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❖ HIPERTENSÃO ARTERIAL ● Leve – Estágio 1 (sistólica <160mmHg e diastólica <100mmHg – ASA II): o Geralmente, não limita a realização de procedimentos cirúrgicos eletivos ou de urgência; o Uso de um protocolo de redução da ansiedade e monitoramento dos sinais vitais; o Aferir a PA antes de iniciar o procedimento → aferir novamente 5 minutos após a injeção anestésica (não ultrapassar a dose de 0,04mg de adrenalina/consulta) → sem alteração na PA, dar continuidade ao procedimento. ● Moderada – Estágio 2 (sistólica <180mmHg e diastólica <110mmHg – ASA III): o Cirurgias eletivas apenas após consulta com o médico, para realizar o controle da PA; o Cirurgias de urgência podem ser realizadas, mas com maior cautela e seguindo o protocolo de controle de ansiedade e monitoramento. ● Grave – Estágio 3 (sistólica >180mmHg e diastólica >110mmHg): o Cirurgias eletivas devem ser adiadas até que a pressão esteja controlada; o Cirurgias de emergência devem ocorres em ambiente muito bem controlado ou hospital. ❖ DISRITMIAS ● É qualquer alteração do ritmo cardíaco e/ou da frequência cardíaca. ● Pacientes geralmente possuem história de doença cardíaca isquêmica e necessitam de modificações no protocolo de atendimento. ● Limita-se a dose de adrenalina por consulta a 0,04mg. ● Estes pacientes podem fazer uso de anticoagulantes ou portarem marcapasso cardíaco permanente (equipamentos elétricos ou que emanam micro-ondas não devem ser utilizados próximos do paciente. ● Os sinais vitais devem ser monitorados cuidadosamente. ❖ ANGINA PECTORIS ● É uma dor causada pela obstrução do suprimento arterial para o coração, que leva a uma discrepância entre a demanda de oxigênio requisitada pelo coração (aumenta em casos de ansiedade, exercícios, digestão de grande quantidade de alimento) e a capacidade das artérias coronárias em supri-la. ● Medidas preventivas para o atendimento de pacientes com história de angina: o Obter uma cuidadosa história sobre a angina do paciente (frequência, duração, gravidade, resposta aos medicamentos, episódios que causaram...); o Consultar médico do paciente; o Se a angina ocorre somente durante exercícios moderados a intensos e responde bem à medicação, procedimentos cirúrgicos podem ser realizados; o Se a angina ocorre durante exercícios mínimos e necessita de várias doses de medicação para aliviar o desconforto ou se o paciente possui angina instável (se manifesta em repouso ou piora significativa), cirurgias eletivas devem ser adiadas; o Ter disponível no consultório medicamentos para alívio dos sintomas de angina (dinitrato de isossorbida ou spray de nitroglicerina). ● Protocolo de atendimento: 1. Consultar médico do paciente; 2. Protocolo de redução de ansiedade; 3. Ter medicamentos disponíveis; 4. Não atender após uma grande refeição (almoço, por exemplo); 5. Assegurar uma anestesia local efetiva antes de iniciar a cirurgia e limitar a quantidade de adrenalina; 6. Monitorar rigorosamente os sinais vitais; 7. Manter contato verbal com o paciente durante todo o procedimento. ❖ INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA) ● Ocorre quando o miocárdio doente se torna incapaz de corresponder ao débito cardíaco exigido pelo corpo ou quando uma demanda excessiva é exigida do miocárdio normal. ● Sintomas: o Ortopneia (encurtamento da respiração em posição supina); o Dispneia noturna paroxística (dificuldade respiratória 1 ou 2h após assumir posição supina); o Edema nos tornozelos. ● Pacientes com insuficiência cardíaca congestiva compensada por dieta e medicação podem realizar cirurgia ambulatorial com segurança (protocolo de redução de ansiedade e oxigênio). ● Pacientes com ortopneia não devem ser colocados na posição supina durante qualquer procedimento. ● Pacientes com cardiomiopatia hipertrófica não compensada devem ter a cirurgia adiada até atingir a compensação ou realização dos procedimentos em ambiente hospitalar. ● Protocolo de atendimento: 1. Adiar o