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7 15 Elementos do Pecado Original

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7.15 Elementos do Pecado Original 
Devemos distinguir dois elementos no pecado original, a saber: 
a. A culpa original. 
A palavra "culpa" expressa a relação que há entre o pecado e justiça, ou, como o colocam 
os teólogos mais antigos, e a penalidade da lei. Quem é culpado está numa relação penal 
com a lei. Podemos falar da culpa em dois sentidos, a saber, como reatus culpae (réu 
convicto) e como reatus poenae (réu passível de condenação). A primeira, que Turretino 
chama de "culpa potencial", é o demérito moral de um ato ou estado. Essa culpa é da 
essência do pecado e é uma parte inseparável da sua pecaminosidade. Prende-se 
somente aos que praticaram pessoalmente ações pecaminosas, e prende-se a eles 
permanentemente. Não pode ser removida pelo perdão, não é removida pela justificação 
baseada nos méritos de Jesus Cristo, e muito menos pelo perdão puro e simples. Os 
pecados do homem são inerentemente merecedores de males, mesmo depois que ele foi 
justificado. Nesse sentido, a culpa não pode ser transferida de uma pessoas para outra. O 
sentido habitual, porém, em que falamos de culpa na teologia, é a de reatus poenae. Com 
isto se quer dizer merecimento de punição, ou obrigação de prestar satisfação à justiça de 
Deus pela violação, feita por determinação pessoal. Neste sentido, a culpa não faz parte 
da essência do pecado, mas é, antes, uma relação com a sanção penal da lei. Se não 
houvesse nenhuma sanção ligada à inobservância das relações morais, todo abandono 
da lei seria pecado, mas não envolveria sujeição a castigo. Neste sentido, a culpa pode 
ser removida pela satisfação da justiça, pessoal ou vicariamente. Pode ser transferida de 
uma pessoa para outra, ou pode ser assumida por uma pessoa em lugar de outra. É 
retirada dos crentes pela justificação, de modo que os seus pecados, embora 
merecedores de condenação, não os tomam sujeitos ao castigo. Os semipelagianos e os 
mais antigos armonoanos, ou "remonstrantes", negam que o pecado original envolve 
culpa. A culpa do pecado de Adão, cometido por ele na qualidade de chefe federal da 
raça humana, é imputada a todos os seus descendentes. Isso é evidenciado pelo fato de 
que, como a Bíblia ensina, a morte, como castigo do pecado, passou de Adão a todos os 
seus descendentes: Rm 5.12-19; Ef 2.3; 1 Co 15.22. 
b. Corrupção original. 
A corrupção original inclui duas coisas, a saber, a ausência da justiça original e a 
presença do mal positivo. Deve-se notar: (1) Que a corrupção original não é apenas uma 
moléstia, como a descrevem alguns dos "pais" gregos e os arminianos, mas, sim, pecado, 
no sentido real da palavra. A culpa está ligada ao pecado; quem nega isto não tem uma 
concepção bíblica da corrupção original. (2) Que não se deve considerar essa corrupção 
como uma substância infundida na alma humana, nem como uma mudança da substância 
no sentido metafísico da palavra. Este foi erro dos maniqueus, e de Flacius Illyricus nos 
dias da Reforma. Se a substância da alma fosse pecaminosa, seria substituída por uma 
nova substância na regeneração; mas não é o que acontece. (3) Que não é mera 
privação. Em sua polêmica com os maniques. Agostinho não somente negava que o 
pecado era uma substância, mas também afirmava que era apenas uma privação. 
Chamava-lhe privatio boni (privação do bem). Mas o pecado original não é somente 
negativo; é também uma disposição positiva para o pecado. A corrupção original pode ser 
examinada em mais de uma perspectiva, a saber, como depravação total e como 
incapacidade total. 
c. Depravação total. 
Em vista do se caráter impregnante, a corrupção herdada toma o nome de depravação 
total. Muitas vezes esta frase é mal compreendida, e, portanto, requer cuidadosa 
discriminação. Negativamente, não implica: (1) que todo homem é tão completamente 
depravado com poderia chegar a ser; (2) que o pecador não tem nenhum conhecimento 
inato de Deus, nem tampouco tem uma consciência que discerne entre o bem e o mal; (3) 
que o homem pecador raramente admira o caráter e os atos virtuosos dos outros, ou que 
é incapaz de afetos e atos desinteressados em suas relações com os seus semelhantes; 
nem (4) que todos os homens não regenerados, em virtude da sua pecaminosidade 
inerente, se entregarão a todas as formas de pecado; muitas vezes acontece que uma 
forma de pecado exclui outra. 
Positivamente, a expressão "depravação total" indica: (1) que a corrupção inerente 
