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curso ano 2008 Orçamento, planejamento e custos de obras professor Ivan Xavier 2 Expediente Fupam Fundação de Apoio a Pesquisa Ambiental Diretoria Diretor presidente • Pedro Taddei Neto Administração Conselho presidente • Vice-presidente • Conselheiros • Diretor de cursos • Paulo Pellegrino Coordenador do curso • Simões Redação/edição • Ivan Xavier Projeto gráfi co e diagramação • Daniela Nogueira Secondo XAVIER, IVAN e-mail: lmivan@usp.br APOSTILA DO CURSO – ORÇAMENTO, PLANEJAMENTO E CUSTOS DE OBRA: VISA OFERECER AOS PROFISSIONAIS INICIANTES NA ÁREA DE CONSTRUÇÃO CIVIL, EXPERIÊNCIAS PARA EXECUÇÃO DE ORÇAMENTO DE MATERIAS DE CONSTRUÇÃO E MÃO DE OBRA, PLANEJAMENTO DE OBRA E LEVANTAMENTO DE CUSTOS. APOSTILA DA FUPAM – FUNDAÇÃO PARA A PESQUISA AMBIENTAL 1.Introdução ao curso e objetivos; 2. Apresentação do curso; 3.Teoria do memo- rial; 4. Teoria do orçamento, 5. A elaboração de orçamento nas empresas; 6. Atributos do orçamento; 7. Etapas da orçamentação; 8. Graus de orçamento; 9. Levantamento de quantidades; 10. Custo direto, indireto, lucro, impostos, BDI e preço de venda; 11. Planejamento e custos de obra; 12. Bibliografi a. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU – USP Universidade de São Paulo – USP FUPAM – Fundação para a Pesquisa Ambiental Ficha catalográfi ca Todos os direitos reservados por Rua Alvarenga, n. 1882 - Butantã CEP 05509-004 - São Paulo - SP Telefone: 3554-6060 www.fupam.org.br 3 Índice 1. Introdução ao curso e objetivos ..................................................... 4 2. Apresentação do curso .................................................................. 5 O orçamento .................................................................................. 5 O planejamento de obra ................................................................. 7 Ferramentas de planejamento ....................................................... 8 Controle de custos ......................................................................... 9 3. Teoria do memorial ....................................................................... 10 4. Teoria do orçamento .................................................................... 14 5. Elaboração do orçamento nas empresas..................................... 18 6. Atributos do orçamento ................................................................ 19 Aproximação ................................................................................ 20 Especifi cidade ............................................................................. 21 Temporalidade ............................................................................. 22 Enfoques do orçamento ............................................................... 22 7. Etapas da orçamentação ............................................................. 23 Entendimento e estudo das condicionantes................................. 24 Elaboração de custos ................................................................... 26 Utilidades do orçamento............................................................... 30 8. Graus de orçamento .................................................................... 31 9. Levantamento de quantidades ..................................................... 33 10. Custo direto, indireto, lucro, impostos, BDI e preço de venda ..... 40 11. Planejamento e custos de obras ................................................. 44 Programação da obra – após a contratação ................................ 49 Organização de uma obra ............................................................ 52 Procedimentos prévios à execução ............................................. 52 Precedimentos gerenciais para controle da obra ......................... 53 Ferramentas de controle .............................................................. 53 Diagrama de rede......................................................................... 54 Gráfi co de Ghant .......................................................................... 54 Cronograma físico-fi nanceiro ....................................................... 54 Operação e controle da obra ....................................................... 54 12. Bibliografi a .................................................................................. 62 4 1. Introdução ao curso e objetivos O mercado da construção civil, com a rapidez das trans- formações tecnológicas (técnicas e tecnologia) associada à competitividade cada vez mais acirrada e abrangente entre as empresas, exige do mercado profi ssionais aptos e capazes de atender e dar respostas rápidas a estas demandas. As empresas e os contratantes, exigem qualidade associada à produtividade e rapidez (cronogramas cada vez mais apertados); hoje em dia este desempenho é quase uma obrigação. A satisfa- ção do cliente tornou-se prioridade, assim o nosso pensar e agir devem estar relacionado com um novo processo de execução de projeto e obra, onde os trabalhos, a produção e o planejamento devem ser elaborados dentro desta nova realidade. A produtividade está relacionada com a qualidade e desem- penho, com a eliminação do desperdício, o consumo elevado de materiais, mão de obra e equipamentos; acompanhados da utilização de técnicas, tecnologias e normas que respeitem o meio ambiente. Não temos mais condições de tomar decisões amadorísti- cas, devemos, pois, acompanhar a demandas de mercado e as novas sistematizações dos processos de construção. De- vemos sempre estar à busca de boas soluções com qualidade e custos compatíveis de execução, associando ao máximo o aproveitamento de idéias que elevem o processo produtivo, aproveitando os novos conceitos de planejamento e de exe- cução de obras. Precisamos ter em mente o que signifi ca o projeto do produto e ou empreendimento, como defi nir e especifi car a maior quan- tidade de informações e detalhes possíveis para, posterior- mente temos uma execução mais racional e simplifi cada, não se esquecendo da máxima: Atrás de uma boa OBRA, sempre existe um bom PROJETO e um bom ORÇAMENTO. No projeto do produto / empreendimento, a elaboração do orçamento signifi ca também a defi nição de como se executará cada uma das etapas participantes do processo produtivo ou seja: para podermos chegar aos melhores resultados neces- sitamos conhecer as melhores técnicas e tecnologia, o em- prego de materiais adequados e mão-de-obra cada vez mais qualifi cada e preparada são necessidades fundamentais para tornar o objeto (edifício) cada vez efi ciente. Este é o nosso grande desafi o, considerando sempre neste processo a me- lhor relação entre o custo e benefício. 5 Precisamos defi nir e organizar os elementos disponíveis para que o processo de planejamento, execução e controle da obra ocorram da melhor forma possível considerando a reali- dade e as práticas vigentes no mercado atual. 2. Apresentação do curso A organização e execução de uma obra exigem dos profi s- sionais, atenção em todas as suas fases, especialmente as dedicadas ao planejamento e ao controle da mesma. Este cur- so propõe discutir os principais elementos de planejamento de uma obra: O orçamento, o planejamento de obra em si, as ferramentas de planejamento e o controle de custos. Abordaremos os seguintes aspectos: O orçamento O orçamento é um produto defi nido, informando o valor para a realização de um determinado produto ou serviço, as condições necessárias para a sua realização, o objeto a ser realizado e o prazo para que este produto ou serviço se realize. Elaborar um orçamento exige um processo ao qual denomi- namos de orçamentação. A técnica orçamentária exige identifi - cação clara do produto e ou serviço, descrição correta, quantifi - cação, análise e valorização de uma série de itens,requerendo técnica, atenção e, principalmente, conhecimento de como se executa uma determinada obra e ou serviço. O conhecimento detalhado do serviço, a interpretação detalhada dos desenhos, planos e especifi cações da obra lhes permite a melhor maneira de realizar cada tarefa de uma obra, bem como identifi car a difi culdade de cada serviço e consequentemente seus custos. Além dos serviços identifi cados e extraídos do projeto, existem outros parâmetros que devem ser identifi cados, como é o caso das chuvas, condições do solo, acesso, difi culdades de abaste- cimento de materiais, fl utuações na produtividade dos operários e despesas indiretas, tais como: água, luz, telefone, refeições, combustivéis, manutenção do canteiro, etc. A elaboração de um orçamento pode determinar o sucesso e ou fracasso de uma empresa construtora e ou construtor, um erro no orçamento acarreta imperfeições, frustações, falta de credibilidade e prejuizos a curto e médio prazo. O orçamento é à base de fi xação do preço de um determi- nado projeto e ou empreendimento, é uma das mais impor- tantes áreas no negócio da construção civil. 