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Victoria Chagas SISTEMA DOPAMINÉRGICO A dopamina (DA) é um neurotransmissor catecolamínico que atua como alvo terapêutico para alguns dos distúrbios importantes do sistema nervoso central (SNC), incluindo a doença de Parkinson e a esquizofrenia. É um precursor dos outros neurotransmissores → norepinefrina e a epinefrina. A doença de Parkinson é um distúrbio de movimento progressivo, degenerativo. Os sintomas são causados pela degeneração de neurônios produtores de dopamina na substância negra. As intervenções farmacológicas atualmente utilizadas na doença de Parkinson visam, em sua maioria, à restauração dos níveis de Dopamina no cérebro. Produzida principalmente na substância negra do cérebro Mais abundante no corpo estriado e em partes do córtex frontal, sistema límbico e hipotálamo. Ela é responsável por controlar a memória, o humor, a cognição, o aprendizado, alguns dos nossos movimentos e também pode ser considerado o principal neurotransmissor inibitório da prolactina o Via nigroestriatal → se projeta da substância negra do mesencéfalo até os núcleos da base (Importante no controle motor) o Vias mesolímbica/mesocortical → surge na parte anterior da área tegmental ventral e segue até o núcleo accumbens e áreas corticais límbicas - Envolvidas na emoção e na sensação de recompensa - Pode ser modulado por drogas o Neurônios túbero-hipofisários → seguem do hipotálamo até a hipófise - Regulam as secreções do hipotálamo e da hipófise SÍNTESE E ARMAZENAMENTO Através do aminoácido tirosina (peixes, abacate, nozes) sendo que uma pequena dose pode ser sintetizada no fígado pela fenilalanina. Tirosina é transportada para dentro de neurônios adrenérgicos → Hidroxilação da tirosina pela enzima tirosina hidroxilase produzindo DOPA → Descarboxilação da DOPA (hi-hidroxi- fenilalanina) pela DOPA descarboxilase produzindo dopamina Nos neurônios dopaminérgicos, o produto da via de síntese das catecolaminas é a dopamina Nos neurônios adrenérgicos, a dopamina é convertida em noradrenalina pela B-hidroxilase e essa noradrenalina pode ser convertida em adrenalina. Victoria Chagas LIBERAÇÃO, RECAPTAÇÃO E DEGRADAÇÃO Nos neurônios dopaminérgicos, a DA sintetizada é empacotada em vesículas secretoras pelo transportador vesicular de monoaminas (VMAT). Em adrenérgicas/noradrenérgicas, a DA não é empacotada e sim convertida em NE A DA liberada na sinapse está sujeita a eliminação por transporte (recaptação) ou degradação. O transportador que leva a DA de volta a célula é o DAT A degradação da DA ocorre primariamente pela MAO (principalmente a MAO-B) celular localizada em elementos pré e pós-sinápticos, ou até mesmo pela COMT. COMT e MAO degradam a DA a ácido homovanílico, que é excretado na urina. RECEPTORES É dividida em 2 famílias: D1 e D2 com base no perfil efetuador-acoplamento São todos metabotrópicos → acoplados a proteína G A ativação de receptores D1 leva à liberação do hormônio paratireóideo. A ativação dos receptores D2 leva a uma inibição de noradrenalina em neurônios adrenérgicos, inibição de aldosterona nas células da adrenal, inibição de prolactina na neurohipófise e da renina nas células justaglomerulares. o FAMÍLIA D1 - Consistem dos subtipos de receptor D1 e D5 - Ambos se acoplam a proteína G para estimular AMPc - São despolarizantes → excitatória (↑ segundo mensageiro) - Receptor D1 é encontrado no SNC, rins, retina e sistema cardiovascular. - Receptor D5 são expressos na substância negra, hipotálamo, estriado, córtex cerebral, núcleo acumbente e tubérculo olfatório. o FAMÍLIA D2 - Contém os receptores D2, D3, D4. - Todos diminuem a produção intracelular de AMPc - São hiperpolarizantes → inibitórios (↓ segundo mensageiro) - Receptor D2 se expressa por todo o cérebro - D3 é menos abundantes e se expressa só nas regiões límbicas do cérebro - D4 se expressam em abundância na retina. Também no tálamo, córtex pré- frontal, amígdala e hipófise. Victoria Chagas RELAÇÃO COM DISTÚRBIOS DO SNC o DOENÇA DE PARKINSON - A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa do SNC, crônica e progressiva. - É causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, a qual ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática, ou seja, não precisamos pensar em cada movimento que nossos músculos realizam, graças à presença dessa substância. - Na falta dela, particularmente numa pequena região encefálica chamada substância negra, o controle motor do indivíduo é perdido, ocasionando sinais e sintomas característicos - O quadro clínico basicamente é composto de quatro sinais principais: tremores; acinesia ou bradicinesia (lentidão e diminuição dos movimentos voluntários); rigidez (enrijecimento dos músculos, principalmente no nível das articulações); instabilidade postural (dificuldades relacionadas ao equilíbrio, com quedas frequentes). O tratamento/alvos farmacológicos envolve formas de aumentar o nível de dopamina nos pacientes com a doença - Precursores de dopamina: o precursor imediato da dopamina, L-DOPA, é rapidamente transportado através da BHE. Uma