abrange todas as partes da natureza do homem, todas as faculdades e poderes da alma 
e do corpo; e (2) que absolutamente não há no pecador bem espiritual algum, isto é, bem 
com relação a Deus, mas somente perversão. Esta depravação total é negada pelos 
pelagianos, pelos socianos e pelos arminianos do século dezessete, mas é ensinada 
claramente na Escrituras, Jo 5.42; Rm 7.18,23; 8.7; Ef 4.18; 2 Tm 3.2-4; Tt 1.15; Hb 3.12. 
d. Incapacidade total. 
Com respeito ao seu efeito sobre os poderes espirituais do homem, a corrupção original 
herdada toma o nome de incapacidade total. Aqui, de novo, é necessário fazer adequada 
distinção. Na atribuição de incapacidade total à natureza do homem, não queremos dizer 
que lhe é impossível fazer o bem em todo e qualquer sentido da palavra. Os teólogos 
reformados (calvinistas) geralmente dizem que ele ainda é capaz de realizar: (1) o bem 
natural (2) o bem civil ou justiça civil; e (3) externamente, o bem religioso. Admite-se que 
mesmo o não regenerado possui alguma virtude, a qual se revela nas relações da vida 
social, em muitos atos e sentimentos que merecem a sincera aprovação e gratidão dos 
seus semelhantes, e que até encontram aprovação de Deus, até certo ponto. Ao mesmo 
tempo, afirma-se que esses mesmos atos e sentimentos, quando considerados em 
relação a Deus, são radicalmente defeituosos. Seu defeito fatal é que não são motivados 
pelo amor a Deus, nem pela consideração de que à vontade de Deus os exige. Quando 
falamos da corrupção do homem em termos de incapacidade total, queremos dizer duas 
coisas: (1) que o pecador não regenerado não pode praticar nenhum ato, por 
insignificante que seja, que fundamentalmente obtenha a aprovação de Deus e 
corresponde às exigências da santa lei de Deus; e (2) que ele não pode mudar a sua 
preferência fundamental pelo peado e por si mesmo, trocando-a pelo amor a Deus; não 
pode sequer fazer algo que se aproxime de tal mudança. Numa palavra, ele é incapaz de 
fazer qualquer bem espiritual. Há abundante suporte bíblico para esta doutrina: Jo 1.13; 
3.5; 6.44; 8.34; 15.4; Rm 7.18, 24; 8.7, 8; 1 Co 2.14; 2 Co 3.5; Ef 2.1,8-10; Hb 11.6. 
Todavia, os pelagianos acreditam na plena capacidade do homem, negando que as suas 
faculdades morais foram prejudicadas pelo pecado. Os arminianos falam de uma 
capacidade advinda da graça, porque acreditam que Deus infunde a Sua graça comum a 
todos os homens, capacitando-os à conversão a Deus e à fé. Os teólogos da Nova Escola 
atribuem ao homem uma capacidade natural, distinta de uma capacidade moral, distinção 
copiada da grande obra de Edward, Sobre a Vontade (On the Will). O sentido do seu 
ensino é que o homem, em seu estado decaído, continua de posse de todas as 
faculdades naturais que se requerem para a realização de algum bem espiritual (intelecto, 
vontade etc), mas lhe falta capacidade moral, isto é, a capacidade de dar apropriada 
direção àquelas faculdades, direção agradável a Deus. A distinção em foco é apresentada 
com o fim de salientar o fato de que o homem é voluntariamente pecaminoso, e bem que 
se pode dar ênfase a isto. 
Mas os teólogos da Nova Escola afirmam que o homem seria capaz de praticar o bem 
espiritual se tão somente quisesse fazê-lo. Significa que a "capacidade natural" da qual 
eles falam é , afinal de contas, capacidade para praticar verdadeiro bem espiritual.¹ 
Pode-se dizer em geral que a distinção feita entre a capacidade natural e a capacidade 
moral não é desejável, pois: (1) não tem base na Escritura, a qual ensina que o homem 
não é capaz de fazer o que dele se requer; (2)essa distinção é essencialmente ambígua 
e enganosa: a posse das faculdades requeridas para a realização do bem espiritual não 
constitui ainda uma capacidade para realizá-lo; (3) "natural" não é uma antítese 
apropriada de "moral", pois uma coisa pode ser natural e moral ao mesmo tempo; e a 
incapacidade do homem também é natural num sentido importante, a saber, no sentido de 
ser própria da sua natureza no presente estado desta como propagada naturalmente; e 
(4) a linguagem não expressa com precisão a importante distinção pretendida;o que se 
quer dizer é que é moral, e não física nem constitucional; tem sua base, não na falta de 
alguma faculdade, mas no estado moral corrupto das faculdades e da disposição do 
coração. 
______ 
¹ Cf. Hodge, Syst. Theol. II, p. 266 
Autor: Louis Berkhof 
Fonte: pg 247-250 
 
 
Mais estudos no site 
http://sites.google.com/site/estudosbiblicossolascr iptura/

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