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IMUNIDADE (Cap 1 e 2 - Abbinhas) Os mecanismos de defesa do hospedeiro são constituídos pela imunidade inata, responsável pela proteção inicial contra as infecções, e pela imunidade adquirida, também chamada de imunidade específica ou imunidade adaptativa, que se desenvolve mais lentamente e proporciona uma defesa mais especializada e mais eficaz contra as infecções. ● Existem dois tipos de imunidade adquirida, conhecidos como imunidade humoral e imunidade celular, que são mediados por células e moléculas diferentes e fornecem a defesa contra microrganismos extra e intracelulares, respectivamente. ● A imunidade humoral é mediada por proteínas chamadas anticorpos, produzidas pelos linfócitos B. ● Os anticorpos não têm acesso aos microrganismos que vivem e se multiplicam dentro de células infectadas. A defesa contra esses microrganismos intracelulares é chamada de imunidade celular, porque é mediada pelas células conhecidas como linfócitos T. ● A imunidade pode ser induzida em um indivíduo pela infecção ou pela vacinação (imunidade ativa) ou conferida a um indivíduo pela transferência de anticorpos ou linfócitos de um indivíduo imunizado ativamente (imunidade passiva). O sistema imunológico é capaz de reagir a um grande número e a uma enorme variedade de patógenos e outros antígenos estranhos, mas não reage contra substâncias potencialmente antigênicas do hospedeiro – também conhecidas como autoantígenos. Essa auto insensibilidade é chamada de tolerância imunológica, referindo-se à capacidade do sistema imunológico de coexistir (tolerar) com moléculas, células e tecidos próprios potencialmente antigênicos. ● Os linfócitos são as únicas células que possuem receptores específicos para antígenos diversos, sendo os principais mediadores da imunidade adquirida. Essas células são diferenciadas pelas proteínas de superfície que podem ser identificadas por painéis de anticorpos monoclonais. A nomenclatura padrão para essas proteínas é a designação numérica CD. ● Os receptores de antígenos dos linfócitos T reconhecem apenas fragmentos peptídicos de proteínas antigênicas que são ligados a moléculas de apresentação especializadas, chamadas de moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC, do inglês, major histocompatibility complex), na superfície de células especializadas, conhecidas como células apresentadoras de antígenos. ● Entre os linfócitos T, as células T CD4+ são chamadas de células T auxiliares, porque ajudam os linfócitos B a produzir anticorpos e as células fagocitárias a ingerir os microrganismos. Os linfócitos T CD8+ são chamados de linfócitos T citotóxicos porque destroem as células infectadas por microrganismos intracelulares. ● Outra classe de linfócitos é chamada de células natural killer (NK), que também matam células do infectadas do hospedeiro, mas, diferentemente das células B e T, elas não expressam receptores de antígenos distribuídos clonalmente. As células NK são componentes da imunidade inata, capaz de atacar rapidamente células infectadas. ● Todos os linfócitos se originam de células-tronco na medula óssea. Os linfócitos B amadurecem na medula óssea, e os linfócitos T amadurecem em um órgão chamado timo. Esses locais nos quais linfócitos maduros são produzidos (gerados) são chamados de órgãos linfóides geradores. Os linfócitos maduros saem dos órgãos linfóides geradores e entram na circulação e nos órgãos linfoides periféricos, onde podem encontrar o antígeno para o qual expressam receptores específicos. ● Quando os linfócitos virgens reconhecem os antígenos microbianos e recebem sinais adicionais desencadeados pelos patógenos, os linfócitos específicos para o antígeno proliferam e se diferenciam em células efetoras e células de memória. ● As células efetoras são da progênie diferenciada de células virgens que têm a habilidade de produzir moléculas cuja função é eliminar antígenos. As células efetoras da linhagem