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Artigo - Coronavirus

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Aspectos jurídicos da Pandemia da Covid-19: Crise Sanitária e Crise Econômica e suas influências no Direito. 
Legal aspects of the Covid-19 Pandemic: Sanitary Crisis and Economic Crisis and their influence on Law. 
Resumo: o presente artigo tem como objetivo analisar os impactos causados no meio jurídico em decorrência da pandemia oriunda da Covid-19. Em um primeiro momento, o destaque foi para a judicialização da saúde. Ressaltou-se a necessidade de decisões racionais e em consonância com entes públicos, uma vez que é adotado no ordenamento o Princípio da Reserva do Possível. Em seguida, a ênfase se ateve ao aumento de distribuição de demandas ligadas à crise econômica, já que o isolamento social acarretou o cancelamento de diversos negócios contratados.
Palavras-chave: Pandemia. Judicialização da saúde. Crise econômica.
Abstract: this article aims to analyze the impacts caused in the legal environment due to the pandemic originating from Covid-19. At first, the highlight was the judicialization of health. The need for rational decisions and in line with public bodies was emphasized, since the Principle of the Possible Reserve is adopted in the ordering. Then, the emphasis was on increasing the distribution of demands linked to the economic crisis, since social isolation caused the cancellation of several contracted businesses.
Keywords: Pandemic. Judicialization of health. Economic crisis.
Data de submissão do artigo para aprovação: 20/07/2020.
Data de aprovação:
INTRODUÇÃO
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia da Covid-19, doença proveniente do Sars-Cov-2. Fundamentando na quantidade de números de infectados, de mortes e na proporção de países já atingidos, o intuito era conter a circulação do vírus. 
No Brasil, em fevereiro, foi estipulado a emergência sanitária de interesse nacional, antes mesmo de se confirmar o primeiro caso em território. Nos meses subsequentes, passou-se de transmissão local para sustentada e, hoje, o país apresenta mais de setenta e seis mil mortos por coronavírus e dois milhões de infectados[footnoteRef:1]. [1: 	BRASIL. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://covid.saude.gov.br>. Acesso em: 21/06/2020.] 
Tal situação de ordem inesperada, atípica e grave, vem gerando reflexos incomensuráveis na saúde e na economia. O surto, alinhado com o desconhecimento científico quanto à evolução da doença, falta de medicamento/vacina e o alto grau de disseminação, leva a uma instabilidade sanitária jamais vista: o sistema de saúde público e privado, abarrotado, apresenta cenário catastrófico, faltando leito de UTI, ventiladores mecânicos, profissionais para as inúmeras escalas de plantões e equipamentos de proteção individual (EPIs).
O panorama novo contribuiu para aumentar a recessão econômica. O isolamento social fez a taxa de desemprego ascender à 12,6%[footnoteRef:2]. A informalidade e os salários baixíssimos, já advindos das reformas trabalhista (LC 13.467/17) e previdenciária (EC 106/20), culminaram na perda de renda, fome e miséria. Caracterizada como a maior colapso mundial, desde a Segunda Grande Guerra, a pestilência ainda trouxe um aumento nos pedidos de recuperação e falência das sociedades empresárias, dado que a Lei Federal 13.979/20 e os Decretos estaduais expedidos suspenderam todas as atividades econômicas não essenciais. [2: 	GRAVAS, Douglas. Covid-19 mascara dados de desemprego no Brasil. Disponível em: <http s://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2020/06/09/covid-19-mascara-dados-de-dese mprego.htm>. Acesso em: 21/06/2020.] 
Nesse diapasão, o ramo do direito se viu intimamente ligado ao colapso econômico-sanitário engendrado pelo novo Coronavírus. O desafio é alcançar a efetivação do acesso irrestrito à saúde: as inúmeras decisões judiciais buscam por ocupação de leitos de terapia intensiva (em época de superlotação de vaga), estratégias profiláticas que carecem de comprovação científica e soluções para os casos de descontinuação temporária de fabricação de remédios pelo respectivo laboratório.
Do lado econômico, a responsabilidade do Poder Judiciário se perfaz nas relações de consumo levadas ao juízo. Não é a toa que aportaram, em todas as comarcas, diversas demandas de cancelamento de negócios, indagando-se a respeito da obrigatoriedade da devolução do valor pago ao fornecedor. A repercussão da pandemia, quanto aos novos processos por insolvência, gerará um maior volume de litígios, já que o cenário de retração é muito pessimista. Não obstante, aliás, o CNJ, visando combater a crise econômica, aprovou, na 307ª Sessão Ordinária, a recomendação para que os magistrados priorizem as ações de recuperação empresarial e falência.
1 O CORONAVÍRUS, A POPULAÇÃO E O JUDICIÁRIO 
A pandemia oriunda do novo Coronavírus tem provocado desordem nos mercados globais. As economias ou se encontram paralisadas ou em declínio. A necessidade de medidas excepcionais como lockdown suspendeu a atividade de infinitas empresas. Os estabelecimentos fechados, por sua vez, se viram compelidos a demitir em grande proporção o trabalhador, o qual perdeu o poder de consumo e fez a economia parar de girar.
O Brasil, especificamente, por ser país dependente da atividade hoteleira, com mercado de viagem ocupando 8% do PIB[footnoteRef:3], o impacto da recessão será maior. O medo do contágio fez as companhias aéreas reduzirem drasticamente os voos, os cruzeiros foram impedidos de realizar seus itinerários, prais e parques foram fechados, asseverando, com isso, o efeito negativo da indústria de turismo. [3: 	MARTINS, André. Cresce a participação do Turismo no PIB nacional. Disponível em: <http:// www.turismo.gov.br/%C3%Baltimas-not%C3%Adcias/12461-cresce-a-participa%C3%A7%C3%A 3o-d o-turismo-no-pib-nacional.html>. Acesso em: 23/06/2020.] 