6 Executar um orçamento, não pode ser considerado um jogo de adivinhação, deve ser um trabalho bem executado com cri- térios, normas, regras e utilização de informações confi avéis; para que o verdadeiro custo de um empreendimento se apro- xime ao máximo da estimativa de custo realizado, ou seja; ne- nhum orçamento fi xa de antemão o valor exato dos custos, o que um bom orçamento realmente consegue é uma estimativa de custos bem precisa em função da qual a empresa constru- tora irá atribuir o seu melhor Preço de Venda. Em geral, um orçamento é elaborado considerando-se: • Custos diretos: Mão-de-obra de operários, materiais e equipamentos; • Custos indiretos: equipes de supervisão e apoio, despesas gerais com o canteiro de obras, taxas, etc; • Preço de venda: Incluindo custos diretos e indiretos, adicionando-se os impostos e lucro da operação. O preço fi nal de um orçamento numa planilha de vendas proposto por uma construtora ou construtor não deve ser tão baixo a ponto de não permitir lucro, e também não deve ser tão alto a ponto de não ser competitivo com outras empresas na dis- puta da realização de determindo serviço e ou emprendimento. Na elaboração de um orçamento, duas empresas constru- toras chegarão sempre a orçamentos bem distintos e diferen- tes para uma determinada concorrência; porque diferentes são os critérios utilizados, a metodologia de levantamento de quantidade, as técnicas e métodos utilizados para a execução de obra, os preços coletados, o BDI (Bonifi cação de Despesas Indiretas) adotado pelas empresas, dentre outros fatores. Em resumo, podemos afi mar que o orçamento refl ete a ideo- logia e as premissas de uma construtora, constituindo-se num produto que defi ne a qualidade e competência da empresa. Nos próximos capítulos abordaremos: • Teoria do memorial e teoria do orçamento; • A elaboração de orçamentos nas empresas; • Atributos do orçamento (aproximação, especifi cidade e temporalidade); • Enfoque do orçamento (proprietário e construtor); • Etapas da orçamentação (estudos das condicionantes e composição dos custos); • Utilidades da orçamentação; • Graus de orçamento (no nível de estudo preliminar, ante- projeto e projeto executivo); 7 • Composição de custos (fontes de composição e apro- priação de índices) • Levantamento de quantidades (formulários e critérios de levantamentos); • Custo de material, mão-de-obra e equipamento; • Custo indireto, lucro, impostos, BDI e Preço de Venda. O planejamento de obra Planejamento de obra signifi ca a execução de trabalho e preparação para qualquer empreendimento, segundo um ro- teiro e métodos determinados, com objetivos e bases técnicas defi nidas. O planejamento inclui muitas atividades e estas devem ser identifi cadas, analisadas, coordenadas e gerenciadas, sendo o resultado de um plano de ação, isto é, contém as defi nições antecipadas das decisões que deverão ser tomadas durante ao processo de realização da obra, incluindo organização, direção e controle. A organização é uma tarefa da qual se estabelece a melhor forma de se compor os recursos físicos, humanos e fi nanceiros para se obter o melhor desempenho. A direção é a ação por meio da qual se defi ne quando, como, onde, por quem, e com quais recursos devem ser executadas as tarefas planejadas. O controle de um determinado empreendimento é a ação de medir o resultado de uma operação e comparar o resultado obtido com o padrão estabelecido, para verifi car se atende ou não aos limites de tolerâncias pré-estabelecidos. Planejamento é o processo de tomada de decisões inter- dependentes, visando uma situação futura desejada, ou seja, são decisões tomadas no presente que resultam em implica- ções futuras. Em outras palavras, podemos dizer que o planejamento é um método para defi nir qual a melhor seqüência das ações que vão gerar valor. Assim o profi ssional deverá conhecer o valor ou “Budget” que determinado cliente / empreendedor dispõe para realizar e ou investir, os recursos disponíveis para determinado em- preendimento. O conceito de gerenciamento de obra e seus procedimen- tos consistem em: “Atividades associadas com planejamento, organização, direção e controle de recursos organizacionais para objetivos 8 de curto e médio prazo, visando à complementação de obje- tivos específi cos, dentro de um período determinado” Burton – Project Managment Methods and Studies. O gerenciamento de qualquer empreendimento inclui os recur- sos fi nanceiros, mão-de-obra, equipamentos de apoio, materiais de informática e tecnologia. O objetivo principal de um bom ge- renciamento é o de se obter o melhor desempenho e qualidade de obra, dentro do prazo determinado e custo estimado. A realização de um determinado empreendimento envolve: • Primeira fase (planejamento e orçamento de obra para concorrência); • Segunda fase (contratação e programação de obra); • Terceira fase (operação e controle da obra). Ferramentas de planejamento Um dos instrumentos mais conhecidos para a realização do planejamento de obra é o cronograma de barras ou gráfi co de “Gantt”, dentro de uma variedade de instrumentos e ferra- mentas existentes. O cronograma de barras e ou cronograma físico-fi nanceiro mostra-nos a seqüência de atividades plane- jadas previstas para a realização de um respectivo empreen- dimento, em determinado tempo associado ao recurso dis- ponível a ser utilizado e consumido neste período de tempo. Outros instrumentos de planejamento utilizados são: o ca- lendário, diagrama de rede, “Gantt” de controle, gráfi cos de re- cursos, planilha de recursos, uso de recursos, etc., o diagrama PERT-CPM (Program Evolution and Review Technique) e o ciclo de produção. O cronograma físico-fi nanceiro é um instrumento clássico de planejamento, é a forma mais comum de representação, permite explicitar a duração das diferentes atividades através do com- primento das barras e a possível inter-relação com as atividades, possibilitando também introduzir neste o ciclo de produção. A representação do processo de produção possibilita uma visualização rápida do planejamento físico e a sua conse- qüência imediata se este não for longo demais, determina e mostra-nos os recursos fi nanceiros necessários para atingir as metas nele estabelecidas. O instrumento PERT-CPM corresponde a um ciclo de ativi- dades identifi cadas no cronograma. Nesta rede as atividades são divididas em pequenas operações e são colocadas se- qüencialmente, formando as cadeias de produção. A cadeia 9 de operações com maior duração será o nosso caminho críti- co, ou seja, não devemos atrasar neste caminho. Outros instrumentos são as curvas de agregação.Nestas curvas podemos apreciar um primeiro período em que são gradativamente incorporadas, novas atividades, um período de estabilidade e um período de desmobilização. Controle de custos O controle de custos e os preços fazem parte do con- ceito econômico, são estimativas e quantifi cações técnicas de despesas e receitas, não relacionadas diretamente com o dinheiro. O conceito econômico nas despesas são as obrigações contratuais e nas receitas são os direitos contratuais, já o conceito fi nanceiro engloba as entradas e saídas de dinheiro propriamente dito, ou seja, desembolsos-saídas de caixa e recebimentos-entradas de caixas. Neste sentido o controle de custos no gerenciamento de um determinado empreendimento são as obrigações contra- tuais e correspondem às despesas necessárias para o cum- primento do contrato, portanto devem ser objeto de controle rigoroso, no sentido de ser cumprido o que foi previamente previsto quando da elaboração do orçamento. Na execução de uma obra devem ser considerados dois tipos de custos: • Custos diretos: Aqueles diretamente relacionados com os serviços a serem feitos na obra; • Custos indiretos: Aqueles que não estão diretamente relacionados com os serviços, mas fazem parte da estrutura organizacional da empresa construtora e da administração da obra. Fazem parte dos custos diretos a mão-de-obra produtiva, salário e encargos sociais, os materiais, os equipamentos, as despesas da obra com abastecimento, segurança e outros. Em relação aos custos indiretos, são as despesas reletivas às instalações do escritório, aluguel, condomínio, luz, telefone, etc; despesas com pessoal administrativo (diretor, gerente, contador, secretária e outros), com comercialização (monta- gem de propostas, visitas a clientes, marketing, brindes, etc.), despesas com apoio técnico de escritório com obras e horas ociosas (pessoal parado por falta de serviço). 10 3. Teoria do memorial Na elaboração de um orçamento completo de uma respec- tiva obra, a peça mais importante que deve ser elaborada pre- viamente à elaboração do próprio orçamento é o Memorial Descritivo. O memorial descritivo, como o nome informa, é uma peça descritiva e, portanto, deve descrever e explicitar todos os materiais a serem utilizados na execução de uma obra, considerando todos os elementos previstos no projeto. O objetivo primordial do memorial é evitar erros durante o processo de execução de uma obra, tem que explicitar além dos materiais a mão-de-obra a ser utilizada e as soluções adotadas e propostas em projeto. O memorial é uma peça escrita que complementa a peça gráfi ca que é o projeto, pode ser elaborada em forma de texto, ou simplesmente em forma de tabela. Em forma de tabela, o memorial é uma maneira rápida e efi ciente de visualizarmos todos os acabamentos propostos no projeto de arquitetura, além de ser fácil a sua alteração durante o processo de es- colha dos materiais de acabamento. No memorial descritivo estão incluídas todas as diretrizes do projeto, além de registrar qualitativamente os elementos construtivos programados e previstos no projeto para a exe- cução, contém o registro das características dos materiais e a sua manipulação, informando as técnicas e tecnologias ado- tadas e maneira correta de manipular e aplicar determinado produto e/ou material. A função essencial do memorial é descrever todos os obje- tos e elementos de uma obra, portanto é uma peça gráfi ca que faz parte do projeto, e também analisa as condições que não são registradas nos desenhos / projetos. O memorial aborda os três níveis de um projeto, ou seja: o Estudo Preliminar, o Anteprojeto e o Projeto Executivo. Deve conter todas as características dos materiais, sua es- pecifi cação, manipulação, citando normas e orientações do fabricante, bem