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RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 1 RESUMO DE HABILIDADES MÉDICAS 13 – TÉCNICAS DE HEMOSTASIA E CONDUTA DE INFECÇÕES EM FERIDAS CIRÚRGICAS • Grego: haomóstasis (hemos = sangue); stasis = parada, deter). • A gente já falou sobre hemostasia nos instrumentos hemostáticos, já abordamos sua função dentro dos tempos cirúrgicos e repetidamente falamos dela nas descrições de vários procedimentos, mas chegou a hora de aprofundarmos nosso estudo nesse importante processo. o Lembrem-se: “Um bom cirurgião é um cirurgião limpo”. • Definição: Conjunto de manobras destinadas a prevenir ou coibir hemorragias durante o ato operatório. • Objetivos: o Evitar perda excessiva de sangue o Propicia uma cirurgia limpa com melhores condições técnicas o Aumenta o rendimento do trabalho o Repercute na duração do ato operatório e na evolução/recuperação pós-operatória, evitando formação de hematomas, infecção e deiscência e, consequentemente, reoperações. ▪ Vamos lembrar que muitos hematomas pós cirúrgicos são causados por falha na hemostasia. o Evitar a transfusão de sangue ▪ Evita a possibilidade de complicações e a transmissão de doenças pelo sangue • Regra básica: Uma perda sanguínea aumentada agrava o estresse cirúrgico; menor perda sanguínea permite a realização de uma operação tecnicamente melhor. • A falha na hemostasia pode comprometer a vida do paciente. o Sangramento de grande monta → choque hipovolêmico → morte o Sangramento de pequena monta → hematoma → infecção → sepse morte • Existem várias formas de se atingir a hemostasia de acordo com a origem, tipo ou localização do sangramento. TIPOS DE HEMOSTASIA: • Podemos classificar a hemostasia quanto ao tempo: o Temporária → fluxo interrompido temporariamente (garrote) o Definitiva → obliteração permanente do lúmen vascular • Ou de acordo com o objetivo/intenção: o Preventiva → quando se aplica de forma profilática o Corretiva → coibir um sangramento já instalado HEMOSTASIA TEMPORÁRIA • A hemostasia temporária é executada no campo operatório ou fora do mesmo, tendo como objetivo deter ou interromper de forma transitória a corrente circulatória. • Pode ser: o INCRUENTA: aplicada sobre o tegumento sem feri-lo (geralmente fora do campo operatório) o CRUENTA: realizada através de uma ferida operatória (geralmente no campo operatório) INCRUENTO CRUENTO RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 2 1. COMPRESSÃO OU TAMPONAMENTO • Realizada quase que institivamente. • Pressão digital direta sobre um vaso sangrante ou com o uso de gaze ou compressa. • Deve ser sempre o primeiro método a seu utilizado em hemorragias decorrentes por traumas. o Quando o sangramento é mínimo, a compressão leva a formação de coágulo e transforma-se em um método de hemostasia definitiva. • Ela pode ser cruenta quando realizada no campo operatório ou incruenta quando feita sem previa diérese ou à distância do campo operatório. o Quando à distância pressiona-se o trajeto do vaso, geralmente com o dedo polegar contra uma superfície óssea. o No campo operatório a compressão pode ser efetuada pelo pinçamento digital com o polegar e dedo indicador. • A compressão digital é a mais indicada para hemostasia temporária. • Um ponto importante que deve ser levantado é sobre os benefícios adicionais do uso de gazes e compressas, tendo amplo espaço dentro de qualquer tipo de procedimento cirúrgico. o Contudo, devemos levantar maior atenção ao seu uso dentro de cavidades (abdominal e torácica principalmente) para não nos esquecermos delas. o No caso de gazes, devem ser utilizadas sempre prezas em pinças longas (gazes montadas) do tipo Foerster, como indicado na imagem azul. o As compressas inicialmente e idealmente não devem ser introduzidas dentro da cavidade...mas em muuuuitos procedimentos, como no trauma, é imprescindível a realização de tal façanha para controle da hemorragia. ▪ Por conta disso, ao final do procedimento cirúrgico, antes da realização da síntese, devemos sempre CONTAR AS COMPRESSAS! 