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GINECOLOGIA Prematuridade . Definição . ● Parto prétermo: ocorrido entre 20-22 e 37 semanas ● Em nosso meio, as taxas de PP espontâneo estão em torno de 10% dos nascimentos. ● É importante distinguir: ○ Prematuro: relacionado a Idade Gestacional (IG) ○ Pequeno para a Idade Gestacional - PIG : correlaciona-se IG e peso ○ RN de baixo peso: não importa a IG, considera-se apenas o peso ● Baixo peso: <2,5kg ● Muito baixo peso: <1,5kg ● Extremo baixo peso: <1kg . Causas de prematuridade . ● Iatrogenia: cesárea eletiva com data erroneamente calculada ● Sobredistensões uterinas: gestações múltiplas, polidramnia, fetos muito grandes ● Amniorrexe prematura: primária ou secundária a outros elementos ● Gestação de alto risco: devido alterações endócrinas e aumento de contratilidade ● Hemorragias da 2° metade da gravidez ⇒ placenta prévia e DPP ● Malformações uterinas: hipoplasias, defeitos de fusão (septos) ou miomas. ● Incompetência cervical ⇒ o útero não consegue se manter fechado, o colo perde a capacidade de suportar o peso da gravidez - causa prematuridade, amniorrexe ⇒ tratamento: cerclagem ● Infecções ⇒ qualquer infecção que causa febre e hipertermia, levando ao aumento cinético uterino (estimulação das contrações) ⇒ corioamnionite tanto por causa do óbito fetal como por amniorrexe. . Fisiopatologia . ● É um evento multifatorial ● Estão envolvidos liberação de citocinas inflamatórias, hormônios hipotalâmicos e adrenais (ocitocina, cortisol, hormônio liberador de corticotropina, produção de estrógenos placentários, liberação de prostaglandinas, entre outros); . Fatores de risco . ● Estresse: solteiras, baixo status econômico, ansiedade, depressão, eventos de vida (divórcio, mortes), cirurgia abdominal durante a gravidez. ● Fadiga ocupacional: postura em pé, uso de máquinas industriais, esgotamento físico, estresse mental e ambiental. ● Distensão uterina excessiva: gestação múltipla, polidramnia, anomalia uterina ou miomatose. ● Fatores cervicais: história de aborto de 2/ trimestre, história de cirgurgia cervical, dilatação ou apagamento prematuro do colo. Comprimento do colo < 3cm com 18-24 semanas. ● Infecção: IST, Infecções sistêmicas, pielonefrites, bacteriúria, doenças periodontais. ● Patologias placentárias: placenta prévia, DPP, sangramento vaginal. ● Outros: Traumas, parto prematuro anterior, uso de drogas, tabagismo e etilismo, pré natal inadequado, anemias, contratilidade uterina excessiva, baixo nível educacional, fatores genéticos, desnutrição e baixo IMC, atividade física exagerada e Idade materna <15-18 anos ou > 40 anos. . Quadro clínico . ● A atividade uterina deve seguir um determinado padrão de acordo com a idade gestacional ⇒ as contrações de Braxton-Hicks são fisiológicas e tem sua frequência aumentada com a IG. ● Entre 28 a 32 semanas, são 2 a cada hora. ● Entre 33 - 36 semanas, são 3 a cada hora. ● A queixa de dor importante é a que não melhora nem com repouso e nem mesmo com sedação. . Definição de Trabalho de . . Parto Prematuro (TPP) . ● Presença de 4 ou mais contrações em 30 minutos de pelo menos 40 segundos ⇒ 1 a cada 5-8 minutos. ● Dilatação do colo de pelo menos 2-3cm. ● Apagamento do colo uterino de pelo menos 50%. . Marcadores do Parto Prematuro . USG para avaliação do comprimento do colo uterino ● Não recomendado em mulheres de baixo risco. ● Mulheres com alto risco para prematuridade ⇒ distância <2,5 cm entre orifício interno e externo, entre 18 e 24 semanas ⇒ considerado um marcador de risco para PP antes de 35 semanas. ● Comprimento maior que 3 cm, em mulheres com contração define um FALSO TPP. ● A maior contribuição deste exame é seu valor preditivo negativo. Dosagem de fibronectina fetal: ● Promove a adesão uteroplacentária e membrana fetal decídua ⇒ é liberada nas secreções cervicovaginais. ● Dependendo da concentração, se associa ao PP. ● Importante seu valor para preditivo negativo. Outros marcadores: ● Hormônio liberador de corticotropina, estriol salivar, estradiol, citocinas inflamatórias, AFP e HCG, fosfatase alcalina, etc. . Prognóstico . ● Responsável por 75% da mortalidade neonatal e 50% das lesões neurológicas em crianças. ● O PP associa-se à maior suscetibilidade aos tocotraumatismos, hipóxia e anóxia, podendo haver alguma grave lesão cerebral. ● A apresentação pélvica, o prolapso de cordão