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Apostila Direito Penal II 2018-1

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DIREITO PENAL II 
 Profª: Ana Maria Duarte Página 2 
Obs. : Parte dos esquemas desta apostila foram retiradas da “Apostila Axioma Jurídico” Curso Semestral 
22010/2. 2 penalemresumo.blogspot.com/.../art-109-prescricao-antes-de-transitar.ht... 23/06/2010 
 
 
 
 
 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS 
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO 
ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO 
NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA 
 
 
APOSTILA DE 
DIREITO PENAL II 
Resumo: Material didático 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia – GO 2018 
 
 
DIREITO PENAL II 
 Profª: Ana Maria Duarte Página 3 
Obs. : Parte dos esquemas desta apostila foram retiradas da “Apostila Axioma Jurídico” Curso Semestral 
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
UNIDADE I – DO CRIME 
1. – Exclusão de Ilicitude 
1.2 – Noções de tipicidade e antijuridicidade 
1.3 – Estado de Necessidade 
 1.4 – Legítima Defesa 
1.5 – Estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular do direito 
UNIDADE II – DA IMPUTABILIDADE PENAL 
2.1 – Conceitos 
2.2 – Natureza jurídica 
2.3 – Efeitos 
2.4 – Requisitos 
2.5 – Doença mental 
2.6 – Desenvolvimento mental incompleto 
 2.7 – A visão da psiquiatria forense 
 2.8 – Responsabilidade diminuída 
 2.9 – Exame médico legal 
2.10 – Menores de dezoito anos 
 2.11 – Emoção e paixão 
2.12 – Embriaguez 
UNIDADE III – DO CONCURSO DE PESSOAS 
3.1 – Conceitos 
3.2 – Divisão de concurso de pessoas 
3.3 – Requisitos do concurso de pessoas 
3.4 – Natureza do concurso de pessoas 
 3.5 – Efeitos do concurso de pessoas 
 3.6 – Coautoria e partícipe 
3.7 – Circunstâncias incomunicáveis 
3.8 – Casos de Inimputabilidade 
UNIDADE IV – DAS PENAS 
4.1 – Conceitos 
4.2 – Das espécies de penas 
4.3 – Das penas privativas de liberdade 
4.4 – Regras do regime fechado 
4.5 – Regras do regime semiaberto 
4.6 – Regras do regime aberto 
4.7 – Regime especial 
4.8 – Direitos do preso 
4.9 – Trabalho de Preso 
4.10 – Legislação especial 
 
 
DIREITO PENAL II 
 Profª: Ana Maria Duarte Página 4 
Obs. : Parte dos esquemas desta apostila foram retiradas da “Apostila Axioma Jurídico” Curso Semestral 
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4.11 – Superveniência de doença mental 
4.12 – Detração 
4.13 – Das Penas Restritivas de Direitos 
4.14 – Conversão das penas restritivas de direitos 
4.15 – Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas 
4.16 – Interdição temporária de direitos 
4.17 – Limitação de fim de semana 
4.18 – Da Pena de Multa 
4.19 – Multa 
4.20 – Pagamento da multa 
4.21 – Conversão da multa e revogação 
4.22 – Suspensão da execução da multa 
4.23 – Da Cominação das Penas 
4.24 – Da Aplicação das Penas 
4.25 – Fixação da pena 
4.26 – Critérios especiais da pena de multa 
4.27 – Circunstâncias agravantes 
4.28 – Reincidência 
4.29 – Circunstâncias atenuantes 
4.30 – Cálculo da pena 
4.31 – Concurso Material 
4.32 – Concurso Formal 
4.33 – Crime continuado 
4.34 – Limite das penas 
4.35 – Da Suspensão Condicional da Pena 
4.36 – Do Livramento Condicional 
4.37 – Dos Efeitos da Condenação 
4.38 – Da Reabilitação 
UNIDADE V – DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA 
5.1 – Espécies de medida de segurança 
5.2 – Imposição da medida de segurança para inimputável 
5.3 – Direitos do internado 
UNIDADE VI – DA AÇÃO PENAL 
6.1 – Espécies 
6.2 – Denúncia e Queixa 
6.3 – Ação penal pública 
6.4 – Ação penal privada 
6.5 – Ação penal privada subsidiária da pública 
6.6 – Irretratabilidade da representação 
6.7 – Decadência do direito de queixa ou representação 
6.8 – Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa 
 
 
DIREITO PENAL II 
 Profª: Ana Maria Duarte Página 5 
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6.9 – Perdão do ofendido 
UNIDADE VII – DA EXTINÇAO DA PUNIBILIDADE 
7.1 – Conceitos 
7.2 – Prescrição antes de transitar em julgado a sentença 
7.3 – Prescrição das penas restritivas de direito 
7.4 – Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória 
7.5 – Prescrição da pena de multa 
7.6 – Redução dos Prazos de prescrição 
7.7 – Causas impeditivas da prescrição 
7.8 – Perdão judicial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL II 
 Profª: Ana Maria Duarte Página 6 
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UNIDADE I 
DO CRIME – exclusão de ilicitude 
 
NOÇÕES DE TIPICIDADE E ANTIJURIDICIDADE 
DA TIPICIDADE 
Noções: conforme, anteriormente analisado, a antijuridicidade é um dos elementos 
do crime que é - fato típico, ilícito/ culpável, sendo que os elementos do fato típico 
são: conduta, nexo causal, resultado e tipicidade. Para a teoria bipartide a 
culpabilidade é pressuposto de pena. 
 Desse modo pode-se conceituar a antijuridicidade ou ilicitude. 
Conceito: é a correspondência, a adequação perfeita entre o fato natural, 
concreto e a descrição contida na lei. Já o TIPO penal é um modelo abstrato 
que descreve um comportamento proibido. À identidade entre o tipo penal e a 
conduta chama-se tipicidade, ilicitude ou antijuridicidade. 
 
A tipicidade deve ser analisada em dois planos: formal e material 
 
Tipicidade formal (ou legal) - consiste na correspondência entre uma conduta 
da vida real e o tipo legal de crime previsto na lei penal; 
 
Tipicidade material – a conduta, além de sua adequação formal, deve ser 
materialmente lesiva a bens jurídicos ou ética e socialmente reprováveis. Os 
comportamentos normalmente permitidos são materialmente atípicos. A 
ausência de tipicidade material leva à atipicidade da conduta. Não se confunde 
com ausência de justificação. Exemplo comparativo: lesões corporais 
decorrentes de legítima defesa e de pontapés em jogos de futebol. A tipicidade 
material pode ser excluída com base nos princípios da adequação social da 
conduta e o da insignificância penal. 
 
Princípio da adequação social da conduta (introduzido por Hans Welzel). 
As condutas socialmente aceitas e adequadas, que estejam dentro do âmbito 
 
 
DIREITO PENAL II 
 Profª: Ana Maria Duarte Página 7 
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da normalidade social, seriam atípicas (exs.: perfuração de parte da orelha ou 
do nariz dos índios pequenos, por seus pais, para manter a tradição de fixação 
de objetos da cultura indígena ou mesmo na nossa cultura; assim como certos 
castigos escolares verificados dia a dia, em que não há autorização legal, etc.) 
 
Observação: os princípios da adequação social e dainsignificância afastam a 
tipicidade material e, de consequência, o crime; são considerados causas 
supralegais de exclusão da tipicidade. 
 