tratamento odontológico até que a função cardíaca melhore e o médico autorize; 2. Conferir as medicações que o paciente utiliza; 3. Protocolo de redução de ansiedade; 4. Evitar posição supina; 5. Limitar a dose de adrenalina a 0,04mg/consulta. ❖ INFARTO DO MIOCÁRDIO ● A abordagem cirúrgica inicia-se com uma consulta ao médico do paciente. ● Recomenda-se que procedimentos eletivos sejam adiados até 6 meses após o infarto. ● Após 6 meses do infarto, o tratamento do paciente é semelhante ao de um paciente com angina: 1. Consultar o médico do paciente; 2. Conferir as medicações utilizadas, especialmente anticoagulantes; 3. Protocolo de redução de ansiedade; 4. Ter medicamentos disponíveis; 5. Não atender após uma grande refeição (almoço, por exemplo); 6. Assegurar uma anestesia local efetiva antes de iniciar a cirurgia e limitar a quantidade de adrenalina; 7. Monitorar rigorosamente os sinais vitais; 8. Manter contato verbal com o paciente durante todo o procedimento. ❖ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) ● Pacientes que sofreram um AVC são sempre suscetíveis a novos acidentes neurovasculares; ● O procedimento se inicia com uma consulta ao médico do paciente. ● Procedimentos cirúrgicos eletivos maiores devem ser adiados até 6 meses após o AVC. ● Protocolo de atendimento: 1. Consultar o médico do paciente; 2. Conferir as medicações do paciente; 3. Protocolo de redução de ansiedade; 4. Assegurar anestesia local efetiva; 5. Monitorar rigorosamente os sinais vitais. ● Principais sinais e sintomas de alerta: o Fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna, especialmente em um lado do corpo; o Confusão mental; o Alteração da fala ou compreensão; o Alteração na visão; o Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; o Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente. ● Como agir: o Sorriso – observar se a boca está aberta; o Abraço – pedir para levantar o braço e notar dificuldade; o Mensagem – atentar para alterações de fala e de compreensão; o Urgente – ligar para o SAMU (192). ❖ DIABETES MELITO ● É causado pela subprodução de insulina ou pela resistência dos receptores de insulina. ● Tipo I – diabetes insulino-dependente; ● Tipo II – diabetes não-insulino-dependente; ● Recomenda-se que os procedimentos cirúrgicos sejam realizados no início do dia, com utilização do protocolo de redução de ansiedade; ● O paciente deve se alimentar e fazer uso das medicações normalmente; ● É importante que o cirurgião-dentista realize ou solicite aferição de glicose do paciente antes da intervenção cirúrgica; ● A descompensação contraindica os procedimentos cirúrgicos. ● Anestésicos com adrenalina devem ser evitados, mesmo em pacientes compensados. ● Os anestésicos recomendados são prilocaína com felipressina ou mepivacaína sem vasoconstritor. ● Pessoas com diabetes têm maior dificuldade de conter infecções, sendo mais significativa em pacientes com diabetes não controlado. ● As cirurgias bucais eletivas devem ser adiadas em pacientes com diabetes não controlado, até que a compensação seja atingida. ● Protocolo de atendimento: 1. Adiar a cirurgia até que tenha sido controlado e consultar o médico do paciente antes do procedimento; 2. Agendar consulta pela manhã e evitar consultas longas; 3. Protocolo de redução de ansiedade; 4. Monitorar sinais vitais e de hipoglicemia antes, durante e após a cirurgia; 5. Manter a comunicação verbal com o paciente durante a cirurgia; 6. Orientar o paciente a tomar seu desjejum normal antes da cirurgia e tomar a dose usual de insulina. ❖ HIPERTIREOIDISMO ● Pacientes com doença na glândula tireoide tratada podem submeter-se a cirurgia bucal com segurança. ● Pacientes com evidência clínica de hipertireoidismo ou com hipertireoidismo não tratado possuem contraindicação no uso de adrenalina. ● Sinais clínicos: o Cabelos finos e quebradiços; o Hiperpigmentação cutânea; o Sudorese excessiva; o Taquicardia; o Palpitação; o Perda de peso; o Instabilidade emocional; o Exoftalmia (globo