dos linfócitos B são células que secretam anticorpos, conhecidas como plasmócitos. Os plasmócitos desenvolvem-se em resposta à estimulação antigênica nos órgãos linfoides periféricos, onde ele podem permanecer e produzir anticorpos. ● As células efetoras T CD4+ (células T auxiliares) produzem proteínas, chamadas citocinas, que ativam as células B, os macrófagos e outros tipos de células, mediando assim a função auxiliar dessa linhagem, e as células ● efetoras T CD8+ (CTL) possuem as engrenagens para destruir as células do hospedeiro que estão infectadas. ● As células de memória, também geradas da progênie de linfócitos estimulados pelo antígeno, sobrevivem por muito tempo na ausência do antígeno. Por esse motivo, a frequência das células de memória aumenta com a idade, provavelmente devido à exposição a microrganismos do meio ambiente. Quando as células de memória encontram o mesmo antígeno que induziu o seu desenvolvimento, elas respondem rapidamente, iniciando respostas imunológicas secundárias. ● As portas comuns de entrada dos microrganismos – a pele, o trato gastrointestinal e o trato respiratório – contêm células apresentadoras de antígenos (APC, do inglês, antigen-presenting cells) especializadas, localizadas no epitélio que capturam os antígenos, transportam-nos para os tecidos linfóides periféricos e os expõem (apresentam) aos linfócitos. ● Os tecidos do sistema imunológico são formados pelos órgãos linfoides geradores, nos quais os linfócitos T e B amadurecem, tornando-se competentes para responder aos antígenos, e os órgãos linfoides periféricos, nos quais as respostas imunológicas secundárias aos microrganismos são iniciadas. ● Os órgãos linfoides periféricos, que incluem os linfonodos, o baço e os sistemas imunológicos das mucosas e cutâneo, são organizados para otimizar as interações entre antígenos, APC e linfócitos de modo a estimular o desenvolvimento da imunidade adquirida. ● Os linfócitos virgens recirculam constantemente entre o sangue e os órgãos linfoides periféricos, onde podem ser ativados por antígenos para tornarem-se células efetoras, e os linfócitos efetores migram dos tecidos linfóides para os locais de infecção, onde os patógenos são eliminados. ● Os linfonodos são agregados nodulares encapsulados de tecido linfóide, localizados ao longo dos canais linfáticos por todo o corpo. ● O baço é um órgão abdominal altamente vascularizado, que desempenha o mesmo papel que os linfonodos na resposta imunológica às infecções que ganham acesso ao sangue. ● As duas principais reações celulares da imunidade inata são a inflamação, que é induzida por citocinas e outras moléculas e serve para trazer leucócitos e proteínas plasmáticas ao local de infecção ou lesão, e a defesa antiviral, que é mediada por interferons tipo I (uma família particular de citocinas) e células NK. ● Em adição ao combate a infecções, a resposta imunológica inata estimula a imunidade adaptativa subsequente provendo sinais que são essenciais para a iniciação da resposta de linfócitos T e B específicos de antígeno. ● O sistema imunológico adquirido utiliza as seguintes estratégias para combater a maioria dos microrganismos: - Anticorpossecretados ligam-se aos micróbios extracelulares, bloqueiam sua capacidade de infectar células do hospedeiro e promovem sua ingestão e subsequente destruição por fagócitos. - Fagócitos ingerem os micróbios e os destroem, e as células T auxiliares aumentam as capacidades microbicidas dos fagócitos. - Células T auxiliares recrutam leucócitos para destruir micróbios e intensificam a função de barreira epitelial para expelir microrganismos. OBS: Leucócitos agranulócitos - linfócitos e monócitos/ granulócitos - eosinófilos, basófilos e neutrófilos. - Os linfócitos T citotóxicos destroem as células infectadas pelos microrganismos que são inacessíveis aos anticorpos. ● A maioria dos linfócitos efetores induzidos por um patógeno infeccioso morre por apoptose depois que o microrganismo