Tipicidade conglobante – sem muita aceitação ainda na jurisprudência em 
nosso país vem guardando receptividade na doutrina o conceito de tipicidade 
conglobante como corretivo da tipicidade legal. Criada pelo argentino Eugenio 
Raúl Zaffaroni, a teoria da tipicidade conglobante preceitua que o fato típico 
deve ter, também, anti-normatividade, daí ser conglobante; 
 
O fato deve contrariar o TIPO LEGAL e também deve contrariar o 
ordenamento jurídico, como um todo; (Zaffaroni) segundo esse autor, trata-se, 
de um dos aspectos da tipicidade penal, que se subdividiria em tipicidade legal 
(adequação do fato com a norma penal, segundo uma análise estritamente 
formal) e tipicidade conglobante (inadequação do fato a normas extrapenais). 
Por meio desta, deve-se verificar se o fato, que aparentemente viola uma 
norma penal incriminadora, não é permitido ou mesmo incentivado por outra 
norma jurídica (como no caso das intervenções médico-cirúrgicas, violência 
desportiva, estrito cumprimento de um dever legal etc.). Não teria sentido, 
dentro dessa perspectiva, afirmar que a conduta do médico que realiza uma 
cirurgia no paciente viola norma penal do art. 129 do CP (não ofenderás a 
integridade corporal alheia) e, ao mesmo tempo, atende ao preceito 
constitucional segundo o qual a saúde é um direito de todos (não seria lógico 
dizer que viola uma norma e obedece a outra, ao mesmo tempo) 
Por meio da tipicidade conglobante (que resulta numa análise conglobada do 
fato com todas as normas jurídicas, inclusive extrapenais), situações 
 
 
DIREITO PENAL II 
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consideradas tradicionalmente como típicas, mas enquadráveis nas 
excludentes de ilicitude (exercício regular de um direito ou estrito cumprimento 
de um dever legal), passariam a ser tratadas como atípicas, pela falta de 
tipicidade conglobante. Com a adoção da imputação objetiva, tais resultados 
(atipicidade de fatos então considerados típicos, porém lícitos) atingida sem 
necessidade dessa construção, que se torna supérflua. 
 
Tipo do injusto – contém todos os elementos do tipo legal mais a nota da 
ilicitude (Assis Toledo). Injusto é toda a conduta típica e antijurídica, mesmo 
que não seja culpável (Cezar Roberto Bittencourt). 
 
FUNÇÕES DO TIPO PENAL 
O tipo penal contém três relevantes funções: 
 a) - garantia do princípio da reserva legal; 
b) - indício de ilicitude; 
c) - função diferenciadora do erro. É indiscutível que o dolo do agente 
deve abranger todos os elementos constitutivos do tipo penal; o 
desconhecimento de um elemento constitutivo do tipo constitui erro de tipo – 
(Cezar Roberto Bittencourt). 
 
CLASSIFICAÇÃO DO TIPO 
Tipo fechado ou direto – ocorre a tipicidade direta quando a adequação do 
fato se opera de forma direta - é a conduta proibida descrita integralmente na 
lei (Ex.: matar alguém: A mata B, portanto, A violou o preceito normativo 
contido na norma do art. 121, do CP); 
Tipo aberto ou Indireto – ocorre a tipicidade aberta ou indireta quando for 
necessário para que o tipo penal esteja completo de complementação de uma 
norma de caráter geral, que se encontra fora do tipo descrito, ou seja, se 
encontra contida na parte geral do CP (Ex.: A paga B para matar C. Assim, A 
violou o preceito normativo contido no art. 121 c/c 29 do CP – “Quem, de 
qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
 
 
DIREITO PENAL II 
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medida de sua culpabilidade”. É o que a doutrina chama de concurso de 
pessoas); 
ELEMENTOS DO TIPO PENAL INCRIMINADOR 
 A doutrina costuma destacar e classificar as elementares do tipo em: 
a) - Elementos descritivos ou objetivos do tipo – são aqueles que como 
o nome já indica – narram ou referem-se à obstrução da conduta 
proibida, ou seja, constituem-se no objeto do crime, no núcleo do tipo 
(no verbo), ex.: “matar alguém”; 
b) - Elemento subjetivo do tipo – é aquele referente ao animus do agente 
(dolo ou culpa); 
c) - Elementos normativos do tipo – são aqueles tipos penais que 
demandam uma valoração por parte do aplicador da norma – deixados 
propositalmente em aberto, ou seja, quando o legislador insere alguma 
expressão que exigirá do julgador um juízo de valor, ex.: alheia” no 
crime de furto). Podem referir-se ao injusto (devidamente, sem “sem 
justa causa”, vide arts. 151, 153, CP) a um termo jurídico (“cheque”, 
“documento”, “funcionário público” etc. – arts. 171, 297, 312) ou termo 
extrajurídico (inexperiência da vítima; dignidade – (arts.174 e 140 CP 
respectivamente). Assim, o juízo de valoração pode ser social, religioso, 
político, cultural, jurídico ou outro conhecimento humano qualquer. 
 
DA ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE) 
 
Conceito: é a contradição que se estabelece entre a conduta do agente e todo 
o ordenamento jurídico, consistindo na prática de uma ação ou omissão legal. 
A doutrina costuma utilizar as expressões ilicitude e antijuridicidade como 
sendo sinônimas, embora haja parte da doutrina (Assis Toledo), que repudie a 
utilização da segunda expressão como indicadora de antagonismo entre a 
conduta e o ordenamento jurídico. 
 
 
DIREITO PENAL II 
 Profª: Ana Maria Duarte Página 10 
Obs. : Parte dos esquemas desta apostila foram retiradas da “Apostila Axioma Jurídico” Curso Semestral 
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De acordo com o professor Rodrigues1 “a expressão mais correta é 
ilicitude, embora boa parte de doutrinadores prefiram denominá-la de 
antijuridicidade. Afirma ainda que, o Código Penal repudiou a expressão 
antijuridicidade, nos termos do artigo 23 do Código Penal” 
 
Diferença entre ilícito e injusto – O ilícito é a contrariedade entre o fato e a 
lei, ou seja, a realização de um fato proibido pelo ordenamento legal; não 
comporta escalonamentos, de modo que um simples furto é tão ilícito quanto o 
latrocínio. 
 O injusto é a própria conduta valorada como ilícita; tem caráter 
substantivo; possui qualidade e quantidade, isto é, admite escalonamento; é 
aquilo que nos é permitido fazer; engloba a ação típica e ilícita, ainda que não 
seja culpável. 
 
Espécies: 
a) - ilicitude formal – é a mera contrariedade do fato ao ordenamento 
legal; confunde-se com a tipicidade; 
b) - ilicitude material – é a que fere o interesse material protegido pela 
norma; possibilita a admissão de causas supralegais de justificação; 
c) - ilicitude subjetiva – considera que o fato só é ilícito se o agente 
tiver capacidade de avaliar seu caráter criminosos (o inimputável, segundo esta 
teoria, não comete fato ilícito); 
d) - ilicitude objetiva – sua ocorrência não depende da capacidade de 
avaliação do agente. 
 Obs.: importante lembrar que o exame da conduta delituosa segue a 
ordem: fato típico, antijuridicidade e culpabilidade. Assim, caso constatado que 
o fato não é típico (Ex.: aplicação do princípioda insignificância), sequer será 
analisada a sua antijuridicidade. 
 
 
 
1
 Rodrigues, Roberto – Direito penal fundamental: parte geral - professor na PUC Goiás. P. 175. 
 
 
DIREITO PENAL II 
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Causas legais de exclusão de ilicitude 
 
Também são conhecidas como: causas de exclusão da antijuridicidade; 
causas de justificação, causas de exclusão do crime, discriminantes, 
excludentes de ilicitude (art. 23 do CP); 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular 
 de direito 
 
DO ESTADO DE NECESSIDADE 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato 
para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem 
podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas 
circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever 
legal de enfrentar o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito 
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
O estado de necessidade tem o poder de tornar licita a conduta do 
agente que, nas condições previstas em lei, praticou conduta típica, desde que, 
para salvar de perigo atual bem ameaçado, seja esse bem de valor superior ao 
bem sacrificado ou de igual valor (teoria unitária), não se admitido o sacrifício 
de um bem jurídico superior a pretexto de salvar um outro bem de valoração 
inferior 
TEORIAS: 
a) - Unitária: o estado de necessidade é sempre causa de exclusão da 
ilicitude; teoria adotada pelo código Penal. 
b) - Diferenciadora: se o bem sacrificado for igual ou maior ao salvo, o estado 
de necessidade exclui a culpabilidade (teoria adotada pelo Código Militar); 
 
