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LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA FISIOLOGIA DA TIREOIDE • Unidade funcional da tireoide: folículo • Dentro do folículo tem o coloide e dentro dele tem a tireoglobulina • Tireoglobulina: glicoproteína produzida no folículo; formada por resíduos de tirosina (permite o acoplamento do iodo e a formação dos hormônios tireoidianos) • Hormônios tireoidianos: T3: triiodotironina T4: tetraiodotironina ou tiroxina 1 → Dentro do folículo ocorre transporte ativo do iodeto (importância do iodo) 2 → Oxidação pela enzima peroxidase: Iodeto → Iodo elementar 3-5 → Organificação (iodo se liga aos resíduos de tirosina) formando: Monoidotirosina (MIT) e Diidotirosina (DIT) → MIT + DIT = T3 → DIT + DIT = T4 6: proteólise da tireoglobulina • AntiTPO age na peroxidase • 99% do T4 e T3 após liberados se ligam a proteínas de forma reversível: TBG (proteína ligadora de tiroxina) e albumina (apenas 1% dos hormônios se ligam a fração livre que é a ativa) • Fração livre metabolicamente ativa: é a forma livre do hormônio que penetra nas células-alvo e executa a função tireoidiana. É também a forma regulada pelo eixo hipotálamo- hipofisario. A fração livre não varia com os niveis de proteína transportadora nem com a afinidade de ligação proteica do hormônio • A tireoide produz 100% de T4 e apenas 20% de T3 circulante • 80% do T3 é por um processo de formação do T4 em T3 pela enzima desiodinases • T3: maior afinidade biológica (afinidade 10-30x maior pelos receptores das células) • Drogas como os salicilatos, a fenitoína, a fenilbutazona, o diazepam e a heparina podem deslocar o T4 da TBG, reduzindo os níveis de T4 LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA total. O T4 livre pode estar falsamente elevado com o uso de fenitoina e do propiltiouracil EIXO HIPOTÁLAMO- HIPÓFISE-TIREOIDE • TSH: hormônio tireoestimulante • TRH: hormônio liberador de tireotrofina • Mecanismo de regulação do eixo: • O TSH é o melhor indicador de alterações discretas da produção hormonal da tireoide, porque pequenas oscilações “dentro do valor de referência” no T3 e T4 já alteram o TSH por feedback. É uma condição subclínica, hipo ou hipertireoidismo subclínico, o paciente não tem muita clínica • Exame de rastreio para função tireoidiana: TSH EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS • ACV: aumenta a contratilidade do miocárdio, aumenta FC (altera o nó sinoatrial) • TGI: aumenta motilidade com hiper defecção • Ossos: crescimento e maturação óssea, aumenta a remodelação óssea (aumento de osteoblasto e osteoclasto, sendo por isso uma causa de osteoporose) LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA • Sistema neurológico: desenvolvimento SNC fetal, alerta mental • Sistema endócrino: aumenta a degradação de LDL (causa secundaria de aumento de LDL, precisa corrigir a doença de base) • Geral: catabolismo, termogênese • Ocorre uma falsa perda de peso, porque o paciente perde massa muscular e não gordura HIPERTIREOIDISMO • Excesso de produção e secreção do hormônio tireoidiano pela glândula tireoide • Mais comum é a doença de Basedow-Graves • Diferente de tireotoxicose, que é excesso de hormônio tireoidiano circulante, pela tireoide, ingestão de hormônio ou tecido tireoidiano ectópico • Nem toda tireotoxicose é hipertireoidismo! SINAIS E SINTOMAS DE TIREOTOXICOSE o Nervosismo o Sudorese o Intolerância ao calor o Palpitação o Cansaço o Perda de peso (musculo) o Fraqueza o Aumento de apetite o Habito intestinal aumentado o Taquicardia o Tremor o Sinais oculares o Fibrilação atrial em idosos o Dispneia CAUSAS DE HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO o Doença de graves: 80% das tireotoxicoses o