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1. INTRODUÇÃO Infecção do trato urinário (ITU) caracteriza-se pela invasão e multiplicação de microrganismos patogênicos (bactérias e fungos), em qualquer segmento do trato urinário, que geralmente é estéril. Os patógenos normalmente atingem o trato urinário por via ascendente, raramente por via hematogênica. Associa-se à alterações anatômicas e/ou funcionais do trato urinário e pode se manifestar de forma simples ou complexa, com disseminação bacteriana e lesão do parênquima renal, com consequente disfunção orgânica. Pode cursar com quadros sintomáticos ou assintomáticos. 2. CLASSIFICAÇÃO Quanto à localização: • Cistite: acometimento do trato urinário baixo. • Pielonefrite: acometimento do trato urinário superior. Quanto à presença de complicações: • Não complicadas: quando envolvem o trato urinário normal. • Complicadas: presença de alterações estruturais ou funcionais; risco de falha terapêutica e complicações graves. Quanto à evolução: • Aguda. • Crônica. Quanto à origem: • Comunitária: adquirida na comunidade ou início dos sintomas até 48 horas de internação. • Nosocomial: início dos sintomas após 48 horas de internação; relacionada ao uso de dispositivos invasivos (sonda vesical de demora), imunossupressão, entre outros fatores. • Bacteriúria assintomática: duas culturas de urina positivas, colhidas em mais de 24 horas de diferença, contendo 100.000 uropatógenos/mL da mesma cepa bacteriana e ausência de manifestações clínicas de ITU; mais comum em idosos, mulheres, diabéticos e gestantes. 3. ETIOLOGIA • ITU adquirida na comunidade: • Escherichia coli (mais comum – 70 a 85% dos casos), Staphylococcus saprophyticus. • Outros: Proteus ssp, Klebsiella ssp, Enterococcus faecalis. • ITU nosocomial (patógenos multirresistentes): • Enterobactérias (principais): E. coli, Proteus ssp e Klebsiella ssp; Pseudomonas aeruginosa; Acinetobacter baumanni; Enterobacter ssp; Enterococcus faecalis. • Fungos: Candida ssp (principal). 4. PATOGÊNESE Inicialmente, há colonização da mucosa intestinal e região perianal por microrganismos uropatogênicos (enterobactérias), com consequente ascensão destes para a bexiga e/ou rins. Essa ascensão é determinada pela virulência do agente infeccioso e integridade dos mecanismos de defesa do indivíduo. Os fatores de virulência bacterianos promovem aderência e invasão da parede do trato urinário, resultando em inflamação local. A migração para a uretra e bexiga acontece, principalmente, devido à atividade sexual, uso de contraceptivos com espermicida e alteração do pH vaginal (uso de antibióticos, hipoestrogenismo). 5. DIAGNÓSTICO Para ITU baixa, adquirida na comunidade, em mulheres jovens imunocompetentes e sem fatores de risco para complicações, o diagnóstico deve ser clínico. Outros tipos de ITU: • Análise de elementos anormais do sedimento urinário (urina rotina): presença de piúria (≥ 10.000 leucócitos/mL ou ≥ 10 leucócitos/campo), hematúria e bacteriúria; fita positiva para leucócito esterase e/ou nitrito. • Urocultura (padrão-ouro): identificação do uropatógeno (contagem bacteriana acima de 100.000 UFC/mL) em urina colhida em jato médio e de maneira asséptica (a coleta deve ser feita antes do início do antimicrobiano). • Exames inespecíficos: hemograma, proteína C reativa (PCR), ureia, creatinina. • Exames de imagem (Ultrassonografia, Tomografia computadorizada e Ressonância magnética do aparelho urinário): – Afastar complicações (obstrução urinária, doença litiásica, tumor, abscessos) e alterações estruturais ou funcionais. – Indicações: neonatos, crianças (após dois episódios em meninas e um episódio em meninos), homem, doença renal prévia, infecção persistente (não resolvida após 48-72 horas de terapia empírica), mulheres com infecções de repetição (três ou mais episódios no período de doze meses). 8. TRATAMENTO Bacteriúria assintomática: Não tratar culturas positivas na ausência de manifestações clínicas, exceto nas situações de gravidez, de pré-operatório de cirurgia urológica e colocação de próteses, de transplantados de órgãos sólidos e de granulocitopenia.
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