Atrelado a isso, tem-se o já frágil serviço de saúde – com baixos investimentos, o Sistema Único sofre com a inocuidade administrativa e os desvios de verbas. Circunstância piorada com a advento da calamidade, que levou o SUS, em diversas regiões, ao colapso por completo. Neste sentido, os professores Francisleile Lima Nascimento e Alberto do Espírito Santos Dantas Pacheco:
Evidencia-se que o sistema de saúde pública brasileira vivencia um momento delicado à beira de um colapso frente à demanda do coronavírus, fruto de uma política adota no período colonial que se estende à atualidade priorizando sempre a elite e contribuindo para o aumento das desigualdades sociais e acesso aos serviços básicos de saúde. Logo, devido às grandes ocorrências do coronavírus e as diversas falhas que o SUS sempre apresentou e nunca foram verdadeiramente solucionadas, o sistema de saúde público enfrenta um dos seus maiores desafios da história, de como repensar a gestão do sistema e fortalecer o SUS para atender a demanda da pandemia que a cada dia faz centenas de vítimas[footnoteRef:4]. [4: 	NASCIMENTO, Francisleile Lima e PACHECO, Alberto do Espírito Santos Dantas. Sistema de Saúde Público no Brasil e a pandemia do novo Coronavírus. Revista Boletim de Conjuntura, Boa Vista, v. 2, n. 5, p.70-71, mai. 2020.] 
É nesse contexto da história que se discute o papel do Judiciário no combate à Covid-19. Sabe-se que a taxa de litigiosidade no Brasil é demasiadamente alta, e, com a proliferação desenfreada do vírus, a tendência é o aumento na procura pelo desempenho dos tribunais, uma vez que os interesses privados foram profundamente atingidos: os questionamentos perfazem toda a esfera cível, indo desde a obrigação de pagamento integral da mensalidade escolar, passando pela possibilidade do corte de energia e se chegando, por exemplo, a suspensão de parcelas de empréstimos[footnoteRef:5]. [5: 	A Justiça brasileira já acumula pelo menos 165 mil decisões relacionadas à pandemia do novo coronavírus. A cifra é um dos dados preliminares de uma pesquisa conduzida pelo Núcleo de Tributação, ligado ao Centro de Regulação e Democracia do Insper...As pesquisadoras inicialmente mapearam notícias que tratam de decisões a respeito do tema. Foramreunidas 157 publicações, divulgadas de 16 de março a 18 de maio deste ano. Nesse material, são abordadas sobretudo ações ligadas a temas como renegociação de contratos, constrição de bens, pagamento de tributos, suspensão de contrato e/ou redução de jornada de trabalho, fornecimento de serviços como energia elétrica e telefonia, entre outros. FRAISSAT, Zanone. Decisões judiciais relacionadas à Covid-19 já somam 165 mil. Disponível em: <https://www.insper.edu.b r/conhecimento/direito/decisoes-judiciais-relacionadas-a-covid-19-ja-somam-165-mil/>. Acesso em: 26/06/2020.] 
Tal crescimento dos litígios relativos à epidemia, no entanto, não pode transformar a Justiça em um instrumento propagador de rupturas do sistema. As decisões precisam estar alinhadas com a situação local de cada região. De nada adianta concessão de tutela para internamento em hospitais que não possuem mais suporte para receber os acometidos. Por isso, é necessário que os magistrados estejam atentos às medidas adotados pelo Poder Público, almejando, sempre, decisões que garantam os direitos fundamentais e, ao mesmo tempo, respeitem a situação fática do caso concreto.
2 A JUDICIALIZAÇÃO PROVOCADA PELA CRISE SANITÁRIA
A judicialização da saúde é um tema bastante recorrente no meio jurídico. Refere-se à invocação da Justiça a fim de se pleitear remédios, consultas, cirurgias ou mesmo tratamentos vedados ou não reconhecidos pelo SUS. Nessa esteira, fundamentado no dispositivo 196/CF[footnoteRef:6], qualquer indivíduo poderá ingressar com ação para efetivar a prerrogativa do direito à saúde. [6: 	Art. 196/CF: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 05/07/2020] 
Estima-se que as demandas ligadas a procedimentos de saúde cresceram, em média, 130%, em 10 anos[footnoteRef:7]. Isso aflige os gestores do Poder Executivo em decorrência do desequilíbrio orçamentário provocado pelos bloqueios de contas designados nos despachos e sentenças. Os impactos financeiros no setor público, pertinente relevar, são tão extensivos, que podem inviabilizar o sistema defronte as imensuráveis causas que chegam, diariamente, nos tribunais brasileiros. [7: 	BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Demandas judiciais relativas à saúde crescem 130% em dez anos. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/demandas-judiciais-relativas-a-saude-cresce m-130-em-dez-anos/>. Acesso em: 09/07/2020. ] 
É notório que a saúde brasileira é escassa, incompleta e não atende o mandamento constitucional do acesso universal e igualitário. Particularidades essas que levam o cidadão a procurar o judiciário, almejando a realização daquele determinado procedimento médico. E, o que era para ser um meio eventual, torna-se reiterado, resultando em dispêndio de R$ 1,6 bilhão, só no ano de 2016, em demandas judiciais individuais[footnoteRef:8]. Por isso o dever de se firmar julgamentos pautados na razoabilidade e na ciência de que o orçamento público é limitado. Interessante é o posicionamento de Sylvia Patrícia Dantas Pereira: [8: 	Idem.] 
Ressalta-se que o orçamento da saúde é limitado, e toda e qualquer decisão judicial que determina o fornecimento de um serviço ou medicamento não inserido na lista do RENASES ou RENAME acaba por acarretar a deficiência na prestação de outro serviço do SUS. Assim, a Saúde Pública pede socorro na resolução do problema da Judicialização da saúde, onde decisões judiciais devem ser revistas, a fim de encontrar uma solução de enfrentamento que evite a possível “falência” do sistema SUS e o retrocesso de sua caminhada, em situação similar com o início do século XX, na qual prevalecia a assistência voltada à minoria – os mais abastados – deixando os menos favorecidos numa posição de desassistência total[footnoteRef:9]. [9: 	PEREIRA, Sylvia Patrícia Dantas. Os passos do SUS: do apogeu à falência – a judicialização da saúde. Coletânea Direito à Saúde – Dilemas do Fenômeno da Judicialização da Saúde, Brasília, v. 2, n. 1., p. 91, out. 2018. ] 
Afora o já conhecido sufoco de acesso à saúde, desencadeando consideráveis intervenções judiciais, tem-se a pandemia do Coronavírus, que representa a maior crise global da época. Essa nova conjuntura acarreta uma onda maior ainda da judicialização da saúde. Isso porque a função do Poder Judiciário é obter a segurança jurídica, com mitigação de conflito, em uma época de inconsistência e imprevisibilidade, com novas ações atinentes ao surto viral.
