Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ana Luiza Bittencourt FILOSOFIA E ÉTICA Immanuel Kant (Filosofia Moderna – séc. XVI e XVII) > período que começava a ideia de jusnaturalismo > buscam justificar os direitos naturais através da razão *Livro = paz perpétua > procura pra ler, é pequeno - “O ser humano é um fim em si mesmo; e nunca um meio...” (todas as pessoas devem ser reconhecidas como seres humanos, dignas de direitos básicos essenciais, independentemente de qualquer coisa. As diferenças não tiram a essência do ser humano. Ninguém pode usar outro como objeto); - Para Kant, nunca vamos alcançar a felicidade, pois para isso precisamos da plenitude total: ter saúde, estar bem realizado; livre de todas as dores > nós vivemos pouco tempo; não conseguimos alcançar a satisfação plena. Ser feliz é não precisar de mais nada, mas sempre buscamos por mais, desde necessidades básicas a decisões de alta realização. A busca por felicidade não pode ser a ética. A felicidade é um conceito indeterminado. QUESTÃO DE PROVA Criticismo - É uma dialética (contrapõe ideias opostas – racionalismo e empirismo). - Crítica ao racionalismo e ao empirismo. O conhecimento deriva das duas fontes. Busca do conhecimento a priori. Todo conhecimento que adquirimos é pela experiência, porém nem todo conhecimento é resultante dos sentidos. Preocupações de Kant - Moral - O Dever – acima do querer > eu devo fazer o bem, independente de querer ou não. É preciso fazer o certo mesmo que isso prejudique interesses próprios. O dever deve vir da nossa consciência (vem da lei, mas também deve vir da lei interna) - Felicidade não é o bem maior - Razão = subdivisão da razão entre razão pura e prática Contexto histórico de Kant - Ascensão da burguesia; - Liberalismo europeu; - Idealismo alemão Juízos - São as formas de construção de conhecimento; - Sempre têm relação o sujeito com o objeto > conexão de conceitos (aspectos do indivíduo influenciam o objeto > se ele vai entender ou não) - Juízos analíticos: caráter lógico, independem de experiências prévias, são a priori. Ex.: todo triângulo tem 3 lados. É um conhecimento que independe da experiência. É algo que se alcança através da razão; - Juízos sintéticos: dependem de experiências, são a posteriori. Ex.: a sala é branca. É preciso ver efetivamente que a sala é branca. É um tipo de experimento que depende da experiência e não exige apenas a razão. - Juízos sintéticos a priori: independente da experiência, porém relacionado a ela. Não desconsidera nem a razão e nem a experiência. Os juízos a priori também podem encaixar em outras categorias (analíticos ou sintéticos). Ex.: todo corpo tem massa (os princípios mais gerais da ciência, os fundamentos da física e da matemática). *A priori = razão *A posteriori = experiência Teoria do conhecimento - Nós não conhecemos as coisas somente por experiências. Para conhecer alguma coisa também é necessário mecanismos do próprio sujeito que a conhece - As coisas não são elas em si, mas são como elas se apresentam para um determinado sujeito. - A teoria do conhecimento em Kant dá uma ênfase maior no sujeito que no objeto. Razão pura x Razão prática - Razão pura – os fenômenos; o ser; as coisas que existem - Razão prática – os deveres do homem; o dever-ser - A razão humana não é somente teórica – capaz de conhecer – mas também é razão prática – capaz de determinar vontade > o fato de você pensar te direciona a agir de uma forma ou outra/determina a sua vontade e conduta e deve direcionar ao que é certo fazer (dever-ser) Ética kantiana - Ética do dever – imperativos categóricos – não se caracteriza pela busca da felicidade. - Fazer o bem não por inclinação, mas por dever; “O conceito de felicidade é tão indeterminado que, ainda que todo homem queira alcançar, jamais ele pode dizer ao certo, e de acordo consigo mesmo o que propriamente deseja e quer (...) Em suma, ninguém é capaz de determinar, por princípio qualquer e com plena segurança, o que realmente lhe faria feliz; para isso seria necessária a onisciência” > somente saberíamos o que é a felicidade se soubéssemos de tudo da vida, o que é impossível acontecer - A gente não pode afirmar que somos felizes. O conceito de felicidade é mais complexo; indeterminado. A felicidade é indeterminada porque ela é diferente para cada um; - Os fins não justificam os meios - A ética de Kant (formal) não é consequencialista > você não vê as consequências do ato, mas sim o ato em si. Você pratica uma ação porque ela é certa. Porque é o certo a se fazer > LEI INTERNA - Não se deve seguir os instintos, pois eles sempre tendem a nos favorecer; Fundamentação da metafísica dos costumes - A metafísica dos costumes significa investigar as causas de uma coisa que levam à outra; investigar os princípios da nossa razão; enxergar além do que está na natureza e nos costumes (descobrir o que está por trás das nossas atitudes) - O fato de uma pessoa agir de uma forma não está relacionado simplesmente com o fato dela ter razão. O que determina a nossa vontade não pode ser somente a razão, senão todo mundo agiria da mesma forma (já que todos os humanos são racionais) > “a razão não é suficiente apta para guiar com segurança a vontade no que respeita aos seus objetivos e à satisfação de todas as necessidades (...), visto que um instinto natural inato levaria com muito maior certeza a esse fim” > Kant pensa que nosso instinto nos leva a agir muitas vezes por nossas vontades, sendo que existem pessoas que agem muito mais pelo instinto do que outras > a questão é como a pessoa lida com seu querer. Esse é o parâmetro. *Subjetivo = tem a ver com nosso instinto; com o querer > cada um tem o seu *Objetivo = é o dever > o que se deve fazer independente das vontades > não varia nem mesmo conforme a sociedade e o tempo > é universal (similaridade com o direito natural) - “Então, se a razão por si só não determina a vontade, sendo esta sujeita a condições subjetivas que nem sempre coincidem com as objetivas, a vontade não é em si plenamente conforme a razão.” > temos um conflito interno: o querer e o dever. Eu quero fazer isso, mas eu devo? Só devemos optar pelo querer se ele coincidir com o dever e ele nem sempre coincide, por isso é uma escolha que nós devemos fazer. - “Então as ações que são objetivamente necessárias são subjetivamente contingentes (duvidosas) e a determinação de tal vontade em conformidade com as leis objetivas chama-se obrigação (DEVER)” > quando uma decisão é pautada na obrigação (conformidade com as leis objetivas), e não no instinto, então cumprimos o dever. - “A representação de um princípio objetivo enquanto seja constitutivo para uma vontade, chama-se mandamento (da razão) e a fórmula do mandamento chama-se imperativo” > o imperativo é um mandamento Imperativos Imperativos hipotéticos – ação como meio; é uma hipótese > tem a ver com variações – determina uma ação como meio para atingir alguma coisa (propósito) – instrumento para algo. Imperativos categóricos – ação como fim – ÉTICA – determina uma ação com fim nela mesma > sem se preocupar com resultados > “age só segundo a máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne universal” > toda ação que seja desejável para todos os seres humanos é uma ação moral (ÉTICA) *Como você vai saber se sua ação é certa ou não? Você vai olhar a atitude em si. Ex.: se chega um atirador para matar 60 pessoas e uma pessoa chega e mata o atirador, essa última ação não foi certa. Você não pode usar o resultado (de não matar 60 pessoas) para justificar uma ação. A ação deve ser boa em si e matar alguém, em hipótese alguma, é uma boa ação pela ética kantiana. Cada um pode achar algo certo. O sistema ético tem que ser mais rígido quanto a isso. Quando começa abrir exceções, perde a regra em si. - “Age de tal maneira que passas a usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoade qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio” > imperativo prático (categórico) Dignidade humana - A dignidade em Kant é um valor que reveste tudo que não tem preço, não pode ser substituída por um equivalente > não é possível quantificar a dignidade (colocar um preço não é possível) > ela envolve questões mínimas de vida Constituição - 1888 *Uma das bases do nosso Estado é respeitar a dignidade humana > Art. 1° > tentar garantir direitos mínimos *Processar por danos morais – invocar que alguém tentou contra a dignidade de uma pessoa; valores dela > é invocada em diversos momentos diferentes *Mínimo existencial = o mínimo para dignidade. Ex.: saúde, saneamento, educação, alimentação = quem alega é o indivíduo *Reserva do possível = até quanto eu posso atender o mínimo existencial = quem alega é o Estado *Conceitos muito práticos, além da teoria. Autonomia e Heteronomia - Princípio formal supremo do dever determinado pela razão que direciona a vontade para cumprir a lei > princípio da autonomia da vontade > autonomia não significa fazer aquilo que tem vontade; significa agir conforme o dever > “o fundamento da dignidade da natureza humana e de toda a natureza racional.” - Esse princípio se opõe a uma vontade heterônoma; - Heteronomia = “quando a vontade busca a lei, que deve determina-la, em qualquer outro ponto, que não na aptidão de suas máximas para a sua própria legislação universal, quando, portanto, passando além de si mesma (...) Não é, pois, a vontade que dá a lei a si mesma, mas sim o objeto que por sua relação com a vontade dá a esta lei.” > o direito obriga a agir por uma razão externa, logo, segue a heteronomia. Liberdade - A liberdade está ligada à dignidade, porque não há liberdade sem dignidade; - A razão reconhece a liberdade como valor universal; - Se tem uma lei que fere a dignidade (ou a liberdade), então ela desrespeita um valor e não deve ser seguida. Kant e o Direito - “o Direito se distingue da moral porque esta última busca uma espécie de prática da lei por si mesma, tendo seu âmago na vontade interna do sujeito, enquanto o direito se impõe como uma ação exterior, concretizando-se no seu cumprimento, ainda que as razões do sujeito não sejam morais. Embora tal distinção, há, no entanto, um núcleo comum ao direito e à moralidade. Para Kant, a forma do direito é semelhante à forma da moralidade.” > o direito deve tentar expressar o imperativo categórico, mas nem sempre a lei preza por esses valores. - Estado natural: o homem e sua “sociabilidade antissocial” > o homem é social e antissocial ao mesmo tempo > ele é antissocial pois é egoísta (baseia-se em suas vontades) e, ao mesmo tempo, vive em sociedade. - Estado de Direito: estado regido pelas leis. Isso é feito para direcionar nossa conduta > obriga o cidadão a agir de maneira racional (conforme as leis), independente das inclinações dos agentes > isso é feito para garantir que o poder não pertença àquele que é mais forte por natureza. Função do Estado de Direito = garantir a liberdade – é um dever universal (moral). - Paz Perpétua (livro de Kant): progresso moral, princípio da autonomia dos Estados > essa autonomia traz progresso porque um estado não pode dominar o outro > constituição universal > se o homem tem fim em si mesmo, então todos têm dignidade, liberdade, etc. > isso deve ser colocado numa lei universal, em que todos os estados deveriam respeitar, independentemente de suas peculiaridades Na atualidade: - Constituição Federal de 1988: Art. 1°, 3°, 4°. - Código Penal = redução a condição análoga à de escravo (Art. 149); estelionato (Art. 171)
Compartilhar