como valer-se de soluções conjunto entre pro- prietário, projetista e construtor. No Estudo Preliminar, o memorial contempla a análise prévia do empreendimento, no Anteprojeto ele justifi ca a solução adotada e no Projeto Executivo faz a discriminação dos itens que compõe toda a obra propriamente dita. Na análise do empreendimento, apreciamos as generali- 11 dades para a aplicação em casos gerais, quanto às formas de execução dos elementos do edifício, como, por exemplo, o tipo de estrutura, quais os tipos de esquadrias laje e/ou forro. No memorial estão incluídas todas as diretrizes que não se encontram explicitadas nos elementos gráfi cos do plane- jamento e que foram abordadas durante a fase de análise e elaboração do plano de ação. Poderá, caso necessário, ser incluída uma planilha de an- tecedências, que estabelece os prazos necessários para rea- lização das compras dos materiais, elaborada conjuntamente com o proprietário / empreendedor, que será utilizada com a fi nalidade de evitarem-se grandes alterações nas especifi ca- ções prévias referentes à aquela obra. Na justifi cativa da solução realizamos a análise dos ele- mentos que compõe o edifício, ou seja, relatamos e decidimos o detalhamento dos itens da obra; de como será realizado e “como vai fi car”. A discriminação das obras é o momento em que o memorial descritivo registra qualitativamente os elementos programa- dos para execução das fases da construção, condensados ao nível de projeto. Após a descriminação das obras, o memorial deverá deter- minar as características dos materiais e a sua manipulação, citando sempre que possível as Normas Brasileiras (NBRs) e as especifi cações estabelecidas em conjunto com o profi s- sional e o proprietário / empreendedor. A seguir, ilustramos (Tabela 1), os elementos mínimos de um Memorial Descritivo em forma de tabela. Memorial descritivo (identifi cação da obra, empresa e data) item nº órgão/fase obra discriminação posicionamento 1.1 vedos paredes alvenaria de tijo- los maciços com argamassa de cimento 1:3, espessura de 1 tijolo garagem, paredes laterais e edícula 2.1 pavimentos pisos cerâmica esmaltada (33 x 33) cm da In- cepa ref: 5670 - bege claro assentada com argamassa Quartzolit copa e cozinha, banho social e lavabo O memorial descritivo coloca e expõe detalhadamente o projeto, justifi ca a utilidade e o alcance das obras, o estilo e a conveniência das soluções adotadas. 12 No memorial são apresentados os itens importantes rela- tivos à construção. As qualidades de um bom Memorial Des- critivo são a clareza da exposição do texto, as precisões das soluções adotadas e dos materiais especifi cadas, a simplici- dade na sua descrição (dados técnicos). A clareza resulta da enunciação racional dos assuntos, a fi m de que não restem dúvidas no entendimento do projeto e do partido adotado. A decisão se refere aos argumentos ex- postos e a simplicidade ao estilo em que é baseada a redação. Finalmente exige-se que a redação seja de modo impessoal, tendo como único objetivo à obra em si mesma. Em resumo: “O Memorial Descritivo é uma peça gráfi ca que descreve os objetos da obra e analisa as condições nem sempre pos- síveis de serem representadas nos desenhos”. “O memorial descritivo deve conter as características dos materiais, sua especifi cação e a forma de manipulação, ci- tando as normas e valendo-se das soluções adotadas junta- mente com o proprietário /empreendedor”. Os níveis de abordagem dos elementos (Tabela 2) no me- morial descritivo devem abranger todas as fases do projeto (Estudo preliminar, Anteprojeto e Projeto executivo). Elementos Níveis de abordagem dos elementos Estudo preliminar Anteprojeto Projeto Executivo Especifi ca- ções Memorial descritivo Análise do empreendi- mento Justifi cativa da solução Discriminação das obras Normas técnicas A seguir, exemplifi camos os itens necessários que o Memo- rial Descritivo deveconter. 1. Dados e condições do local; 2. Instalação do canteiro e demarcação da obra; 3. Serviços gerais e terraplanagem; 4. Fundação; 5. Superestrutura (lajes, vigas, pilares); 6. Paredes e painéis; 7. Esquadrias; 8. Vidros; 9. Cobertura; 10. Impermeabilizações; 11. Forros; 12. Instalações elétricas; 13. Instalações hidráulicas; 14. Revestimentos de paredes; 13 15. Pisos internos e externos; 16. Pintura e acabamentos especiais; 17. Serviços complementares fi nais. Além da descrição dos objetos de uma obra, as caracte- rísticas dos materiais, sua especifi cação e manipulação, o memorial descritivo deve ter no seu conjunto o Caderno de Encargos, cujo objetivo principal é esclarecer as condições e os processos de construção (técnica e tecnologia). O caderno de encargos esclarecerá o tipo de serviço, o lo- cal onde serão aplicados os materiais especifi cados e a sua aplicação (modo de aplicação) e as formas dos processos construtivos para determinado ítem, as condições dos proces- sos de construção e demais informações úteis, normas, etc., o que se deve empregado, bem como esclarecer as técnicas de execução que não podem apresentar elementos de possível dúbia interpretação. Por melhor e mais bem detalhado que sejam as plantas e cortes do projeto, muitos esclarecimentos ainda são ne- cessários para que o construtor possa executar o que foi pro- jetado corretamente. Uma vez que algumas técnicas de aplicação nem sempre são possíveis de representá-las gráfi camente, ou seja, não especifi ca o modo de execução e acabamentos; as técnicas necessárias, para execução deste ou daquele ambiente, por exemplo: como serão executadas as alvenarias, pisos, etc., devemos esclarecê-las, por meio do caderno de encargos, de como deverá ser executado determinado serviço. Existem publicações específi cas (PINI – TCPO, FDE, etc.) e cadernos de encargos privados de algumas empresas cons- trutoras, cadernos estes que indicam as composições unitárias utilizadas nas suas diversas formas de execução. A seguir, reproduzimos parcialmente, a título de exemplo, itens de serviços que compõe um caderno de encargos. Exemplo 1 6.2. Regularização de base com aditivo impermeabilizante Local: sobre o contrapiso; Material: Vedacit – Otto Baumgart Neutrol – Otto Baumgart; Aplicação: Esta impermeabilização deverá ser aplicada so- bre contrapiso regularizado. Limpar a superfície removendo partes soltas. Aplicar argamassa de cimento e areia 1:3 com 2 Kg de Vedacit por saco de cimento. Esta camada deverá ter 3 cm de espessura e ser sarrafeada e desempenada. 14 4. Teoria do Orçamento Na elaboração do orçamento, dependendo da etapa de concepção ou realização do projeto e ou empreendimento, de- vemos considerar os níveis de abordagem para a realização do mesmo: Estudo preliminar, Anteprojeto e Projeto Executivo. Exemplo 2 7.1. Alvenaria de Embasamento Local: sobre baldrames; Material: tijolo de barro comum; argamassa de cimento, cal e areia 1:2:8, com adição de 3% de Vedacit por m3; Aplicação: Os tijolos deverão ser bem queimados, com ares- tas vivas e dimensões uniformes em todo o lote. A argamassa composta de cimento, cal e areia serão devidamente mistu- rada e dosada no traço mencionado. Todos os tijolos deverão ser imersos na água antes da colocação. Para controle de alinhamento e prumos as “linhadas” deverão ser estendidas fi ada por fi ada. Exemplo 3 5.3. Impermeabilização de laje com argamassa impermeabi- lizante Local: Calhas e laje de concreto; Material: Neutrol – Otto Baumgart Vedaprem – Otto Baumgart Vedacit – Otto Baumgart; Aplicação: Sobre a superfície das partes em concreto, devi- damente limpas com escova de aço, aplicar chapisco de ci- mento e areia (1:3). Esta argamassa deverá ser devidamente amolentada com solução de água e Bianco, na proporção 1:1. Após a secagem do chapisco, aplicar argamassa de cimento e areia (1:3), com 2 Kg. De Vedacit por saco de cimento. Esta ca- mada deverá ter espessura mínima de 2 cm, e após secagem, aplicar 1 demão de Neutrol. Aplicar Vedaprem em 4 camadas. Executar proteção mecânica com a mesma argamassa com Vedacit respeitando o caimento especifi cado em projeto. Elementos Níveis de abordagem dos elementos Estudo preliminar Anteprojeto Projeto Executivo Especifi ca- ções Orçamento Custo limite Estimativa de custo Custo calculado Custo unitário Tabela 3 - Níveis de abordagem O Estudo Preliminar se refere às defi nições do custo limite, ou seja, se a capacidade fi nanceira do investidor contempla o projeto realizado. 