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05.Patologia - Inflamação Crônica

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Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
Resposta de longa duração (semanas a meses, ou anos), sendo um 
quadro de lesão tecidual (aumento do infiltrado de células/graus 
de celularidade – o processo inflamatório, ao tentar destruir o 
agente agressor, passa a lesar o tecido por meio de suas enzimas) e 
tentativa de reparo tecidual simultâneos. 
▪ Essa inflamação pode ser posterior à inflamação aguda ou ter 
um início insidioso (de baixo grau, com uma resposta latente 
sem manifestação de uma inflamação aguda anterior); 
A inflamação aguda pode progredir para inflamação crônica. 
Essa transição ocorre quando a resposta aguda não pode ser 
resolvida ou devido à persistência do agente lesivo ou por causa da 
interferência com o processo normal de cicatrização. 
▪ Causas: Permanência do estímulo agressor, por isso que a 
inflamação não cessa, enquanto, simultaneamente, há uma 
tentativa de reparo da lesão: 
o Infecções persistentes por microrganismos difíceis de 
erradicar, ex.: vírus, fungos, parasitas – tendem ao 
estabelecimento de infecções persistentes e a suscitar 
resposta imune mediada por linfócitos T; 
o Distúrbios de hipersensibilidade/ Doenças inflamatórias 
imunomediadas: Nas doenças que são causadas por 
ativação excessiva e inapropriada do sistema imune, os 
autoantígenos desencadeiam uma reação imune 
autoperpetuadora que resultam em lesão e inflamação 
tecidual crônica (ex.: artrite reumatóide); 
o Exposição prolongada a agentes tóxicos: Incluem 
materiais exógenos não degradáveis, como a sílica 
(silicose), e a agentes endógenos, como os cristais do 
colesterol (aterosclerose). 
CLASSIF ICAÇÃO HISTOLÓGICA 
A inflamação crônica é separada de acordo com o aspecto: 
▪ Crônica: Predominam fenômenos proliferativos: Proliferação 
fibroblástica (células que produzem colágenos, responsáveis 
pelo reparo e situações de fibrose) e angioblástica (células que 
compõe os novos vasos). Basicamente infiltrado de células 
mononucleares, principalmente de linfócitos, plasmócitos e 
macrófagos; 
▪ Crônica ativa: Trata-se da inflamação crônica re-agudizada, 
ou seja, há um quadro de inflamação crônica e suas 
características, porém seja por um agente persistente ou pela 
chegada de um novo agente, causa uma reinfecção ou infecção 
secundária que reativa os fenômenos vasculares exsudativos 
(característica da inflamação aguda) em área inflamada 
cronicamente. 
MORFOLOGIA 
▪ Infiltração de células mononucleares – macrófagos, linfócitos 
e plasmócitos – chegam com cerca de 24/48h; 
Lembrando: Porque o nome infiltrado celular? Porque as 
células saem da circulação sanguínea, e vão infiltrando pelo tecido 
até chegar no local da lesão. 
▪ Destruição tecidual induzida pelo agente indutor da 
inflamação ou pelas próprias células inflamatórias; 
▪ Tentativa de reparo: Substituição do tecido afetado por tecido 
conjuntivo – pela deposição de reparo –, angiogênese 
(surgimento de novos vasos), e frequentemente a fibrose. 
 FIBRINA X FIBROSE: 
▪ Fibrina: É um composto proteico que resulta da clivagem do 
fibrinogênio; é comumente depositada na inflamação aguda 
pois há aumento de permeabilidade vascular fazendo com que 
o fibrinogênio, ao sair do vaso e ser clivado pela trombina, 
torna-se filamentos de fibrina insolúveis, que atinge o local da 
lesão juntamente com o fator plaquetário, pois ambos 
participam do processo de coagulação, agindo como 
sinalizador; 
o Aspecto de gelatina (aderência) e lesão com aparência 
áspera. 
▪ Fibrose: Processo ativo de deposição de colágeno por parte do 
fibroblasto, ou seja, quando começa o estímulo para fibrose no 
processo de cicatrização na inflamação crônica, ocorre o 
recrutamento e ativação do fibroblasto que chega no tecido e 
sintetiza ativamente o colágeno; 
o A fibrina pode induzir a fibrose pois é componente do 
tampão plaquetário e serve de sinalização de uma região 
que perdeu tecido, ou seja, caso a fibrina não seja 
removida, os fibroblastos podem entender como 
sinalização para depositar colágeno, formando a fibrose; 
Patologia Patologia 
 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
o Diferente da fibrina, a fibrose não é removida, pois é um 
tecido cicatricial. 
Não é sempre que a fibrina vira fibrose e a fibrose não depende 
da fibrina para acontecer. 
Imagem macroscópica: Na primeira imagem há uma pleurite 
fibrinosa, com a fibrina de aspecto rígido, insolúvel e gelatinoso; já na 
segunda uma fibrose plural pós inflamação fibrinosa. 
Imagem microscópica. 
COMPONENTES CELULARES DA INFLAMAÇÃO 
CRÔNICA 
MASTÓCITOS E NEUTRÓFILOS 
As principais células são as mononucleares, mas os mastócitos e 
neutrófilos podem aparecer em condições específicas. 
▪ Mastócitos: (Participam de inflamações agudas e crônicas) 
Expressam na superfície receptores que reconhecem 
anticorpos (predominantemente o IgE), e quando 
reconhecidos, os anticorpos liberam histamina e 
prostaglandinas; 
o Principalmente observados em quadro de reação alérgica, 
estando associada com vasodilatação e vasoconstricção, 
broncodilatação e broncoconstricção. 
 
