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AVALIAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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AVALIAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
	 
	
		por Gilson Brun
Falar sobre avaliação é sempre muito complicado, por ser um tema já bastante discutido e por existirem várias linhas de pensamento. Talvez por isso seja um assunto que os grandes doutores em Educação Física algumas vezes preferem desconversar.
Num passado não muito distante, a avaliação era estritamente tecnicista e o professor analisava somente o resultado da ação. Eram tempos em que o esporte dominava as aulas e o objetivo de todo professor era somente criar novos atletas. A individualidade do aluno e seu histórico motor eram esquecidos.
Um exemplo clássico dessa época era a prova em forma de circuito. De acordo com a modalidade daquele bimestre, criava-se essa prova, com objetivos rígidos, e anotavam-se os acertos e erros do aluno, para depois ser feita a média e atribuída a nota.
Os alunos que eram atletas da modalidade avaliada sempre tiravam as maiores notas. Os esforçados que, por um motivo ou outro, não estivessem bem no dia da prova tinham a sua nota reduzida. E aqueles mais obesos então, que eram massacrados pelos "atletas", recebiam notas muito baixas.
O pior era quando o professor havia sido atleta ou trabalhava como treinador, pois a cobrança na avaliação era ainda maior. Não que isso fosse maldade dele. O fato é que, no seu dia-a-dia, um erro podia pôr a perder um campeonato e ele acabava transpondo essa pressão para as suas aulas e seus alunos.
No método tradicional, não eram observados a participação, a conduta, o empenho e, o mais importante, o desenvolvimento do aluno ao longo do tempo. E toda a avaliação se resumia a um único dia, sem que houvesse interesse em saber se o aluno estava se sentindo bem ou mal na hora do teste. O que importava era que tivesse um ótimo desempenho, pois a sua média bimestral seria decidida ali, naquele momento.
Com a evolução da Educação Física, sente-se atualmente a necessidade de descobrir uma avaliação correta e principalmente justa. Um método que está sendo utilizado em algumas escolas, e que tem dado um bom resultado, é a avaliação contínua e diária. É claro que o trabalho do professor é um pouco maior, pois ele precisa ter o controle total de sua turma e estar sempre atento a todos os alunos, em vários aspectos.
Nesse tipo de avaliação, o professor terá que observar as capacidades físico-motoras que pretende desenvolver na aula. Cabe aqui ressaltar que determinada atividade poderá aprimorar várias capacidades, mas o professor deverá destacar apenas uma como objetivo da avaliação.
Outro ponto que o professor deve avaliar durante a aula é a capacidade socioafetiva, principalmente porque os alunos estão em contato direto uns com os outros nas nossas aulas. Os aspectos a serem analisados são a sociabilização do aluno, o companheirismo e a capacidade de trabalhar em grupo. Devemos nos preocupar com o desenvolvimento da socioafetividade para que nossos alunos não tenham dificuldade de conviver em sociedade.
A avaliação contínua e diária é vantajosa porque permite ao professor acompanhar todo o desenvolvimento dos seus alunos e porque ele, ao fazer esse acompanhamento, terá de anotar todas as observações feitas sobre a sua turma, obtendo, ao final do ano, um relatório completo.
Além disso, com esse método, todos os alunos terão a mesma chance, pois serão avaliados em relação a si mesmos, e não mais em relação a um colega que é atleta. Assim, se alguém tiver uma certa dificuldade no início da aula e, ao final, conseguir um pequeno crescimento, o objetivo dessa aula para ele será considerado atingido. E, se um dos alunos não estiver bem em uma aula, poderá recuperar sua nota com as outras do bimestre.
Como foi escrito no começo: tratar sobre avaliação não é tão simples assim. Toda discussão a respeito é sempre muito acirrada, porque cada um tenta defender a sua opinião e muitas vezes não está aberto a aceitar opiniões de outros professores que também têm a sua experiência para contar.
Quando falamos em mudar a avaliação, temos que lembrar que ela está prevista nas normas internas da escola e as alterações devem ser bem estudadas. Mas creio eu que, se essa mudança for para melhor, vale a pena tentar.
Envie sua experiência sobre esse assunto. Temos uma seção chamada Relato de Experiências, feita especialmente para divulgar o trabalho dos professores.
Na Educação Física a avaliação é a chance de verificar se o aluno aprendeu a conhecer o próprio corpo e a valorizar a atividade física como fator de qualidade de vida. Portanto, nada de considerar apenas a frequência às aulas, o uniforme ou a participação em jogos e competições - nem comparar os que têm "veia" de campeão com os que não têm. Não há uma única fórmula pronta para avaliar, mas é essencial detectar as dificuldades e os progressos dos estudantes. "O mais indicado é não utilizar um só padrão para todos, mas fazer um diagnóstico inicial para poder acompanhar o desenvolvimento de cada um", resume Alexandre Moraes de Mello, diretor da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Na Educação Física, como em todas as outras áreas, para avaliar bem é preciso definir os objetivos, pois eles determinam o conteúdo a ser trabalhado e os critérios para observar a evolução da aprendizagem. Exemplos: descobrir o próprio corpo para utilizá-lo melhor em atividades motoras básicas (correr, saltar) ou específicas (passes no basquete ou handebol, chutes no futebol) e compreender e respeitar as regras de um jogo e agir cooperativamente. 
As primeiras aulas funcionam como referência, para que o professor faça a análise inicial da turma, observando e registrando as características de cada estudante. Independentemente de o grupo conhecer ou não a atividade, é preciso explicar, desde o início, os motivos pelos quais ela faz parte do programa, quais os movimentos, as capacidades e as habilidades que serão trabalhados e que aspectos serão avaliados, coletiva e individualmente. "O estudante precisa conhecer quando e como será julgado", explica Caio Martins Costa, consultor na área de Educação Física do Colégio Friburgo, em São Paulo. 
Prazer de ver avançar quem tem pouca aptidão
É comum o professor de Educação Física encher os olhos quando vê alunos habilidosos nos esportes. Alexandre Moraes de Mello propõe olhar também de modo inverso. 
"A criança com pouca vivência motora é a mais importante para o trabalho docente, justamente porque representa um desafio", diz. Com esse tipo de estudante é preciso aplicar métodos adequados para trabalhar suas dificuldades específicas. Mello afirma que agir dessa maneira compensa, pois o prazer de ver o crescimento do estudante não tem preço.
Os três focos 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam três focos principais de avaliação na Educação Física: 
Realização das práticas É preciso observar primeiro se o estudante respeita o companheiro, como lida com as próprias limitações (e as dos colegas) e como participa dentro do grupo. Em segundo lugar vem o saber fazer, o desempenho propriamente dito do aluno tanto nas atividades quanto na organização das mesmas. O professor deve estar atento para a realização correta de uma atividade e também como um aluno e o grupo formam equipes, montam um projeto e agem cooperativamente durante a aula. 
Valorização da cultura corporal de movimento É importante avaliar não só se o educando valoriza e participa de jogos esportivos. Relevante também é seu interesse e sua participação em danças, brincadeiras, excursões e outras formas de atividade física que compõem a nossa cultura dentro e fora da escola. 
Relação da Educação Física com saúde e qualidade de vida   É necessário verificar como crianças e jovens relacionam elementos da cultura corporal aprendidos em atividades físicas com um conceito mais amplo, de qualidade de vida.
TEXTO 3
thttp://www.efdeportes.com/efd156/avaliacao-em-educacao-fisica-no-ensino-fundamental.htm

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