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Layse Melo @medicinadahora ARTRITE REUMATOIDE É uma doença inflamatória sistêmica crônica, caracterizada por inflamação simétrica persistente de múltiplas articulações periféricas. As mulheres são afetadas em frequência aproximadamente três vezes maior do que os homens. Caracteriza-se pelo desenvolvimento de proliferação inflamatória crônica do revestimento sinovial das articulações diartrodiais, levando a uma destruição agressiva das cartilagens e a erosões ósseas progressivas. ETIOLOGIA Ocorre a ativação anormal das células B, células T e dos efetores imunes inatos. maior parte da atividade inflamatória acontece na sinóvia articular, o que a difere da LES. Embora a causa da artrite reumatóide seja desconhecida, um conjunto complexo de fatores genéticos e ambientais parece contribuir para a suscetibilidade à doença. FISIOPATOLOGIA Muitas das lesões são no revestimento sinovial das articulações. SINÓVIA o A sinóvia normal é composta de um revestimento celular delgado (com espessura de uma a três camadas de células) e de um interstício subjacente que contém vasos sanguíneos, mas poucas células. o Normalmente, a sinóvia fornece nutrientes e lubrificação para a cartilagem articular. NA ARTRITE REUMATOIDE: ▪ A sinóvia é acentuadamente anormal com revestimento espesso (de 8 a 10 células); ▪ Compostas de células ativadas; ▪ Interstício altamente inflamatório: repleto de células B, T, macrófagos. Bem como alterações vasculares: trombose e neovascularização. ▪ Nos locais em que a sinóvia é contígua com a cartilagem articular: o Pannus (tecido sinovial da artrite reumatoide) invade e destrói a cartilagem, bem como o tecido ósseo adjacentes. *A patogênese da AR pode ser vista como uma resposta imune aberrante que leva a inflamação sinovial e destruição da arquitetura da articulação. Desenvolvimento da AR FATORES GENÉTICOS O mais notável desses fatores genéticos definidos até o momento envolve um subgrupo específico de alelos do MHC de classe II. Layse Melo @medicinadahora Essas moléculas do MHC funcionam como andaimes apresentadores de antígenos, que apresentam peptídios às células T CD4.7 Contribuições importantes de genes tanto do sistema HLA como não HLA (antígeno leucocitário humano -HLA). As moléculas de HLA-DR se situam na superfície das células apresentadoras de antígeno e permitem às células T reconhecer o antígeno apresentado. Os alelos associados à doença (pertencentes aos sorotipos HLA-DR4/DR1) compartilham uma sequência ao longo de seu sulco de apresentação de antígeno, chamada de epítopo compartilhado (sequência de aminoácidos associada à AR ou alelo de risco). Tem sido postulado que esses alelos apresentam fundamentais antígenos às células T que desempenham um papel na iniciação e no direcionamento da progressão dessa doença. Contudo, nenhum antígeno específico já foi identificado. As células T, particularmente as células ativadas do tipo Th1 e Th17, parecem predominar nos tecidos sinoviais. Essas células T, presumivelmente ativadas por algum antígeno ainda desconhecido apresentado pelos macrófagos, células B ou sinoviócitos, secretam citocinas que estimulam a proliferação sinovial. FATORES NÃO GENÉTICOS FATORES AMBIENTAIS E INFECCIOSOS É aceitável que qualquer um de vários agentes infecciosos diferentes possa ser capaz de induzir a alterações específicas não-patogênicas, associadas à iniciação da doença em indivíduos suscetíveis. o Tabagismo, bactérias (Mycobacteria, Streptococcus, Mycoplasma, Escherichia coli, Helicobacter pylori), vírus (da rubéola, vírus Epstein- Barr, parvovírus), superantígenos e outros fatores ainda não definidos. o O tabagismo é reconhecidamente um gatilho para alguns indivíduos. AUTOIMUNIDADE Tem-se sugerido que a doença é iniciada pela ativação de linfócitos T auxiliares, liberação de citocinas (p. ex., fator de necrose tumoral [TNF] alfa, interleucina [IL]1) desempenham papéis centrais no processo inflamatório em andamento e formação de anticorpos. A elaboração das citocinas na artrite reumatoide é acentuadamente tendente a TH1. Aproximadamente 70 a 80% das pessoas com a doença têm uma substância chamada fator reumatoide (FR). É um anticorpo (Ig FR) autólogo (produzido por