e o parto precipitado agravam a anóxia. ● A prematuridade pode se associar a sequelas tardias ⇒ a longo prazo: retardo do crescimento, disfunções auditivas e visuais, maior chance de óbito no 1° ano de vida; complicações imediatas: hiperbilirrubinemia. ● Consequências mais importantes: enterocolite necrotizante, fibroplasia retro cristaliniana, hemorragia intracraniana, doença da membrana Hialina, e principalmente, a SAR (Síndrome da Angústia Respiratória) ○ Os pneumócitos I são desprovidos de atividade secretora, enquanto que os do tipo II sintetizam e armazenam o surfactante pulmonar ⇒ responsável pela estabilidade alveolar, reduzindo a tensão superficial e diminuindo a pressão para a expansão alveolar, para assim, impedir seu colabamento. ● Percebe-se que a maior parte das complicações referentes à prematuridade está relacionada à imaturidade fetal. . Diagnóstico de prematuridade . Amniocentese: ● Técnica mais antiga e arriscada: coleta de líquido amniótico e avaliação ⇒ hoje, utiliza-se a ultrassonografia. ● Na prática, esses exames não são realizados frequentemente. ● Dosagem de creatinina: valores maior ou igual a 2% falam a favor de concepto maduro. ● Percentual de células fetais: Avaliação da maturidade epidérmica do feto. ● Teste de clements: visualização de bolhas após agitação do frasco que indica lecitina produzida pela via Cistinadifosfo-colina ⇒ produção de surfactante por via estável após 35 sem. ● Relação Lecitina/Esfingomielina: se igual a 2,0 é provável a maturidade pulmonar. ● Dosagem de fosfatidilglicerol: elemento do surfactante ⇒ se >0,3 sugere maturidade pulmonar. ● Pesquisa de Corpos Lamelares: células da pele que são descamadas ⇒ se estão presentes sugere maturidade. . Prevenção . ● Ainda é um grande desafio à obstetrícia. ● Consiste na eliminação e redução de fatores de risco: ● Pré-natal rigoroso; ● Diminuição de atividade física + adaptação laboral às gestantes de risco. ● Circlagem: período ideal entre 11 e 15 semanas. A realização de circlagem entre 24 e 28 semanas deve ser avaliada individualmente, devido aos riscos de Ruptura Prematura das Membranas Ovulares (RPMO). ● Rastreio e profilaxia para infecção por Streptococcus do grupo B. ● Identificar infecções urinárias; ● Uso de progesterona em grupos de risco ○ Parto prematuro anterior, cerclagem cervical, malformações uterinas ⇒ 100mg/dia de 24 a 34 semanas. ○ Para colo com 1,5 cm ou menos na 20-25° semanas ⇒ 200 mg/dia até 34 semanas. Medidas ineficazes na diminuição do PP: ● Repouso domiciliar ou hospitalar; ● Abstinência sexual (apesar de existir uma relação entre o ato sexual e a intensidade de contrações) ● Tocólise profilática e tocólise de manutenção ⇒ administração de medicamentos para interromper as contrações uterinas ● Antibioticoprofilaxia em assintomáticas ● Uso de escore de risco para prematuridade Medidas potencialmente efetivas na diminuição de PP ● Suplementação com progestágeno; ● Interrupção do tabagismo e do uso de drogas/álcool ● Circlagem ⇒ não necessariamente garante o bebê a termo, mas prolonga a gestação ● Redução da atividade física; ● Tratamento de infecções genitourinárias e de bacteriúria assintomática. . Tratamentos . 1. TOCOLÍTICOS: ● Iniciar assim que concluir o diagnóstico de PPT ⇒ respeitando as contraindicações de seu uso, tanto materno quanto fetal. ● Internação, monitoração fetal, hidratação maternae atenção às complicações do tratamento. ● Em certos quadros, não é indicado a inibição do parto prematuro, levando em consideração sua etiologia. Contraindicações maternas: ● Corioamnionite, sangramento grave, Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG), entre outras condições clínicas maternas específicas. Contraindicações fetais: ● Morte fetal, anomalias fetais incompatíveis com a vida, comprometimento fetal, CIUR grave (Restrição de crescimento intrauterino), idade gestacional maior que 34 semanas. ● Nesses casos, é preferível a continuidade do trabalho de parto de forma assistida. FÁRMACOS: Nifedipina: primeira escolha ● 10 mg VO a cada 20min até 4 doses, OU ● 20 mg VO, e se necessário, repetir essa dose de 1h30 à 2h após. ● Se após uma dessas 2 medidas, a atividade uterina persistir, usar outra medicação. ● A manutenção deve ser feita com 20mg VO a cada 4 a 8h, por no máximo 72h. ● Doses que culminam em 60 mg no dia não são muito indicadas. Indometacina: dose de ataque ● 50 mg VO ou 100mg VR (retal), e manutenção com 25 mg VO a cada 4-6 horas, por 48 a 72 horas, OU ● 100 mg VR/dia, no máximo 2 doses. ● Contraindicações: nefro e hepatopatias, roturas de membranas/oligoâmnio, asma, úlcera péptica, +32 semanas (para evitar o fechamento precoce do ducto arterioso). Salbutamol (Aerolin) e terbutalina (Bricanyl): betamiméticos ● 5 mg ⇒ 10 ampolas de 1 ml diluídas em 500 ml de soro glicosado ⇒ 10 mcg/ml ● Iniciar com 10 mcg/minuto ⇒ equivale a 60 ml/h ou 20 gotas/min. ● Aumentar 10 mcg/min a cada 20min, até inibir as contrações ou aparecer efeitos colaterais* à droga na mãe ⇒ suspender ● *Efeitos colaterais comuns: Pulso >120 bpm, dor torácica, hipotensão; ● Caso não tenha efeitos colaterais, mantém-se por 60min e diminui 10 mcg/min a cada 30 minutos até a menor dose considerada efetiva. ● Manter por 12 a 24 horas. Ritodrina (Miodrina): betamimético ● 50mg (5 ampolas) diluídas em 500 ml de soro glicosado 5% ⇒ 100 mg/ml. ● Iniciar 50 mcg/min ⇒ equivale a 30 ml/h ou 10gotas/min. ● Aumentar 50 mcg/min a cada 20 minutos até inibir as contrações ou aparecer efeitos colaterais maternos* (similares aos citados acima). ● Manter por 60 min e reduzir 5 mcg/min de 30 em 30 minutos, até atingir a dose mínima que mantenha sem contração. ● Manter por 12 horas. Atosibano ● Tem potente ação tocolítica, mas estudos não demonstraram superioridade em comparação à Nifedipina, além de apresentar um ALTO CUSTO. ● Preparo: 90 ml soro glicosado 5% + 10 ml Atosibano ● Fase 1: 7,5 mg/ml em bolus durante 1 min. ● Fase 2: 300 mcg/min (equivale a 24 ml/h ou 18 mg/h) durante 3 horas. ● Fase 3: 100mcg/min (equivale a 8 ml/h ou 9 mg/h) durante 45 horas. ● Não ultrapassar 48 horas ou dose máxima de 330mg. 2. CORTICOESTERÓIDES ● Principal estratégia para redução da morbidade e mortalidade perinatal, associada à prematuridade ● Os benefícios máximos ocorrem se o parto ocorrer entre 24h e 7 dias da última dose. ● Mesmo fora desse intervalo ainda há benefícios. ● Indicações: 24 a 34 semanas. ● Contraindicações: infecção e parto iminente. ● A repetição de doses ainda é controversa ⇒ repetir após 7 dias da 1°, antes de 32 semanas. ● Efeitos colaterais: aumenta a contagem de leucócitos em 30% (se > 20000 investigar infecção) + redução de linfócitos em 45% (após 24h de betametasona) que regride após 3 dias + hiperglicemia materna (aumentar a dose de insulina se necessário) + alterações dos parâmetros de avaliação fetal (aumento ou diminuição do BCF, variabilidade don BCF e diminuição dos movimentos fetais - transitório, por no máximo 4 dias). Fármacos: Betametasona ● 12 mg IM ⇒ 24/24 horas, 02 doses. Dexametasona ● 6 mg IM ⇒ 12 em 12 horas, 4 doses. 3. ANTIBIÓTICOS ● Só devem ser usados para a profilaxia da sepse pelo Streptococcus B (EGB) em gestante em trabalho de parto ou com rotura de membranas antes de 37 semanas, com risco iminente de parto com cultura EGB positiva ou sem cultura. ● Indicado em: membranas rotas > 18h (sem cultura), bacteriúria por EGB, história prévia de RN infectado por EGB e temperatura intraparto > ou igual a 38°C. ● Se houver cultura negativa para EGB não usar profilaxia em nenhuma situação. ● O intervalo ideal entre o início do antibiótico e do parto é de 4 horas. ● Manter até a inibição efetiva das contrações ou até o parto. ● Pode manter por mais de 48h se o parto não tiver ocorrido e ainda houver o risco de ocorrer em breve. Profilaxia da sepse neonatal Penicilina G cristalina: ● 5.000.000 UI IV ataque e 2.500.000 UI IV 4/4h até o nascimento. ⇒ a não ser que tenha cultura vaginal e retal negativas há menos de 5 semanas. Ampicilina: ● 2 g IV ataque e 1 g IV de 4/4 horas até o parto. Cefazolina: ● 2 g IV de ataque e 1 g IV de 8/8 horas até o parto. Clindamicina: ● 900 mg IV de 8/8 horas até o parto ● Especialmente para alérgicos à penicilina. Eritromicina estearato: ● 500 mg IV de 6/6 horas até o parto. Vancomicina ● 1 g IV de 12/12 horas até o parto. .Profilaxia da hemorragia intracraniana. Sulfato de magnésio ● Imediatamente antes do parto na dose de 4 g IV em 20 minutos. ● Em gestação abaixo de 30 semanas ⇒ reduz paralisia cerebral e disfunção motora das crianças. ● Possui controvérsias: sobrevida dos fetos considerada ruim (pouco benefício fetal) considerando a exposição materna aos riscos.
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