 
DIREITO PENAL II 
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REQUISITOS: 
Perigo de lesão a um bem jurídico (perigo atual) – é indispensável a 
existência do perigo ou lesão a um bem juridicamente tutelado; lembrando que 
esse perigo deve ser atual, e não pode ter sido voluntariamente provocado pelo 
agente do fato necessário, deve resultar de caso fortuito ou força maior, casos 
em que trabalha-se com a ideia de ponderação dos bens em risco. Ex.: 
naufrago que afoga o outro para ficar com a única boia 
Inevitabilidade da lesão ao bem de outrem – em situação de conflito entre 
bens protegidos, o sacrifício de um deles somente é permitido quando a 
salvação do outro possa fazer-se à custa desse sacrifício. 
Conflito entre bens reconhecidos e protegidos pela ordem jurídica – no 
estado de necessidade não podem prevalecer, sobre direitos protegidos, vícios 
ou práticas desvaliosas. Ex.: não se admite a invocação da excludente ora 
analisada se o perigo decorreu de ato anterior doloso praticado pelo agente; se 
entretanto, o agente provoca o perigo por conduta culposa, a discriminante 
poderá ser arguida. 
Balanceamento dos bens e deveres em conflito (razoabilidade) – o bem 
sacrificado deve ser igual ou inferior ao do bem defendido; o sacrifício de bem 
de maior valor afasta a causa de justificação. Ex.: a prática de homicídio para 
impedir a lesão de um bem patrimonial de ínfimo valor. 
Inexistência do dever legal de enfrentar arrostar o perigo – não se pode 
alegar o estado de necessidade todo aquele que, por obrigação decorrente de 
lei, tinha o dever de enfrentar o perigo. Ex.: policial que, com medo do 
criminoso, joga uma pessoa na trajetória da bala. 
Elemento subjetivo do agente – o agente deve conhecer ( ou ao menos 
acreditar que se faz presente) a situação fática caracterizadora do estado de 
necessidade 
 
 
DIREITO PENAL II 
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Classificação do estado de necessidade: 
a) - quanto à titularidade do interesse protegido – próprio ou de 
terceiro; 
b) - quanto aos aspectos subjetivo do agente – real (situação de perigo 
real) e putativo (o agente supõe a existência de perigo que não existe); 
c) - quanto à ofensa – defensivo (quando o ato necessário se dirige 
contra a coisa que promana o perigo – Ex.: vítima que mata cão agressor; 
agressivo (quando o ato necessário é dirigido contra coisa diversa daquela de 
que promana o perigo – ex.: furto devalimento para saciar a fome) 
 
DA LEGÍTIMA DEFESA 
 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos 
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou 
de outrem. 
 
REQUISITOS: 
a)- repulsa a agressão atual ou iminente e injusta – o primeiro aspecto da 
legítima defesa é a reação defensiva, o que exclui de seu âmbito qualquer ato 
agressivo em sua origem; é a resistência contra posta á agressão injusta (atual 
e iminente). 
a1) - agressão atual – é aquela que já esta em curso no momento da 
reação defensiva; não se funda no temor de ser agredido em no revide de 
quem já o foi. Não se admite legitima defesa antecipada, ou seja, temor de 
agressão futura. Atenção – o bem somente será passível de autodefesa se não 
for possível socorrer-se do Estado para sua proteção. 
a2) - agressão iminente – é aquela que está preste a acontecer; é a 
previsibilidade concreta de agressão dentro de um quadro de possibilidades 
reais (nos crimes permanentes a agressão será sempre atual, enquanto não 
cessada a permanência); 
 
 
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a3) - agressão injusta – é a agressão ilícita, antijurídica (a penhora é 
injusta) ao contrário do estado de necessidade, que admite um contra outro, 
não se admite legitima defesa contra legitima defesa; não é necessário que a 
agressão seja crime ex(art. 1210, § 1º, CC); 
a4) - agressão de inimputáveis – se a agressão não precisa ser crime, 
também não se exige que seja ela proveniente de alguém culpável; admitem-se 
a legítima defesa contra ébrios, menores, doentes mentais, etc.; 
a5) - aberratrio ictus – na reação defensiva, se o agente erra na 
execução dos atos necessário de defesa, não descaracteriza a causa de 
justificação (art. 73 CP); não exclui, porém, a responsabilidade civil. 
 
b)- defesa de direito próprio ou alheio – todos os direitos (bens ou interesses 
jurídicos) são suscetíveis de legitima defesa, tais como: a liberdade, a 
integridade física, o patrimônio, a honra, etc; na legítima defesa da honra, 
igualmente às demais, a adequação dos meios empregados é requisito 
indispensável. 
 
c) - meios necessários - são aqueles indispensáveis para repelira agressão 
atual, ou iminente e injusta; nem menos, nem mais do que isso, ou seja, são os 
que causam o menor dano indispensável à defesa do direto, já que não se 
deve confundir necessidade dos meios empregados com necessidade de 
defesa( por exemplo: caso de paralítico que atira para evitar furto de algumas 
frutas sem seu poder); deve guardar proporcionalidade. Havendo mais de um 
meio de repelir a agressão, deve-se utilizar o menos lesivo, sempre, porém, 
atentando para as peculiaridades do caso concreto, lembrando a clássica 
advertência de Nelson Hungria que aduzia que “não se pode medir a 
proporcionalidade da reação em pratos de balança”. 
 
d) - moderação no emprego dos meios – refere-se à intensidade dada pelo 
agente no emprego dos meios de defesa; a reação do agente não pode crescer 
 
 
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em intensidade além do razoavelmente exigidos pelas circunstâncias para 
fazer cessar a agressão. 
e) - orientação do animo do agente no sentido de praticar atos defensivos 
– assim, como nas demais causas de justificação, na legitima defesa o agente 
deve mover-se no propósito de defender-se (posição majoritária). Em sentido 
diverso, Nelson Hungria, para quem análise da legítima defesa era puramente 
objetiva. 
Obs.: A possibilidade de fuga pelo agredido não afasta a legitima 
defesa, pois “a lei não pode exigir que se leia na cartilha dos covardes e 
pusilânimes” (Nelson Hungria). 
 
Legítima defesa subjetiva – é o excesso por erro do tipo escusável, que 
exclui o dolo e a culpa (art. 20, § 1º, primeira parte); o agente, encontrando-se 
inicialmente em legítima defesa, mas por erro quanto a gravidade do perigo ou 
quanto ao modo de reação, plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
ainda encontrar-se em situação de defesa. (denominada e usada muitas vezes 
como sinônimo de defesa putativa, empregada por Hungria para caracterizar o 
excesso da legítima defesa por erro escusável). 
 
Legítima defesa sucessiva – é a repulsa contra excesso de legitima defesa 
(ex.: alguém agindo inicialmente em legitima defesa, excede, outrem, 
anteriormente agressor, reage). Situação perfeitamente possível. Ou seja, 
trata-se de hipótese em que alguém se defende do excesso de legitima defesa. 
Ex.: se um ladrão é surpreendido furtando, cabe por parte do 
proprietário, segurá-lo à força até a chegada da polícia (constrangimento 
admitido na legitima defesa), embora não possa propositadamente lesar sua 
integridade física. Caso isso ocorra, autoriza o ladrão a se defender (é a 
legítima defesa contra o excesso praticado). 
 
Legítima defesa putativa – quando o agente, por erro de tipo ou de proibição 
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe encontrar-se em face de 
 
 
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agressão injusta. Ex.: proprietário de um veículo, que, com o auxílio de outrem, 
reagiu violentamente contra a vítima que tentava abrir, por equivoco, seu 
veículo, induzindo o agente a supor que se tratava de furto. Mesmo nessa 
hipótese é sempre indispensável a moderação. (art. 20, § 1º), primeira parte e 
21, CP). 
Excesso na legítima defesa – ocorre quando o uso desnecessário ou 
imoderado de um certo meio venha dar causa a resultado mais grave do que 
razoavelmente suportado nas circunstâncias. “O agente, em qualquer das 
hipóteses do Parágrafo único do art. 23, responderá pelo excesso doloso ou 
culposo”. Assim, se o agente exceder, em qualquer das causas de justificação, 
por dolo ou culpa, deverá responder por dolo ou culpa. 
 