é eliminado, retornando, então, o sistema imunológico para seu estado de repouso basal, chamado de homeostasia. IMUNIDADE INATA ● O sistema imunológico inato normalmente responde da mesma maneira em encontros subsequentes com um patógeno, enquanto o sistema imunológico adquirido responde de maneira mais eficaz a cada encontro sucessivo com um patógeno. ● Os mecanismos da imunidade inata reconhecem e respondem a um número limitado de moléculas microbianas, muito menores que o número quase ilimitado de antígenos microbianos e não microbianos que são reconhecidos pelo sistema imunológico adquirido. ● As moléculas microbianas que estimulam a imunidade inata são muitas vezes chamadas de padrões moleculares associados ao patógeno (PAMP, do inglês, pathogen-associated molecular patterns), para indicar que elas estão presentes em agentes infecciosos (patógenos) e são compartilhadas por micróbios do mesmo tipo. Os receptores da imunidade inata que reconhecem essas estruturas compartilhadas são chamados de receptores de reconhecimento de padrões. ● Um patógeno não pode escapar da imunidade inata simplesmente pela mutação ou por não expressar os alvos de reconhecimento: os microrganismos que não expressam formas funcionais dessas estruturas perdem sua capacidade de infectar e colonizar o hospedeiro. ● O sistema imunológico inato também reconhece moléculas que são liberadas das células danificadas ou necróticas. Essas moléculas são chamadas de padrões moleculares associados ao dano (DAMP, do inglês, damage-associated molecular patterns). ● Os receptores do sistema imunológico inato estão codificados na linhagem germinativa, não sendo produzidos pela recombinação somática dos genes. ● No sistema imunológico inato, os receptores não são distribuídos clonalmente; ou seja, receptores idênticos são expressos em todas as células de um determinado tipo, como os macrófagos. Consequentemente, muitas células da imunidade inata podem reconhecer e responder ao mesmo microrganismo. ● O sistema imunológico inato não reage contra o hospedeiro. ● Microrganismos que rompem o epitélio, bem como células mortas em tecidos, são detectados por macrófagos residentes, células dendríticas e outras células sentinelas. Algumas dessas células reagem principalmente a citocinas secretoras, que iniciam o processo de inflamação, e fagócitos destroem os microrganismos e eliminam as células danificadas. ● Os receptores usados pelo sistema imunológico inato para reagir contra os microrganismos e células danificadas são expressos nos fagócitos, células dendríticas e muitos outros tipos celulares, incluindo os linfócitos e as células epiteliais e endoteliais. ● Os receptores tipo Toll (TLR, do inglês, Toll-like receptors) são específicos para diferentes componentes dos microrganismos. Muitos TLR estão presentes na superfície celular, onde reconhecem os produtos dos microrganismos extracelulares, e outros TLR estão nos endossomas, para dentro dos quais os microrganismos são ingeridos. Os sinais gerados pela ligação dos receptores tipo Toll ativam fatores de transcrição que estimulam a produção de genes que codificam citocinas, enzimas e outras proteínas envolvidas nas funções antimicrobianas dos fagócitos ativados e das outras células. ● Os receptores tipo NOD (NLR, do inglês, NOD-like receptors) são uma grande família de receptores citosólicos que detectam DAMP e PAMP no citoplasma. Alguns NLR reconhecem uma ampla variedade de substâncias não relacionadas estruturalmente e utilizam um mecanismo de sinalização especial. ● Vários receptores citoplasmáticos reconhecem ácidos nucleicos virais ou peptídeos bacterianos; por exemplo, a família do receptor tipo RIG (RLR, do inglês, RIG-like receptor) reconhece o RNA viral. ● Os componentes do sistema imunológico inato incluem células epiteliais, as células sentinelas em tecidos (macrófagos, células dendríticas e outros), células NK e uma série de proteínas plasmáticas. ● As portas de entrada