2. PINÇAMENTO • É um método cruento. • A hemostasia poderá se tornar definitiva posteriormente por ligadura, cauterização ou angiotripsia. • Todos os instrumentos têm como característica comum o fato de não causarem lesão à parede vascular quando aplicados • Em cirurgias de revascularização, utiliza-se rotineiramente pinças específicas, que praticamente não lesam o endotélio vascular, pois são atraumáticas, e, portanto, não provocam a trombose. • A hemostasia é preventiva quando se faz antecipadamente o pinçamento do vaso a montante e a jusante do local da secção vascular e ela se torna corretiva quando o pinçamento é realizado após a lesão vascular, quando já se instalou o sangramento. • O pinçamento muitas vezes é utilizado como medida inicial para posteriormente aplicação de método de hemostasia definitiva. 3. CLAMPEAMENTO VASCULAR: • Consiste na aplicação do clamp vascular que pressiona a parede vascular, obstruindo dessa maneira a luz do vaso e impedindo a passagem de sangue. RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 3 • Esta técnica hemostática pode ser realizada em direção transversal ou longitudinal ao vaso. • A diferença entre o clampeamento e o pinçamento é que o primeiro não provoca lesão da parede vascular, visto que o clamp é um instrumental atraumático. o Existem literaturas que consideram o clampeamento uma forma de pinçamento, conforme você leu acima, que em cirurgias vasculares, pode-se utilizar pinças atraumáticas. o Outras literaturas (RUY) consideram que o pinçamento é realizado sobre capilares ou vasos sangrantes com o objetivo de posteriormente ser realizada a hemostasia definitiva, enquanto o clampeamento é aplicado em troncos vasculares. ▪ Procedimentos em casos de calibres grossos 4. GARROTEAMENTO • Geralmente é um método incruento. • Pode ser usada: o Faixa de Smarch, manguito pneumático, garrote de borracha, torniquete, ... • Tem suas limitações e contraindicações. • Garrote de borracha algumas vezes é desaconselhável pela menos espessura o poder causar isquemia (Pressão = força / área) S • Esfigmomanômetro o Uniforme compressão e menor dano o Nível de insuflação: ▪ Membros Superiores (acima 50-70 mmHg da PAS) ▪ Membros Inferiores (acima 90-100 mmHg da PAS) • Faixa ou Sistema de Smarch o Mais comum em cirurgias ortopédicas o Aplicada em membro elevado a fim de permitir o esvaziamento do sangue venoso de estase o Isquemia em membro superior (60 min) e inferior (90 min) ▪ Após isso, risco de lesão nervosa ▪ Se cirurgia se prolongar, faz-se uma liberação por 10-30 min e repete o procedimento • Contraindicação: Isquemia, trombose venosa, infecções e trauma • Torniquete o Preferencial em situações de trauma o Muito eficazes no controle de hemorragias graves e devem ser usados se houver possibilidade de pressão local, se um curativo de pressão não conseguir controlar a hemorragia de uma extremidade RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 4 5. AÇÃO FARMACOLÓGICA • A hemostasia por ação farmacológica local se obtém por injeção de substâncias, que causam vasoconstrição e consequentemente diminuem o sangramento no local da cirurgia, ou por aplicação tópica. • Geralmente necessita de outro tipo de hemostasia complementar para solução do problema. ADRENALINA • A adrenalina se liga aos receptores beta e alfa dos órgãos inervados pelo simpático e produz a célebre. • Tem como efeito sistêmico o aumento da pressão sistólica e da frequência cardíaca, em situações mais extremas o paciente pode sentir palpitações e dor torácica. FELIPRESSINA • A felipressina ou octapressin pode