Excesso doloso – ocorre quando o agente, ao defender-se de uma injusta 
agressão emprega meio desproporcionadamente desnecessário (ex.: para se 
defender de um tapa, mata a tiros o agressor); ou ainda quando age com 
imoderação (ex: depois do primeiro tiro que fere e imobiliza o agressor, 
prossegue na reação até matá-lo) Caracterizando o excesso, o agente 
responde pelo fato doloso, correspondente ao excesso. 
 
Excesso culposo – é o que resulta da imprudente falta de contensão do 
agente, quando isso era possível nas circunstâncias. Para evitar um resultado 
mais grave do que o necessário à defesa do bem agredido. Assim, deve estar o 
agente em situação inicial de legitima defesa e dela se desvia, em momento 
posterior, na escolha dos meios de reação ou na falta de moderação, por culpa 
estrito senso, sendo que o resultado lesivo deve estar previsto em lei como 
crime culposo. 
 
Diferença entre estado de necessidade e legitima defesa 
 
Estado de necessidade Legítima defesa 
a)- há conflito entre titulares de a)- há agressão a um bem jurídico 
 
 
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interesses jurídicos lícitos; tutelado; 
b)- é exercida contra qualquer 
causa; 
b)- somente por ser exercida contra 
a conduta do homem; 
c)- É exercida por uma ação; c)- constitui-se numa reação; 
d)- bem jurídico é exposto a perigo 
 
d)- o bem jurídico é exposto a uma 
agressão; 
e)- pode ser utilizado contra terceiro 
inocente. 
e)- a reação somente pode ser 
dirigida contra agressor. 
 
 
DO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
 
Conceito: ocorre esta excludente quando o agente público (ou particular que 
temporariamente exerça a função pública) atua mediante ação praticada em 
cumprimento de um dever imposto por lei penal ou extrapenal, mesmo que 
cause lesão ao bem jurídico de terceiro. Pode-se vislumbrar, em diversos 
pontos do ordenamento jurídico pátrio, a existência de deveres atribuídos a 
certos agentes que, em tese, podem figurar fatos típicos, que para realizar uma 
prisão, por exemplo, o art. 292 do CPP, prevê que, “se houver, ainda que por 
parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por 
autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar 
dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência...”. O 
mesmo se diga da previsão feita no art. 245, §§ 2º e 3º, do CPP, tratando da 
busca legal e autorizando o emprego de força para cumprir mandado judicial, 
ou seja, a violação de domicilio pela policia ou servidor judiciário para cumprir 
mandado judicial de busca e apreensão ou mesmo quando for necessário para 
prestar socorro a alguém ou impedir a prática de crime. 
 
Para se considerar dever legal é preciso que advenha de lei, ou seja, 
preceito de caráter geral, originário de poder público competente, embora no 
sentido lato (leis ordinárias, regulamentos, decretos etc.). 
 
 
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Obs.: apesar do dever de cumprimento da lei, não estão os agentes, sob 
tal fundamento, autorizados a matar, ressalvados os casos militares previstos 
por exceção, como o assassinato em caso de guerra e a destruição de avião 
que invade território nacional e, apesar das insistências, se nega a obedecer a 
ordem de retirada. Nos casos de perseguição policial para prisão em flagrante 
delito ou para recuperação de prisioneiros em fuga, por exemplo, não podem 
os policiais matar alegando estrito cumprimento do dever legal, apenas estando 
autorizados a tanto, nos casos em que configure legítima defesa. 
 
DO EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO 
 
Conceito: É o desempenho de uma atividade ou a prática de uma conduta 
autorizada por lei, que torna lícito um fato típico. Se alguém exercita um 
direito,previsto e autorizado de algum modo pelo ordenamento jurídico, não 
pode ser punido, como se praticasse um crime. 
 
O que é licito em qualquer ramo do direito, há de ser também no direito 
penal. Ex.: a Constituição Federal considera o domicilio asilo inviolável do 
indivíduo, sendo vedado o ingresso nele sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, bem como para prestar socorro (art. 
5º, XI, CF). Portanto, se um fugitivo da justiça esconde-se na casa de um 
amigo, a polícia somente pode penetrar nesse local durante o dia, constituindo 
exercício regular de direito impedir entrada dos policiais durante a noite, 
mesmo que possuam mandado. 
Obs.: A expressão direito deve ser interpretada de modo amplo e não 
restrito, afinal, cuida-se de excludente de ilicitude e não de norma 
incriminadora. Logo, compreende “todos os direitos subjetivos pertencentes a 
categoria ou ramo do ordenamento jurídico, direta ou indiretamente 
reconhecido, como afinal são os costumes. 
 
 
 
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Algumas situações de exercício regular de direito – constituem casos 
típicos de exercício de direito as seguintes hipóteses: 
a) - aborto quando a gravidez resulte de estupro, se houver o 
consentimento da gestante; 
b) - o tratamento médico e a intervenção cirúrgica, quando admitidas em 
lei; (para que exista o exercício regular de direito é indispensável o do paciente 
ou de seu representante legal. Inexistindo este, poderá haver o estado de 
necessidade em favor de terceiro (o próprio paciente), como dispõe o art. 146, 
§ 3º, inciso I , CP) 
 c) - lesões corporais advindas de violência esportiva; pois, há esportes 
que podem provocar danos a integridade corporal ou à vida (boxe, luta livre, 
futebol etc.) havendo lesões corporais ou morte, não ocorrerá crime por ter o 
agente atuado em exercício regular do direito. O Estado autoriza, regularmente, 
e até incentiva a prática esportiva, socialmente uteis, não podendo punir 
aqueles que, exercitando direito, causam dano. No Brasil deve ser observada 
as normas gerais sobre a prática dos esportes (lei nº 9.615, de 24/03/1998 – 
conhecida como Lei Pelé) 
Obs.: haverá crime apenas quando ocorrer excesso do agente, ou seja, 
quando a pessoa intencionalmente desobedecer às regras esportivas, 
causando resultados lesivos, hipótese em que se verifica o elemento subjetivo 
da conduta, agendo ilicitamente aquele que se aproveita da prática para lesar o 
bem jurídico alheio (vida, integridade corporal etc.). 
 
CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE 
 
Consentimento do ofendido – embora inexista de forma expressa no Código 
Penal, o consentimento do ofendido, trata-se de causa supralegal e limitada da 
antijuridicidade, permitindo que o titular de um bem ou interesse protegido, 
considerando disponível, concorde, livremente, com a sua perda. Casos em 
que quando não exclui a tipicidade, pode funcionar como causa de exclusão da 
ilicitude. 
 
 
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 a) - como causa de exclusão da tipicidade: quando a figura típica 
contém o dissentimento do ofendido como elemento específico, o consenso 
funciona como causa de exclusão da tipicidade (Ex.: violação de domicílio 
quando o morador acaba consentindo na entrada ou permanecia do sujeito; no 
estelionato quando o agente ciente da fraude entrega bem jurídico ao que tenta 
ludibria-lo etc.); 
 b) - como causa de exclusão da ilicitude (ou antijuridicidade): 
quando a figura típica não contém o dissentimento do ofendido como 
elementar, tratando-se de pessoa capaz e disponível o bem jurídico, o 
consenso funciona como causa de exclusão da ilicitude (ex.: a injúria e a 
difamação aceitas pela vítima, embora figuras típicas, não são antijurídicas). 
 Obs.: o consentimento após a prática do ilícito penal não o desnatura, 
mas pode impedir a ação penal quando esta dependa de iniciativa da vítima 
(ou ofendido). 
 
Excesso nas causas justificativas: de acordo com o disposto no art. 23, 
parágrafo único, que o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo nas 
descriminantes (estado de necessidade, legitima defesa, estrito cumprimento 
de dever legal e exercício regular de um direito). Em todas as justificativas é 
necessário que o agente não exceda os limites traçados pela lei. Na legítima 
defesa e no estado de necessidade, não deve o agente ir além da utilização do 
meio necessário e da necessidade da reação para rechaçar a agressão e na 
ação para afastar o perigo. 
 