Bócio multinodular toxico: vários nódulos que ganharam autonomia e passaram a produzir HT o Adenoma toxico (Doença de Plummer): único lóbulo produtor de hormônio o Adenoma secretor de TSH o Carcinoma metastático de tireoide CAUSAS DE TIREOTOXICOSE SEM HIPERTIREOIDISMO o Tireoidite silenciosa o Tireoidite subaguda: folículos tireoidianos são rompidos o Ingestão de hormônio tireoidiano (tireotoxicose factícia) o Amiodarona, infarto de um adenoma ou radiação CAUSAS DE HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO o Adenoma hipofisário secretor de TSH o Síndromes de resistência ao hormônio tireoidiano o Tumores secretores de gonadotrofina coriônica (mola hidatiforme; coriocarcinoma) o Tireotoxicose gestacional DOENÇA DE GRAVES o Mais em mulheres (3%) que em homens (0,5%) o Comum no adulto jovem o Predisposição familiar o Fatores de risco: suscetibilidade genética, infecção, estresse, gênero, gravidez, iodo e medicamentos e exposição a radiação o Qualquer paciente com bócio difuso e hipertireoidismo tem DG ate que se prove o contrario LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o Bócio difuso associada a 2 ou +: ▪ Hipertireoidismo ▪ Orbitopatia ou oftalmopatia ▪ Dermatopatia/Mixedema Pré-tibial ▪ Acropatia (baqueteamento digital) o Doença autoimune o Produção de imunoglobulinas que se ligam ao receptor de TSH (TRab – anticorpo antirreceptor de TSH estimulante): promove secreção de HT e crescimento da glândula o Anticorpo anti-tireoperoxidase (AntiTPO) e na- tireoglobulina (AntiTG): também encontrados MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS o O paciente (geralmente uma mulher jovem ou de meia-idade) relata uma história (geralmente de longa data) de insônia, cansaço extremo, agitação psicomotora, incapacidade de concentração, nervosismo, dificuldade em controlar emoções, agressividade com membros da família ou colegas de profissão sudorese excessiva, intolerância ao calor, hiperdefecação (aumento do número de evacuações diárias) e amenorreia ou oligomenorreia o Pele quente e úmidas; tremor fino de sustentação nas extremidades superiores, os cabelos caem ao simples passar de um pente o Hipertensao sistólica, pressão de pulso alargada e taquicardia sinusal o Atrofia e fraqueza muscular (miopatia) e desmineralização óssea (osteopatia), hipercalcemia, hipercalciúria e elevação da fosfatase alcalina podem está presentes BÓCIO DIFUSO TÓXICO o Inspeção: avaliar simetria, tamanho o Palpação da tireoide: ▪ Localização: tópica ou não ▪ Consistência: fibroelástica ▪ Sensibilidade: indolor ▪ Superfície: lisa ou presença de nódulos ▪ Mobilidade ▪ Frêmito pode está presente ▪ Lembrar de palpar todas as cadeias cervicais de linfonodos o Ausculta: sopros podem existir. Lembrar de auscultar artérias carótidas e subclávias o Percussão em casos de bócio mergulhante: som maciço (normal é claro pulmonar). Se tiver duvida faz Sinal de Pemberton e o diagnóstico final é por exame de imagem o Técnica de palpação: abordagem anterior e posterior o Frêmitos e sopros na tireoide são exclusivos da DG OFTALMOPATIA DE GRAVES o Pode ocorrer antes, durante ou após o desenvolvimento do hipertireoidismo e com curso clínico independente do hipertireoidismo o Exoftalmia ou proptose bilateral, olhar fixo, retração palpebral levando à exposição da esclera acima da margem superior do limbo, edema periorbitário, edema e hiperemia conjuntival e, eventualmente, oftalmoplegia o Exoftalmia: protusão do globo ocular, exclusivo da DG (deposição de glicosaminoglicanos – não é reversível) LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o Orbitopatia: inflamação e edema da musculatura ocular extrínseca e gordura orbital além da exoftalmia, com proptose, acometimento de mm