A procura por leitos de UTI
Para se garantir o tratamento dos pacientes de Covid-19 que adquirem a forma mais grave da doença, faz-se necessário a existência de unidades de terapia intensiva. Somente essas estruturas hospitalares têm recurso de suporte para atender aqueles que são acometidos com a síndrome respiratória aguda. No entanto, diversas capitais brasileiras seguem com ocupações de leitos acima de 90%, refletindo a iminente descensão do sistema de saúde. 
Sabe-se que, mesmo antes de ser decretada a Pandemia no Brasil, o número de leitos preexistentes já não eram suficientes. O ingresso do vírus no país ampliou a judicialização no tocante à ocupação de salas vermelhas. A Justiça passa a decidir, frente a desídia do Poder Executivo, questões ligadas aos direitos constitucionais: por um lado, tem-se o direto coletivo à saúde, e, por outro, o direito individual do autor que ingressa requerendo tutela.
A temática é polêmica e com jurisprudência, em verdade, discrepante: a dicopodia do particular em oposição ao coletivo impede o descumprimento das normas pelo Estado, ao mesmo tempo que lesa os direitos sociais, dado que a saúde está associada ao Princípio da Reserva do Possível, com escassez de recursos e parâmetros financeiros predefinidos.
Não se pode esquecer, também, que há chance da ingerência forense ser contraproducente às politicas públicas, interrompendo o acesso igualitário à saúde, pois aquele que está na filha de espera por uma vaga na CTI, com os mesmos sintomas nefastos, seria afetado por aquele que passou na sua frente, em decorrência de liminar deferida. Nesse sentido, Rogério Gesta Leal:
Quando se fala em saúde pública e em mecanismos e instrumentos de atendê-la, mister é que se visualize a demanda social e universal existente, não somente a contingencial submetida à aferição administrativa ou jurisdicional, isto porque, atendendo-se somente aqueles que acorrem de pronto ao Poder Público (Executivo ou Judicial), pode-se correr o risco de esvaziar a possibilidade de atendimento de todos aqueles que ainda não tomaram a iniciativa de procurar o socorro público, por absoluta falta de informações ou recursos para fazê-lo[footnoteRef:10]. [10: 	LEAL, Rogério Gesta. A Efetivação do Direito à Saúde – por uma jurisdição Serafim: limites e possibilidades. In Direitos Sociais e Políticas Públicas: desafios contemporâneos, v.6. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2006, p. 71.] 
O problema, por conseguinte, tem, em certas contingências, resolução de natureza política e não jurídica. O planejamento de gestão das autoridades governantes, alusivo às diretrizes para diagnóstico e tratamento da Covid-19, segue um embasamento técnico e administrativo, dando, em caso de disputa por vaga de UTI, preferência àquele doente com maior viabilidade de recuperação. Em contrapartida, o juiz, ao proferir decisão, o fará com o crivo do direito subjetivo, sem nenhum critério clínico hospitalar, desconstruindo a organização interna ambulatorial.
A Justiça Federal, importa destacar, em decisão visando preceitos para acesso à terapia intensiva em casos de emergência e disponibilidade efetiva de recursos, indeferiu o pedido de internação a idoso diagnosticado com Sars-Cov-2. Segundo o togado, ninguém teria o direito de desrespeitar a ordem da fila de espera por intervençãomédica, passando à frente das pessoas que anteriormente já aguardam atendimento: 
O discurso de que toda e qualquer prestação relativa à saúde deve ser garantido judicialmente é mais fácil, notadamente, se ligado aos direitos à vida, à saúde e à dignidade da pessoa humana, principalmente se esses direitos forem invocados abstrata e genericamente, sem serem cientificamente conceituados. Todavia, mesmo que seja adotado esse discurso, ele deve ser adotado para todas as pessoas, porque todas elas têm o mesmo o direito à vida, à saúde e à dignidade da pessoa humana da parte autora. Consequentemente, acolher a pretensão é privilegiar o direito à vida, à saúde e à dignidade da pessoa humana da parte autora em detrimento dos demais, o que a Constituição e as leis da República não permitem… De mais a mais, o caos a ser gerado pelo acolhimento do pedido deixa ainda mais turvo o direito perseguido: a) não há fundamento racional que justifique a retirada de alguém que esteja internado em leito de UTI para que a parte autora ocupe o seu lugar; b) a parte autora não tem direito de passar na frente da “fila de espera”, uma vez que pessoas que se encontram classificadas no mesmo grau de risco seriam prejudicadas com a “furada da fila” com base em fundamento alheio e fortuito, qual seja, ajuizar uma demanda. Além do mais, isso nada resolve, porque, se todos que estão à espera de leito ajuizassem uma ação, a fila, em tese, continuaria a mesma, só mudaria de lugar: do Poder Executivo para o Poder Judiciário. c) há ainda um perigoso cenário institucional que poderia ter construído: se duas decisões judiciais determinassem que as respectivas partes demandantes furassem a fila e apenas uma vaga surgisse, uma decisão seria cumprida e a outra seria descumprida[footnoteRef:11] [11: 	BRASIL. Tribunal Regional Federal 1° Região. Disponível em: <https://pje1g.trf1.jus.br/consultapu blica/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/listView.seam?ca=66af5b747fa4d0517aff 8af62ee14d4c2198 3bbb885681ec>. Acesso em: 04/07/2020. ] 
A referida decisão judicial carrega consigo o debate complexo de determinações prolatadas e não cumpridas em época de pandemia e sobrecarga de leitos. Isso porque as liminares não garantem, em reduzido prazo, internações. O fato do doente detectado com Coronavírus permanecer, em média, dez dias internado, agrava o contexto da taxa de congestionamento das casas de saúde (antes da epidemia, a permanência costumava ser de quatro dias[footnoteRef:12]). Põe-se, portanto, em cheque a eficácia da deliberação arbitrada pela Justiça: qual a real viabilidade da concessão de liminar em clínica médica que não possui leito propício para receber o enfermo? Seria razoável afugentar enfermo já em tratamento em ala crítica, para ceder vaga àquele que obteve tutela de emergência depois de ter ingressado no Judiciário? Parece que não, sob pena de se criar um direito à saúde segregador, que enaltece apenas os que buscam o litígio, fomentando o agravamento clínico ou mesmo o óbito dos que não procuram a juricidade. [12: 	BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Média de permanência UTI adulto. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/images/stories/prestadores/E-EFI-07.pdf>. Acesso em: 04/07/2020.] 