 No cumprimento do dever legal e no exercício regular do direito, é 
indispensável que o agente atue de acordo com o ordenamento jurídico. Se, 
desnecessariamente, causa dano maior do que o permitido, caso em que não 
ficam preenchidos os requisitos das citadas discriminantes, devendo responder 
pelas lesões desnecessárias causadas ao bem jurídico ofendido. Dolosa ou 
culposamente. 
 
 
 
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Excesso doloso – hipótese em que o sujeito após iniciar sua conduta 
conforme o direito extrapola seus limites na conduta excedendo-se, podendo 
responder o agente por crime dolo causado no excesso. 
 
Excesso culposo – quando o agente querendo um resultado necessário, 
proporcional, autorizado e não excessivo, que é proveniente de sua 
indesculpável precipitação, desatenção, etc., responderá por crime culposo, se 
previsto em lei, já que o sujeito atuou por erro vencível na sua ação ou reação, 
diante do temor, aturdimento ou emoção que o levou ao excesso. 
 
UNIDADE II 
DA IMPUTABILIDADE PENAL 
 
 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, 
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
incompletoou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. 
 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
 I - a emoção ou a paixão; 
Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de 
efeitos análogos. 
 § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por 
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao 
 
 
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tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Conceito: é a capacidade do agente de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento (art. 26). A imputabilidade é a 
regra. 
Causas de exclusão da imputabilidade: 
 a) - doença mental; 
b) - desenvolvimento mental incompleto; 
c) - desenvolvimento mental retardado; 
d) - embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. 
 
Doença mental – perturbação ou moléstias que causam alterações mórbidas á 
saúde mental, tais como esquizofrenia, psicose maníaco-depressivo, paranoia, 
epilepsia, demência senil etc. 
 
Desenvolvimento mental incompleto – ocorre quando o desenvolvimento 
mental ainda não se concluiu. É o caso dos menores de 18 anos, que possuem 
desenvolvimento mental incompleto presumido (art. 27), e dos silvícolas não 
adaptados à civilização. 
 
Desenvolvimento mental retardado – É estado mental dos oligofrênicos 
(idiotas, imbecis e débeis mentais) e dos surdos-mudos, estes desde que a 
capacidade de compreensão seja totalmente suprimida. 
Obs.: para a aferição da inimputabilidade o Código Penal adotou como 
regra o sistema biopsicológico, o que considera como inimputável aquele que, 
ao tempo da infração penal, não tinha capacidade de entender o caráter ilícito 
(criminoso) do fato, nem de determinar-se de acordo com esse entendimento, 
em virtude de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto é 
presumido, sem levar em conta a efetiva capacidade do agente. 
 
 
 
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EMBRIAGUEZ – è a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou 
substancia de efeitos análogos, cujos efeitos podem progredir de uma ligeira 
excitação inicial até o estado da paralisia e coma. 
Espécies: 
1) Não acidental: (voluntária e culposa) 
a) Voluntária – quando a agente ingere substancia alcoólica ou de 
efeitos análogos com a intenção de embriagar-se; 
b) Culposa – ocorre quando o agente não pretende embriagar-se, mas 
em virtude de excesso imprudente acaba por se embriagar. 
Actio libera in causa – A embriaguez não acidental seja voluntária ou culposa, 
completa ou incompleta, não exclui a imputabilidade do agente. Segundo a 
teoria do actio libera in causa (ação livre na causa), no momento em que o 
agente ingere a substancia (alcoólica ou análoga) está livre para decidir se 
deve ou não fazê-lo. Mesmo que a conduta seja praticada em estado de 
embriaguez completa, origina-se, porém, de um ato livre do agente. Esta teoria 
leva em consideração o momento da ingestão da substancia e não o momento 
da prática do crime. Entretanto, se no momento que o agente se coloca em 
situação de embriaguez completa, não lhe for possível prever a ocorrência do 
crime, ficam afastados o dolo e a culpa, levando-se à atipicidade do fato. Caso 
contrário restabeleceria a responsabilidade penal objetiva, já banida do direito 
penal moderno. Se o sujeito se embriaga, prevendo a possibilidade de praticar 
o crime e aceitando a produção do resultado, responde pelo delito a titulo de 
dolo; se ele se embriaga prevendo a produção do resultado, mas esperando 
que ele não se produza, ou não prevendo, mas devendo prevê-lo, responde 
pelo delito a titulo de culpa. Nos dois exemplos citados é aceita a aplicação da 
teoria da actio libera in causa. 
 
2) Acidental – é a que provém de caso fortuito ou força maior. Pode ser 
completa, quando suprime totalmente a capacidade de entender ou querer do 
agente, exclui a imputabilidade; ou incompleta, quando retira parcialmente 
aquela capacidade,permitindo a diminuição da pena de um a dois terços. 
 
 
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3) Patológica – É considerada doença mental. 
 
4)- Preordenada – é aquela em que o agente se embriaga com a finalidade 
de praticar o crime. Não exclui a imputabilidade, ao contrário, é agravante 
genérica (art. 61, II, alínea l, do CP). 
 
EMOÇÂO E PAIXÃO 
 De acordo com o art. 28, I, do Código Penal, que não excluem a 
imputabilidade penal a emoção e a paixão, aliás, posição acertada, uma vez 
que em ambas as situações não se estão diante de doença mental, nem 
mesmo de perturbação apta a retirar a capacidade de entendimento do agente 
ou de autodeterminação. 
 
EMOÇÃO - É um estado de ânimo ou de consciência caracterizado por uma 
viva excitação do sentimento. É uma forte e transitória perturbação da 
afetividade, a que estão ligadas certas variações somáticas ou modificações 
particulares das funções da vida orgânica (pulsar arritmia cardíaca, alterações 
terminas, aumento da irrigação cerebral, aceleração do ritmo respiratório, 
alterações vasomotoras, intensa palidez ou intenso rubor, tremores, fenômeno 
musculares, alterações das secreções, suor, lagrimas etc.) 
 
PAIXÃO - É originária da emoção, a paixão é a emoção em estado crônico, 
levada a extremo, de maior duração, perdurando como um sentimento 
profundo monopolizante, que embora possa interferir no raciocínio e na 
vontade do agente, é possível de controle, razão pela qual não elide a 
culpabilidade. São exemplos: (amor, ódio, vingança, ciúme, ambição, inveja, 
entre outros). 
Obs.: A emoção é passageira, a paixão é duradoura. Não exclui a 
culpabilidade. A emoção pode ser causa de diminuição de pena (art. 121, § 1º; 
129, § 4º CP). 
 
 
 
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Culpabilidade diminuída ou semi-imputabilidade – É a perda parcial da 
capacidade de entendimento ou autodeterminação do agente, em virtude de 
perturbação mental(sentido mais amplo que doença mental) ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado. O juiz está obrigado a 
reduzir a pena (art. 26, parágrafo único), ou se preferir, poderá substituí-la por 
medida de segurança. 
 
UNIDADE III 
DO CONCURSO DE PESSOAS 
 
Conceito: concurso de pessoas é a denominação dada pelo Código Penal em 
hipóteses em que duas ou mais pessoas envolvem-se na prática de uma 
infração penal. A doutrina e a jurisprudência também se utilizam das 
expressões “concurso de pessoas”; “codelinquência” e ou “concurso de 
delinquentes”, para referir-se a hipóteses de pluralidade de envolvidos no ilícito 
penal. 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas 
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser 
diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, 
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a metade, na 
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
 
ESPÉCIES DE CRIMES QUANTO AO CONCURSO DE PESSOAS: 
a) – Monossubjetivos - quando pode ser praticada por um ou mais 
agentes. (ex.: homicídio, furto, roubo, etc.); 
b) – Plurissubjetivos – quando só praticados com a participação de mais 
de uma pessoa ou por uma pluralidade de pessoas. 
 
ESPÉCIES DE CRIMES PLURISSUBJETIVOS 
 
 
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a) - de condutas paralelas – quando as condutas se auxiliam 
mutuamente, visando obtenção de um resultado comum (ex.: crime 
de associação criminosa, art. 288 CP); 
b) - de condutas convergentes – quando as condutas tendem a se 
encontrar e desse encontro surge o resultado. (Ex.: bigamia); 
c) - de condutas contrapostas – quando as condutas são praticadas 
umas contra as outras. Ex.: crime de rixa (art. 137 CP). 
 
