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PERVERSÃO psicanálise

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PERVERSÃO
Considerando o que será discutido e analisado, torna-se fundamental um aprofundamento teórico sobre como a perversão se constituiu dentro da teoria psicanalítica e como ela se encaixa dentro das estruturas clínicas propostas por Freud e Lacan. 
Nessa perspectiva, consta-se inicialmente o conceito de perversão será associado à sexualidade, especificamente ao modo como era descrito as perversões sexuais no século XIX, estritamente ligado à origem da palavra, significando inversão, algo posto ao contrário. Também ligado à conduta moral da época, em que os fins da relação sexual seriam estritamente para a procriação, além da normatividade da relação heterossexual. Esse conceito é sustentado por Krafft-Ebing (1886, apud Thiago Vieira, 2016), em seu livro “Psychopathia Sexualis” em que divide o que considerou como perversões sexuais, que incluía as parestesias, paradoxias, anestesias e hiperestesias. O que veio a inspirar Freud (1905) em suas obras, como em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”. 
Assim sendo, Freud toma a perversão a partir da sexualidade infantil, gerando grandes polêmicas por atribuir à crianças uma sexualidade que anteriormente só era associada a concepção biológica. Desse modo, Freud caracteriza a sexualidade infantil como perversa-polimorfa, ou seja, ela é auto erótica, ela mesmo se gratifica e a pulsão sexual circula por todo o corpo. Além disso, ela é construída na relação com o outro, a criança procura essa gratificação no outro, posteriormente podendo ser classificada como consensual, isto é, o “normal”, ou como exclusividade, sendo esse o “anormal”. Em vista disso, pode ser dito que a perversão está relativa à escolha do objeto, quando há exclusividade e fixação de um objeto. 
A perversão seria, em uma palavra, a manutenção da sexualidade infantil perverso-polimorfa na vida adulta. O que diferencia a sexualidade infantil daquela do perverso é o fato de que, na criança, tudo ainda é apenas potencialidade. FERRAZ, 2000, p.10-11.
Nesse sentido, desenvolvendo a perversão como modo de subjetivação, é importante posicionar como o Complexo de Édipo influencia nessa estrutura. Remetendo-se a fase fálica, as crianças pensam que todos têm um pênis, inclusive a mãe. A posteriori, a criança percebe que a mãe não tem o falo, e a criança terá uma ideia de que mãe foi castrada. Deste modo, o perverso terá horror a perder o pênis, irá se recusar a aceitar que a mãe não tem um pênis. Ele irá negar a castração do outro e a sua.
Sabemos como as crianças reagem às primeiras impressões da ausência de um pênis. Rejeitam o fato e acreditam que elas realmente, ainda assim, vêem um pênis. (...) A falta de um pênis é vista como resultado da castração e, agora, a criança se defronta com a tarefa de chegar a um acordo com a castração em relação a si própria. FREUD, 1923, p.86.
Portanto, o perverso utilizará um mecanismo de defesa que será a recusa, um meio de desviar da castração. Ele aceita a percepção que remete à castração simbólica, mas ao mesmo tempo nega. Tal contradição se torna marcante dentro da estrutura. E para suportar isso, tem-se a criação de um fetiche, que “cobre” essa falta, o que irá importar é a satisfação por meio do seu fetiche. “O fetiche significa, portanto, o triunfo sobre a ameaça da castração e permanece, na vida sexual do fetichista, cumprindo o papel de protetor contra ela” (FERRAZ, 2000, p. 16.). Logo, o fetiche será um modo de denegação da realidade.
A perversão como modo de tornar-se sujeito começa a ser consolidado com Lacan, em suas estruturas clínicas. Nesse ângulo, Lacan aponta a relação com a função materna, uma das grandes questões da estrutura perversa “não por sua dependência vital, mas pela dependência de seu amor, isto é, pelo desejo de seu desejo, identifica-se com o objeto imaginário desse desejo, na medida em que a própria mãe o simboliza no falo.” (Lacan, 1958/1998, p.561 apud Besset e Santos, 2013, p.407.). Isto posto, irá ser falado de uma identificação fálica da criança, onde a lei do discurso do pai não intervém e há um preponderância simbólica da fala da mãe, é fundamental assinalar que há lei do pai, o que irá diferir da psicose. Na perversão irá prevalecer a lei materna, onde o perverso tendo conhecimento da lei do pai irá nega-la. “O paradoxo no qual se instala a problemática perversa diante da lei do pai, negando-a e, ao mesmo tempo, reconhecendo-a, tende a se impor como única função possível de regulamentação do desejo.” (BESSET; SANTOS, 2013, p.408).
Então, o perverso está destinado ao desafio dessa lei e sua transgressão, ele faz intervir sua própria lei e recusa-se a submeter à lei do outro, de modo que o perverso acredita ser completo. Portanto, irá buscar o gozo por todos os meios, se colocará como aquele que sabe gozar e como fazer o outro gozar, o ato dele consistirá em dividir o outro com finalidade de produzir angústia, obtendo seu gozo a partir disso.

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