si próprio) que reage com um fragmento de imunoglobulina G (IgG) para formar complexos imunes. Os complexos imunes (Ig FR + IgG) e os componentes do complemento são encontrados na membrana sinovial, líquido sinovial e lesões extraarticulares Em nível celular o Neutrófilos, macrófagos e linfócitos são atraídos para a área. o Neutrófilos e macrófagos fagocitam os complexos imunes e, no processo, liberam enzimas lisossomais capazes de causar alterações destrutivas na cartilagem articular. o A resposta inflamatória que se segue atrai células inflamatórias adicionais, colocando em movimento uma cadeia de eventos que perpetua a doença. o À medida que o processo inflamatório progride, as células sinoviais e os tecidos subsinoviais são submetidos a hiperplasia reativa. o A vasodilatação e o aumento do fluxo sanguíneo causam calor e hiperemia. Layse Melo @medicinadahora o O edema das articulações que ocorre é devido ao aumento na permeabilidade capilar que acompanha o processo inflamatório. o Neovascularização característica da AR: desenvolvimento de uma extensa rede de novos vasos sanguíneos na membrana sinovial, que contribuem para o avanço da sinovite reumatoide. Sinovite É a proliferação dos tecidos sinoviais resultante que acarreta a produção de quantidade excessiva do líquido sinovial e a infiltração do pannus no osso e na cartilagem adjacentes. A sinovite resulta na destruição da cartilagem e do osso marginal e no estiramento ou ruptura da cápsula articular, dos tendões e ligamentos, causando nos pacientes as deformidades e a incapacidade que constituem o quadro clínico da AR. Pannus Tecido de granulação vascular destrutivo que se estende desde a membrana sinovial e envolve uma região de osso desprotegido na junção entre a cartilagem e o osso subcondral. É uma característica da AR que a diferencia das outras formas de artrite inflamatória. As células inflamatórias encontradas no pannus têm um efeito destrutivo sobre a cartilagem e o osso adjacentes. Eventualmente, há desenvolvimento de pannus entre as margens articulares, levando a uma redução na mobilidade articular e à possibilidade de eventual anquilose (é uma rigidez completa ou parcial de uma articulação devido à aderência e rigidez dos ossos dessa articulação). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Associada a manifestações articulares e extraarticulares. Fadiga e inflamação articular, caracterizada por dor, inchação, calor e rigidez matinal, são as características da doença. Múltiplas articulações sinoviais pequenas e grandes são acometidas em uma distribuição simétrica. As articulações comprometidas são desmineralizadas, e a cartilagem articular assim como o tecido ósseo contíguo são erodidos pela inflamação sinovial, provocando deformações das articulações. Manifestações articulares Simétrico e poliarticular. Layse Melo @medicinadahora O edema e espessamento da sinóvia podem resultar em distensão da cápsula articular e ligamentos. Qualquer articulação diartrodial pode estar envolvida. A destruição progressiva das articulações pode levar à subluxação (deslocamento da articulação resultando em desalinhamento das extremidades ósseas). A limitação inicial causada geralmente pela dor e depois pela fibrose. Início nas articulações: metacarpofalangeanas (MCF), interfalangeanas proximais (IFP) e metatarsofalangeanas (MTF), seguidas pelospunhos, joelhos, cotovelos, tornozelos, quadris e ombros, aproximadamente nessa ordem. MÃOS Principal área acometida pela AR, e o dano e a disfunção das mãos contribuem com uma parcela significativa da incapacidade. A doença começa com edema das IFP e MCF. As articulações interfalangeanas distais (IFD) raramente estão envolvidas. Deformidades em “pescoço de cisne”: hiperextensão das IFP e flexão parcial da articulação IFD. Deformidades em botoeira: hiperflexão das articulações IFP com hiperextensão da articulação IFD. PUNHO o O desvio radial é a regra. o Mesmo em uma fase inicial no curso da doença, a proliferação sinovial nos punhos e em torno deles o edema pode comprimir o nervo mediano, causando a síndrome do túnel do carpo. o Posteriormente, esta proliferação sinovial pode invadir os tendões e levar à ruptura de tendões extensores. Layse Melo @medicinadahora