Utilização de medicamento sem eficácia comprovada cientificamente 
Outro tema emblemático, bastante recorrente, que vem esbarrando na Justiça é a questão do custeio de tratamento não comprovado cientificamente. Toma-se como exemplo o uso da Cloriquina/Hidroxicloroquina, com doutores se dividindo quanto sua utilização ou não: a falta de efetividade atestada fez diversos profissionais de saúde negarem aos seus assistidos a administração do referido remédio. A consequência é, mais uma vez, a multiplicação no acionamento do sistema judiciário. Novamente o magistrado se vê como o ator fundamental no rumo da higidez do enfermo – vestindo o jaleco branco, o togado passa a ponderar questões relativas à saúde, deliberando uma resposta para a lide.
Cabe acentuar, todavia, que demandas de medicamentos interpostos contra o Estado esbarram na ausência de sustentáculo técnico por parte do magistrado, visto que ele não é especialista nessa área, não possuindo entendimento de que aquela substância poderá não apresentar benefícios e/ou elevar o risco de morte. Outrossim, a característica de urgência das liminares, amiúde, não proporciona tempo hábil para que o juiz avalie, previamente, a necessidade do fornecimento daquele respectivo fármaco. Ademais, “mencionadas decisões, frequentemente, vêm dotadas mais de clamor sentimental do que de fundamentações técnicas e jurídicas”[footnoteRef:13]. Convém respaldar, todo medicamento de valência não evidenciada ou mesmo sem registro é uma grande ameaça à saúde de qualquer usuário. [13: 	ASPIS, Mauro Eduardo Vichnevetsky. STF se posiciona sobre fornecimento pela Justiça de remédio sem registro na Anvisa. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-ago-13/stf-posiciona-fornecimento-remedios-registro#author>. Acesso em 12/07/2020. ] 
Em decisão relevante, o STJ rejeitou pedido de prescrição de cloroquina a idoso com suspeita de Covid-19. A família, irresignada com a recusa da aplicação do remédio por parte da profissional de saúde, asseverou tratar-se de mero procedimento burocrático a não intervenção terapêutica. Por sua vez, a Ministra Assusete Magalhães extinguiu o processo sem resolução sob o argumento de que “sequer há laudo ou atestado médico recomendando o uso da medicação postulada ao impetrante ou de que o médico que o acompanha tenha deixado de ministrar o medicamento por determinação direta da autoridade impetrada[footnoteRef:14]”. [14: 	BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça Disponível em: <https://static.poder360.com.br/2020/04/dec isao-ministraAssusete-ST J.pdf>. Acesso em: 12/07/2020.] 
A decisão segue parecer do CNJ, que, a fim de auxiliar os magistrados, em seus despachos e sentenças, defronte a pedidos de manuseio da cloroquina/hidroxicloroquina, destaca o êxito incerto e os diversos efeitos colaterais advindos de seu uso, recomendando, dessarte, a não liberação medicamentosa.
Ainda nesse contexto de remédios sem constatação produtiva, é válido fazer um comparativo do fenômeno fosfoetalonamina. Denominada de “pílula do câncer”, tratava-se de uma substância não aceita em outros países, não testada em humanos e que não seguiu nenhum trâmite estabelecido pela ANVISA para se tornar medicamento. Caracterizada como mero tratamento experimental, gerou milhares de ações judiciais, bloqueios de contas bancárias e filas quilométricas na porta da USP (Universidade de São Paulo), que, guiada pelo professor Gilberto Orivaldo Chierice, produziu a substância sintética.
Diante desse contexto, milhares de pacientes recorreram à justiça para requerer que a USP produzisse e distribuísse a fosfoetanolamina com o objetivo de realizar o tratamento da neoplasia, o que gerou um cenário no Judiciário brasileiro de turbulência e inconstância… Pouco a pouco, a polêmica em torno da fosfoetanolamina foi tomando dimensões cada vez maiores. Em fevereiro de 2016, esta acumulava cerca de 13.000 liminares que obrigavam a Universidade de São Paulo a fornecer a substância. A capacidade limitada de produzir a substância resultou em aplicação de multa diária, além da ameaça de responsabilização por crime e bloqueio de contas públicas da USP. A situação chegou até ao extremo de ocorrer a determinação de pena de prisão do Secretário de Saúde do Estado de Goiás em caso de descumprimento da ordem de fornecer a fosfoetanolamina no prazo de 48 horas[footnoteRef:15] [15: 	PITANGA, Mayara Costa Freire Vasconcellos. A Judicialização da saúde: o caso da Fosfoetanolamina. Disponível em: <https://bdm.unb.br/handle/10483/22017?mode=full>. Acesso em: 13/07/2020. ] 
Após a enxurrada de demandas, advindo, em seguida, a constatação de não eficácia do composto químico, o STF suspendeu a valência da fosfoetanolamina. Sob o manto de que a liberação seria antagônica ao direito constitucional da saúde, visto que não proporcionavanenhuma segurança ao ser consumida, chegou-se ao concesso de que não caberia ao Judiciário, por completa falta de impossibilidade de dizer qual benesse da substância para o cidadão, julgar o imbróglio.
Cobertura para teste da Covid-19 
Apesar dos esforços desprendidos pela comunidade científica, até a presente data, não se tem conhecimento de vacina ou remédio para combater o Sars-Cov-2. E, objetivando conter a transmissão, cada vez mais ganha espaço a realização de testes de sorologia, a fim de se detectar a presença de anticorpos em pacientes expostos ao vírus.
A testagem é deveras importante para enfrentar a disseminação, no entanto, tem sido uma via cruz para aqueles que tentam obter dos planos de saúde a cobertura para a realização. Considerado um exame de valor elevado, somente no fim do mês de junho foi inserido na lista de cobertura obrigatória dos planos de saúde.
A inclusão, a propósito, apenas se deu devido a Ação Civil Pública de número 0810140-15.2020.4.05.8300, julgada na 6ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Pernambuco e movida pela Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps).
A decisão é polêmica, uma vez que imputa à esfera privada o dever do Estado de medir o estrago causado pelo vírus (segundo à OMS, o objetivo da testagem é justamente brecar o contágio). Além disso, aos mais críticos, a atitude também fere o princípio da isonomia, dividindo os brasileiros entre aqueles que fizeram o teste e constataram estar imunes ao Corona e os que estão à mercê da própria sorte. 