 
 
 
▪ Neutrófilos: São a primeira linha de defesa contra agentes 
patógenos no organismo, por isso são mais característicos da 
inflamação aguda, mas podem permanecer também na 
inflamação crônica. 
principalmente em 
casos de 
reagudização e 
inflamação 
bacteriana. 
CÉLULAS MONONUCLEARES 
Principais células do nosso organismo, associadas tanto com a 
destruição tecidual quanto com a tentativa de reparo do tecido 
lesionado. 
 
LINFÓCITOS 
Célula dominante da inflamação crônica autoimune, porém 
também são mobilizados nas não-imunológicas. São os 
“administradores” do processo da inflamação, secretando citocinas, 
mediadores, ativando e recrutando outras células. 
▪ São recrutados para o local de inflamação pelas citocinas 
produzidas pelos macrófagos ativados; 
▪ Amplificam o processo da inflamação tornando-a mais 
duradoura e mais grave. 
Tipos de linfócitos: 
➢ Linfócitos TCD4+: o Se diferenciam em diferentes tipos, 
produzindo diferentes citocinas induzindo diferentes tipos de 
inflamação; 
o Em virtude de sua capacidade de secretar citocinas, os 
linfócitos TCD4 + promovem inflamação e influenciam a 
natureza da reação inflamatória: 
✓ TH1: Produzem IFNγ, que ativam os macrófagos pela via 
clássica; 
✓ TH2: Secretam IL4, IL5 e IL13, que recrutam e ativam 
eosinófilos e são responsáveis pela via alternativa de 
ativação de macrófagos (via de reparo). Resposta anti-
inflamatória, sendo necessária para reter/conter o 
processo; 
✓ TH17: Secretam IL17 e outras citocinas, que induzem a 
secreção de quimiocinas responsáveis pelo recrutamento 
de neutrófilos (e monócitos) na reação. 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
TH1 e TH17 estão envolvidas na defesa contra muitos tipos de 
bactérias e vírus e em doenças autoimunes; já as TH2 são 
importantes na defesa contra parasitas helmínticos e na inflamação 
alérgica. 
Qual o padrão ideal de inflamação? O de equilíbrio, quando 
se tem um leve predomínio para um tipo – a depender do agente 
causador. Ex.: Quando se tem TH1 em excesso, existirá uma 
resposta celular exacerbada – inflamação crônica mais densa, 
muita célula ativada levando a grande lesão tecidual –; quando se 
tem excesso de TH2, haverá muitos anticorpos, ou seja, resposta 
humoral – lesão imunomediada, de causa secundária. 
➢ Linfócitos TCD8+: São ativados através da apresentação de 
antígeno e são citotóxicos, logo, uma vez ativados, induzem a 
morte da célula e, por isso, estão muito envolvidos com o 
processo de lesão tecidual; 
➢ Linfócitos B: Quando ativados, são diferenciados em 
plasmócitos que produziram anticorpos específicos para a 
causa da lesão e vão desempenhar função de opsonização; 
o Os anticorpos podem ser específicos para antígenos 
estranhos ou autopersistentes/autoantígenosno local 
inflamatório ou contra componentes teciduais alterados: 
• No entanto, a especificidade e até́ a importância dos 
anticorpos na maioria dos distúrbios inflamatórios 
crônicos não são claras, por serem muitos variáveis e 
estarem envolvidos em muitos tipos de doenças. 
o Formação de órgãos linfoides terciários que possuem 
estrutura semelhante à de folículos de linfonodos e 
servem para fazer a ativação e diferenciação de linfócitos. 
Acontecem em: 
• Em algumas reações inflamatórias crônicas, os 
linfócitos acumulados, as células apresentadoras de 
antígenos e as células plasmáticas se agrupam para 
formar tecidos linfoides. 
MACRÓFAGOS 
▪ Célula dominante na inflamação crônica; 
▪ Na circulação são chamados de monócitos e sofrem a 
diferenciação em macrófagos quando chegam aos tecidos 
(sistema de fagócitos MNCs ou reticuloendotelial); 
o Existem órgãos que possuem seus macrófagos específicos, 
ex.: Célula de Kupffer, no fígado; 
 