Grandes Articulações o O envolvimento de joelhos, tornozelos, cotovelos, quadris e ombros é comum. o A superfície articular é totalmente acometida, de forma simétrica. o No joelho, os compartimentos medial e lateral estão gravemente diminuídos. o Os cistos sinoviais podem ocorrer em qualquer articulação (grande ou pequena). Os do joelho são, talvez, os melhores exemplos deste fenômeno. o Quando o joelho produz excesso de líquido sinovial pode haver acúmulo no espaço poplíteo (cisto poplíteo ou cisto de Baker). Estes cistos podem causar problemas por pressionar o nervo, a artéria ou a veia poplíteas. o A ruptura do cisto, com extravasamento do conteúdo inflamatório, causa dor e edema. Na imagem: comprometimento grave da artrite reumatoide, com perda simétrica quase completa do espaço articular, tanto no compartimento medial como no lateral, mas com discreta esclerose subcondral ou formação de osteófitos. PESCOÇO Coluna cervical: C1-C2. OUTRAS ARTICULAÇÕES Temporomandibulares, cricoaritenoides (cordas vocais) e esternoclaviculares. Layse Melo @medicinadahora Manifestações extra-articulares Fadiga, perda de peso e febre baixa. Nódulos reumatoides: são lesões granulomatosas que se desenvolvem em torno de pequenos vasos sanguíneos. Os nódulos podem ser sensíveis ou não sensíveis, móveis ou imóveis, e pequenos ou grandes. Encontrados sobre pontos de pressão, como as superfícies extensoras da ulna. A vasculite, ou inflamação das artérias de pequeno e médio calibre, manifestada como infartos digitais ou vasculite leucocitoclástica é manifestação rara da AR. Manifestações pulmonares: derrames pleurais, nódulos reumatoides e doença pulmonar parenquimatosa. Nódulos reumatoides: são sólidos, mas podem calcificar, formar cavitações ou tornar-se infectados. Fibrose intersticial difusa. Imagem: radiografia – lesões em favo de mel. Manifestações oftálmicas: ceratoconjuntivite seca (olho seco) etc. Manifestações neurológicas: síndrome do túnel do carpo, do tarso etc. DIAGNÓSTICO Se baseia nos achados da entrevista, do exame físico e dos exames laboratoriais. TRATAMENTO O tratamento pronto e agressivo, para controlar a inflamação, pode tornar mais lenta ou mesmo deter a erosão articular progressiva. Fornecer orientações sobre a doença e seu tratamento, repouso, exercícios terapêuticos e medicamentos. Medicamentosa A via primária, através da qual o metotrexato o agente mais comumente usada como terapia com agente único para a artrite reumatoide — age para diminuir a inflamação articular. Tem ação mais rápido do que os outros DMARD. Layse Melo @medicinadahora Acredita-se que o metotrexato interfira no metabolismo da purina, que leva à liberação de adenosina, um potente composto anti-inflamatório. Segunda linha: Terapia anti-FNT alfa (etanercepte, o infliximabe e o adalimumabe) - os inibidores do FNT-alfa atuam sequestrando-o ou por uma forma solúvel recombinante do receptor de FNT ou por anticorpos monoclonais ao FNT. Seu uso ainda é limitado pelo alto custo e riscos potenciais de toxicidade associada às drogas (como suscetibilidade a infecções potencialmente fatais e indução de outras síndromes autoimunes. AINES: Os fármacos anti-inflamatórios não esteroides geralmente são utilizados no início do tratamento. Inibem a síntese de prostaglandinas mediada pela ciclooxigenase (COX), que têm um efeito prejudicial sobre as estruturas articulares. O tratamento precoce também inclui os DMARD. Os DMARD incluem os sais de ouro, a hidroxicloroquina, a sulfassalazina, o metotrexato e a azatioprina. DMCDs: Doenças modificadoras do curso da doença. A cirurgia também pode ser parte do tratamento da AR. A sinovectomia pode ser indicada para reduzir a dor e lesões articulares quando a sinovite não responde ao tratamento conservador. IMAGENS - PATOGÊNESE RESUMO A AR é uma doença inflamatório crônica sistêmica com acometimento bilateral de articulações sinoviais ou diartrodiais. As alterações articulares iniciais envolvem células sinoviais que revestem a articulação. As células inflamatórias se acumulam, e ocorrem angiogênese e formação de Pannus, que começam a recobrir a cartilagem articular e isolá-lo do seu líquido sinovial nutritivo.
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