frequentes dos microrganismos – a pele, o trato gastrointestinal e o trato respiratório – são protegidas por um epitélio contínuo que fornece barreiras físicas e químicas contra as infecções. ● As células epiteliais também produzem antibióticos peptídicos, chamados defensinas e catelicidinas, que destroem as bactérias. Além disso, o epitélio contém linfócitos chamados de linfócitos T intraepiteliais, que pertencem à linhagem das células T, mas expressam receptores de antígenos de diversidade limitada. ● Os dois tipos de fagócitos circulantes, os neutrófilos e os monócitos, são células sanguíneas recrutadas para locais de infecção, onde reconhecem e ingerem os microrganismos para que sejam destruídos. ● Em resposta às infecções, a produção dos neutrófilos na medula óssea cresce rapidamente e é estimulada pelas citocinas, conhecidas como fatores estimulantes de colônias (CSF, do inglês, colony-stimulating factors), que são produzidas por muitos tipos celulares em resposta às infecções. ● Os neutrófilos ingerem os microrganismos na circulação e entram rapidamente nos tecidos extravasculares nos locais de infecção, onde também ingerem e destroem microrganismos. ● Os monócitos são menos abundantes do que os neutrófilos e também ingerem microrganismos no sangue e nos tecidos. Os monócitos que entram nos tecidos extravasculares diferenciam-se em células chamadas macrófagos, que, diferentemente dos neutrófilos, sobrevivem por longos períodos nesses locais. ● Os macrófagos desempenham vários papéis importantes na defesa do hospedeiro – eles produzem citocinas que iniciam e regulam a inflamação, ingerem e destroem microrganismos, além de limpar tecidos mortos e iniciar o processo de reparação tecidual. ● Os macrófagos podem ser ativados por duas vias diferentes que desempenham funções distintas. Essas vias de ativação foram denominadas clássica e alternativa. A ativação clássica de macrófagos é induzida por sinais imunológicos inatos, como aqueles dos TLR, e pela citocina IFN-y (interferon-y), que pode ser produzida nas respostas imunes inata e adquirida. Os macrófagos ativados classicamente, também denominados M1, estão envolvidos na destruição de micróbios e na ativação da inflamação. A ativação alternativa de macrófagos ocorre na ausência de sinais fortes do TLR e é induzida pelas citocinas IL-4 e IL-13; esses macrófagos, chamadosM2, parecem ser mais importantes para a reparação tecidual e para o controle da inflamação. ● As células dendríticas respondem aos microrganismos por meio da produção de numerosas citocinas que desempenham duas funções: elas iniciam a inflamação e estimulam as respostas imunes adquiridas. Ao detectar microrganismos e interagir com linfócitos, especialmente células T, as células dendríticas constituem uma ponte importante entre a imunidade inata e a adquirida. ● Os mastócitos são células derivadas da medula óssea com grânulos citoplasmáticos abundantes que contêm aminas vasoativas, como a histamina, que causam vasodilatação e aumento da permeabilidade dos capilares, bem como enzimas proteolíticas que podem matar bactérias ou toxinas microbianas inativas. Os mastócitos estão presentes na pele e no epitélio mucoso e podem ser ativados por produtos microbianos ligando-se aos TLR, como parte da imunidade inata, ou por um mecanismo dependente de um anticorpo especial. ● As células natural killer (NK), ou exterminadoras naturais, são uma classe de linfócitos que reconhecem células infectadas e estressadas e respondem destruindo essas células e produzindo uma citocina que ativa os macrófagos, o IFN-y. ● Na ativação por células infectadas, as células NK esvaziam os conteúdos de seus grânulos citoplasmáticos no espaço extracelular no ponto de contato com a célula infectada. As proteínas do grânulo, então, entram nas células infectadas e ativam enzimas que induzem a apoptose. ● Os mecanismos citotóxicos das células NK, que são os mesmos mecanismos usados pelos linfócitos T