15 Na fase do Anteprojeto, a realização de um orçamento é de difícil execução; todavia o estabelecimento de algumas diretrizes permite uma avaliação mais próxima da realidade futura. Desta forma e ainda em bases empíricas, podemos realizar a Estimativa de Custo. No Projeto Executivo o orçamento é a previsão real do montante a ser utilizado na construção. O orçamento é uma peça que condiciona a realização do plano frente às condições econômicas, é o custo calculado. O orçamento, segundo o dicionário da língua portuguesa de Auré- lio Buarque de Hollanda é: “... cálculo dos gastos para a realiza- ção de uma obra...”, e, para S. Giammusso é: “a determinação do custo de um empreendimento antes de sua realização”. No orçamento a elaboração das especifi cações, converte- se na prática e na realização de uma obra, ou seja, as es- pecifi cações tornam-se itens de custo unitário, apresentando uma unidade usual. O orçamento estabelece o custo provável de uma obra e pode ser dividido em dois tipos: Orçamento Sumário e Orçamento Detalhado. O Orçamento Sumário é um método precário de avaliação de custo, onde se considera o preço total da construção, to- mando-se o produto da área construída do edifício pelo custo da unidade em metros quadrados, podendo, inclusive, com base nos índices da construção civil (PINI, e de outras publi- cações, etc.), detalhar o custo por metro quadrado provável, para cada fase da construção. Projetos e aprovações 5% a 12% Serviços preliminares 2% a 4% Fundações 3% a 7% Estrutura 14% a 22% Alvenaria 2% a 5% Cobertura 4% a 8% Instalações hidráulicas 7% a 11% Instalações elétricas 5% a 7% Impermeabilização / isolamento térmico 2% a 4% Esquadrias 4% a 10% Revestimentos / acabamentos 15% a 23% Vidros 1% a 2,5% Pintura 4% a 6% Serviços complementares 0,5% a 1% Tabela 4 – Índices do custo de construção (%) 16 O Orçamento Detalhado é o método mais preciso para avaliação dos custos de uma determinada obra, pois o profi s- sional tem que considerar todas as fases do empreendimento, quer na aquisição dos materiais, contratação de mão de obra, administração geral, pagamento de todos os impostos, taxas e leis sociais, e a defi nição do BDI (Bonifi cação das Despesas Indiretas) e a formação do Preço Final de Venda. Para a elaboração do Orçamento Detalhado, é fundamental que o profi ssional tenha um bom conhecimento dos métodos construtivos e, principalmente do processo de execução da obra. É necessário entender os seguintes itens: • Interpretação e entendimento do projeto, utilizando-se toda informação disponível, tais como: plantas baixas, cortes, elevações, detalhes construtivos, memorial des- critivo e caderno de encargos; • Quantifi cação de todos os serviços, por meio da extra- ção das plantas de todas as informações disponíveis (cálculos dos volumes e áreas); • Cálculo dos preços unitários (preço de mercado); • Elaboração da composição de preços (materiais e mão de obra); • Defi nição do BDI; • Formação da Planilha de Vendas. A interpretação e entendimento do projeto, é o momento em que o orçamentista estuda com calma e detalhadamente o projeto, identifi cando os elementos construtivos que requerem sua atenção, identifi cando detalhes arquitetônicos,que vão requerer fornecedores especiais; elementos e ou materiais que, por sua natureza e características, são mais caros, im- pactando no resultado fi nal de orçamento. O profi ssional deve identifi car também os serviços que vão ser realizados por pro- fi ssionais próprios por profi ssionais terceirizados em função da sua complexidade e especifi cidade. Chamamos de quantifi cação de todos os serviços o levan- tamento de dados de todos os itens necessários à execução da futura obra, extraídos do projeto executivo devem conter todos estes itens, da sua fase inicial até a fase fi nal, tomando- se como base os serviços descritos no memorial descritivo e no caderno de encargos. O cálculo do preço unitário é o custo dos elementos que entram na composição de uma unidade de serviço, custos es- tes relativos à material, mão-de-obra, encargos sociais, etc. 17 Devemos lembrar que a consulta de preços, deve ser efetua- da por meio do cadastramento de empresas fornecedoras e materiais e serviços, levando em conta: preço, qualidade, condições de pagamento, pontualidade de demais atributos e preferencialmente serem empresas certifi cadas para forneci- mento de materiais e serviços. A obtenção do melhor preço, sempre é a concorrência; devemos lembrar que preços forne- cidos em jornais e revistas, apenas são bases de referência e nunca devem utilizados como preço nos orçamentos. Insumo Unidade Índice Custo unitário Custo total (R$) Armador H 0,10 6,69 0,69 Ajudante H 0,10 4,20 0,42 Aço CA-50 Kg 1,10 2,90 3,19 Arame recozido nº 18 Kg 0,03 5,00 0,15 Total 4,45 Composição de insumos Composição dos custos unitários Tabela 5 - Composição de Preço – Aço CA-50 Na elaboração de uma determinada composição de preço, devemos considerar o custo dos materiais envolvidos, mão de obra e eventuais equipamentos (aluguel ou compra), leis so- ciais e, como já dissemos o BDI, que está diretamente relacio- nado com as características da futura obra e a infra-estrutura básica da empresa contatada para a execução dos serviços. A cotação dos preços dos materiais, mão de obra e loca- ção de equipamentos, devem ser realizadas sistematicamente, preços oriundos de levantamentos de dados por revistas espe- cializadas e demais publicações podem não refl etir a realidade. Devemos lembrar que os preços destes insumos devem ser considerados quando os mesmos são entregues na obra (posto em obra), considerado a logística para tal fi m e impos- tos tais como ICMS e IPI, envolvidos sempre em qualquer operação de compra. No caso da mão de obra, não devemos nos esquecer dos impostos relativos ao emprego desta (os encargos sociais – leis trabalhistas que garantem as obriga- ções e deveres dos empregadores e empregados) e suas respectivas provisões futuras, tais como férias, 13o salário, refeições, etc. O resultado de uma composição de preço, após as opera- ções aritméticas, determina o preço de um determinado ser- viço, ou seja, o serviço contempla todos os insumos (materiais, 18 mão de obra, equipamentos, taxas e licenças, despesas dire- tas e indiretas e o BDI) necessários à sua execução. O BDI (Bonifi cação de Despesas Indiretas) é um índice defi nido previamente pela empresa construtora que se aplica à planilha de custo. Para chegarmos à planilha fi nal – Planilha de Vendas, planilha integrante da proposta comercial para a construção e ou reforma de determinado serviço e ou obra. A Planilha de Vendas é a planilha fi nal acompanhada da proposta comercial de vendas onde são apresentados todos os serviços que serão realizados pela empresa construtora, normalmente na proposta comercial apresenta-se os docu- mentos fi scais que habilitam a empresa, a sua equipe técnica, os equipamentos, sua infra-estrutura, o cronograma físico-fi - nanceiro e todas as garantias comerciais necessárias a garan- tir-se que o respectivo serviço seja realizado de acordo com as condições previamente acertadas / negociadas. 5. A elaboração de orçamentos nas empresas Nas grandes empresas construtoras o local dedicado à elaboração dos orçamentos é normalmente conhecido como departamento comercial e/ou departamento de orçamentos, destinado exclusivamente a preparar orçamentos para concor- rências públicas ou privadas. Este local da empresa construto- ra é de vital importância; ou seja, a garantia de sobrevivência da empresa depende diretamente da ação dos profi ssionais que trabalham neste departamento. O número de obras em andamento, as preparações das concorrências (habilitação técnica e jurídica) bem como as informações de obras pas- sadas realizadas pela empresa, a especifi cidade dos diversos tipos de orçamentos são sempre subsídios para novas com- posições de custos. O que a realidade comprova é que quanto maior a experiên- cia pratica de quem orça, no sentido da elaboração do orça- mento e do conhecimento de obra, maiores são as chan-ces de sucesso em futuras obras. O que ocorre nas empresas são distorções provocadas pelo excesso em participações em concorrências, o que in- variavelmente impossibilita o estudo e análise de projeto, não tendo tempo hábil para verifi cação do orçamento e nem tempo de efetuar simulações. Nestes casos o que ocorre é que es- tes profi ssionais de orçamentos são meros preenchedores de planilhas de preços; em algumas empresas, muitas vezes, o pacote de plantas nem é aberto. 19 Algumas empresas adotam o “feeling” ou sentimento para defi nir seus preços baseados muitas vezes em planilhas de obras passadas; nestes casos a surpresa ocorre quando da assinatura do contrato, dando-se conta das difi culdades de execução dos serviços, técnicas específi cas e outros elemen- tos que comprometem o orçamento. O setor de orçamento em várias empresas é destino líquido e certo dos engenheiros, arquitetos e técnicos recém-forma- dos, aos profi ssionais mais antigos é destinado à produção (canteiro de obras), desprezando-se o trabalho do orçamen- tista por este não ser de natureza prática. O que ocorre é que os engenheiros de produção não alimentam os orçamentis- tas e vice-versa, ou seja, escritório e campo acabam sendo compartimentos estanques; planilhas e relatórios de produtivi- dade, equipes e custos, acabam não sendo referências para os futuros orçamentos. É fundamental que o orçamentista visite as obras e receba apoio do pessoal de obra, para receber as produtividades reais, os percentuais de perdas dos principais insumos e co- mentários sobre os parâmetros do orçamento. Empresas organizadas, já no processo de licitação, fazem a designação do profi ssional a ser responsável por aquela futura obra; ou seja, este profi ssional participa da etapa de orçamento, conhecendo inclusive de antemão o projeto, suas particularidades e também seus futuros fornecedores quando da coleta de preços para a elaboração do orçamento. Finalmente, podemos dizer que o processo de orçamento não é específi co da construção civil, escritórios de arquitetura, empresas projetistas, consultores, fábricas. Calculam sempre o custo fi nal de seus produtos, empreiteiros, subempreiteiros, prestadores de serviços estimam seus custos e o poder pú- blico elabora seus orçamentos para as futuras obras, antes de licitá-las. Em resumo temos: “o lucro de uma obra não é merito so- mente da produção, pois o empreendimento pode conter um bom orçamento”. 