causar crises de angina com isquemia miocárdica, isso em pacientes com alteração na circulaçãocoronariana. DESMOPRESSINA • Acetato de desmopressina • Análogo do hormônio antidiurético vasopressina • Por meio de uma ação direta sobre os receptores V2 endoteliais, a desmopressina aumenta a concentração plasmática do fator VIII, FvW, aumenta os níveis séricos de ativador de plasminogênio tecidual e, também, de adesão plaquetária ao vaso. ÁCIDO EPSILON-AMINOCAPRÓICO • O ácido epsilon-aminocarpoico (ACEA) é uma lisina análoga que antecede o ácido tranexâmico. • Exerce sua função pela união aos sítios de ligação da lisina prevenindo, assim, a fibrinólise. • O ACEA pode potencialmente alcançar a hemostasia quando a fibrinólise contribui para o sangramento. • É indicada especificamente como um agente antifibrinolítico para hemorragias resultantes do sistema fibrinolítico e fibrinólise urinária. • O ACEA tem sido amplamente utilizado em cirurgias cardíacas ÁCIDO TRANEXÂMICO • O acido tranexâmico (AT) é um aminoácido sintético que inibe a fibrinólise através do bloqueio reversível dos sítios de ligação da lisina às moléculas de plasminogênio. 5.2 AÇÃO FARMACOLÓGICA DE HEMOSTÁTICOS TÓPICOS COLÁGENO • O colágeno hemostático é um derivado do colágeno dérmico ou do tendão de Aquiles de bovinos que, posteriormente, é purificado. • Várias apresentações de colágeno hemostático estão disponíveis, incluindo pó, espuma e folhas. • O colágeno é capaz de proporcionar uma matriz estável para formação do coágulo e possuem a característica adicional de aumentar a agregação plaquetária, degranulação e aumento dos fatores coagulogênicos para formação mais efetiva do coágulo. CELULOSE • Os produtos à base de celulose contêm celulose oxidada regenerada. • Iniciam a formação do coágulo via ativação por contato, entretanto, o mecanismo não está completamente elucidado. Nota do Autor: Caro leitor, se estiver de saco cheio, pule essa parte de ação farmacológica...só saiba que existe! RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 5 6. PARADA CIRCULATÓRIA COM HIPOTERMIA • É um método sofisticado de hemostasia temporária, de aplicação limitada, porém de indubitável valor. • Pode ser utilizado na intervenção de fístulas arteriovenosas de difícil acesso e grande débito após instalação de circulação extracorpórea. • Consiste em colocar o paciente em extracorpórea para se evitar sangramento e em hipotermia para minimizar os danos da parada circulatória prolongada. • Esse tipo de coisa você encontrará em Grey’s Anatomy, House M.D. (temporada 02 - Episódio 02), The Good Doctor, ... 7. OCLUSÃO ENDOVASCULAR • Cateter tipo Fogarty • Usado para se remover trombos, mas em um sangramento arterial de grande débito, a medicina vira a arte do “jeitinho brasileiro” • É utilizado principalmente nas reintervenções sobre artérias, para evitar pinçamento externos em condições adversas. • O procedimento consiste na introdução de um balão na luz da artéria bloqueando o fluxo de sangue. 8. POSICIONAMENTO ANTI-HEMORRÁGICO • Preferi trazes essa por último porque não se trata de uma técnica de hemostasia, mas sim, uma manobra que visa diminuir o aporto sanguíneo no local da operação. • O posicionamento vai depender do local da operação (p/cima ou p/baixo). o Metade Inferior do Corpo → Trendelenburh o Metade Superior → Trendelenburh reversa ou proclive ▪ Principalmente cabeça e pescoço HEMOSTASIA DEFINITIVA • Geralmente é feita de modo cruento e interrompe definitivamente a circulação do vaso sobre o qual é aplicada. • Interrupção do sangramento onde o vaso fica inviável. • Hemostasia temporária pode ser convertida em definitiva, mas nunca o contrário. • É usada em vasos normalmente seccionados na diérese ou naqueles que perderam sua função, como em ressecção de tecidos ou órgãos. • A hemostasia