ESPÉCIES DE CONCURSO DE PESSOAS 
a) - Concurso necessário: – que se refere aos crimes 
plurissubjetivos, que exigem o concurso, no mínimo, de duas pessoas; 
b) - concurso eventual – refere-se aos crimes monossubjetivos. 
 
AUTORIA: autor, segundo a teoria restritiva, é a pessoa que realiza a conduta 
definida no verbo do tipo legal de crime, isto é, o fato previsto na figura típica. 
Essa teoria adota o critério formal-objetivo porque acentua as características 
exteriores ou formais da conduta, em sua conformação com o tipo penal. 
Assim, o mentor intelectual do crime nãoé considerado autor, tendo em vista 
que nãopraticou atos de execução. É a teoria adotada pelo Código Penal. 
 
MODALIDADES DE TEORIA DE AUTORIA: 
a) Teoria objetivo-formal: Somente é considerado autor aquele pratica 
o verbo, ou seja, o núcleo do tipo legal. 
b) Teoria objetivo-material: Autor é aquele que realiza a contribuição 
objetiva mais importante. 
c) Teoria do domínio do fato: Autor é aquele que detém o controle final 
do fato, dominando toda a realização delituosa, com plenos poderes para 
decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias. 
 
FORMAS DE CONCURSO DE PESSOAS 
a) Coautoria - Todos os agentes, em colaboração recíproca e visando 
ao mesmo fim, realizam a conduta principal. (ex.: no crime de estupro, um 
 
 
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agente segura à vítima e o outro mantém relações sexuais; no roubo, um 
ameaça a vítima e o outro subtrai-lhe os bens). 
b) Participação - Partícipe é quem concorre para que o autor ou 
coautores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o 
verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum modo para a produção do resultado. 
 
Elementos: vontade de cooperar e cooperação efetiva. (Ex.: João instiga 
Pedro a matar Mário; o primeiro é participe e o segundo, autor). 
 
DIFERENÇA ENTRE AUTOR E PARTÍCIPE: 
a) Autor é quem executa o comportamento descrito no tipo penal 
(mata, subtrai, provoca lesões corporais); 
b) Partícipe, via de regra é aquele que acede sua conduta à realização 
do crime, praticando atos diversos dos do autor. 
 
NATUREZA JURÍDICA DO CONCURSO DE PESSOAS 
a) Teoria unitária ou monista - Todos os que contribuem para a prática 
do delito cometem o mesmo crime, não havendo distinção quanto ao 
enquadramento típico entre autor e partícipe. 
b) Teoria dualista: Há dois crimes, quais sejam, um cometido pelos 
autores e, um outro pelo qual respondem os partícipes. 
c) Teoria pluralista ou pluralística: cada um dos participantes 
responde por delito próprio, havendo uma pluralidade de fatos típicos, de modo 
que cada partícipe será punido por um crime diferente. 
 
CÓDIGO PENAL: 
Regra: (art. 29, caput) – teoria unitária ou monista; 
Exceção: art. 29, § 2° - teoria pluralista ou pluralística. 
 
Natureza jurídica da participação - Decorre da norma de extensão, pessoal e 
espacial, da figura típica, determinante da subsunção típica mediata ou indireta 
 
 
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(ex.: entre quatro ladrões apenas três subtraem, enquanto o outro faz vigilância 
do lado de fora). É acessório de um fato principal, por isto inexiste participação 
sem que alguém realize atos de execução de um crime consumado ou tentado 
(ato principal). O caráter acessório da participação é, doutrinariamente, 
escalonado em graus: acessoriedade mínima, acessoriedade extrema e 
hiperacessoriedade. 
 
ESPÉCIES DE ACESSORIEDADE: 
a) - Teoria da acessoriedade mínima: basta concorrer para um fato 
típico, ou seja, é suficiente que a conduta do participe aceda a um 
comportamento principal que constitua fato típico; 
b) – Teoria da hiperacessoriedade: deve concorrer para um fato típico, 
ilícito e culpável, incidindo, ainda, todas as circunstâncias de caráter 
pessoal relativas ao autor principal. 
c) – Teoria da acessoriedade limitada: deve concorrer para um fato 
típico e ilícito; 
d) – Teoria da acessoriedade máxima ou extremada: deve concorrer 
para um fato típico, ilícito e culpável. 
 
Posição do Código Penal: Não adotou nenhuma das teorias da 
acessoriedade, mas parece melhor adequar à concepção restritiva de autor a 
teoria da acessoriedade máxima ou extremada, pois toda vez que faltar 
qualquer daqueles requisitos, surge a figura do autor mediato. A autoria 
mediata responde a todas as indagações acima formuladas, bem como tantas 
outras de difícil desate, quando observadas dentro de uma rigorosa concepção 
dualista autor/partícipe. 
 
AUTORIA MEDIATA - Ocorre quando o agente se serve de outra pessoa, sem 
condições de discernimento, para realizar, por ele, um fato típico. É mediato o 
autor porque utiliza-se de um subjeito imediato. Este,, que executa 
materialmente os elementos do tipo penal, não é, a rigor, autor imediato, mas 
 
 
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sujeito ativo do fato, seja por ausência de crime em relação a ele ou por 
ausência de culpabilidade. Ex.: alguém que, pretendendo matar várias 
pessoas, induz a erro empregada doméstica, vendendo-lhe veneno em vez de 
açúcar; induzir doente mental à prática de furto. A autoria mediata exige 
pluralidade de pessoas, por isto não se confunde com as hipóteses em que o 
agente utiliza-se de seres irracionais. Não há concurso entre autor mediato e 
executor material do crime. O autor mediato controla do início ao fim, o 
desenrolar dos acontecimentos. Os crimes de mão própria e culposos não 
admitem autoria mediata. 
 
POSIÇÃO DOUTRINÁRIA: embora não pacífica, a doutrina majoritária admite 
a existência da figura do autor mediato. Entendem alguns doutrinadores como 
Esther Figueiredo Ferraz, que a autoira mediata é uma forma anômala de 
participação. Por sua vez, Nilo Batista a admite, ponderando que ela existe não 
só quando falta culpabilidade ao executor do fato, mas quando o agente se 
vale de terceiro que age como instrumento. 
 
 Assim, de acordo com a teoria da acessoriedade máxima na 
participação, somente há punição do agente a título de participação quando 
houver culpabilidade do autor direto que pratica um fato típico e ilícito, sendo 
este grau máximo que autoriza a punição do partícipe. 
 
Desse modo, aquele que instiga menor ou mental à pratica de crime 
responde como autor (mediato) e não como partícipe, por ausência de 
culpabilidade do executor. De igual modo, respondem por autoria do crime fim 
tanto o coator quanto o superior hierárquico, na hipótese de coação moral 
irresistível e obediência hierárquica, pois o coacto e o subordinado são 
inculpáveis, do mesmo modo é autor mediato do crime aquele que 
dolosamente utiliza-se de alguém que pratica o fato mediante erro de tipo, pois 
a falsa compreensão da realidade pelo executor afasta o dolo e, de 
 
 
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consequência, a tipicidade do fato em relação a ele. Quem determinou o erro 
não pode ficar impune. 
 
REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS 
a) - Pluralidade de condutas: alguns agentes praticam o núcleo do 
tipo, outros não, mas contribuem para o desdobramento físico da serie de 
causas do evento e respondem pelo crime em virtude da norma de extensão; 
b) - Relevância causal de todas elas: é necessária a existência de 
causalidade; esta é o nexo entre vários comportamentos dos participantes, 
formando um só crime; é preciso que a conduta seja relevante para o direito 
penal; 
c) - Liame subjetivo e normativo ou concurso de vontades 
(coautoria e participação): a simples ocorrência do nexo de causalidade fática 
não é suficiente para configurar a participação; é indispensável o elemento 
subjetivo do agente para contribuir para a realização do crime; não é 
obrigatória a existência de acordo prévio (pactun scerelis), basta a adesão de 
vontade do participe à ação do executor, que pode até recusá-la. Ex.: João, 
sabendo que Pedro vai atirar em Mário, retira deste a arma e evita a legítima 
defesa. Mesmo havendo discordância de Pedro, existe a participação de João. 
d) - homogeneidade de elementos (subjetivo-normativo): não há 
participação dolosa em crime culposo, nem culposa em crime doloso. Nem é 
possível participação em crime culposo. 
e) - Identidade de infração para todos: todos os participantes 
respondem pelo mesmo delito; se o fato delituoso muda sua classificação legal 
para um dos concorrentes, a classificação se opera em relação a todos. 
Exceções: aborto consentido (art. 124 CP) e provocado (art. 126); bigamia (art. 
235 CP); corrupção ativa e passiva (art. 333 e 317 CP); falso testemunho e 
corrupção de testemunha (art. 342 e 343). 
 
AUTORIA COLATERAL: Ocorre quando mais de um agente realiza, por si 
mesmo, sua conduta sem ter conhecimento da conduta do outro dirigida AP 
 
 
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mesmo fim; inexiste vínculo subjetivo entre participantes. Embora mais de uma 
pessoa pratique o fato delituoso, fica afastado o concurso de pessoas., seja 
pela coautoria ou participação. 
 
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO: Moral e Material 
Moral: apresenta-se nas formas de instigação e induzimento; 
 a) - instigar é reforçar uma ideia preexistente; o agente já tem a ideia do 
fato criminoso, que é reforçada pelo participe; pode ocorrer mediato reforço da 
resolução do executor em cometer o crime ou mediante promessa de ajuda 
moral ou material após o fato. 
b) - Material: exterioriza-se através de um auxílio, uma ajuda 
(empréstimo da arma, carona ao local do crime, etc.). 
 
PUNIBILIDADE – se a participação de menor importância a pena pode ser 
reduzida de um sexto a um terço (§ 1° do art. 29 CP). A redução da pena é 
obrigatória, e varia de acordo com o grau de participação do agente, e não com 
base em sua periculosidade (art. 26); quanto mais se aproximar do crime, 
menor a redução, quanto mais se afastar, maior o desconto. 
 
Desvios Subjetivos – essa situação ocorre quando o autor principal (executor) 
comete delito mais grave do que o pretendido pelo participe (ex.: o agente 
determina o espancamento, mas o executor excede e mata a vítima). Este 
desvio pode ser atribuído ao instigador (participe) que deverá responder pela 
conduta realizada nos limites de seu dolo, salvo se previsível o resultado mais 
grave (§ 2º art. 29 CP). 
 
Participação e arrependimento – iniciado o inter criminis, pode ocorrer que 
um dos participantes se arrependa de contribuir na conduta criminosa, 
persistindo os demais. Nelson Hungria formulou as seguintes hipóteses: 
 Não há fato punível quando – o arrependido é o executor e não 
inicia a execução do crime planejado. 
 
 
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O arrependido é o participe e impede (por qualquer meio) que a 
execução se inicie; (obs.: nestes casos, não há que se falar em fato típico). 
 Não há punição pela desistência voluntária e arrependimento eficaz 
– que são circunstancias comunicáveis – quando, já iniciada a execução: 
a) - o arrependimento é do autor, o qual desiste da consumação ou 
impede que o resultado produza; 
b) - o arrependido é o partícipe, que consegue evitar (por qualquer 
meio) seja atingida o objetivo desejado. Para alguns, esta hipótese pode gerar, 
em certos casos, uma situação de tentativa punível. (Ex.: se o partícipe se 
arrepende, vai ao local do crime e entre em luta corporal com o executor que 
queria continuar a prosseguir na execução, conseguindo evitar a consumação 
do delito, resta claro que o crime não se consumou, em relação ao executor, 
por circunstâncias alheias à sua vontade,caracterizando assim os canatus. 
Há punição quando o arrependimento é do partícipe e resulta inútil o 
seu esforço para impedir a execução ou consumação. (assevera MIRABETE), 
nesta hipótese, que o participe, tendo agindo para impedir o resultado, não 
pode ser considerado causador dele. O que a lei impõe, no art. 13, § 2º, ‘c’, 
para aquele que, com o seu comportamento criou o risco da ocorrência do 
resultado, é apenas o dever de agir, dentro do possível, para impedir o 
resultado, e não que consiga realmente evitá-lo. 
 
 Outros conceitos: 
Autoria colateral: mais de um agente realiza a conduta, sem que exista liame 
subjetivo entre eles. 
Autoria incerta: Não se sabe quem foi o causador do resultado na autoria 
colateral. 
Autoria ignorada: não se consegue apurar quem foi o realizador da conduta; 
Participação de Participação: conduta acessória de outra conduta acessória. 
Participação sucessiva: mesmo partícipe concorre para a conduta principal 
de mais de uma forma. 
 
 
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Conivência ou participação negativa: o sujeito, sem ter o dever jurídico de 
agir, omite-se durante a execução do crime, quando tinha condições de impedi-
lo. 
Participação por omissão: o sujeito, tendo o dever jurídico de agir para evitar 
o resultado, omite-se intencionalmente, desejando que ocorra a consumação. 
Participação impunível: o fato principal não chega a ingressar em sua fase 
executória (art. 31). 
 
COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E 
CIRCUNSTÂNCIAS 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de 
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
 
Circunstâncias – são dados acessórios (acidentais) que, agregados ao crime, 
tem função de aumentar ou diminuir a pena; não interferem na qualidade do 
crime, mas na sua gravidade; são objetivas as que se relacionam com os 
meios e modo de realização do crime, tempo, ocasião, lugar, objeto material, 
etc; são subjetivas as que dizem respeito com a pessoa do agente, suas 
condições pessoais, relações com a vítima, etc. 
 
Condições pessoais – são as relações do agente com o mundo exterior e 
com outras pessoas ou coisas, como as de estado civil, parentesco, profissão 
etc. 
Elementares – são os elementos típicos do crime, isto é, dados que integram 
sua definição legal. 
 
Regras sobre a comunicabilidade: 
a) Não se comunicam as condições ou circunstâncias de caráter 
pessoal (natureza subjetiva). EX.: ‘A’, reicindente, induz ‘B’ a cometer um 
delito; Alguém por motivo de relevante valor moral comete um crime com o 
auxílio de outrem, que desconhece esta circunstância. 
 
 
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b) A circunstância objetiva não pode ser considerada no fato do 
participe se não ingressou na esfera de seu conhecimento. Ex. João induz 
Pedro a participar de crime de lesão corporal contra Mário, sem determinar a 
forma de execução; Pedro pratica o crime de emboscada; João não responde 
pela agravante; “A” instiga “B” a praticar homicídio contra “C”, que o faz por 
asfixia, a não responde pela qualificadora. 
c) As elementares, sejam de caráter objetivo ou pessoal, 
comunicam-se entre os fatos cometidos pelos participantes desde que tenham 
ingressado na esfera de seu conhecimento. Ex.: “A” funcionário público, 
comete crime de peculato, pois a elementar funcionário público comunica-se ao 
partícipe. Se “B” desconhecia que “A” era funcionário público, não pode 
responder por peculato. 
Súmula STF nº 245 “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem 
essa prerrogativa”. 
 
UNIDADE IV – DAS PENAS 
 
NOÇÕES: segundo Noronha, em sua obra Direito Penal “a pena, em sua 
origem, nada mais foi que vindita, pois é mais que compreensível que naquela 
criatura, dominada pelos instintos, o revide à agressão sofrida devia ser fatal, 
não havendo preocupações com a proporção, nem mesmo com a justiça”. 
Desse modo, pode-se atribuir a ideia da pena no sentimento de 
vingança, que surgiu de forma privada e nada mais era que uma forma de 
defesa, posto não haver um Estado constituído, capaz de regular as relações 
em sociedade. 
 
ORIGEM DA PENA 
Caráter sacral - As violações ou desobediências das regras acarretavam aos 
infratores os castigos ditados pelo encarregado do culto, que também era o 
chefe do grupo, e tinham um caráter coletivo. 
Vingança de sangue - Precursora da pena e a primeira manifestação de 
cultura jurídica (Von Liszt). 
 