6. Atributos do orçamento Podemos dizer que os atributos ou qualidade de um orça- mento traduz a sua capacidade de retratar a realidade de um projeto; o orçamento, a composição de custos não podem ser simplesmente extraídos da literatura de uma forma simples e 20 ingênua, ao contrário, e ainda que não pareça deve ser funda- mento por conceitos minímos e fundamentais para demons- trar o custo real e efetivo da futura obra. O trabalho de orçamento, namaioria das vezes, é um es- tudo antecipado, feito a priori, com grande margem de dúvi- das; ou seja, será que este orçamento cobre todos os custos envolvidos e ainda é capaz de garantir o lucro previsto no BDI (Bonifi cação de Despesas Indiretas)? Em muitos casos entre a elaboração do orçamento e sua realização, enquanto obra, pode decorrer bastante tempo, neste período muitos fatos po- dem ocorrer: alteração das composições unitárias, alterações de preços por parte de fornecedores, alteração de projeto e outros fatores. Neste sentido a qualidade de um orçamento está relacionada ao índice de aproximação, a sua especifi ci- dade e a temporalidade. Aproximação Em relação à sua aproximação podemos dizer que é dese- jável que o orçamento se aproxime ao máximo de quanto este irá custar; nenhum orçamentista pretende acertar em cheio, de quanto custará uma determinada obra, mas não desviar de quanto de fato esta obra custará. Neste sentido o orçamento não tem por objetivo ser exato, mas conter sim um nivel de precisão, que seja o mais abrangente possível. Quando uma empresa elabora um orçamento de R$ 1.387,48, o valor com duas casas decimais, não retrata a precisão de quanto custará está obra; esta precisão decorre dos custos de todos os insumos envolvidos numa determinada planilha de composição. A qualidade de aproximação de um orçamento está direta- mente relacionada: ao material empregado, à mão-de-obra e aos encargos sociais e trabalhistas; ao equipamento utilizado e aos custos indiretos. Em relação ao material empregado, não podemos afi rmar que os preços cotados na ocasião da orçamentação serão os mesmos na ocasião de compra, inclusive quando o for- necedor informa o preço na fase de orçamento, em muitos casos a informação não é precisa e com certeza seu em- penho não é o mesmo se fosse uma venda efetiva. Podem ocorrer no processo de compra, aumentos inesperados de impostos e outras taxas que não venham a garantir o preço orçado anteriormente. 21 Além das diferenças de preço, deve-se sempre consider- ar a perda de material (desperdício), que deve ser previsto nas composições de preços para cada insumo utilizado. Pro- gramas de qualidade, de certifi cação e de reaproveitamento são sempre bem-vindos, minimizando despesas futuras, o reaproveitamento de formas, por exemplo, é um item que deve ser incorporado e lembrado pelas empresas, bem como uma série de componentes e insumos. Em relação aos equipamentos utilizados, e o seu custo horário, depende principalmente dos cálculos da vida útil do referido equipamento: É melhor alugar ou mobilizar um deter- minado equipamento? A resposta a esta questão, está ligada diretamente à capacidade de produção (capacidade e rendi- mento do equipamento) por hora, a disponibilidade mecânica (tempo em que o equipamento está em condições de uso) pode ser do referido equipamento e o coefi ciente de utilização deste equipamento, além das difi culades técnicas e do traba- lho em si, e do volume fi nanceiro do mesmo. A verifi cação da necessidade de utilização de equipamento deve ser auferida quando do processo de elaboração do orça- mento, devendo, para tanto, ser elaborado um histograma de sua utilização, ao longo do perído de obra; após a elaboração deste instrumental, com a sua relação de produtividade e dos coefi cientes de utilização, poderemos responder com precisão a pergunta entre o aluguel e a mobilização de um determinado equipamento. Especifi cidade Podemos dizer que não existe orçamento “generalista”, da mesma maneira que dizemos que não “existe terreno ruim e sim projeto, mal feito e elaborado...”, podemos dizer que cada orçamento traz em si as proprias especifi cidades do seu pro- jeto; um orçamento de uma escola em São Paulo, no pode ser o mesmo para uma escola em São Bento do Sapucai. Todo orçamento tem relação direta com a política da em- presa ou orgão público que o está elaborando, dos cargos de supervisão envolvidos para a relaização desta obra (engenhei- ro/arquiteto residente, mestres de obras e ou encarregados), da infraestrutura que a empresa dispõe para a realização dos serviços (despesas indiretas), a taxa de administração, o grau de terceiração dos serviços, a manutenção do canteiro, e o BDI que a empresa utilizou quando da elaboração do orçamento. 22 As condições locais, a acessibilidade, o clima, relêvo e vege- tação, o tipo de solo, o lençol freático, as fontes de matériais, a qualidade e a disponibilidade de mão-de-obra local, oferta de equipamentos, qualidade dos subempreiteiros, diferentes taxas de impostos, afetam de sobremaneira o orçamento e exigem especifi cidade própria, em outras palavras, podemos dizer: elencar as especifi cidades de uma determinada obra na fase de orçamento é a precisão que o orçamento deve conter; pois quanto maior e apurado for a sua elaboração, menor será sua margem de erro. Temporalidade A escala de tempo deve ser considerada, quando é dado o “estart” de uma obra, o orçamento realizado há tempos atrás deve ser atualizado e customitizados; ou seja, ajustes são importantes e fundamentais. A razão desta verifi cação está relacionada à fl utuação dos insumos (custos dos materiais no mercado), criação ou alteração de impostos e encargos traba- lhistas, tanto em quantidade como alíquotas, o governo adora criar novos impostos. A evolução de métodos construtivos (técnica e tecnologia) pode minizar custos e estes podem ser objeto de renegociação de valores em prol de componentes e insumos adicionais, a recíproca é verdadeira, pois difi culdades técnicas podem surgir, quando do início das obras e que na ocosião da elaboração do orçamento não havia. Finalmente devemos considerar que cenários fi nanceiros e gerenciais podem ser alterados, custo do recurso fi nanceiro, sua facilidade ou não de obtenção; podem alterar o cenário original. Necessidades de empréstimos e de capital de giro têm o poder de encarecer substancialmente o custo fi nal de um determinado emprendimento. Enfoques do orçamento Entre contratante e contratado, tem a máxima que diz: “O bom orçamento tem que ser bom para ambas as partes; distorções no grau de confi abilidade do orçamento comprote a qualidade do produto em si, o que, de modo invariável, não é bom para o contratante e contratado”. Para o contratante o orçamento deve ser o mais sintético possível, onde temos a descrição de todos os serviços, devida- mente qualifi cados e quantifi cados, os preços unitários de cada item de serviço, já considerados o BDI (planilha de vendas), os 23 subtotais para cada fase da obra e o preço total do empreen- dimento; ou seja, sua preocupação é se o orçamento está in- serido dentro da sua capacidade fi nanceira e na periodicidade do desembolso ao longo do período de execução da obra. Do ponto de vista do contratado e da empresa construtora, o orçamento deve ser o mais análitico possível, onde temos a descrição de todos os serviços, devidamente qualifi cados e quantifi cados, os preços unitários de cada item de serviço; e o detalhamento do BDI empregado, bem como a demostração da planilha de composição de custos, os percentuais de cada item de serviço da planilha, o refl exo deste no preço total, os subtotais e o total geral; deve ser ainda acompanhado da cur- va ABC, que retrata os itens e ou serviços que tem os maiores preços e pesos, portanto devem ser objetos de monitoramento ao longo da execução da obra. A empresa construtora após a assinatura de um contrato, tem para si a receita de parcelas mensais fi xas enquanto o custo de produção mensal é variável. Esta condição em si já é o sufi ciente, para justifi car toda medida de monitoramento no decorrer da execução das obras. A busca em atingir as metas em relação ao custo orçado é fundamental para garantir a so- brevivênciada empresa num mercado altamente competitivo. 7. Etapas da orçamentação Na elaboração de um orçamento para um determinado empreendimento, devemos considerar as condicionantes (condições onde está localizado o imóvel), a elaboração dos custos e a determinação do preço fi nal de venda. Antecipadamente ao estudo das condicionantes, devemos estudar cuidadosamente os projetos e as documentações dis- poníveis (alvarás, licenças, as diretrizes das concessionárias - Sabesp, Eletropaulo e Telefônica) para o local da obra, após o estudo e análise das condicionantes relativas ao projeto e as documentações é fundamental, realizar-se visita ao futuro local das obras, elaboramos consulta ao cliente e levantamos o histórico do local com os moradores vizinhos, estas informa- ções são úteis, pois podem alterar substancialmente a infra- estrutura necessária à execução das obras. Em seguida elaboramos os custos provenientes das defi - nições técnicas previstas em projeto, bem como a infra-estru- tura necessária à execução da referida obra, ou seja, monta- mos o plano e a logística de execução da obra, em seguida 24 elaboramos os quantitativos dos serviços, com as referidas produtividades e a cotação dos insumos. Com os quantitativos defi nidos e os insumos cotados, te- mos condições de saber o custo direto para a realização do empreendimento. Em seguida considerando as condicionan- tes envolvidas, podemos defi nir o custo total das despesas indiretas. Com este novo total, a certeza dos impostos a se- rem requeridos por ocasião do faturamento, podemos defi nir a margem de lucro desejado, lembrando: o lucro pode variar de zero a infi nito por cento. O que temos de verifi car é a via- bilidade de aplicação de lucro aleatório, orçamento que não resulta em obra, não é orçamento. Com a aplicação do lucro desejado, obtemos assim o preço de venda fi nal da obra, traduzido