definitiva pode ser executada, no decorrer da cirurgia, com o auxílio de instrumentos preensores, dotados de travas ou cremalheiras, denominados pinças hemostáticas. RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 6 • Os vasos são inicialmente pinçados e em seguida ligados ou eletrocoagulados. • São diferenciadas, quase sempre, pelo desenho e ranhuras da parte interna dos ramos preensores dos instrumentos. • As pinças hemostáticas mais frequentemente utilizadas na rotina são: o PINÇA DE KELLY (A): Contem ranhuras internas transversais em apenas 2/3 da sua extensão. Os tamanhos variam, havendo as versões reta e curva. o PINÇA DE CRILE (B): Em quase tudo é semelhante à pinça de Kelly. A diferença é que tem ranhuras na sua parte preensora em toda sua extensão. Varia de tamanho, nas versões reta e curva. 1. LIGADURA • É a amarração dos vasos com fios cirúrgicos. • Pode ser preventiva ou corretiva. • PREVENTIVA: o Preventivamente à secção de algum vaso sanguíneo o Pode ser realizado por dois métodos: ▪ Primeira. Dissecção de vaso com tesoura ou pinça curva ou angulada com ponta fina, pinçamento proximal e distal com utilização de pinças hemostáticas e secção, com bisturi ou tesoura. ▪ Segunda. Dissecção de vaso, introdução de pinça hemostática curva ou angulada sob seu leito e passagem de fio cirúrgico para ligadura das porções proximal e distal, com posterior secção do vaso, com bisturi ou tesoura. • Em vasos de elevado calibre: acrescentar ligaduras de segurança na porção proximal de artérias ou distal de veias. • CORRETIVA: o Vasos que foram previamente transfixados o Pode ser feita com utilização de pontos em X, circulantes ou helicoidais • A seguir vamos listar alguns modelos experimentais que podem ser utilizados para treino e o passo-a-passo. Primeira Segunda RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 7 INCISÃO • 1. Incisão realizada pelo cirurgião. A incisão com o bisturi deve ser feita com a ponta da lâmina inicialmente perpendicular à pele e depois angulada 45º em um movimento único do início ao fim. A retirada também deve ser perpendicular. • 2. Divulsão com Pinça Hemostática Curva ou tesoura Metzembaum Curva, com a concavidade voltada para cima pelo cirurgião. o a. Durante a divulsão, pode-se utilizar uma Pinça de Dissecção Traumática ou Atraumática, a depender do tecido que será manipulado. o b. Neste tempo cirúrgico, ao realizar a divulsão, a mesma deverá seguir a linha da incisão; entretanto, caso seja necessário divulsionar planos anatômicos abaixo das bordas da ferida, o instrumental (Hemostática ou Metzembaum) deverá “entrar” fechado e “sair” aberto (de modo a evitar secções teciduais, vasculares ou nervosas acidentais), sendo que o auxiliar que estiver posicionado à direita da borda da ferida divulsionará os planos que se encontram abaixo da borda esquerda, e vice-versa. • 3. Posicionamento dos afastadores (Farabeuf): o auxiliar que estiver posicionado à direita da borda da ferida colocará o afastador da borda esquerda e vice-versa. • 4. Pinçamento, com pinça hemostática curva, dos pequenos vasos rotos superficiais (sentido horário) pelo cirurgião e afastamento das pinças da pele pelo 1º auxiliar, seguidos de cauterização com bisturi elétrico pelo cirurgião. • 5. O cirurgião deverá explorar a cavidade para identificação de vasosrotos que devem ser ligados. • 6. Apresentação do fio: O cirurgião posiciona uma Pinça Hemostática curva ou uma Mixter sob o vaso. O 1º auxiliar utiliza a Pinça de Dissecção Atraumática (anatômica) com o fio na extremidade para entregá-lo à Mixter ou à Pinça Hemostática Curva. RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 8LIGADURA FALSA / TEMPORÁRIA • 1. O 1º auxiliar apresenta duas vezes seguidas o fio em volta do vaso formando 2 alças; • 2. As extremidades desse fio são então