ocular saliente); oEdema na tireoide. ● Protocolo de atendimento: 1. Adiar a cirurgia até que a disfunção da tireoide seja controlada; 2. Monitorar sinais vitais; 3. Limitar a quantidade de epinefrina utilizada. ❖ INSUFICIÊNCIA SUPRARRENAL ● As doenças do córtex suprarrenal podem causar insuficiência suprarrenal primária. Os sintomas incluem fraqueza, perda de peso, fadiga e hiperpigmentação cutânea e das mucosas. ● A causa mais comum de insuficiência suprarrenal é a administração crônica de corticosteroides (insuficiência renal secundária). ● Sinais e sintomas: o Faces “em forma de lua”; o “Giba de búfalo”; o Pele fina a translúcida; ● Durante cirurgia prolongada, o paciente pode se tornar hipotenso, sujeito à síncope, nauseado e febril. O médico do paciente deve ser consultado quanto à necessidade de suplementação com esteroides. ● Procedimentos menos invasivos necessitam apenas de um protocolo de redução de ansiedade. ❖ ASMA ● Episódios de estreitamento das vias aéreas menores, o que produz sibilo (ruído semelhante a assobio agudo) e dispneia (dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta), a partir da estimulação emocional, imunológica, infecciosa e química. ● Devem ser questionados os fatores desencadeantes, frequência e gravidade dos ataques, medicações utilizadas e resposta a elas. ● As cirurgias eletivas devem ser adiadas se forem identificados sibilo ou infecção do trato respiratório. ● Quando a cirurgia for realizada, deve ser realizado protocolo de redução de ansiedade, já que pode ser gatilho para início de uma crise de asma. ● A bomba de inalação pessoal do paciente deve estar disponível, além da disponibilidade de fármacos como epinefrina no consultório. ● O uso de AINES deve ser evitado, pois frequentemente precipitam ataque de asma em indivíduos sensíveis. ● Protocolo de atendimento: 1. Adiar o procedimento até que a asma esteja bem controlada ou trato respiratório sem sinais de infecção; 2. Auscultar o tórax bilateralmente com estetoscópio para detectar ruídos; 3. Em casos de uso crônico de corticosteroides, deve-se entrar em contato com o médico para ver a necessidade de profilaxia antibiótica; 4. Protocolo de redução de ansiedade; 5. Manter inalador com broncodilatador acessível; 6. Evitar o uso de AINES. ❖ DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) ● É a obstrução da passagem de ar pelos pulmões, geralmente causada por uma exposição de longo prazo a irritantes pulmonares, como a fumaça do cigarro. ● Caracteriza-se por dispneia durante exercícios leves a moderados, tosse crônica e ruídos durante a respiração. ● Caso o paciente faça uso de corticosteroides, deve-se entrar em contato com o médico e considerar a suplementação adicional antes da cirurgia. ● Sedativos, hipnóticos e narcóticos que deprimem a respiração devem ser evitados. ● O paciente deve ser mantido sentado em posição ereta durante o procedimento. ● Não se deve utilizar suplementação com oxigênio em pacientes graves durante a cirurgia, exceto com recomendação médica. ● Protocolo de atendimento: 1. Adiar o tratamento até que haja melhora na função pulmonar; 2. Protocolo de redução de ansiedade, evitando o uso de depressores respiratórios, como o Diazepam; 3. Em caso de uso crônico de corticosteroides, tratar o paciente como se tivesse insuficiência suprarrenal; 4. Evitar colocar o paciente em posição supina; 5. Manter um inalador com broncodilatador acessível; 6. Monitorar de perto as frequências respiratória e cardíaca; 7. Agendar o paciente para o período da tarde, para permitir a eliminação de secreções. ❖ COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS ● História de epistaxe (sangramento nasal), fácil formação de hematomas, sangramento menstrual intenso e sangramento espontâneo devem alertar o cirurgião-dentista para a possibilidade de investigação laboratorial da coagulação antes da cirurgia. ● Devemos estar atentos a: o Tempo de Protrombina (TP) – avalia a via extrínseca da coagulação, determinando a tendência de coagulação do sangue. 