numa planilha sintética, de- mosntrando todas as etapas envolvidas e os itens contrata- dos, comercialmente falando o preço fi nal de venda é acompa- nhando de orçamento detalhado de todas das condicionantes envolvidas para a realização do serviços, tais como: memorial descritivo dos serviços, preço total e parciais, preço unitário, condições de pagamento, reajustes, obrigações de contrata- do e deveres do contratante e outras informações pertinentes relacionadas com as características da obra. Entendimento e estudo das condicionantes Na construção civil se parte do princípio que a elaboração de orçamento está condicionada à existência de um proje- to básico ou executivo, na realidade não é bem assim que ocorre, muitas vezes temos apenas como referência para a elaboração de um orçamento apenas uma planta baixa, e em relação ao projeto executivo, o que muitas empresas denomi- nam, não passa de um projeto básico melhorado. A fase de estudo e entendimento das condicionantes, é o momento em que se tornam conhecidas as condições de entorno da obra, englobando as seguintes atividades: • Leitura e entendimento do projeto e especifi cações técnicas; • Leitura e interpretação do edital (carta convite, tomada de preço e concorrência); • Visita técnica. A leitura e entendimento do projeto e especifi cações téc- nicas é o momento onde o orçamentista toma conhecimento, ou seja, estuda, entende e compreende o projeto, o projeto básico de um emprendimento deve conter: 25 • Projeto de arquitetura completo (plantas, cortes, eleva- ções, tabelas de acabamento, tabelas de esquadrias, defi nições de acabamentos e memorial descritivo deta- lhado, etc.); • Projeto de estrutura (cálculo estrutural, planta de loca- ções de fundações, planta de formas, tabelas de pesos, volumes de concreto, etc.); • Projeto de instalações hidráulicas (planta de distribuição, reservatórios, isométricas, tabelas, etc.); • Projeto de instalações elétricas (plantas de circuitos, dia- gramas, centro de medição e distribuição, etc.); • Projetos complementares (ar condicionado, sistema de alarme, incêndio, paisagismo, etc.). Finalmente podemos dizer que a complexidade ou não da obra, determina o volume e a complexidade destes projetos, podemos afi rmar ainda que a experiência do orçamentista e sua familiari- dade com a tipologia da obra, determinam o grau de aproximação do orçamento em relação ao preço fi nal da mesma. Além do entendimento do projeto é necessário o conheci- mento e o entendimentos das condições técnicas da referida obra, estas condições são os documentos em forma descri- tiva, que trazem informatica de natureza qualitativa, estas contêm a descrição dos materiais empregados, o padrão de acabamento, a descrição da sua aplicação (caderno de encar- gos), as tolerâncias dimensionais dos elementos estruturais; critérios de recebimento de materiais e de medição, os en- saios requeridos para o processo de execução. A leitura e interpretação do edital, é o entendimento das regras e das leis que regem o processo de licitação, é o instru- mento que contém as regras para a execução de determinado empremendimento. Todo edital dever ter: • O objeto do contrato (reforma, construção, ampliação, etc); • O projeto básico; • Planilha de orçamentos; • Cronograma físico-fi nanceiro; • Prazo da obra; • Datas contratuais; • Minuta de contrato; • Penalidades por atraso e ou bônus por antecipação; • Críterios de medição, pagamentos e reajustamento; • Regime de preços (unitário, global, por adminstração); • Limitação de horário de trabalho; • Habilitação juridica fi scal (certidões negativas, etc.); 26 • Habititação técnica (acervos técnicos, atestados, etc.), com relação à empresa e o responsável técnico; • Documentação requerida; • Seguros exigidos (carta de fi ança, etc.); • Facilidades disponibilizadas pelo contratante (instala- ções de água e energia, etc.); • Exigências e infra-estrutura e logistica da empresa con- tratada, entre outros itens. A visita técnica além de ser exigida pelo processo de con- corrência é sempre útil e recomendavel para conhecermos as condições do local da obra. O objetivo da visita técnica é deri- mir dúvidas e levantar dados e informações para o orçamento, é conveniente tirar fotos, avaliar o estado das instalações, o local das futuras obras, conhecer as condições para guarda de materiais, equipamentos e ou alojamento de pessoal. Quando da visita técnica é fundamental o recebimento do atestado de visita devidamente certifi cado pelo licitante e ava- lizado pelo profi ssional e a empresa que irá participar do cer- tame, atestando a visita em obra. A visita técnica e a obtenção dos dados podem ser facilita- das com a utilização de formulários, que permitem avaliar e registrar todas as condições do local, o que é muito útil para a tomada de decisões da futura concorrência. Elaboração dos custos A elaboração do custo total de uma obra é o resultado orçado para cada um dos serviços integrantes da obra, por- tanto sua origem é a identifi cação clara destes serviços no processo de quantifi cação. Um orçamento só é considerado completo quando contempla a totalidade dos serviços reque- ridos pela obra, este processo é denominado de identifi ca- ção dos serviços. No processo orçamentário após a identifi cação do serviço exigido pela obra, este precisa ser quantifi cado. O levanta- mento de quantitativos é uma das principais tarefas do orça- mentista, pressupõe conhecimento de obra e conhecimento das etapas de execução, pois, nem sempre o projetista for- nece estes quantitativos de forma detalhada. Um pequeno erro no cálculo de volume de concreto, metra- gem quadrada de piso e ou de fôrmas, entre tantos itens de um orçamento, por exemplo, podem gerar erros com conse- quências dolorosas à empresa construtora. 27 O levantamento de quantidades a partir de um projeto inclui a elaboração de cálculosbaseados nas dimensões previstas em projeto, tais como: volume de concreto, áreas de piso, metragem de fôrmas, quantidades de portas, área de pintura, área de telhado, etc; bem como ao cálculo de volumes, es- cavação, lastros, nivelamento e apiloamento. A melhor maneira de elaboramos e/ou extrairmos os quan- titativos de um determinado projeto é a utilização de uma lista- gem auxiliar, como lembrete, onde temos toda a sequencia dos serviços, para uma determinada fase de obra. No processo de levantamento de quantidades, é fundamental que o orçamen- tista crie o hábito de registrar e construir a memória de cálculo durante o processo de orçamentação. Esta regra é muito útil nos casos em que ocorre alteração de serviços e mudanças no orçamento. A memória de cálculo é o instrumento no qual justifi camos os quantitativos extraídos do projeto. Exemplo de memória de cálculo: 2. COBERTURA 1. Cobertura com telha chapa aço ondulada zincada 0,5 mm, (19,46 x 30,25 m = 588,67 m2), menos 100 m2 em cobertura com telha de fi bra de vidro = 488,67 m2; 2. Cobertura com telha fi bra de vidro, ondulada, colorida, 10 x 10 m = 100,00 m2; 3. Estrutura metálica perfi s “I” até 08” em aço laminado (viga isolada e pór- tico, etc.) fornecimento e montagem incluindo perdas, 588,67 m2 x 10,08 kg/m2 = 5933,79 kg; Os custos diretos de uma determinada obra, são aqueles di- retamente relacionados com o projeto e ao trabalho de campo são todos os serviços que podemos extrair do projeto e todos aqueles listados como serviços e relacionados no orçamento, representam o custo orçado dos serviços levantados. Exemplo de custo direto: No exemplo acima, cada um dos serviços listados é o custo direto, a unidade básica de um serviço listado, também de- nominamos de composição de custos, os quais na sua maioria 28 são unitários, ou seja, denominados por uma unidade de ser- viço (m, kg, m3, vb). São denominados composição de custos, pois em cada custo direto ou composição, temos os insumos necessários à realiza- ção dos respectivos serviços, com os seus respectivos índices e o valor destes (preço de mercado), provenientes da cotação de preços e da aplicação dos encargos sociais sobre a hora-base do trabalhador. Estes índices são quantidade de cada insumo necessário a realização de uma unidade de serviço, sendo os materiais e a mão-de-obra necessária, para a realização de 91,56 m3 de concreto em fundação, no exemplo acima. Os custos indiretos de uma determinada obra são aqueles que não estão diretamente associados aos serviços no can- teiro, mas são fundamentais para que o conjunto de serviços denominados de custo direto seja realizado. Custos indiretos são aqueles serviços que não podemos extrair de um projeto, mas essenciais à execução da obra. Nesta fase dimensiona- mos as equipes técnicas (engenheiros, arquitetos, mestres e encarregados), a mão-de-obra de serviços auxiliares (almoxa- rife, apontador, cozinheiro, vigia, etc.), os equipamentos e ins- talações necessárias à execução das obras (britador, central de concreto, equipamentos leves, barracão de obra, tapume, etc.) e as despesas operacionais, necessárias à execução dos serviços, tais como alimentação, aluguéis, telefone, veículos de apoio, taxas e emolumentos. Determinado os custos diretos e indiretos ainda se fazem necessários a verifi cação e o lançamento dos custos inciden- tes sobre o custo direto, esta incidência refere-se a: taxa de administração central, custos fi nanceiros, despesas eventuais e “reservas técnicas”. Estas incidências são fundamentais e sempre fazem parte do processo de negociação de fechamen- to do preço fi nal de venda. 