fixadas com o reparo (pinça hemostática reta) distante do vaso pelo cirurgião; • 3. Esse procedimento deve ser feito primeiro proximalmente ao fluxo sanguíneo e depois distalmente; • 4. Para desfazer a Ligadura Falsa, o cirurgião deve retirar o reparo distal ao fluxo sanguíneo, folgar as alças com uma Pinça Anatômica e cortar a alça com uma Mayo Curva. Em seguida, o reparo proximal ao fluxo sanguíneo será desfeito. LIGADURA COM PINÇAMENTO NA EXTREMIDADE (PARA VASO ROTO) • 1. Preensão do vaso com a Pinça Anatômica para posterior colocação da Pinça Hemostática Curva com concavidade voltada para cima pelo cirurgião; • 2. Apresentação do vaso para passagem do fio com Pinça hemostática na vertical pelo 1º auxiliar; • 3. Passagem do fio de ligadura pelo cirurgião: fio é passado com as duas mãos pela frente da pinça, depois a mão dominante segura os dois fios posteriormente e roda o fio trazendo as extremidades anteriormente; • 4. O cirurgião confecciona o primeiro nó, enquanto a ponta da pinça é apresentada pelo 1º auxiliar; • 5. Apresentação da ponta da pinça pelo 1º auxiliar, posicionando-a horizontalmente com a concavidade voltada para cima; • 6. O 1º auxiliar realiza o pinçamento da extremidade superior do vaso por uma Pinça de Dissecção Anatômica; • 7. Retirada da hemostática pelo 1º auxiliar no momento em que o cirurgião realiza a tensão do 1º seminó (contenção); • 8. Realização dos semi nós de fixação e segurança pelo cirurgião; • 9. O cirurgião corta o excesso de fio com tesoura Mayo curva. RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 9 • A ligadura é a técnica mais empregada para vasos a nível arteriolar, vascular e maiores, como artéria e veia de pedículos de órgãos. • OBS: Quando determinados vasos sanguíneos devem ser sacrificados e não reparados, estas estruturas podem ser pinçadas com pinças hemostáticas. Estes instrumentos existem em vários comprimentos, formas e tipos: o Pinças mosquito de Halsted e as pinças de Kelly para vasos de pequeno calibre o Pinças de Crile, Kocher e Carmalt para grandes feixes teciduais e vasos calibrosos. • Em contraste com a oclusão atraumática dos vasos com pinças vasculares, as pinças hemostáticas esmaguem o tecido no ponto de aplicação. • Recomendo que dê uma lidinha rápida no resumo 02 sobre os instrumentos cirúrgicos e as pinças hemostáticas. 2. CAUTERIZAÇÃO: • Consiste na hemostasia pela formação de um coágulo induzido na extremidade sangrante. • É induzido por agentes físicos (calor, frio, eletricidade) ou agentes químicos (nitrato de prata, ácido tricloroacético, ácido crômico). • Eletrocauterização, Eletrocoagulação e Laser • A cauterização é mais comumente realizada com o uso do eletrocautério, sendo que o termocautério e o quimiocautério são mais usados para tratar hemorragias pequenas, como epistaxes. • A hemostasia com eletrocautério deve ser aplicada em vasos menores que 1,5 a 2mm de diâmetro, podendo ser usado diretamente no local sangrante ou indiretamente com o auxílio de uma pinça hemostática. • Os efeitos da coagulação local dependerão da intensidade da corrente empregada, assim como do tempo de aplicação no tecido. • Seu uso está contra indicado na pele, em tecidos próximos a grandes vasos e a feixes nervosos devido à possibilidade de lesão por contiguidade. • Em cirurgia, a ligação dos vasos é método mais confiável para conseguir hemostasia, entretanto, a hemorragia de pequenos vasos é frequentemente tratada por métodos de cauterização. • Nestes casos, é necessário enxugar ou sugar o sangue e fluidos do local da lesão, para que o tecido seja cauterizado com propriedade. • O termo eletrocautério é usado, com frequência, erroneamente para designar eletrocoagulação. o Eletrocauterização é referente a uma corrente direta (elétrons fluindo em uma direção) enquanto que a eletrocoagulação