vez no SNC, a L-DOPA é convertida em dopamina. - Agonista de receptor de dopamina: utilizam diretamente como alvo o receptor de dopamina pós-sináptico. Podem ser seletivos ou não. - Inibidores da degradação de dopamina: os inibidores tanto MAO (principalmente a MAO-b) como COMT são utilizados como adjuvantes na prática clínica. – Ação indireta (não age diretamente no receptor). o ESQUIZOFRENIA - A esquizofrenia é uma das desordens mentais mais comuns, causando sintomas de psicose (incapacidade de distinguir a realidade da imaginação), como alucinações e delírios. - Em geral, a doença tem início no final da adolescência ou início da vida adulta. Ela ocorre em cerca de 1% da população e é um transtorno crônico e incapacitante. A esquizofrenia tem forte componente genético e provavelmente reflete alguma anormalidade bioquímica fundamental, possivelmente uma disfunção das vias neuronais dopaminérgicas mesolímbicas ou mesocorticais. - Pesquisas anteriores já associaram a doença com níveis muito altos de dopamina em uma região do cérebro conhecida como corpo estriado. - A hipótese de dopamina da psicose derivou da descoberta de que alguns medicamentos apresentavam propriedades antipsicóticas terapêuticas na esquizofrenia ao diminuir a neurotransmissão dopaminérgica. Victoria Chagas ANTIPSICÓTICOS Os fármacos antipsicóticos são usados principalmente para tratar esquizofrenia, mas também são eficazes em outros estados psicóticos e estados de mania. O uso de medicação antipsicótica envolve o difícil limite entre o benefício de aliviar os sintomas psicóticos e o risco de uma ampla variedade de efeitos adversos perturbadores. Os antipsicóticos não são curativos e não eliminam o transtorno crônico do pensamento, mas com frequência diminuem a intensidade das alucinações e ilusões, permitindo que a pessoa com esquizofrenia conviva em um ambiente de apoio. Os antipsicóticos são divididos em primeira e segunda gerações. A primeira geração é subdividida em potência baixa e potência alta. Essa classificação não indica a eficácia clínica dos fármacos, mas especifica a afinidade pelo receptor da dopamina D2 que, por sua vez, pode influenciar o perfil de efeitos adversos do fármaco. Os antipsicóticos antigos (mais comumente a proclorperazina) são úteis no tratamento da náusea causada por fármacos. ANTIPSICÓTICOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO/TÍPICOS/NEUROLÉPTICO São inibidores competitivos em vários receptores, mas seus efeitos antipsicóticos refletem o bloqueio competitivo dos receptores D2 da dopamina. Os antipsicóticos de 1ª geração são os principais causadores dos sintomas extrapiramidais ANTIPSICÓTICOS DE SEGUNDA GERAÇÃO/ATÍPICOS Antagonistas de receptores serotoninérgicos (5-HT2) e dos receptores dopaminérgicos (D2) → antagonizam o D2 menos em relação à 1º geração → menos efeitos piramidais Possui menor incidência de sintomas extrapiramidais do que os de primeira geração, mas são associados com maior risco de efeitos adversos metabólicos, como diabetes, hipercolesterolemia e aumento de massa corporal. Os fármacos de segunda geração são usados como tratamento de primeira escolha contra esquizofrenia para minimizar o risco de SEP debilitante, associado com os de primeira geração, que atuam primariamente no receptor D2 da dopamina. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIPSICÓTICOS o Antagonismo da dopamina: Todos os antipsicóticos de primeira e a maioria dos de segunda geração bloqueiam os receptores D2 da dopamina no cérebro e na periferia. o Atividade bloqueadora do receptor de serotonina: A maioria dos fármacos de segunda geração parece exercer parte da sua ação singular pela inibição de receptores de serotonina, em particular 5-HT2A. Victoria Chagas EFEITOS ADVERSOS Efeitos adversos de antipsicóticos ocorrem em praticamente todos os pacientes e são significativos em cerca de 80%. Os antipsicóticos de primeira geração são os que mais provavelmente causam transtornos de movimento conhecido como sintomas extrapiramidais (SEPs). o Efeitos extrapiramidais - No estriado, os efeitos inibitórios dos neurônios dopaminérgicos normalmente são equilibrados pelas ações excitatórias dos neurônios colinérgicos. O bloqueio dos receptores de dopamina altera esse equilíbrio, causando um excesso relativo da influência colinérgica, que resulta em efeitos motores extrapiramidais: → Acatisia/agitação: sentimento de inquietação muscular intensa; forte desejo de se mover. → Distonia aguda: espasmos musculares dolorosos prolongados. → Discinesia tardia: Os pacientes exibem movimentos involuntários e repetitivos, incluindo movimentos faciais e bilaterais da mandíbula e movimentos de “caça à mosca” com a língua. → (Síndrome de Parkinson) Parkinsonismo: falta de expressividade, marcha arrastada, rigidez muscular, bradicinesia/acinesia, tremor de repouso e instabilidade postural. → Síndrome neuroléptica maligna: início agudo de hipertermia, rigidez muscular, tremores, taquicardia, sudorese – efeito mais raro, mas quando acontece geralmente é fatal.
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