29 A Total do custo direto 29.462,90 B Custo indireto local Mão de obra indireta (MO IND + MO IND 2) 2.560,00 Leis sociais (125,58%) 125,58% 3.214,85 Equipamentos e instalações 1.300,00 Despesas operacionais 3.000,00 Total 10.074,85 C Incidentes sobre o custo direto Administração central 3% 883,89 CF = despesas fi nanceiras - taxa de juros do mercado 7% 2.749,87 Período - para receber em dias 45 Custo direto da obra/contrato 29.462,90 Despesas eventuais - Total 3.633,76 Sub-Total (A + B +C) 43.171,51 Exemplo de etapas do orçamento – defi nição BDI: Finalmente com a identifi cação dos custos diretos e indire- tos e de posse de todos os insumos envolvidos, é fundamental a realização da coleta de preços de mercado, a cotação de preços para os diversos insumos envolvidos na obra, tanto os diretos bem como os indiretos. Lembramos que o preço suge- rido por publicações especializadas apenas são referências, não devendo ser tomados para efeito do orçamento. Com a determinação dos custos diretos, indiretos e suas incidências, já temos o custo parcial direto no processo de elaboração do orçamento. De posse do custo parcial direto no processo de fechamen- to do orçamento, devemos defi nir a lucratividade desejada, baseado nas condições técnicas, difi culdades de exe-cução, prazos, condições locais, características do cliente, fatores relativo à concorrência, risco do empreendimento, necessi- dade de conquista de determinada obra. O empresário com base nestas condições defi ne sua taxa de lucro. A aplicação da lucratividade e aos impostos relativos ao faturamento, denominamos de incidentes sobre o custo parcial direto, e a sua aplicação é em percentual, a qual denomina- mos de BDI (Bonifi cação de despesas indiretas ou Benefícios e despesas indiretas). 30 A utilização de um BDI, sobre o custo direto, considerando seus indiretos e suas respectivas incidências; é pela simples razão das propostas serem elaboradas em planilhas e os ser- viços serem baseadas nesta descrição; ou seja, é uma neces- sidade do construtor diluir sobre esses itens todos os seus custos que não aparecem explicitados. Em outras palavras, sobre o custo direto de uma obra é ne- cessária a aplicação de um percentual que represente o custo indireto, os impostos e o lucro, este fator de majoração é que denominamos de BDI. Exemplo de aplicação – impostos / lucratividade e BDI: D Incidentes sobre o custo parcial diretos (orça- meno + indiretos) PIS 0,65 280,61 CONFINS 3,00 1.295,15 ISS 5,00 2.158,58 IPRJ 4,80 2.072,34 CSLL 2,88 1.243,34 LUCRO 15,00 6.475,73 Total 31,33 15.525,63 E Impostos (aplicados sobre A + B + C = E) 13.525,63 F Preço de venda (A + B + C + E = F) 56.697,14 G BDI (%) (Preço venda = F x 100/custo direto = A) - 100 92,44 Utilidades da orçamentação O objetivo principal de um orçamento não é a determinação do custo e do preço fi nal de venda de uma determinada obra, ele também pode ser útil em outras atividades, dando subsí- dio, para diversas aplicações. O levantamento de quantidades de materiais e serviços, por meio da sua descrição e quantifi cação, ajuda diretamente no planejamento da obra. em função dos ítens levantados temos que identifi car fornecedores em potencial, estudar as formas de pagamento e analisar as técnicas e tecnologias envolvidas nestes serviços. O orçamento também é utilizado para a obtenção de ín- dices de produtividade (mão-de-obra) e índices de consumo (material e equipamento), ou seja, comparar o orçado com o que efetivamente está ocorrendo na obra, o índice é indicador também de metas de desempenho de uma determinada equi- pe de campo. 31 O orçamento também ajuda com base nos seus insumos e respectivos coefi cientes no dimensionamento de equipes e a quantidade de homem-hora necessária à realização de deter- minado serviço. O orçamento eleborado de maneira análitica e desenvolvido por uma planilha eletrônica, possibilita revisões e alterações si- multâneas e instantâneas, podendo ser facilmente recalculado em função da alterção de preços, mudanças de custos que de- terminam o BDI, alteração de insumos (coefi cientes) e alteraçãode serviços. Além destas revisões é possível realizar simula- ções, quando alteramos metodologia de trabalho, alteramos componentes importantes, lucratividade, impostos, etc. O orçamento estruturado numa planilha eletrônica e ou “softwear” específi cos, pode gerar ferramentas destinadas ao planejamento da obra, como o cronograma físico e fi - nanceiro, retratando a evolução dos serviços ao longo do tempo, quantifi cando mensalmente os custos e receitas desses memos serviços, gerando gráfi cos de desempenho em relação ao previsto e o realizado (curvas de agregação). A análise do balanço entre os custos e as receitas mensais fornece uma previsão da situação fi nanceira da obra ao lon- go dos meses, o que denominamos de análise da viabilidade econômico-fi nanceira. 8. Graus do orçamento Como vimos na Teoria do Orçamento, o grau de elaboração de orçamento, é uma preocupação do gestor de determinado empreendimento em ter noção do custo provável do empreen- dimento, efetuando a análise nas suas diversas fases: Estudo preliminar, Anteprojeto e Projeto executivo. Dependendo do grau de detalhe do orçamento, ele pode ser classifi cado em Estimativa de custo, Orçamento Preliminar e Orçamento analítico ou detalhado. Na estimativa de custos, utilizamos uma avaliação histórica em comparação com projetos similares, dando uma idéia da ordem de grandeza do custo do empreendimento. Em construção o indicador bastante utilizado é o custo do metro quadrado construído, sendo o Custo Unitário Básico (CUB) e o Custo Unitário PINI de edifi cações os mais utiliza- dos. A lei 4591/64 atribui à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a tarefa de padronizar critérios e normas de cálculo de custos unitários de cosntrução. 32 A NBR 12721 defi ne os critérios de coleta e são baseados em preços resultantes de pesquisa feita pelos sindicatos, co- nhecidos como SINDUSCON. Na tabela CUB – SINDUSCON, os custos estão divididos conforme a unidade autônoma, o tipo de construção e número de quartos, número de pavimentos e padrão de acabamento. Padrão H8 – 3 N Tipo: H - Habitacional e C – Comercial; Número de pavimentos: 1, 4, 8, 12, 16; Número de quartos: 2, 3, 4; Padrão: B - Baixo, N – Normal, A – Alto. Em relação à tabela CUB – SINDUSCON, temos que saber diferenciar entre o CUB e o Índice CUB. O CUB representa o valor, por m2 da construção de uma habitação conforme os pa- drões demostrados acima, onde o CUB é um valor em Reais. Já o índice CUB é a variação acumulada do CUB entre o mês anterior e o atual, e é um percentual. A PINI desenvolveu uma metodologia própria de cálculo do custo do metro quadrado construído, é uma referência paralela ao CUB, como estes ítens tem critérios e padrões diferentes, fi cam distantes entre si; cabe ao orçamentista en- quadrar sua obra e verifi car qual o índice que mais se adapta ao seu caso. No orçamento preliminar detalhamos um pouco mais, le- vantando quantidades e atribuimos custos a alguns serviços, seu grau de certeza é mais alto que a estimativa de custos. Com base em alguns indicadores úteis podemos levantar quantitativos que podem ajudar na elaboração do orçamento preliminar. No levantamento de quantidades podemos calcular: No volume de concreto, o indicador é a espessura média do concreto caso este fosse distribuído regularmente pela área do pavimento. Estrutura abaixo de 10 pavimentos: entre 12 a 16 cm; Estrutura acima de 10 pavimentos: entre 16 a 20 cm. Volume de concreto = área construída x espessura média (refere-se à super estrutura). 33 No peso da armação, verifi ca-se que em construções pre- diais a taxa de aço média fi ca numa faixa. Estrutura abaixo de 10 pavimentos: entre 83 a 88 kg por m3 de concreto; Estrutura acima de 10 pavimentos: entre 88 a 100 kg por m3 de concreto. Peso da armação = volume do concreto x taxa de aço. No cálculo da área de forma para moldagem de um pilar, viga e laje, verifi ca-se que a utlização média de fôrma recai numa determinada faixa. Fôrma: entre 12 e 14 m2 por m3 de concreto. Área de fôrma = volume de concreto x taxa de fôrma. No orçamento analítico, é a maneira mais precisa e deta- lhada de se prever o custo de uma obra. Efetuado com base nas composições de custo dos diversos serviços existentes, efetuamos a pesquisa de preço e de insumos de maneira cuidadosa, deste modo, conseguimos chegar num valor bem próximo do custo real e fi nal de uma obra. O orçamento analítico tem para cada serviço e especifi ca- ção de projeto uma composição de custos unitários, que leva em consideração, material, mão-de-obra e equipamentos ne- cessários à sua execução. Além dos custos diretos são com- putados também os custos com a manutenção do canteiro de obra, equipes técnicas, administrativa e suporte da obra, ta- xas, impostos, emolumentos, etc., aos quais denominamos de custo indireto, acrescidos em forma de percentual chamado de BDI. 9. Levantamento de quantidades O levantamento de quantidades é a fase mais importante no processo de elaboração do orçamento, sendo exigido do orçamentista todo o conchecimento a respeito de como é feito determinado serviço, além do conhecimento dos serviços que envolvem uma obra. Todo orçamentista no processo de elaboração do levanta- mento de quantidades, produz o que denominamos de memória 34 de cálculo, que deve ser fácil de ser manipulada e entendi- da para que outro profi ssional possa conferir com agilidade e facilidade. A memória tem que ser clara o sufi ciente para que, na mudança eventual de caracteríisticas ou dimensões do projeto, não acarrete num segundo levantamento, ou que ao nosso entender é pelo menos é contra producente, além de onerosa à organização. As empresas diante desta questão organizam formulários adequados e tabelas