extra-ocular e compressão do nervo óptico o Quadro clínico: irritação, sensação de corpo estranho, olho seco, ceratite com ulcera de córnea, diplopia e visão embaçada o Olhar assustado = Retração palpebral, tremor palpebral (sintoma adrenérgico, comum em qualquer tireotoxicose). É reversível o Diante de um paciente com oftalmopatiaunilateral, estamos obrigados a solicitar um exame de imagem do crânio para afastar causas locais de acometimento ocular unilateral, como tumores oculares, aneurisma de carótida interna, entre outros o O tabagismo é um fator clássico de piora da oftalmopatia o Tratamento das formas brandas: colírio de metilcelulose, pomadas oftálmicas para oclusão noturna dos olhos e uso de óculos escuros. Cabeceira elevada durante o sono e suplementação oral com selênio o Formas graves: corticoide VO ou IV em forma pulsos. Prednisona 1mg/kg/dia ou Metilprednisolona IV em pulsos: 500mg IV por 3 dias consecutivos em 3 semanas. Rituximab por injeção retroauricular em pacientes refratários MIXEDEMA PRÉ-TIBIAL o Manifestação tardia, rara 5-10% o Geralmente em associação com oftalmopatia moderada a grave e acropaquia (baqueteamento digital) LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o Edema não depressível, por acumulo de mucopolissacarídeos (substância hidrofílicas), parece uma casca de laranja só que de coloração violácea, em geral em áreas de trauma o Nódulo e placas: forma crônica o TTO: glicocorticoide tópico de alta potencia UNHAS DE PLUMMER o Descolamento do leito ungueal EXAME FÍSICO o Inspeção: olhar assustado, edema palpebral o Borda visível da esclera entre a pálpebra superior e a margem superior da íris durante o olhar para baixo (lid lag) → O globo ocular acompanha o dedo do examinador, mas a pálpebra não o Lid lag ocorre em qualquer tireotoxicose o Sinais de inflamação da conjuntiva o Paralisia da musculatura ocular extrínseca DIAGNÓSTICO o Quadro clínico o Dosagem de TSH e T4 livres o TSH deve está suprimido e T4 livre aumentado o T3 total ou livre vai está elevado sempre no hiper LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o T3 livre quando o TSH está suprimido e o T4 livre normal e somente no hipertireoidismo o TRAb + o Cintilografia: captação da tireoide aumentada (hipercaptação), útil para diagnóstico diferencial. A captação vai está diminuída na tireotoxicose factícia e tireoidite subaguda o USG da tireoide: hipervascularização difusa da glândula no doopler, seguimento de tamanho e existência de nódulos NORMAL: DG: BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO o Captação e mapeamento da tireoide o Vários nódulos que concentram o radiofarmaco, mostrando que ganharam autonomia para produzir os hormônios LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o Bócio de longa duração o Acomete mais idosos o Quadro clínico mais leve o Não tem oftalmopatia o Anticorpos antitireoidianos negativos o TSH suprimido e T3 e T4 elevados o Pode ter olhar assustado, mas oftalmopatia não ADENOMA TÓXICO o Doença de Plummer o Cintilografia da tireoide: somente um nódulo captando TRATAMENTO USO DE DROGAS ANTITIREOIDIANAS o Tionamidas: Metimazol (Tapazol) e Propiltiouracil o Ação: inibição da síntese de T4 e T3 dentro das células foliculares, por interferirem na organificação (formação de MIT e DIT) e no acoplamento (junção de MIT e DIT): bloqueio da peroxidase tireoidiana o Não inibem a captação do iodo pela tireoide nem afetam a liberação dos hormônios já sintetizados e estocados dentro da glândula: efeito terapêutico pleno após cerca de 10 a 15 dias de início do uso o Metimazol: 10 a 30 mg/dia dose única ▪ Dose de ataque (4-8 semanas): 40 mg/dia em 1-2 tomadas ▪ Manutenção: 5 a 20 mg/dia em 1 tomada o Propiltiouracil: 100mg 