10 e 14 segundos. o Tempo de Tromboplastina Parcial (TTPa) – avalia a eficiência da via intrínseca para formação do coágulo de fibrina. 25 a 34 segundos. o INR – relação entre o tempo de protrombina do paciente e um valor padrão dente tempo → 1. ● Em caso de suspeita de coagulopatia, o médico deverá ser consultado. ● O tratamento odontológico de pacientes com coagulopatias depende da natureza do problema hematológico: o Deficiências de fatores específicos (Hemofilia A, B ou C ou Doença de Von Willebrand): administração perioperatória de um fator de reposição e uso de agentes antifibrinolíticos. o Deficiência plaquetária quantitativa: pacientes com contagem baixa de plaquetas podem precisar de transfusões, por isso é recomendado que a anestesia seja feita por infiltração local, em vez de bloqueio regional, diminuindo a possibilidade de lesão a grandes vasos. ● O uso de substâncias tópicas promotoras da coagulação pode ser considerado. ● O paciente deve ser orientado cautelosamente a respeito do pós-operatório, evitando deslocamento do coágulo e hemorragia. ● Protocolo de atendimento: 1. Adiar a cirurgia até que o médico seja consultado; 2. Obter testes de coagulação; 3. Entrar em contato com o médico de referência; 4. Utilizar coagulantes tópicos, suturas em massa e curativos compressivos (compressão pós-operatória com gaze); 5. Monitorar a ferida por 2h, para garantir a formação de um bom coágulo; 6. Instruir o paciente: não realizar exercícios físicos, não se expor ao sol ou calor, repouso absoluto por 48h, alimentação líquida/pastosa nos primeiros dias do pós-operatório, aplicação de gelo; 7. Orientar o paciente sobre o que fazer se o sangramento recomeçar; 8. Evitar a prescrição de anti-inflamatórios. TERAPÊUTICA ANTICOAGULANTE ● Fármacos utilizados por pacientes com necessidade de anticoagulação, pacientes submetidos à hemodiálise ou outros motivos e gerarem efeito anticoagulante secundário (AAS – ácido acetilsalicílico). ● Fármacos com AAS geralmente não precisam ser interrompidos. ● Pacientes que usam heparina devem ter a cirurgia adiada até que a heparina circulante esteja inativa (6h intravenosa e 24h subcutânea). O sulfato de protamina pode ser usado para reverter os efeitos da heparina, caso seja necessária a realização de cirurgia bucal de emergência. ● Pacientes que usam varfarina deverão ter o uso interrompido de 2 a 5 dias antes da cirurgia, mas isto só deve ser realizado pelo médico do paciente. Ainda na manhã da cirurgia, o valor do INR deve ser conferido (pode ser realizada se estiver entre 0 e 3). ● Devem ser colocadas substâncias trombogênicas na ferida cirúrgica e o paciente deve ser bem orientado a respeito do pós-operatório. ● O tratamento com varfarina pode ser reiniciado um dia após a cirurgia, dependendo do trauma cirúrgico e da pactuação com o médico do paciente. ● Protocolo de atendimento (AAS ou inibidor plaquetário): 1. Consultar o médico do paciente, para verificar a necessidade de interromper o tratamento; 2. Se necessário, adiar a cirurgia até que haja interrupção da medicação; 3. Tomar medidas extras durante e após a cirurgia, para auxiliar a formação do coágulo e sua retenção; 4. Reiniciar a terapia no dia seguinte, se não houver sangramento. ● Protocolo de atendimento (Heparina): 1. Consultar o médico do paciente para determinar a segurança da interrupção do medicamento pelo período perioperatório; 2. Se o INR estiver menor que 3, tomar as precauções extras durante e após a cirurgia para formação do coágulo e reiniciar o uso da heparina assim que um bom coágulo esteja formado. 