Quanto ao mais, importa dizer que, apesar da deliberação pela ANS, diversas operadoras permaneceram negando a análise das Imunoglobulinas. Muitos pacientes munidos, inclusive, de requisição médica, não conseguiram realizar a pesquisa nos laboratórios credenciados. Em matéria relativa ao tema, destaca a repórter Pollyanna Brêtas, do jornal O Globo:
As reclamações relacionadas a testes para detecção da Covid-19 mais do que dobraram na última semana. Segundo os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre queixas relacionadas à pandemia, foram 564 registros, entre os dias 29 de junho e 5 de julho. 
Apesar da ANS não ter uma análise dos motivos das reclamações, o aumento das queixas coincidem com a inclusão do teste de sorologia para Covid-19 na cobertura obrigatória dos planos de saúde pela agência, no dia 29, após determinação judicial.
Segundo Renê Patriota, presidente da Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), mesmo com a decisão judicial e a inclusão no rol de procedimentos obrigatórios para os planos de saúde, consumidores continuam relatando dificuldades para realização da sorologia: 
— Eu mesma fui obrigada a pagar R$ 100 hoje para realizar um exame sorológico, pois a minha operadora se negou a cobrir o IGM. Mais um caso para anexar ao processo — destaca Renê.
Gabriela Splendore, diretora de arte, que teve sintomas da Covid-19 há cerca de 60 dias, tentou fazer a sorologia na última sexta-feira, dia 3, mas não conseguiu autorização do Bradesco: 
— Liguei para todos os laboratórios conveniados e todos disseram que o Bradesco não autorizou o exame. Em conversa com a central da operadora, alegaram que já liberaram o exame com a rede conveniada, mas os laboratórios dizem que não. É um looping de incompetência!
O mesmo aconteceu com o jornalista Fabio Barros esta semana:
— Estou com pedido médico em mãos, já liguei para vários laboratórios e eles afirmaram que a Amil ainda não autorizou[footnoteRef:16]. [16: 	BRÊTAS, Pollyanna. ANS recebeu mais de 4,7 mil reclamações de consumidores contra planos de saúde sobre Covid-19. Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/economia/55-ans-rec ebeu-mais-de-47-mil-reclamacoes-de-consumidores-contra-planos-de-saude-sobre-covid-19-2449 2229>. Acesso em: 16/07/2020.] 
Como já dito, o Judiciário tem sido incitado rotineiramente a proferir decisões defronte à pandemia. Com a negativa dos planos de saúde não será diferente. A matéria chegará, seja através de ação ordinária, seja de forma coletiva, até porque, diante da Lei 9.656/1998, os planos de saúde são compelidos a custear os tratamentos médicos, inclusos no rol de benefícios da ANS. O segurado poderá, ainda, reivindicar danos morais e/ou ressarcimento de pecúlio, caso tenha pago para realizar a sorologia.
Por fim, importa frisar que, poucos dias após a inclusão obrigatória dos exames no rol de procedimentos e eventos em saúde, o desembargador Leonardo Augusto Nunes Coutinho, sob a alegação de que não há comprovação da infalibilidade do passaporte imunológico, cassou a liminar de identificação de anticorpos. 
3 O COLAPSO ECONÔMICO E O IMPACTO NAS DECISÕES JUDICIAIS
A crise trazida pela Pandemia, no entanto, não se limitou ao âmbito da saúde pública. Trouxe consigo o comprometimento da atividade empresarial como um todo. Os estabelecimentos se viram obrigados a baixarem as portas, permitindo-lhes apenas o oferecimento de expedientes internos, com sistema de delivery e drive thru, representando, infimamente, 30% do faturamento das vendas anterior à crise.
A instabilidade, que vai desde embaraço logísticos à prestação de serviços, aliada ao dividendo negativo, desemboca em uma incapacidade de sustentação e insolvência. Sabe-se que o isolamento social e as politicas públicas sanitárias suscitaram o encolhimento abrupto do ato consumerista: os bens duráveis foram substituídos por alimentação e remédios; a incerteza e o pessimismo relativo à ótica profissional fez a família brasileira reduzir o gasto com supérfluos, investimentos financeiros e viagens programadas.
O FMI destacou novas projeções para a economia do Brasil, com encolhimento de mais de 9% do PIB, no ano de 2020[footnoteRef:17]. Pernambuco, por sua vez, teve 89% das empresas afetadas, fruto da diminuição de receita, mudança de comportamento cliente e/ou alteração no desempenho do trabalho[footnoteRef:18]. Toda essa impactante redução de negócio ocasiona muitas incertezas no âmbito jurídico, que provocará uma judicialização em massa. Os temas serão diversos, como, por exemplo, renegociação de dívidas, cancelamento de contratos, pedido de recuperação e falência. Nesse aspecto, ressalta o advogado Luiz Felipe Perrone dos Reis: [17: 	O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou com força sua estimativa para a contração da economia brasileira em 2020 devido aos impactos da pandemia de coronavírus sobre a atividade. mas ao mesmo tempo passou a ver maior crescimento no ano que vem. Na atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global divulgada nesta quarta-feira, o FMI passou a projetar contração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 9,1% neste ano, contra recuo de 5,3% previsto em abril, já calculado por reflexo da pressão das medidas adotadas contra o coronavírus. Se confirmado, seria o pior resultado da série história que começou em 1900. MOREIRA, Camila. Por Covid-19, FMI reduz projeção do PIB do Brasil em 2020 e prevê queda de 9,1%. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/2020/06/24/por-covid-19-fmi-reduz-projeca o-do-pib-brasileiro-em-2020-para-queda-de-9-1>. Acesso em: 14/07/2020. ] [18: 	89% das empresas pernambucanas foram impactadas de forma negativa pela crise motivada pela pandemia do novo coronavírus... A sondagem foi feita com 345 empresários e executivos de todo o Estado, durante o mês de junho, e empreendimentos de 13 setores responderam à pesquisa. Entre as 89% que afirmaram ter impactos negativos, 47% tiveram impactos muito fortes e apenas 6% declararam baixo impacto. JATOBÁ, Matheus. Levantamento aponta que 89% das empresas pernambucanas foram impactadas pela crise. Disponível em: <https://www.folhap e.com.br/economia/levantamento-aponta-que-empresas-pernambucanas-foram-impactadas-pela-c/147060/>. Acesso em: 14/07/2020. ] 
A retração da atividade econômica, com muitas empresas e estabelecimentos comerciais fechados e queda na renda de boa parte da população, já aponta para um cenário de quebra de contratos que precisaser contido, sob risco de se produzir um verdadeiro colapso tanto no Judiciário, que pode, em breve, se ver inundado de ações revisionais, quanto nas chances de recuperação da própria economia a médio prazo. Não há dúvidas de que os desafios que se colocam para enfrentamento da doença estarão presentes também nas relações contratuais, sobrecarregando ainda mais o Judiciário[footnoteRef:19]. [19: 	REIS, Luiz Felipe Perrone dos. Judicialização de contratos e a crise econômica no contexto da pandemia. Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/judicializacao-de-contratos-e-a-crise-economica-no-contexto-da-pandemia/>. Aceso em: 14/07/2020.] 