3x/dia ▪ Dose de ataque (4-8 semanas): 300 a 600 mg/dia em 3 tomadas ▪ Manutenção: 100 a 400 mg/dia em 2 tomadas (possui MV de 1,5h) o Após o inicio do tto, os pacientes devem ser avaliados a cada 4 a 6 semanas, podendo aumentar a dose com o tempo. O Tapazol pode chegar a 60mg/dia o Eutireoidimo: a dose deve ser reduzida ate que se obtenha a menor dose que mantenha os pacientes eutireoideos o Efeitos colaterais surgem nos primeiros 3-6 meses: o Agranulocitose é potencialmente fatal caso o fármaco seja mantido. Os sintomas da agranulocitose geralmente estão relacionados com infecções da orofaringe (dor de garganta e/ou febre) o A hepatotoxicidade induzida por MMI é frequentemente colestática, enquanto o uso de PTU tem sido associado com lesão hepatocelular, incluindo hepatite fulminante LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA ASSOCIAÇÃO A BETA-BLOQUEADORES o Associar no inicio do tto com as tionamidas para controle dos sintomas adrenérgicos da tireotoxicose. Além disso, o propranolol inibe a conversão periferica de T4 em T3 o Propranolol 40 a 120 mg/dia em duas ou três doses o Atenolol 50-500 mg/dia o Indicação: idosos com tireotoxicose sintomática ou FC repouso > 90 bpm ou doença cardiovascular existente o Rápido efeito: nervosismo, insônia, taquicardia, palpitações, tremor, sudorese o Bloqueiam a conversão periférica de T4 em T3 IODO RADIOTIVO (131 I) o VO, em solução ou capsulas o Melhor custo beneficio o Dose: 10, 12, 15, 20 mci o Solução mais rápida e definitiva o Dose para DG é <30 mci dose única e pode ir para casa, a única recomendação é não ter contato com gravidas e crianças nem compartilhar copos. O efeito ocorre em 4 a 6 meses da tomada e até ocorrer precisa da tionamida o Efeitos colaterais: tireoidite actinica transitórias (dor na região cervical anterior por 3 a 4 semanas e exacerbação do quadro de hiper) e hipotireoidismo o Contraindicação: gravidas e amamentação TIREOIDECTOMIA o Principais indicações: ▪ Pacientes que não controlam a doença com tionamidas que recusem ▪ Doença com bócios volumosos não controlada pelas tionamidas ▪ Pacientes com suspeita de terem uma neoplasia tireoidiana associada ▪ Desejo da paciente em engravidar dentro de 6 meses ▪ Casos de hiperparatireoidismo primário associado ▪ Como segunda opção, em crianças e adolescentes não responsivos as tionamidas ou que recidivaram após o uso delas o Preparo para DG por ser alto risco pela hipervascularização da glândula: 10 dias que antecedem a cirurgia faz iodeto de potássio ou solução de lugol para reduzir a vascularização da tireoide o Complicações: hipocalcemia e lesão dos nervos laringeorecorrentes ou laríngeo superior HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO SUUBCLÍNICO: QUANTO TRATAR? o Hiper na forma clínica: todo mundo vai ser tratado o Hiper na forma subclínica: precisa avaliar < > Tratar Considerar tratar < Tratar Considerar tratar < Considerar tratar Observar HIPOTIREOIDISMO • Deficiência na produção de hormônios tireoidianos • É uma doença de diversas etiologias em que a glândula tireoide não é capaz de secretar quantidades adequadas de HT • Hipotireoidismo grave na infância sem tratamento adequado: cretinismo • Lentificação generalizada do metabolismo • Primário: falência tireoidiana • Secundário: falência hipofisária – deficiência de TSH • Terciário: deficiência hipotalâmica de TRH LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA • Fatores de risco: idade (>65 anos), sexo feminino , puerpério, historia familiar, irradiação previa de cabeça e pescoço, doença autoimunes (vitiligo, DM1, anemia perniciosa), amiodarona, lítio, tionamidas e INF-alfa, síndromes de Down e Turner, dieta pobre em iodo e infecção crônica pelo HCV CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA o Primário: TSH elevado e T4L baixo ▪ Acomete a glândula ▪ Congênito ou adquirido ▪ Principal causa é a tireoidite autoimune de Hashimoto ▪ Pós cirurgia ▪ Radioiodo ▪ Induzido por drogas: tionamida, amiodarona o Central: o TSH encontra-se baixo ou inapropriadamente normal, em face de um T4 livre que está sempre baixo → RNM da sela túrcica ▪ Secundário: acomete a hipófise ▪ Terciário: acomete o hipotálamo ▪ Tumores hipotalâmicos e hipofisários ▪ Doenças infiltrattivas e inflamatórias ▪ Irradiação SÍNDROME DE SHEEHAN o Causaclássica de hipo central o A necrose hipofisária que pode surgir no contexto da hemorragia pós-parto grave o Faz parte das alterações fisiológicas do organismo materno a hipertrofia e consequente aumento na vascularização da adeno-hipófise. Se no período periparto surgirem complicações graves, como o choque circulatório de qualquer natureza (ex.: hemorragia volumosa, sepse puerperal) o tecido hipofisário estará mais propenso a sofrer infarto isquêmico, dada a sua demanda perfusional aumentada o Esta é a explicação para a curiosa propensão ao surgimento de infarto hipofisário especificamente neste período (síndrome de Sheehan). LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA TIREOIDITE DE HASHIMOTO o Mais comum o Tireoidite crônica linfocítica o Doença autoimune caracterizada por infiltrado linfocítico e fibrose (tireoide dura e reduzida de tamanho) o Característica: anticorpos antitireoidianos circulantes: ▪ Anti-TPO ▪ Anti-TG: anti-tireoglobulina o Predisposição genética o Ocorre em outras doenças autoimunes o Mulheres > Homens QUADRO CLÍNICO o Clinicamente, no momento do diagnóstico, o paciente pode estar eutireoidiano (2/3), apresentar franco hipotireoidismo (1/3) ou, paradoxalmente, expressar sinais e sintomas de leve tireotoxicose (a chamada hashitoxicose – observada numa pequena parcela dos casos)! A hashitoxicose NÃO é “hipertireoidismo”. Na verdade, ocorre liberação de hormônio pré-formado quando da destruição dos folículos tireoidianos, sem que haja estímulo funcional sobre a glândula. Pode haver discreto bócio indolor (pela infiltração inflamatória crônica), mas em geral a tireoide está atrófica o Pele seca o Pele áspera o Letargia o Fala lenta o Edema palpebral o Sensação de frio o Sudorese diminuída o Pele fria o Língua grossa: macroglossia o Fraqueza o Edema facial o Cabelos ásperos o Palidez cutânea o Déficit de memoria o Constipação intestinal o Ganho de peso (no máximo 5 kg) o Queda de cabelos o Dispneia o Edema periférico o Rouquidão ou afonia o Anorexia o Nervosismo o Menorragia o Palpitações o Surdez o Dor precordial o O paciente ganha peso na balança porque está inchado, não porque depositou gordura DIAGNÓTICO o Quadro clínico o Dosagem de TSH e T4 livre o Não dosa T3 livre! o Anticorpos anti-TPO + o USG pouco auxilia: tireoidite heterogênea pela autoagressão dos anticorpos o Cintilografia: sem utilidade LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o O TSH é o melhor indicador de alterações discretas da produção hormonal da tireoide TRATAMENTO o Levotiroxina (T4) VO dose única diária pela manhã 30 a 60 minutos antes do desjejum, visto que a alimentação pode reduzir a absorção da medicação 6 a 10 4 a 6 3 a 5 2 a 4 1,6 a 1,8 > 1,6 o Não pode tomar com nenhum medicamento. Cuidado com omeprazol (deve ser tomado 1 hora após) porque precisa da acidez para absorção. o Evitar mudar de marcas, apenas se na nova dosagem não tiver da marca anterior o Em pacientes > 65 anos de idade, coronariopatias ou hipo grave de longa duração, deve-se iniciar a reposição da LT4 com 12,5 a 25 ug/dia, reajustando a dose em 12,5 a 25 ug/dia, a intervalos de 15 a 30 dias. Porque o