3. Se o INR estiver maior que 3, interromper a heparina em acordo com o médico e realizar a cirurgia após 6 horas da interrupção da medicação. Conferir o INR e realizar a cirurgia quando estiver menor que 3. ● Protocolo de atendimento (Varfarina): 1. Consultar o médico do paciente; 2. Solicitar exame INR; 3. Se o INR estiver menor que 3, tomar as precauções extras durante e após a cirurgia para formaçãodo coágulo e sua retenção; 4. Se o INR estiver maior que 3, interromper o uso da varfarina, de acordo com a recomendação médica. Conferir o INR diariamente e só realizar a cirurgia no dia em que estiver abaixo de 3; 5. Reiniciar a varfarina no dia da cirurgia. ❖ INSUFICIÊNCIA RENAL ● Cirurgias odontológicas eletivas devem ser realizadas no dia posterior à diálise e em combinação com o médico. ● Os fármacos nefrotóxicos ou que dependem de metabolização/excreção renal devem ser evitados ou utilizados em doses reduzidas. ● Fármacos nefrotóxicos: ibuprofeno, AAS, cetoprofeno, diclofenaco, naproxeno, omeprazol, penicilina e cefalosporinas. ● Protocolo de atendimento: 1. Atenção ao uso de fármacos; 2. Adiar o tratamento odontológico em até 1 dia após a diálise; 3. Consultar o médico sobre o uso de profilaxia antibiótica; 4. Monitorar a pressão sanguínea e frequência cardíaca. ❖ DISTÚRBIOS HEPÁTICOS ● Os pacientes com lesões hepáticas graves (resultantes de doenças infecciosas, abuso de álcool ou congestão vascular/biliar) necessita de cuidados especiais antes da cirurgia oral. ● Cada paciente deve ser avaliado de forma particular, visto que a gravidade do distúrbio hepático é variável. ● Pode haver necessidade de reduzir a dose ou evitar o uso de fármacos que sofrem metabolização hepática (nimesulida, amoxicilina + ácido clavulânico, eritromicina, diclofenaco e ibuprofeno. ● Protocolo de atendimento: 1. Dialogar com o médico para descobrir a causa dos problemas hepáticos; 2. Atenção ao uso de fármacos hepatotóxicos; 3. Solicitar exames para investigar distúrbios sanguíneos (contagem de plaquetas, TP, TTPa, INR, vit. K); 4. Evitar situações em que o paciente possa deglutir grandes quantidades de sangue. ❖ PACIENTES TRANSPLANTADOS ● O paciente transplantado geralmente utiliza uma variedade de fármacos para preservar a função do tecido transplantado, como: o Corticosteroides – podem precisar de suplementação transoperatória; o Imunossupressores – podem tornar as infecções mais graves. ● Por isso, normalmente é realizada a hospitalização precoce e uso de antibióticos. ● O médico do paciente deve ser consultado a respeito da profilaxia antibiótica. ● A ciclosporina A, imunossupressor administrado após transplante de órgãos, pode causar hiperplasia gengival. ● Protocolo de atendimento: 1. Adiar o tratamento até que o médico libere; 2. Evitar o uso de fármacos tóxicos para o órgão transplantado; 3. Considerar o uso de suplementação com corticosteroides, de acordo com a recomendação médica; 4. Atentar para a presença de hiperplasia gengival induzida por ciclosporina A; 5. Considerar a profilaxia antibiótica para pacientes imunossuprimidos. ❖ PACIENTES ONCOLÓGICOS OU QUE FAZEM USO DE MEDICAÇÃO ANTIRREABSORTIVA ✔ Radioterapia ● As complicações bucais da radioterapia podem ser agudas (mucosite e infecções oportunistas, como candidíase e herpes) ou crônicas (cárie de radiação, osteorradionecrose, trismo e diminuição da atividade funcional das glândulas – causa xerostomia e dificuldade para deglutir). ● As manifestações bucais da radioterapia ocorrem somente nos casos de tratamento envolvendo cabeça e pescoço, quando as glândulas salivares e maxilares estão no campo de radiação. ● É importante entrar em contato com a equipe médica. ✔ Quimioterapia ● Como os medicamentos são administrados na circulação sanguínea, seus efeitos colaterais são sistêmicos, independente da origem primária do câncer. ● Complicações agudas: hemorragia, infecções oportunistas (candidíase e herpes), mucosite, xerostomia e perda de paladar. ● Complicações crônicas: osteonecrose associada ao uso de medicamentos antirreabsortivos e alterações na odontogênese. ● Antes de qualquer procedimento, a equipe médica deve ser contatada para discussão e planejamento do caso. ● Pelas múltiplas complicações que podem acometer a cavidade oral, é essencial realizar uma consulta odontológica preventiva antes de iniciar o tratamento radioterápico e/ou quimioterápico: o Exame