padronizadas, que fazem parte do conjunto do orçamento. O levantamento de quantidades envolve elementos de na- tureza diversa, nas suas dimensões, tais como: • Lineares: Tubulação, rodapé, muros, cercas, etc.; • Superfi ciais ou de área: Limpeza de terreno, fôrma, alvenaria, piso, etc.; • Volume: Concreto, escavação, aterro, etc.; • Peso: Armação, estrutura metálica; • Adimensionais: Serviços de simples contagem, postes, portões, placas, luminaárias, etc. Os materiais empregados numa obra podem ser de caráter permanente, ou seja, fi cam incorporados ao produto fi nal, tais como: concreto, aço, tinta, pisos, areia, brita, ci- mento, tijolos, etc.; e materiais de caráter não permanentes, que são utilizados somente na fase da construção e removi- dos depois de utilizados, tais como: madeira para fôrmas, escoramentos, tensores de fôrmas, prego, desmoldantes e instalações provisórias. No processo de levantamento de quantidades dos princi- pais serviços, devemos conhecer os critérios de levantamento de quantidades, que podem ser revistos e adaptados pela empresa e a critério do orçamentista, devemos lembrar que estes critérios, ajudam e formatam a maneira pela qual vamos receber determinado serviço (critérios de medição). A seguir apresentamos os principais critérios de levanta- mento de quantidades, adotado pelo FDE (Fundação para o Desenvolvimento Escolar). LIMPEZA DO TERRENO Serviços • Limpeza do terreno, retirando a vegetação existente, inclusive tronco até 05 cm de diâmetro; Critério: M2 – pela área real. 35 MOVIMENTO DE TERRA Serviços • Corte e aterro dentro da obra com transporte interno; • Aterro com transporte por caminhão nos primeiros 100 m; Critério: M3 – Volume de corte ou aterro executado, medido na caixa. TRANSPORTE Serviços • Transporte de terra por caminhão; Critério: M3 x Km – Medição pelo produto do volume de terra transportado pela distancia percorrida, menos 100 m (medição tomada no corte ou no aterro com- pactado). INFRA-ESTRUTURA(FUNDAÇÃO) Serviços • Brocas de concreto diâmetro 20, 25 ou 30 cm; Critério: M – Comprimento determinado pela profundi- dade concretada. Serviços • Aço CA – 50 (A ou B), FyK = 500 Mpa; • Aço CA – 60 (A ou B), Fyk = 600 Mpa; Critério: Kg – Pelo levantamento das diversas bitolas ou telas nos seus pesos nominais, nas plantas de ar- madura. As perdas não devem ser incluídas. Conside- ram-se as armaduras de infra-estrutura as utilizadas até o respaldo superior da viga baldrame. • Concreto dosado e lançado, Fck = 20 Mpa/30 Mpa; Critério: M3 – Volume calculado no projeto de formas. Os volumes das intersecções devem ser computados uma só vez. • Formas de madeira maciça; Critério: M2 – Pelas áreas das superfícies desenvolvi- das em contato com o concreto, calculado no projeto estrutural. SUPERESTRUTURA (ESTRUTURA) Serviços • Aço CA – 50 (A ou B), FyK = 500 Mpa; • Aço CA – 60 (A ou B), Fyk = 600 Mpa; Critério: Kg – Pelo levantamento das diversas bitolas ou telas nos seus pesos nominais, nas plantas de ar- madura. As perdas não devem ser incluídas. 36 Consideram-se as armaduras de superestrutura as uti- lizadas a partir do respaldo superior da viga baldrame. • Concreto dosado e lançado, Fck = 20 Mpa/30 Mpa; Critério: M3 – Volume calculado no projeto de formas. Os volumes das intersecções devem ser computados uma só vez. Consideram-se concreto de superestru- tura o utilizado a partir do respaldo superior da viga baldrame. • Formas de madeira maciça; Critério: M2 – Pelas áreas das superfícies desenvolvi- das em contato com o concreto, calculado no projeto estrutural. • Cimbramento de madeira; Critério: M3 – Pelo volume, no cômputo da altura do cimbramento, devem-se excluir os 03 m, correspon- dente ao escoramento normal. • Laje mista de vigotas protendidas H-8, H-12, H-16, so- brecarga 100 kg, 300 kg, 450 kg; Critério: M2 – pela área determinada pelos eixos das paredes e/ou vigas. VEDOS Serviços • Alvenaria de fundação e embasamento com bloco de concreto; Critério: M3 – Pelo volume real da alvenaria executada. • Alvenaria de bloco de concreto E = 14 cm; Critério: M2 – pela área real de alvenaria executada, deduzindo-se todo e qualquer vão de interferência. • Placa divisória em concreto E = 5 cm; Critério: M2 – pela área real. VÃOS Componentes • Caixilho de Madeira / Ferro / Alumínio / Esquadria Veneziana de aço; Critério: UN – por unidade instalada. • Porta de Madeira / Ferro / Alumínio / Esquadria Vene- ziana de aço; Critério: UN – por unidade instalada. 37 COBERTURAS Serviços • Telha de barro portuguesa / Telha tecnologia CRFS on- dulada E = 8 mm; Critério: M2 – pela área de projeção horizontal de cober-tura executada, com os seguintes acréscimos: • 5% para coberturas de 18% a 27% de inclinação; • 8% para coberturas de 28% a 38% de inclinação; • 12% para coberturas de 39% a 50% de inclinação. • Cumeeira e espigão emboçados para telha de barro portuguesa / Cumeeira normal para telha tecnologia CRFS ondulada; Critério: M – pelo comprimento real dos serviços. FORROS Serviços • Forro de placa de gesso quadriculada; Critério: M2 – pela área real. IMPERMEABILIZAÇÃO Serviços • Impermeabilização respaldo de alvenaria, alvenaria, embasamento com argamassa de cimento e areia tra- ço 1:3 contendo hidrófugo e tinta betuminosa; Critério: M2 – pela área real da superfície impermeabi- lizada. REVESTIMENTOS DE PAREDES E TETOS Serviços • Chapisco com argamassa de cimento e areia traço 1:3; Critério: M2 – pela área real (chapisco efetivamente executado). • Emboço desempenado; Critério: M2 – pela área efetivamente executada. De- duzir vãos maiores que 02 m2, neste caso as espale- tas são desenvolvidas. • Revestimento com gesso liso desempenado; Critério: M2 – pela área real, deduzindo-se toda e qualquer interferência. 38 • Azulejos lisos brancos 15 x 15 cm; Critério: M2 – pela área real da superfície efetivamente revestida, deduzindo-se toda e qualquer interferência, acrescentando-se as áreas desenvolvidas como espa- letas ou dobras. • Revestimento texturizado acrílico branco e pintura acrílica; Critério: M2 – pela área real revestida. PISOS / PAVIMENTAÇÃO Serviços • Concreto desempenado com requadro 1,80 m – es- pessura 06 cm; Critério: M2 – pela área real do piso executado. • Lastro de pedra britada; Critério: M3 – pelo volume real. Quando não especifi - cada em projeto, considerar espessura de 5 cm. • Lastro de concreto; Critério: M3 – pelo volume real. Quando não indicado em projeto, adotar espessura de 5 cm. • Argamassa de regularização de cimento e areia, traço 1:3, espessura 2,5 cm; Critério: M2 – pela área real. • Cerâmica esmaltada antiderrapante - 30 x 40 cm PEI-4 Coefi ciente atrito 0,35 a 0,50; Critério: M2 – pela área real. • Rodapé de cerâmica antiderrapante 30 cm por com al- tura de 07 cm; Critério: M – pelo comprimento real. VIDROS Serviços • Vidro Fantasia / Incolor E = 4 mm; Critério: M2 – pela área real dos caixilhos, deduzindo- se as áreas de chapas de vedação ou de qualquer natureza ou fi nalidade. PINTURA Serviços • Massa corrida para tinta acrílica; Critério: M2 – pela área efetivamente emassada, não se descontando vão até 02 m2. 39 • Massa corrida PVA; Critério: M2 – pela área efetivamente emassada, de- duzindo-se toda e qualquer interferência. • Tinta acrílica / PVA em paredes e tetos; Critério: M2 – pelas áreas pintadas, não se descontan- do vãos até 2 m2; não considerar espaletas, fi letes ou molduras desenvolvidas. • Grafi te em estruturas metálicas; Critério: M2 – pela área da projeção horizontal da cobertura. • Esmalte sintético em esquadrias de ferro; Critério: M2 – pela área do vão de luz multiplicada pó 2, em caixilhos e portas chapeadas, portas de ferro onduladas e articuladas de enrolar e portas pantográ- fi cas pela área do vão de luz multiplicada por 2,5 (dois e meio). • Esmalte sintético em esquadrias de madeira; Critério: M2 – pela área do vão de luz, multiplicada por 3 (três). Em não havendo batente multiplicar por 2 (dois), em venezianas ou persianas multiplicar por 5 (cinco). LIMPEZA FINAL Serviços • Limpeza da obra; Critério: M2 – pela área real. INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS Serviços • Abrigo, caixas de alvenaria; Critério: Un – pela quantidade. • Registros, Válvulas, equipamentos contra incêndio; Critério: Un – pela quantidade. • Tubulações, Aço, PVC – Água Fria, Quente, Esgoto, Combate a Incêndio inclusive conexões; Critério: M – pelo comprimento real. • Acessórios, Louças, Metais, Motores, Caixas de Água, incluindo acessórios; Critério: Un – por unidade instalada. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFONIA Serviços 40 No levantamento de quantidades para calcularmos e docu- mentar em memória de cálculo os acabamentos de uma obra, a maneira mais pratica é a utilização de um formulário e ou planilha eletrônica, cujos dados de entrada são a largura, comprimento e a altura de cada cômodo, como estes serviços estão vinculados à área ou perímetro de paredes, o cálculo fi ca simplifi cado. 10. Custo direto, indireto, lucro, impostos, BDI e Preço de Venda O BDI e as suas respectivas defi nições e a decisão do or- çamento é sempre uma das tarefas mais difíceis, ajustar o orçamento e gerenciamento às reais necessidades do negócio é quesito fundamental para a saúde fi nanceira da empresa. Essa não é tarefa fácil, pois as formas de gestão são variáveis e dependem do amplo conhecimento do mercado. • Abrigo, caixas de entrada de energia, cabines, postes, conduletes, quadros, disjuntores, terra completo, inter- ruptores, tomadas, quadros de disjuntores; Critério: Un – pela quantidade. • Cabos, Fios, Eletrodutos; Critério: Ml – pelo comprimento.
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