 
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Castigo - A sanção mais frequentemente aplicada era a morte, e a repressão 
alcançavam não só o patrimônio, como também os descendentes do infrator. 
 
CONCEITOS 
Conceito 1 – segundo Sebastian Soler, “A pena é uma sanção aflitiva imposta 
pelo Estado, através da ação penal, ao autor de uma infração (penal), como 
retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico e 
cujo fim é evitar novos delitos”. 
 
Conceito 2 – é a sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, por 
meio de uma ação penal, ao autor de uma infração penal, como retribuição de 
seu ato ilícito, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, tendo 
por finalidade a readaptação do delinquente ao convívio social e evitar novas 
transgressões através da intimidação percebida pela sociedade. 
 
Finalidade da Pena – todo crime pressupõe uma pena, sua base legal é o art. 
5ºXXXIX da Constituição Federal, que assim prescreve: “Não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia comunicação legal, igualmente o 
art. 1º do Código Penal. Com a redação igual. 
 Assim, na posição de titular do direito/dever de punir, não pode o Estado 
esquivar-se da aplicação da sanção. Mas esta não pode ser aplicada 
cegamente pelo simples dever de cumprir a lei. A pena tem um fim, uma 
razão de ser, intimamente vinculada à sua necessidade. 
 
Existem três teorias formuladas para melhor explicá-la. 
 
a) Teoria Absoluta (de retribuição ou retribucionistas): a pena 
por finalidade punir o infrator pelo mal causado à vítima, aos seus familiares e á 
coletividade. Como o próprio nome diz, a pena é uma retribuição. 
b) Teoria relativa (utilitárias ou utilitaristas ou de prevenção): A 
da pena é a de intimidar, evitar que os crimes aconteçam, ou seja de 
 
 
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prevenção geral, seja em relação a fatos ainda não praticados, ou em relação 
a fatos já praticados (prevenção especial). 
 Prevenção geral - é a ameaça de um mal contra um ilícito penal,dirigida a 
todos os destinatários da norma penal. Tem um caráter educativo e age 
pela ameaça da pena acerca da lesão de bens jurídicos fundamentais. Há 
assim, uma ação intimidatória contra todos os indivíduos pré-dispostos a 
cometer algum delito. 
 Prevenção especial - dirige-se ao agente delituoso, a fim de impedi-lo de 
praticar novos crimes, ao mesmo tempo em que o intimida, promovendo-
se com a emenda ou a segregação do indivíduo. Visa à proteção da 
sociedade no período estabelecido na cominação legal, além de prever a 
ressocialização do indivíduo para posterior inserção no convívio social. 
A justiça aparece como elemento regulador dos limites de segurança 
impostos pelo direito, mas não age como justificador da pena. 
c) Teorias mistas ou (eclética): A pena tem duas finalidades 
especificas, punir e prevenir, ou seja, sua finalidade é não só a prevenção, 
mas, também, um misto de correção e educação, ou seja, reuniu o aspecto de 
retribuição ao mal cometido da teoria absoluta e a prevenção para não haver o 
cometimento de novos delitos da teoria relativa para a definição da finalidade e 
função da pena. 
 
Pena adotada pelo Código Penal – Teoria mista, eclética, intermediária, 
unificadora ou conciliadora (art. 59 CP) e art. 1º, da Lei de Execução Penal, 
para a retribuição e prevenção do crime. 
 
PRINCÍPIOS QUE REGEM A APLICAÇÃO DA PENA: 
 
Princípio da Humanidade – de acordo com esse princípio, o ser humano deve 
constituir-se o centro das atenções no estudo das ciências penais. Não 
somente a vítima deve merecer a proteção do Estado, mas também o réu, de 
modo que, o tratamento a ele dispensado pelo poder público nunca poderá 
perder de vista os fins almejados na pena. 
 
 
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 Assim, orientado por ideais iluministas, acidamente defendidas por 
Marques de Beccaria, o direito objetivo brasileiro cuidou de preservar e garantir 
ao agente do crime um processo justo e uma pena adequada, buscando 
afastar quaisquer violências contra o homem, pois o que deve ser execrado é o 
crime e não o criminoso. Portanto, não são admitidas penas de morte, salvo em 
caso de guerra declarada, perpétuas (CP, art. 75), de trabalhos forçados, de 
banimento e cruéis (Art. 5°, XLVII). 
 
Legalidade e anterioridade – representa um esteio de garantia para o 
acusado. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena, sem prévia 
cominação legal, ou seja, deve estar prevista em lei vigente à época em que for 
praticada a infração penal (Art. 1° do CP, art. 5°, XXXIX da CF); 
 
Princípio da personalidade – assegura que “nenhuma pena passara da 
pessoa do condenado’, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação 
do perdimento dos bens ser, nos termos da lei, estendida aos sucessores e 
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. De 
acordo com a dicção constitucional, garantindo, com uma única ressalva, que a 
pena não pode passar da pessoa do condenado (Art. 5°, XLV, CF); 
 
Princípio da Individualidade - conforme o nome já indica, A imposição e o 
cumprimento deverão ser individualizados de acordo com a culpabilidade e o 
mérito do sentenciado (Art. 5°, XLVI, CF); deve particularizar a avaliação do 
próprio indivíduo, levando-se em conta suas características pessoais o crime, e 
a relação entre um e outro, ou seja, duas operações deverão ser feitas: 
 a)- identificar qual é o crime e os limites das penas cominadas e o vincular 
ao autor – dispositivo legal; 
 b)- dosar a pena do crime, já identificado, atribuindo ao autor a quantidade 
da reprimenda que assim determinar o conjunto de circunstâncias pessoais, do 
fato, da vítima e da intercomunicação entre eles. Importante registrar que esses 
 
 
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critérios são previamente estabelecidos por lei (art. 59, 61, 62, 65, 66, 67,68, 
etc., todos do Código Penal). 
Princípio da Proporcionalidade - Deve ser proporcional ao crime praticado 
(Art. 5°, XLVI e XLVII), ou seja, não pode ser mais nem menos do que o 
suficiente para a reprovação e prevenção do crime. Desejo este de nossa 
legislação penal, conforme dispõe o art. 59 do Código Penal. 
Princípio da Inderrogabilidade - Salvo as exceções legais, depois de fixada a 
pena não pode deixar de ser aplicada sob nenhum fundamento; 
 
Espécies de pena admitidas na Constituição: 
 Privação ou restrição de liberdade; 
 Perda de bens; 
 Multa; 
 Prestação social alternativa; 
 Suspensão ou interdição de direitos. 
 
Espécies de penas vedadas pela Constituição: 
 O art. 5º inciso XLVI da Constituição permite ao legislador outras espécies 
de pena além das citadas acima, contudo, proibiu algumas modalidades, 
conforme dispõe o art. 5.º LVII: 
 De morte (salvo em caso de guerra); 
 De caráter perpétuo; 
 De trabalhos forçados; 
 De banimento; 
 Cruéis. 
CLASSIFICAÇÃO 
O art. 34 do CP adotou as seguintes modalidades, com fundamento nas 
elencadas na Constituição pelo legislador. 
Das espécies de penas (principais) 
a) - Privativas de liberdade 
b) - Restritivas de direito 
 
 
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c) – Multa 
Das penas privativas de liberdade 
 
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, 
semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo 
necessidade de transferência a regime fechado. 
§ 1º - Considera-se: 
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de 
segurança máxima ou média; 
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial 
ou estabelecimento similar; 
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou 
estabelecimento adequado. 
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em 
forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes 
critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: 
a) - o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a 
cumpri-la em regime fechado; 
b) - o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) 
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime 
semiaberto; 
c) - o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. 
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á 
com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. 
§ 4º - O condenado por crime contra a administração pública terá a 
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do 
dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os 
acréscimos legais. 
 
Diferença entre reclusão e detenção – as diferenças entre uma e outra 
modalidade se localizam mais nas consequências que propriamente no 
aspecto formal,

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