▪ São fagócitos profissionais: Ingerem e eliminam 
microrganismos, partículas e células mortas; 
▪ Quando são ativados participam da secreção de citocinas 
(TNF, IL1, quimiocinas) com a sinalização para inflamação, e 
da secreção de fatores de crescimento para o processo de 
reparo; 
o Atuam em diferentes células, destruindo 
microrganismos, ativando outras células (linfócitos T); 
▪ Estão envolvidos na formação de cicatrizes e fibrose; 
▪ Exibem antígenos aos linfócitos T e respondem aos sinais das 
células T, criando assim um loop de feedback que é essencial 
para a defesa contra muitos patógenos por respostas imunes 
mediadas por células. 
Ativação de macrófagos: 
São ativados por diversos 
estímulos (ex.: contato com 
tecido necrótico e 
micróbios), descrito em 
duas vias de ativação de 
macrófagos: 
 
▪ Via clássica (M1): Via associada a inflamação, pró-
inflamatória. Indução a partir de citocinas de LTH1 (IFN-γ) e 
substâncias estranhas (cristais e partículas) e produção de 
enzimas lisossomais, NO e EROs em prol da ação microbicida, 
e citocinas inflamatórias; 
▪ Via alternativa (M2): Via associada ao reparo. Induzida por 
citocinas de LT, mastócitos e eosinófilos (ex. IL-4 e IL-13) e 
então “deixam de ser” fagocitários e assumem papel no reparo 
e fibrose, induzindo TGF-β, fatores de crescimento 
(angiogênese e ativação de fibroblastos), além de possuírem 
efeitos anti-inflamatórios. 
 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
Qual via se tem na inflamação? As duas respostas em uma 
mesma situação, porém pode haver um predomínio de uma 
resposta sobre a outra. Qual seria a situação ideal das vias? 
Predomínio de M1, para haver limpeza da destruição das células 
mortas, e depois predomínio de M2 para haver um reparo tecidual. 
Porém nem sempre acontece dessa maneira, ex.: Inflamação 
crônica é simultânea a ação de agressão e reparo tecidual. 
EOSINÓFILOS 
Aparecem em situações 
especificas como em 
inflamações mediadas por 
IgE (alergias) e infecções 
parasitárias. 
▪ Possuem grânulos que contém proteínas catiônicas, tóxicas 
para parasitas e células de mamíferos (alergia). 
INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA 
Padrão de inflamação crônica com ligação direta a reações 
imunológicas causadas por estímulos infecciosos ou não 
infecciosos, sendo um esforço do organismo para conter um agente 
difícil de eliminar (ex.: Tuberculose, hanseníase, doenças 
autoimunes – doenças de Crohn –, e corpos estranhos). 
▪ Um patógeno ao entrar no organismo, o ideal seria que o 
organismo e suas linhas de defesa conseguissem destruir, 
eliminar e criar imunidade ao patógeno. Porém, nem sempre 
é possível, e, nesses casos, o sistema imunológico “prende” o 
agente agressor tentando contê-lo. 
GRANULOMA 
Uma reação do sistema imunológico, que consiste em uma área 
central (com ou sem necrose – do tipo caseosa) que contém o 
antígeno (agente estranho) rodeado por macrófagos epitelióides 
(macrófagos que sofreram diferenciação), e um segundo rodeado 
por linfócitos, para fazer a manutenção do processo. Podem ser do 
tipo: Granuloma imune (Langhans) e de corpo estranho. São 
tridimensionais (morfologicamente) e dinâmico – células vivas 
(funcionalmente). 
▪ Não há 
diferença 
funcional entre 
os tipos de 
células, apenas 
morfológica. 
Células epilióides: 
São macrófagos 
diferenciados pela ação 
das citocinas 
(principalmente IL-12 e 
interferon-gama). 
 