Diante dos episódios desafiadores para o Poder Judiciário, o intuito será interromper o aprofundamento da crise econômica, assumindo, para tal, o papel de salvaguardar a segurança jurídica, estimulando, sempre, ações de conciliação. Claro que, e, em não sendo possível, o que deve prevalecer é a racionalidade em cada caso concreto, pautada numa jurisprudência coesa e uniforme, pois a discrepância nada mais representa senão a antítese de estabilidade das decisões prolatadas.
Cancelamento de negócios
A quarentena imposta pelos entes públicos e a paralisação das empresas promoveram efeitos avassaladores na economia. Praticamente todo os ramos foram afetados, da indústria de cosméticos a agronegócios, do ramo hoteleiro à construção civil. E o resultado fora o cancelamento e adiamento de muitos negócios já contratados.
Para piorar a conjunção do caos vivido no meio financeiro, lida-se com o fato dos contratos não possuírem, em sua maioria, cláusula de cancelamento de serviço decorrente de epidemias ou em detrimento de saúde pública. Surgem diversas dúvidas acerca da aplicação de multa, obrigatoriedade na devolução do dinheiro, possibilidade de remarcações futuras, reembolso… O cenário se transmudou e o medo de contaminação obrigou o consumidor a interromper os negócios outrora firmados.
A tendência, nesse estágio, é se amparar na legislação. O art. 317/CC, verbi gratia, estipula que, “quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação”[footnoteRef:20]. É um dispositivo que resolve o problema da revisão contratual, dando opções de se manter o negócio firmado, com base nos princípios da probidade e boa fé: amplia-se o leque de fundamentação do juiz, o qual poderá, munido com o manto da função social dos contratos e seus desdobramentos, rever ou por fim ao que foi acordado entre as partes. [20: 	BRASIL. Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406comp ilada.htm>. Acesso em: 14/07/2020.] 
Cabe ressaltar que a negociação é o melhor caminho para se evitar a catástrofe econômica. As remarcações e os adiamentos podem ser valiosos recursos para evitar uma ruína coletiva dos estabelecimentos – partindo do pressuposto de que as empresas estavam com suas atividades paradas, dificilmente terão caixa para reembolsar àqueles que contrataram e que, por ventura, recorrerem ao judiciário solicitando extinção do trato comercial.
E, caso não se chegue a um acordo, é necessário que haja bom senso nas decisões. O meio termo para com os envolvidos precisa ser alcançado e a base será a prudência. A Pandemia é uma realidade que traz perdas e danos para todos, sobretudo para a esfera privada, cabendo, por conseguinte, ao judiciário equilibrar esses dispêndios sempre que uma das partes sofrer todo o ônus pecuniário decorrente deste contexto de caso fortuito e força maior.
Fundado na concepção de alteração de circunstância fática, imprevisibilidade e equilíbrio contratual, o juiz Fernando Bonfietti Izidoro responsabilizou uma agência de turismo a ressarcir, sem descontos e multas, viagem anteriormente programada pela parte autora. Todavia, em estrito combate ao enriquecimento ilícito, negou o pedido de dano moral. Destarte, a Sentença:
A impossibilidade de realização da viagem pelo consumidor, na data escolhida, não poderia obrigá-lo a realizá-la em data diversa, se esta não é a sua intenção, por circunstância a que não deu causa e sob pena de sofrer prejuízos econômicos… De qualquer modo, mostrar-se-ia incabível punir o consumidor por situação que não lhe pode ser imputável, com as mesmas penas que ele sofreria na hipótese de desistência pura, simples e imotivada, em situação de normalidade.. A contratação firmada entre as partes dera-se para a viagem de tal a tal a lugar, com hospedagem por “x” dias, nas datas de partida e desembarque “y” e “z”, afora outras estipulações peculiares ao caso concreto. Se alguma das características do objeto é alterada e esta é substancial ao negócio e a data da viagem é uma delas a imposição ao consumidor de manter a contratação, sob pena de sofrer penalidades financeiras próprias da desistência, afetaria diretamente a sua vontade de contratar, elemento substancial dos negócios jurídicos… Isto posto, aos autores caberá o reembolso dos valores do pacote de viagens contratado perante a ré… Com relação aos danos morais, por sua vez, entendo que o pedido improcede. Como dito acima, a crise atual obriga a um olhar mais atento sobre as circunstâncias. O cancelamento da viagem não poderia, de qualquer modo, ser imputado à ré ou a qualquer dos outros integrantes da cadeia de consumo, como amplamente reconhecido. Logo, lesões a direitos de personalidade daí advindos, ainda que reconhecidos, não seriam indenizáveis por quaisquer destes[footnoteRef:21]. [21: 	BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/abr irDocumentoEdt.do?nuProcesso=1005403-78.2020.8.26.0309&cdProcesso=8L000C5PO0000&cd Foro=309&baseIndice=INDDS&nmAlias=PG5JUN&tpOrigem=2&flOrigem=P&cdServico=190101&acessibilidade=false&ticket=yVL2ye%2BhPo3kHnf%2BfRK3tso7DbaRQP0ciU9v3jTQY9CCy4IUZ bNOKN4F0x YudKlvQX7ibhfPMqKPQ2KLEDaYWn01dlp92%2BGHI0iHgKWVoS2vkQg%2Fd2Uzp%2BGny%2BK%2BYOwE4ZYwx65w7OX4pS93VVORsBZpiHhBJhukReAZVN0TXLT5xLC%2Bl7Y WqFsBQcY0A4oOtB5P1Ka6G%2BR7zn1kzFYodhKOOqQ5BcSCMHwX4GQBQtzagiuvdoviM3eR aav%2FoKkRh6kk3nwCkUFbT%2Bw0IuOdWdzl7p5lGm1s3xPWlRfd04%3D>. Acesso em: 15/07/2020.] 