citotóxicos, resultam na morte de células infectadas. ● As células NK ativadas também sintetizam e secretam a citocina interferon-y. O IFN-y ativa macrófagos para se tornarem mais efetivos na morte de microrganismos fagocitados. ● O hospedeiro utiliza os CTL (citotóxicos) para reconhecer antígenos virais apresentados por MHC, os vírus inibem a expressão de MHC para escapar do extermínio das células infectadas pelos CTL, e as células NK podem compensar a resposta deficiente do CTL pelo fato de as células NK serem mais eficazes na ausência das moléculas de MHC. ● O sistema complemento é uma coleção de proteínas presentes na circulação e ligadas à membrana que são importantes na defesa contra os microrganismos. Muitas proteínas do complemento são enzimas proteolíticas, e sua ativação envolve a ativação sequencial dessas enzimas, algumas vezes chamada de cascata enzimática. A cascata do complemento pode ser ativada por três via: - A via alternativa é desencadeada quando algumas proteínas do complemento são ativadas na superfície dos microrganismos e não podem ser controladas. Essa via é um componente da imunidade inata. - A via clássica é desencadeada com mais frequência depois que anticorpos se ligam a microrganismos ou a outros antígenos, sendo um componente do braço humoral da imunidade adquirida. - A via da lectina é ativada quando uma proteína plasmática ligante de carboidrato, a lectina ligante de manose (MBL, do inglês, mannose-binding lectin), liga-se à manose terminal nas glicoproteínas da superfície dos microrganismos. É um componente da imunidade inata. ● O componente central do complemento é uma proteína plasmática chamada C3, que é clivada pelas enzimas geradas nas etapas iniciais. O principal fragmento proteolítico de C3, chamado C3b, se liga de maneira covalente a microrganismos, sendo capaz de ativar proteínas do complemento presentes na superfície bacteriana. ● Em primeiro lugar, o C3b reveste os microrganismos, ligando-os às células fagocitárias por meio de receptores para o C3b expresso nos fagócitos. Assim, os microrganismos que são revestidos com as proteínas do complemento são ingeridos rapidamente e destruídos pelos fagócitos. Esse processo de revestir um microrganismo com moléculas que são reconhecidas por receptores em fagócitos é chamado de opsonização. Em segundo lugar, alguns fragmentos proteolíticos das proteínas do complemento, em especial C5a e C3a, são quimioatrativos para leucócitos (sobretudo neutrófilos e monócitos), promovendo o recrutamento dos leucócitos (inflamação) no local da ativação do complemento. Em terceiro lugar, a ativação do complemento culmina na formação de um complexo proteico polimérico que se insere na membrana celular microbiana, perturbando a permeabilidade da barreira que leva à lise osmótica ou à apoptose do microrganismo. ● A proteína C-reativa (CRP, do inglês, C-reactive protein) é uma pentraxina (molécula de cinco cabeças) que se liga à fosforilcolina dos microrganismos e opsoniza os microrganismos para que sejam fagocitados pelos macrófagos, que expressam um receptor para a CRP. A CRP também pode ativar proteínas da via clássica do complemento. ● As citocinas são proteínas solúveis que servem de mediadoras nas reações imunológicas e inflamatórias, sendo responsáveis pela comunicação entre leucócitos e entre os leucócitos e outras células. A maioria das citocinas cuja estrutura molecular está definida é chamada, por convenção, de interleucina. Na imunidade inata, as principais fontes de citocinas são as células dendríticas e os macrófagos ativados pelo reconhecimento de microrganismos. As citocinas são produzidas em pequenas quantidades em resposta a um estímulo externo e se ligam a receptores de alta afinidade nas células-alvo. ● As citocinas da imunidade inata desempenham várias funções na defesa do hospedeiro. O fator de necrose tumoral (TNF, do inglês, tumor necrosis factor), a interleucina-1 (IL-1) e as quimiocinas (citocinas quimioatrativas) são