clínico e radiográfico; o Avaliar doença periodontal, cáries e mucosas; o Realizar todos os tratamentos (exodontias, selamento de cavidades, adaptação de próteses...); o Abordagem preventiva (orientação de higiene oral e aplicação de flúor); o Exodontias devem ser realizadas o mais rápido possível, possibilitando o reparo tecidual antes do início da terapia oncológica. Deve ser adotada técnica mais atraumática possível. O tempo mínimo ideal de intervalo entre a exodontia e o início do tratamento oncológico é de 3 semanas. ● A avaliação odontológica deve ser feita frequentemente durante a terapia oncológica, objetivando o controle da higiene oral, prevenção de infecções oportunistas e diagnóstico/tratamento precoce das sequelas bucais. ● O paciente deve ser orientado a realizar escovação com escova macia e pasta suave, bochechos com clorexidina aquosa 0,12%, uso de nistatina solução oral (3x/dia), manutenção de lubrificação bucal e labial. ● Protocolo de atendimento durante a terapia oncológica: o Contatar a equipe médica para definir quando realizar a abordagem cirúrgica; o Realizar profilaxia antibiótica; o Cuidado impecável com biossegurança durante o procedimento; o Evitar realizar ostectomia; o Ao realizar a sutura, sempre tentar realizar fechamento por primeira intenção (união dos bordos cirúrgicos). Se possível, utilizar fio mononylon 5-0, para evitar acúmulo de biofilme e estimular melhor cicatrização; o Dependendo do trauma cirúrgico, realizar antibioticoterapia pós-operatória; o Prescrição de bochechos de clorexidina aquosa 0,12% de 12 em 12 horas por 14 dias. o Se disponível, utilizar fotobiomodulação ou oxigenoterapia hiperbárica, para auxiliar a cicatrização. ● Após o térmico da terapia oncológica, as consultas odontológicas deverão ocorrer a cada 3 meses, pelo menos no 1º ano pós-terapia, para controle de rotina e diagnóstico e tratamento de complicações tardias. ● É comum observar o desenvolvimento de cárie de radiação, podendo ser usados fluoretos e tratamento restaurador. ● Outra complicação comum é o trismo, sendo recomendado realizar sessões de fisioterapia e exercícios de abertura bucal. ● A osteonecrose ou osteorradionecrose podem ocorrer durante ou após a terapia oncológica. Clinicamente, é observada exposição de tecido ósseo avascular, podendo ter secreção purulenta associada. A maior incidência de necrose óssea em paciente oncológico ocorre em mandíbula após radioterapia. Recomenda-se o encaminhamento para um cirurgião bucomaxilofacial. Alguns dos tratamentos propostos são: o Irrigação com clorexidina aquosa 0,12%; o Antibioticoterapia; o Fotobiomodulação; o Oxigenoterapia hiperbárica; o Avaliação da necessidade de remoção dos sequestros ósseos. ● Exodontias após tratamento oncológico: o Pacientes submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço deverão aguardar pelo menos 5 anos após o tratamento oncológico para a realização de cirurgias eletivas. o Pacientes que realizaram quimioterapia devem aguardar a normalização da contagem celular e dos demais exames laboratoriais. o Pacientes que realizaram radioterapia em outra parte do corpo devem aguardar a normalização dos exames laboratoriais, mas não terão prejuízo na cicatrização. o Caso seja necessário realizar a exodontia antes do período recomendado, deve-se seguir o protocolo de atendimento ao paciente oncológico. ✔ Pacientes que fazem uso de medicações antirreabsortivas que podem induzir osteonecrose ● Medicações antirreabsortivas que podem induzir osteonecrose: o Bisfosfonatos – alendronato, ibandronato, risedronato, pamidronato, zolendronato; o Anticorpos monoclonais – denosumab; o Antiangiogênicos – bevacizumab. ● A osteonecrose pode ser causada pela inibição da atividade osteoclástica, inflamação/infecção local e inibição da angiogênese. FATORES DE RISCO VARIÁVEIS MAIOR INCIDÊNCIA Tipo de Medicamento Via oral ou via endovenosa Via endovenosa Fatores Locais Tipo de intervenção Fator econômico Condição de saúde bucalExodontia Mandíbula