paciente não tem reserva cardíaca para aguentar a dosagem no coração COMO AVALIAR A RESPOSTA AO TRATAMENTO? o Hipotireoidismo primário: ▪ A resposta ao tratamento deve ser dosado TSH após 6 semanas, é o tempo mínimo e ideal para que se observe uma resposta plena do TSH ao tratamento ▪ Caso o TSH persista elevado deve aumentar a dose de Levotiroxina em 12,5 a 25 ug/dia até que se consiga sua normalização. Se a dose tiver em excesso reduz de 12,5 a 25 ug/dia também ▪ Metas: 1 a 2,5 3 a 4 > 4 a 6 o Hipotireoidismo central: ▪ Nunca avaliar pelo TSH porque não produz ▪ A resposta ao tto é com a dosagem de T4 livre ▪ Meta: manter T4 livre no terço superior da faixa de normalidade (referência do laboratório) ▪ No caso de hipotireoidismo central, o controle da dose de levotiroxina deve ser feito pelos níveis de T4 livre no sangue! Uma vez atingida a dose de manutenção, a reavaliação da função tireoidiana pode ser feita a cada 6 ou 12 meses ANTES DE AUMENTAR A DOSE QUESTIONAR o Adesão ao tratamento: toma todos os dias? o Tomada correta: jejum? Aguarda o tempo correto para se alimentar? LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o Mudança de marcas? o Doenças disabsortivas: pós bariátrica, doença celíaca, intolerância a lactose o Uso de medicamentos: omeprazol? Antiácidos? HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO SUBCLÍNICO: QUANDO TRATAR? o TSH≥10: sempre tratar o TSH 4,5-9,9: ver idade do paciente, se >65 anos não tratar < > Não tratar pacientes assintomáticos Não tratar Considerar tratar pacientes sintomáticos (teste terapêutico com levotiroxina) e risco de progressão ao hipoF (aTPO + e aumento progressivo de TSH) Considerar tratar pcts sintomáticos, risco de progressão ao hipoF, DCV preexistente, risco CV elevado Não tratar > Tratar Tratar o Existem condições em que pode ocorrer aumento do TSH com T4 livre normal sem que haja hipotireoidismo subclínico, por exemplo: período de convalescência de doenças não tireoidianas, insuficiência adrenal, uso de certas medicações como metoclopramida ou domperidona, tireotropinomas (adenomas hipofisários produtores de TSH). Em tais casos, não há indicação de repor levotiroxina! TIREOIDITES • Caracterizadas por um processo inflamatório da glândula tireoide, podendo levar a disfunção tireoidiana transitória ou permanente • Questiona se no passado recente o paciente teve dor, taquicardia, palpitação com resfriado ou IVAS porque o paciente pode chegar no hospital na última fase • História anterior de dor cervical acompanhada de sintomas de tireotoxicose! – Bacteriana Granulomatosa Viral Linfocitica ou indolor Autoimune Pós-parto Autoimune Hashimoto Autoimune De Riedel Idiopática • A tireoidite de Hashimoto é crônica TIREOIDITE AGUDA o Infecção e inflamação da tireoide por microrganismos (70% é bactérias) o Precedido por infecção do trato respiratório o Sintomas: dor cervical anterior, febre, sudorese e astenia o Exame físico: sinais flogísticos + intensa dor a palpação e linfadenomegalia o Função tireoidiana normal porque não há destruição dos folículos o Tratamento: antibióticos, drenagem se abscesso LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA TIREOIDITE SUBAGUDA OU GRANULOMATOSA OU DE QUERVAIN o Causa mais comum de dor na tireoide o Doença reativa pós-viral o Paciente dá entrada na emergência com dor no pescoço e sintomas de tireotoxicose o 3ª-5ª década de vida o Evolução em 4 fase: o Fase dolorosa aguda inicial com hipertireoidismo e destruição dos folículos tireoidianos → Eutireoidismo (os hormônios de estoque mantém o eutireoidismo por aproximadamente 15 dias, até acabar e entrar no hipo) → Hipotireoidismo (precisa esperar que os folículos se reconstituam para voltar ao eutireoidismo) → Eutireoidismo