as principais citocinas envolvidas no recrutamento de neutrófilos no sangue e monócitos aos locais de infecção. ● O TNF e a IL-1 também têm efeitos sistêmicos, incluindo a indução da febre pela atuação no hipotálamo, e, assim como a IL-6, eles estimulam células do fígado a produzirem diversas proteínas chamadas reagentes de fase aguda, como a proteína C-reativa e o fibrinogênio, que contribuem para o extermínio microbiano. ● Como o IFN-y também é produzido pelas células T, ele é considerado uma citocina tanto da imunidade inata quanto da imunidade adquirida. ● As principais respostas imunes inatas protetoras a diferentes tipos de microrganismos são as seguintes: - Bactérias extracelulares e fungos são combatidos, sobretudo pela resposta inflamatória aguda, na qual neutrófilos e monócitos são recrutados ao local de infecção e pelo sistema do complemento. - A defesa contra bactérias fagocitadas e intracelulares é mediada por macrófagos, que são ativados por receptores tipo Toll e outros sensores, bem como citocinas. - A defesa contra vírus é oferecida por interferons tipo I e células natural killer. ● Os neutrófilos e os monócitos migram para os locais de infecção extravascular ou dano tecidual ligando-se às moléculas de adesão endotelial e em resposta a estímulos quimioatrativos produzidos por células teciduais em resposta a PAMP e DAMP. A migração dos leucócitos do sangue para os tecidos é um processo com múltiplos passos que consiste em interações adesivas fracas dos leucócitos àscélulas endoteliais, seguidas por uma adesão firme e, então, pela transmigração através do endotélio. ● Se um agente infeccioso penetra em um epitélio e entra no tecido subepitelial, os macrófagos residentes e outras células reconhecem o patógeno e respondem produzindo citocinas. Duas dessas citocinas, o TNF e a IL-1, atuam no endotélio de vênulas próximas ao local de infecção. ● Produtos microbianos e citocinas inflamatórias como o TNF fazem com que os capilares tornem-se permeáveis, permitindo que proteínas circulantes, incluindo proteínas e anticorpos do complemento, saiam dos vasos sanguíneos e entrem no sítio tecidual de infecção. Essas proteínas atuam juntamente com fagócitos para destruir os agentes ofensivos. ● Em algumas infecções, leucócitos sanguíneos que não neutrófilos e macrófagos, como eosinófilos, podem ser recrutados a locais de infecção e oferecem defesa contra os patógenos. ● Os neutrófilos e os macrófagos ingerem (fagocitam) patógenos e destroem os microrganismos ingeridos em vesículas intracelulares. ● Os principais receptores fagocíticos são alguns receptores de reconhecimento de padrões, como receptores de manose e outras lectinas, e receptores para anticorpos e complemento. ● Microrganismos opsonizados com anticorpos e fragmentos do complemento são capazes de ligar-se avidamente a receptores específicos em fagócitos, resultando em uma internalização muito maior. ● Além da exterminação intracelular, os neutrófilos utilizam mecanismos adicionais para destruir microrganismos. Eles podem liberar conteúdos de grânulos microbicidas no ambiente extracelular. Em resposta a patógenos e mediadores inflamatórios, os neutrófilos morrem, e durante esse processo eles expelem seus conteúdos nucleares para formar redes de histonas (poderosas proteínas antimicrobianas) e outros componentes, que são chamados de Redes Extracelulares de Neutrófilos (NET, do inglês, Neutrophil Extracellular Traps). ● A defesa contra vírus é um tipo especial de resposta que envolve interferons, células NK e outros mecanismos. Interferons tipo I induzem a resistência a infecção e replicação virais, chamada de estado antiviral. ● IFN tipo I aumentam a capacidade das células NK de matar células infectadas. Além disso, parte da resposta inata a infecções virais inclui maior apoptose de células infectadas. A morte das células infectadas elimina o reservatório de infecção.
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