Paciente com doença periodontal Fatores Demográficos e Sistêmicos Sexo Condições sistêmicas e medicações de uso contínuo Feminino Utilizar outras medicações (ex: corticosteroires) Comorbidades associadas (anemia, diabetes) Tabagismo Fator Genético Genes Gene associado à renovação óssea ● Estratégias de Manejo: o Pacientes prestes a iniciar tratamento endovenoso para terapia oncológica: realizar consulta odontológica preventiva, realizando todos os tratamentos necessários. No caso de exodontias, esperar 21 dias. o Pacientes prestes a iniciar tratamento para osteoporose: devem ser informados sobre os riscos de osteonecrose, além de realizar consulta preventiva e acompanhamento odontológico, para tratamento de cárie e doença periodontal. o Pacientes sem uso de osteonecrose induzida por medicamentos e que fazem terapia oncológica: os procedimentos de exodontia estão contraindicados, podendo ser realizados apenas em caráter de urgência. o Pacientes sem osteonecrose induzida por medicamentos e que fazem terapia para osteoporose: também possuem risco, mas em um grau muito menos do que os pacientes tratados pela via endovenosa. Em combinação com o médico, pode ser decidido cessar a medicação antes da exodontia/lesão óssea em 2 meses antes e 3 meses após o procedimento. o Desenvolvimento de osteonecrose induzida por medicamentos em pacientes que fazem terapia para câncer ou para osteoporose: encaminhamento para o cirurgião bucomaxilofacial. ● O atendimento odontológico preventivo anteriormente ao início da terapia medicamentosa é sempre a melhor recomendação. ❖ GESTAÇÃO ● Duas áreas do tratamento cirúrgico oral com potencial de causar danos ao feto são a radiografia odontológica e a administração de fármacos. ● Qualquer cirurgia eletiva deve ser adiada para depois do parto. ● Cirurgias inadiáveis devem ser realizadas com a proteção adequada durante os exames de imagem e observando as medicações contraindicadas. ● Evitar abordagens no 1º e 3º trimestre de gravidez, sempre dar preferência ao 2º trimestre. ● Caso o procedimento seja realizado, os sinais vitais devem ser monitorados, com atenção para qualquer elevação da pressão arterial. ● A paciente necessita de um posicionamento especial na cadeira odontológica, evitando posição próxima da supina. ● Interrupções para que a paciente esvazie a bexiga urinária são necessárias. ● Quanto à anestesia, recomenda-se lidocaína associada à epinefrina. Prilocaína e articaína não devem ser usadas (podem estimular metahemoglobinemia). ● Quanto aos vasoconstritores, noradrenalina (diminuição da irrigação plaquetária) e felipressina (aumento das contrações uterinas) são contraindicadas. ❖ LACTAÇÃO ● A maior preocupação no atendimento odontológico se dá quando a medicação utilizada e a possibilidade de transmissão ao bebê. ● Tabela de medicamentos utilizados no pós-operatório odontológico e sua relação com o período de gestação e lactação: MEDICAMENTO GRAVIDEZ LACTAÇÃO Paracetamol Seguro (não utilizar doses elevadas) Compatível AAS Não recomendado Uso cauteloso Dipirona Não utilizar no 3º trimestre Evitar por até 48h após o uso Ibuprofeno Não utilizar no 3º trimestre Uso cauteloso Codeína Não é recomendado por uso prolongado (risco de depressão respiratória) Uso cauteloso Morfina Não é recomendado por uso prolongado (risco de depressão respiratória) Uso cauteloso Amoxicilina e cefalosporinas Antibiótico de escolha para gestantes Compatível Cefalosporina (cefazolina, cefalotina e cefalexina) Seguro Uso cauteloso Clindamicina Seguro Uso cauteloso (Pode gerar diarreia e desidratação no bebê) Azitromicina Não é o de primeira escolha Uso cauteloso Metronidazol Não utilizar no 1º trimestre (efeito teratogênico e carcinogênico no feto) Uso cauteloso (pode gerar efeito carcinogênico) Tetraciclinas Não é recomendado (efeito teratogênico) Pode gerar alterações dentárias julianealvesds@gmail.com REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, A. 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