usa corrente alternada. • Durante a eletrocauterização, a corrente não entra no corpo do paciente, somente o arame quente entra em contato com o tecido. • Já na eletrocoagulação, o paciente é incluído no circuito e a corrente atravessa seu corpo. • O eletrocautério funciona pelo uso de intenso calor local para destruir os tecidos e causar coagulação obliterativa. • O cautério monopolar usa dois eletrodos posicionados separados, no paciente. • A energia elétrica deve percorrer o corpo entre os dois eletrodos. • A coagulação monopolar é o método de eletrocirurgia mais usado. Envolve um fluxo de energia de um eletrodo ativo (peça manual) para uma placa (colocada geralmente na perna do paciente antes da cirurgia). RESUMO POR HÉLDER GONÇALVES 10 • A pequena área cortante concentra a densidade corrente, aumentando a temperatura do tecido e causando a coagulação. • A coagulação bipolar envolve o uso de uma peça manual semelhante a uma pinça. A corrente passa de uma ponta, pela pinça, até a ponta oposta. FOTOCOAGULAÇÃO: • o uso de raios laser em cirurgias é uma aquisição recente. • Eles têm sido empregados sob várias formas e com diferentes finalidades, em especial para a realização de hemostasia. O termo laser é um acrômio de “amplificação da luz pela emissão estimulada da radiação”. Pelo fato da luz ser monocromática, há a possibilidade de seleção do feixe luminoso a ser usado, de acordo com a absorção ideal do tecido que se quer atingir, lesando-se minimamente o tecido ao redor. • • Laser de argônio: este laser emite um feixe de luz azul-esverdeada de 488 a 514nm, que transfere energia para a hemoglobina das hemácias, produzindo calor e criando lesão térmica superficial. É utilizad o no tratamento da hemorragia intra-ocular, na cirurgia hepática, para a fusão de tecidos em anastomoses vasculares e para recanalização térmica arterial. Suas vantagens são a velocidade do seu efeito, a diminuição da reação tissular e a redução da hiperplasia da íntima no sítio de uma anastomose vascular. • • Laser Nd-YAG: o laser de neodímio-ítrio-alumínio-granada (Nd-YAG) possui o maior grau de penetração. Produz seu efeito com coagulação destrutiva, utilizando um comprimento de onda de 1060nm. Os lasers Nd-YAG são utiliz ados na árvore traqueobrônquica e nos seios paranasais, com uma fibra de quartzo flexível passada através de endoscópios de fibras ópticas, já que pode ser transmitido através desta SUTURA • Certas suturas são feitas englobando vasos com finalidade hemostática. • Exemplos: suturas totais de anastomoses gastrointestinais, suturas de lesões de grandes vasos, ... • Lembre dos resumos anteriores que algumas suturas são mais hemostáticas que outras. OBTURAÇÃO • Aplica-se substancias exógenas para ocluir a luz do vaso sangrante. • Exemplo: cera óssea para hemostasia nos sangramentos ósseos difusos. • Esponjas de gelatina, celulose oxidada e congêneres são alguns exemplos que se baseiam no mesmo princípio. TAMPONAMENTO • Realiza-se pela compressão de área sangrante com compressa ou gaze. • É medida excepcional a ser adotada em hemorragia venosas ou capilares de superfície, quando outros recursos foram infrutíferos. • Vale ressaltar que algumas literaturas a colocam como hemostasia temporária e outras como hemostasia definitiva. o A depender da região acometida e do calibre dos vasos, a mesma pode necessitar de alguma outra medida posterior ou somente essa. GLIPES • Cuidado para não confundir os clipes hemostáticos (hemogrampos) com os clamps. • É um tipo de hemostasia definitiva através do uso de grampos metálicos - aço inoxidável ou titânio - muito empregada atualmente em cirurgias vídeo-endoscópicas. • Além de fornecer maior agilidade, são de grande utilidade em locais com campo operatórioexíguo.
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