsto. O aluno é um indivíduo responsivo, não 
participa da elaboração do programa educacional. Ambos são espectadores frente à 
verdade objetiva. A comunicação professor-aluno tem um sentido exclusivamente 
técnico, que é o de garantir a eficácia da transmissão do conhecimento. Debates, 
discussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco importam as 
relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no processo ensino 
aprendizagem. 
Pressupostos de aprendizagem - As teorias de aprendizagem que 
fundamentam a pedagogia tecnicista dizem que aprender é uma questão de 
modificação do desempenho: o bom ensino depende de organizar eficientemente as 
condições estimuladoras, de modo a que o aluno saia da situação de aprendizagem 
diferente de como entrou. Ou seja, o ensino é um processo de condicionamento 
através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter. Assim, os 
sistemas instrucionais visam ao controle do comportamento individual face objetivos 
preestabelecidos. Trata-se de um enfoque diretivo do ensino, centrado no controle 
das condições que cercam o organismo que se comporta. O objetivo da ciência 
pedagógica, a partir da psicologia, é o estudo científico do comportamento: descobrir 
as leis naturais que presidem as reações físicas do organismo que aprende, a fim de 
 
48 
 
aumentar o controle das variáveis que o afetam. Os componentes da aprendizagem 
- motivação, retenção, transferência - decorrem da aplicação do comportamento 
operante Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma resposta a estímulos 
externos, controlados por meio de reforços que ocorrem com a resposta ou após a 
mesma: "Se a ocorrência de um (comportamento) operante é seguida pela 
apresentação de um estímulo (reforçador), a probabilidade de reforçamento é 
aumentada". Entre os autores que contribuem para os estudos de aprendizagem 
destacam-se: Skinner, Gagné, Bloon e Mager. 
Manifestações na prática escolar - A influência da pedagogia tecnicista 
remonta à 2ª metade dos anos 50 (PABAEE - Programa Brasileiro-americano de 
Auxílio ao Ensino Elementar). Entretanto foi

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