o T4 alto + TSH: tireotoxicose o VHS alta e PCR alta na fase aguda pela inflamação o Cintilografia: na fase de tireotoxicose não capta praticamente nada porque os folículos foram destruídos pelo processo inflamatório o TTO: AINEs ou aspirina. Se ausência de melhora em 24-48h indica o uso de corticosteroides (Prednisona 40mg/dia) NÓDULOS TIREOIDIANOS • Lesão nodular no interior da glândula tireoide, distinta do parênquima, podendo ser palpável ou não • Normalmente palpa nódulos maiores que 1cm • Aumenta com a idade • Sexo feminino (4 mulheres:1 homem) • Exposição a radiação • População geral: 4% a palpação • 20 a 76% em exames ultrassonográfico • 90% dos nódulos são benignos • Causas mais frequentes: cistos coloidese tireoidites, neoplasias foliculares benignas e carcinoma QUADoRO CLÍNICO LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o A maioria dos nódulos é assintomática e seu diagnóstico é feito através da palpação tireoidiana ou são achados “por acaso” em USG de rotina passado por algum medico (incidentalomas) o Geralmente assintomáticos, benignos e acompanhados de uma função tireoidiana normal o Sintomas raros: disfagia, rouquidão, dor, estase venosa (por compressão das veias cervicais) o A presença de dor e crescimento rápido pode significar tanto hemorragia no interior de um nódulo quanto malignidade. Rouquidão é um sinal de alarme, pois fala a favor de neoplasia maligna comprometendo o nervo laríngeo recorrente. Um nódulo móvel à deglutição sugere a presença de adenoma, enquanto linfonodos cervicais e supraclaviculares aumentados de tamanho, principalmente se fixados à traqueia, nos fazem considerar a possibilidade de tumor maligno da glândula o Achado clinico que indicam provável diagnóstico tireoidiano em um paciente com um nódulo solitário: ▪ História familiar de carcinoma medular ou neoplasia endócrina múltipla ▪ Prévia radioterapia de cabeça ou pescoço ▪ Crescimento rápido, especialmente durante a terapia supressiva com L-tiroxina ▪ Nódulo muito firme ou endurecido ▪ Fixação do nódulo as estruturas adjacentes ▪ Paralisia das cordas vocais ▪ Linfadenopatia satélite palpável ▪ Metástase a distancia CARACTERÍSTICAS USG DE NÓDULOS SUGESTIVOS DE MALIGNIDADE o Ecogenicidade diminuída: hipoecóicos o Contornos irregulares o Microcalcificações o Invasão de estruturas adjacentes, por exemplo, musculatura anterior do pescoço o Presença de linfonodos suspeitos CARACTERÍSTICAS DA USG o Bola regular o Cística: conteúdo anecoico (liquido em seu interior) fica escura o Microcalcificações: sugestivo de malignidade LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o Macrocalcificações em casca de ovo (parece casca de ovo ao redor do nódulo) o Contorno/margem bem definido: o Contorno mal definido: sugestivo de malignidade o Hipoecóide: mais escuro que o parênquima tireoidiano, maior chance de ser maligno o Hiperecóide: mais claro que o parênquima tireoidiano LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA o Isoecóide: igual ao parênquima tireoidiano ABORDAGEM DO NÓDULO TIIREOIDIANO o A dosagem de TSH e tiroxina (T4) livre deve obrigatoriamente fazer parte da avaliação inicial o T4 livre e TSH geralmente é normal o Antes da PAAF obrigatoriamente precisa fazer a função tireoidiana antes para avaliar se o nódulo é produtor de hormônio o Nódulo + TSH suprimido = Cintilografia da tireoide ▪ Nódulo quente (captante) e produtor de hormônio não deve ser puncionado (chance de malignidade é praticamente zero, não há necessidade de punção) ▪ Nódulo frio (não captante) avaliar se tem indicação de PAAF o A PAAF é o melhor método para diferenciação entre lesões benignas e malignas da tireoide, recomendação da ATA: ▪ Todo nódulo sólido ou misto