Fica claro, portanto, que, para o togado, a conjuntura alcançou ambas as partes da lide, não sendo plausível impor a apenas uma a desvantagem. Além do mais, corrobora que a absoluta imprevisibilidade dos efeitos do ato impede uma atribuição de responsabilidade da ré no tocante à indenização moral, não sendo justo cobrar-lhe pelo infortúnio. 
Decretação de Recuperação Judicial e Falência 
Diversas empresas ficarão incapacitadas de efetuar com suas obrigações. Pequenas, médias e grandes empreendimentos não resistirão aos impactos da quarentena. Completados quatro meses de pandemia no Brasil, o comércio em algumas localidades vem abrindo gradativamente, no entanto, aqueles que suportarem os períodos de lockdown, percebem um movimento discreto do consumidor, temeroso em adquirir o vírus, que ainda circula, e cauteloso com o futuro incerto do fluxo da economia mundial.
O prognóstico é calamitoso: comércio não vai bem. Permeia a dúvida de fechar o estabelecimento ou contrair mais dívidas. A Pandemia modificou arduamente a dinâmica da economia e a estimativa é de crescimento do número de pedidos de recuperação e falência. A avalanche desses tipos de ações já é realidade no meio jurídico. Aliás, destaca Renée Pereira:
Depois de quatro meses de pandemia, as empresas começam a sucumbir à falta de caixa e à incapacidade financeira para honrar todas suas dívidas. No mês passado, o número de pedidos de recuperação judicial cresceu 44,6% e o de falências decretadas, 71,3% em relação a igual período de 2019, segundo levantamento da Boa Vista SCPC. A má notícia é que o movimento está apenas no começo e, segundo especialistas, deve se acelerar ao longo deste semestre tanto no número de recuperações judiciais como no de falências[footnoteRef:22].[22: 	PEREIRA, Renée. Crise faz número de falências dar salto de 71,3% em junho e especialistas veem piora. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,crise-faz-numero-de-falencias-dar-salto-de-71-3-em-junho-especialistas-veem-piora,70003363029>. Acesso em: 15/07/2020. ] 
Apesar do expressivo aumento da judicialização atinente ao tema, o atual número de ações protocoladas ainda não condiz com transtorno trazido pelo vírus. As projeções anteriormente ratificadas fixaram queda de 5,3% do PIB, o que significaria o ingresso de dois mil e quinhentos processos no Poder Judiciário[footnoteRef:23]. Infelizmente, como fora ressaltado logo mais, a pressuposição é de um baque de 9%, o que, com certeza, elevará o ajuizamento de pleitos baseados na Lei 11.101/05 [23: 	ANGELO, Tiago. Tribunais podem não dar conta de demandas de recuperação judicial. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-abr-22/tribunais-podem-nao-dar-conta-demandas -recupera cao-judicial>. Acesso em: 15/07/2020. ] 
Vale destacar que esse topo até agora não foi alcançado porque os órgãos judiciais têm realizado alguns procedimentos para abrandar os efeitos econômicos nefastos do momento hodierno. O CNJ, por exemplo, aprovou a recomendação com o desígnio de aprimorar o desempenho do judiciário perante os processos de recuperação e falência[footnoteRef:24]. O TJPE, por sua vez, lançou o Programa Especial de Negociação Empresarial Covid-19 (PNE-Covid19), a fim de acolher qualquer estabelecimento que fora atingido pela Pandemia. Através do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), o empresário e seus credores participam de audiência de conciliação para que, com isso, se renegocie os débitos e o acordo seja homologado. [24: 	O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, na 307ª Sessão Ordinária nesta terça-feira (31/3), orientações para todos os juízos com competência para julgamento de ações de recuperação judicial em decorrência dos impactos dos econômicos do Covid-19. Entre os itens da recomendação estão: priorizar análise de levantamento de valores, suspender assembleias presenciais e ter cautela especial no deferimento de medidas de urgências. BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/recomendacao-trata-de-acoes-de-fale ncia-durante-pandem ia/>. Acesso em: 15/07/2020. ] 
Ademais, contribui para frear a distribuição de processo de recuperação e falência o fato dos credores estarem, em um primeiro momento, postergando invocar o direito à execução de garantia ou cobrança (um dos mecanismos que podem desembocar em uma recuperação judicial). Para esse grupo, mais interessante seria a empresa tentar se reaver financeiramente, seja por meio de incentivos do governo, empréstimos bancários e readequação ao novo normal, que ser litigante em demanda judicial. Optar por uma ação desse porte requer paciência e tempo para o credor. No presente momento, o melhor é negociar. Comungando do mesmo silogismo, Gabriele Chimelo Ronconi, coordenadora jurídica na área de Governança e Recuperação de Empresas do escritório Scalzilli Althaus:
O empresário que decide ingressar com essa medida deve saber que muitos são os desafios que o esperam. Por tratar-se de uma lei ainda muito jovem e sem muitos precedentes de sucesso, traz ainda o estigma de que quando a empresa busca por essa medida recuperatória é porque já está praticamente falida. Essa lógica vem mudando com o passar do tempo, mas o preconceito em relação à recuperação judicial ainda é muito presente. Com isso, após o ingresso no Judiciário, o mercado, na maioria das vezes, se fecha para a empresa, e como consequência, esta perde linhas de crédito, pena com a postura mais dura dos fornecedores que suspendem vendas a prazo e muitas vezes até mesmo à vista, além de sofrer pressão dos credores que foram pegos desprevenidos[footnoteRef:25]. [25: 	RONCONI, Gabriele Chimelo. As armadilhas da recuperação judicial. Disponível em: <https://w ww.migalhas.com.br/depeso/215607/as-armadilhas-da-recuperacao-judicial>. Acesso em 16/07/2020.] 
Apesar dos esforços, a judicialização é inevitável. O isolamento social multiplicou as dificuldades financeiras, aumentando as histórias dos comércios que não resistiram aos rastros de insolvência deixados pela pandemia. Concernirá ao meio jurídico lidar com os seguintes questionamentos: a empresa pode se recuperar ou a falência é a solução? É mais proveitoso para ajudar o estabelecimento recuperá-lo ou extingui-lo? Que credor deverá receber primeiro? Como reduzir o tempo de duração desses longos processos?