▪ Morfologia 
tridimensional: 
Citoplasma rosa claro, limites não definidos e são capazes de 
se fundir, núcleo menos denso, oval e alongado, podendo ter 
chanfraduras na membrana celular - permite a formação de 
uma parede em torno do patógeno mais coesa, diminuindo a 
chance de passagem por entre as membranas das células. 
Células gigantes/Gigantócitos: Fusão de macrófagos 
epitelióides, sendo uma grande massa de citoplasma com 
quantidade variável de pequenos núcleos - 40/50 núcleos. 
Respectivamente, célula gigante de Langhans - núcleos arranjados 
perifericamente para atacar o agente estranho, e na segunda 
imagem, célula gigante de corpo estranho – núcleos arranjados 
irregularmente. 
TIPOS DE GRANULOMA 
1. Granuloma de corpo estranho: As células gigantes e 
epitelióides se depositam (englobam) na superfícies de 
materiais grandes demais para fagocitose (ex. talco, farpa, 
restos de vidro, sutura sílica), sem a presença de resposta 
imune sistêmica. 
Na figura ao 
lado: A formação 
de um 
granuloma de 
corpo estranho e 
uma célula 
gigante tentando 
englobar para 
proteger do resto do corpo. 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
 A figura ao lado 
mostra evolução 
das células 
epitelióides e das 
células gigantes no 
granuloma de 
corpos estranhos. 
2. Granuloma 
Imune: Quando há um agente infeccioso – que se multiplica – 
e esse, induz a reposta celular imune, mesmo sendo 
fracamente degradável ou particulado: 
 
Ex.: 
Tuberculose: 
 
 
 
 
▪ Possui uma área central de núcleo com o antígeno; uma área 
com células epitelióides, células gigantes, células dendríticas; e 
um halo de linfócitos rodeando essas células. 
o Epitelioides e gigantes são responsáveis pelo isolamento e 
as dendríticas são responsáveis pela sinalização, 
apresentando para os linfócitos que iram produzir as 
citocinas. 
Exemplo de importância clínica: 
o Paciente vacinado (BCG) e teve contato com tuberculose 
→ Patógenos ficam presos dentro do granuloma e 
permanecem; 
o Ao contrair o HIV, o vírus destrói as células TCD4, que 
leva a destruição do halo de linfócitos do granuloma e, 
sem a sinalização, perde sua estrutura permitindo a saída 
do patógeno. 
Granuloma de 
tuberculose: A parte 
avermelhada é a 
necrose caseosa, 
rodeada de 
macrófagos 
epitelióides e células 
gigantes e em roxo é o 
cinturão de linfócitos. 
 As células gigantes 
possuem aspecto 
bagunçado pela 
fusão das células 
epitelióides. 
 
 
 
 
 
Macroscopicamente podem ser focais (primeira imagem) ou difusos 
(segunda imagem), conforme se distribuam pelos limites agredidos. 
Schistossomose causa granuloma: 
No centro possui o “ovo”; a macha 
vermelha são eosinófilos (que 
liberam enzimas que digerem o 
parasita); a parte mais clara são 
células epitelióides e gigantes; e 
por fora, o halo de linfócitos. 
Se o processo do 
granuloma der 
certo, deve 
acontecer: a casca do 
ovo é dissolvida; as 
células epitelióides e 
gigantes mudam a 
sinalização para M2 
(reparo) e depois 
entram em 
apoptose, assim 
como os linfócitos; os fibroblastos que foram sinalizados, iniciam a síntese 
e deposição de colágeno, formando uma cicatriz/nódulo fibrótico, 
podendo calcificar (raro).

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