hipoecoico ≥1cm deve ser puncionado ▪ Todo nódulo solido ou misto iso ou hipoecoico ≥1,5cm deve ser puncionado ▪ Todo nódulo espongiforme ≥2cm deve ser puncionado o Sistema TIRADS: avalia composição, ecogenicidade, forma, margem e calcificações o PAAF: ▪ Na presença de bócio multinodular, indica- se a realização de PAAF nos quatro maiores nódulos. ▪ Idealmente, a PAAF deve ser sempre guiada por US, mesmo quando o nódulo é palpável, pois isso aumenta a acurácia diagnóstica ▪ O material coletado pela PAAF permite apenas uma análise citológica (isto é, células “soltas” são visualizadas individualmente). Uma análise histológica (definição da arquitetura tecidual) requer a obtenção de um espécime cirúrgico ▪ O nódulo submetido a PAAF deve ser classificado conforme o sistema de Bethesda ▪ Limitação: incapacidade de definir se o tumor folicular (Betheseda 4) é maligno ou benigno ▪ A presença de malignidade pode ser definida pela análise histológica, através da demonstração de: invasão da cápsula tumoral; e/ou invasão de vasos (sanguíneos e/ou linfáticos). ▪ Exceção pode ser feita ao encontro de células de Hürthle na PAAF de um tumor folicular: nesta situação, pode-se partir direto para a cirurgia, pois a chance de malignidade é grande LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA ▪ Não é preciso suspender anticoagulantes ou antiplaquetários a fim de realizar a PAAF CLASSIFICAÇÃO CITOLÓGICA (BETHESDA SYSTEM) I – Amostra não diagnóstica 1 a 4 Nova PAAF II – Benigno 0 a 3 Seguimento com USG III – Atipia de significado indeterminado (AUS) ou lesão folicular de significado indeterminado (FLUS) 10 a 30 Nova PAAF. Se persistir cirurgia ou testes moleculares IV – Neoplasia folicular (FN) ou suspeito de neoplasia folicular (SFN) 25 a 40 Lobectomia ou Tireoidectomia total V – Suspeito para malignidade 50 a 75 Cirurgia VI – Maligno 97 a 99 Cirurgia o Repetir a PAAF apenas em caso de detecção de crescimento nodular maior que 20% em pelo menos duas dimensões, aumento no volume total maior que 50% ou aparecimento de características ultrassonográficas sugestivas de malignidade CÂNCER DE TIREOIDE LARISSA MENEZES – ENDOCRINOLOGIA • Bem diferenciado: papilífero e folicular – variante Hurthle (90%) • Pouco diferenciado: carcinoma medular e anaplásico (9%) • Miscelânia: linfoma (1%) FATORES DE PROGNÓSTICOS RUINS o Idade: pior em menores de 16 anos e maiores de 45 anos o Tamanho do tumor >4cm o Extensão extra-tireoidiana do tumor o Tipo histológico (variante de células altas, colunar, esclerosante difusa) o Radiação previa (radioterapia externa) o Marcadores moleculares: determina o risco daquele câncer ser mais agressivo CARCINOMA PAPILÍFERO o De evolução lenta o Tem tratamento eficaz o Risco de morte é raro o A metástase em geral é para linfonodos cervicais o 3ª a 5ª década de vida o Faz tireoidectomia e toma uma dose de iodo radioativo (100 a 200 e o paciente precisa ficar isolado porque a dose é alta) para destruí o resto de tecido tireoidiano que possa ter ficado CARCINOMA FOLICULAR o De evolução lenta o Prognostico um pouco mais reservado em relação ao carcinoma papilífero o Provoca metástases por via hematogênica, sendo assim sistêmicas (ossos, pulmões) o 5ª década de vida CARCINOMA ANAPLÁSICO o Muito agressivo, com prognóstico reservado o Evolução rápida e devastadora o A traqueostomia deve ser feita logo porque perde rápido a capacidade de respirar o Pouco tempo de vida após sua detecção o Pior prognóstico CARCINOMA MEDULAR o Origem neuroendócrina (células C) o Produz calcitonina o O prognóstico não é bom quando associado as neoplasias endócrinas múltiplas o Forma esporádica ou familiar (neoplasia endócrina múltipla)
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