Há um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional que tem como escopo a criação de medidas para conter a crise no setor econômico[footnoteRef:26]. O plano basicamente estimula uma conciliação prévia dos envolvidos, antes do ingresso no Poder Judiciário. Também possibilita uma sobrevida às empresas acometidas porque concede ao devedor um prazo de sessenta dias para renegociar as despejas, sem que, nesse interregno de tempo, seja possível a prática de cobranças. Instrumento importante para desafogar a justiça e ainda impedir a recessão econômico-financeira. [26: 	O PL 1397/2020 Institui medidas de caráter emergencial destinadas a prevenir a crise econômico-financeira de agentes econômicos; e altera, em caráter transitório, o regime jurídico da recuperação judicial, da recuperação extrajudicial e da falência. BRASIL. Câmara dos Deputados. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=224 2664>. Acesso em: 16/07/2020.] 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia instalada pelo novo Coronavírus é uma realidade que impactou as esferas público e privada, individual e coletiva. A disseminação do contágio não respeitou fronteiras ou status sociais. Em curto prazo de tempo, os hospitais ficaram superlotados, não havendo médicos e enfermeiros para dar conta do número de pacientes que chegavam a cada minuto.
Tentando frear a adversidade, os governos passaram a adotar esquemas de isolamento social e quarentenas mais rígidas. Para tal, decretaram o fechamento de comércio e estabelecimento não essenciais. Apenas o que era relativo a alimentação e fármacos receberam permissão para funcionar. O resultado foi uma recessão que não se via desde 2008, com altas taxas de desemprego, negócios desfeitos e quebra de diversas empresas.
Em meio a todo o caos, vários conflitos surgiram e estão sendo levados ao Poder Judiciário, aumentando o grau de judicialização. Por ser um país que, em condições normais, já se destaca pelo alto índice de protocolamento de demandas, terá que superar a morosidade do sistema para que, com isso, se possa efetivar a estabilidade e segurança jurídica.
Na temática sanitária, o intento será alinhar-se à gestão pública. Partindo do pressuposto de que o recurso da saúde é limitado e que a falta de estrutura é uma realidade, o julgador, antes de mais nada, deve entender que foi montado um planejamento de programas pelo Executivo e o exacerbado número de liminares e Bacenjuds afetam esses prospectos.
No mais, há a problemática de favorecer o individual em detrimento do coletivo, ensejando ilegalidade, no momento em que privilegia àqueles que recorreram à Justiça e obtiveram, por exemplo, uma vaga súbita, em detrimento daquele que aguarda na fila de espera. Nessas circunstâncias, um olhar mais atento vai perceber que a sentença preferida não cumpriu o direito constitucional à saúde, e sim garantiu privilégios e contribuiu para uma desorganização administrativa.
Em relação à economia, o percalço concernirá na aplicação da razoabilidade para mitigar o ânimo das partes envolvidas. O juiz deve atentar para a função social do contrato e impedir que apenas um lado arque com todo o ônus. A estratégia pode ser a repactuação dos contratos, reconstituindo a paridade econômico-financeira, dando ao devedor oportunidade para quitar os pagamentos pendentes.
Para além do obstáculo no tocante ao descumprimento das transações, tem-se a inadimplência empresarial, atributopreliminar para se instaurar a recuperação judicial. Isso para as médias e grandes instituições; os microempreendimentos, compete evidenciar, diante dos elevados custos, acabam abaixando as portas e decretando falência.
Defronte a este cenário instabilidade e incerteza, o Poder Judiciário pode ser uma ferramenta para interromper a crise sanitária e econômica, mediante análise prudente do fato concreto. É necessário que a jurisprudência seja uniforme, pois ela é fonte de Direito que opera como parâmetro para o magistrado em demandas semelhantes, evitando que haja discrepância de interpretação de matéria forense, enaltecendo a segurança jurídica e, por consequência, despersuadindo o ingresso em juízo.
Buscar meios alternativos de solução de conflitos, como a mediação e conciliação, também é alternativa. Por intermédio da tecnologia, a custo baixo, é possível sanar a lide, e ainda respeitar o distanciamento social, sobretudo em uma época em que os fóruns estão fechados ao público e os servidores, trabalhando remotamente: a vantagem de uma negociação pactuada, via internet, é a resposta rápida para o problema, utilizando-se de aplicativos populares, como o Whatsapp ou mesmo videoconferência.
5 REFERÊNCIAS
ANGELO, Tiago. Tribunais podem não dar conta de demandas de recuperação judicial. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-abr-22/tribunais-podem-na o-dar-conta-demandas-recupera cao-judicial>. Acesso em: 15/07/2020. 
ASPIS, Mauro Eduardo Vichnevetsky. STF se posiciona sobre fornecimento pela Justiça de remédio sem registro na Anvisa. Disponível em: <https://www.conjur.co m.br/2019-ago-13/stf-posiciona-fornecimento-remedios-registro #author>. Acesso em 12/07/2020. 
BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Média de permanência UTI adulto. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/images/stories/prestadores/E-EFI-07. pdf>. Acesso em: 04/07/2020.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/prop osicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=224 2664>. Acesso em: 16/07/2020.
BRASIL. Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 14/07/2020.
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BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 05/07/2020.
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BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/pa stadigital/abrirDocumentoEdt.do?nuProcesso=1005403-78.2020.8.26.0309&cdProce sso=8L000C5PO0000&cdForo=309&baseIndice=INDDS&nmAlias=PG5JUN&tpOrigem=2&flOrigem=P&cdServico=190101&acessibilidade=false&ticket=yVL2ye%2BhP o3kHnf%2BfRK3tso7DbaRQP0ciU9v3jTQY9CCy4IUZbNOKN4F0xYudKlvQX7ibhfP MqKPQ2KLEDaYWn01dlp92%2BGHI0iHgKWVoS2vkQg%2Fd2Uzp%2BGny%2BK% 2BYOwE4ZYwx65w7OX4pS93VVORsBZpiHhBJhukReAZVN0TXLT5xLC%2Bl7YWq FsBQcY0A4oOtB5P1Ka6G%2BR7zn1kzFYodhKOOqQ5BcSCMHwX4GQBQtzagiuv doviM3eRaav%2FoKkRh6kk3nwCkUFbT%2Bw0IuOdWdzl7p5lGm1s3xPWlRfd04 %3D>. Acesso em: 15/07/2020.
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