Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
14/12/2017 1 Antraquinonas Profa. Dra. Renata Biegelmeyer renata.biegelmeyer@ufba.br UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA DEPARTAMENTO DO MEDICAMENTO DISCIPLINA DE FARMACOGNOSIA II – FAR101 Objetivos Introdução: definição Classificação Ocorrência e distribuição Biossíntese Características químicas Propriedades farmacológicas REA Mecanismo de ação laxante Efeitos adversos Uso racional Emprego terapêutico e industrial Plantas de interesse 14/12/2017 2 Introdução Compostos oxigenados originados da oxidação de compostos aromáticos fenólicos. O O 1,4-diceto 2,5 ciclohexadieno (p-quinonas) 1,2 diceto 3,5 ciclohexadieno (o-quinonas) O O 1 2 3 4 5 6 CARACTERÍSTICA PRINCIPAL 2 grupos carbonílicos formando um sistema conjugado com pelo menos 2 ligações duplas C=C O O O O O O BENZOQUINONAS NAFTOQUINONASANTRAQUINONAS CLASSIFICAÇÃO 3 GRUPOS 14/12/2017 3 CLASSIFICAÇÃO Benzoquinonas: O O 1,2-benzoquinona (o-benzoquinona) O O 1,4-benzoquinona (p-benzoquinona) O O 1,2-naftoquinona O O 1,4-naftoquinona Naftoquinonas: Antraquinonas: O O 1 2 3 45 6 7 8 9 10 9,10-antraquinona OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO Ampla distribuição – angiospermas e gimnospermas; Filoquinona (Vit. K) e Plastoquinonametabólitos primários - plantas superiores e algas que realizam fotossíntese Ubiquinonas ampla distribuição - emprego na cadeia de transporte de elétrons na respiração celular 14/12/2017 4 Biossintese VIA ACETATO VIA ÁCIDO CHIQUÍMICO + ACETATO Biossíntese VIA ACETATO A partir de unidades de C2 é formado policetídeo, contendo oito unidades C2. 14/12/2017 5 Biossíntese VIA ÁCIDO CHIQUÍMICO + ACETATO Ácido chiquímico Ácido -cetoglutárico antrona antraquinona antranol CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS Forma oxidada (em plantas secas e armazenadas) Formas reduzidas (em plantas frescas, recém coletadas) Função oxigenada apenas em C-9 ocorrem na forma de glicosídeos + estáveis 14/12/2017 6 PLANTA FRESCA: glicosídeos de antronas monoméricas glicosídeos antraquinônicos glicosídeos de diantronas oxidação dimerização secagem CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS O O Diantronas CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS O O 1 2 3 45 6 7 8 9 10 O-heterosídeos: C1, C6 ou C8 C-heterosídeos: sempre em C- 10 - derivados de antronas 14/12/2017 7 PROPRIEDADES: Antraquinonas livres = solúveis em solventes orgânicos, clorofórmio e acetona Heterosídeos antraquinônicos = solúveis em soluções hidroetanólicas Reação de identificação: Meio alcalino quinonas hidroxiladas produzem intensa coloração púrpura a violeta (formação de fenolatos) CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS Reação de Borntraeger Permite diferenciar hidróxi-antraquinonas: 1,8-dihidróxi-antraquinonas (emodina) = VERMELHO 1,2-dihidróxi-antraquinonas (alizarina) = AZUL-VIOLETA O O Diantronas PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS Ação farmacológica principal: LAXATIVA Subtâncias ativas = os derivados hidroxi-antracênicos O-glicosídeos de diantronas e antraquinonas e também os C-glicosídeos de antronas 14/12/2017 8 INGESTÃO: glicosídeos antraquinônicos antraquinonas reduzidas formadas in situ atuação direta nas células epiteliais da mucosa intacta do intestino NO CÓLON: hidrólise (b-glucosidases da flora) e redução Obs.: tempo de latência = 6-8 hs. METABOLISMO Glicosídeos Formas de transporte Muito polares, menor absorção que as antraquinonas livres (menor biodisponibilidade) Formas reduzidas Antronas/ Diantronas 10 x mais ativas que as formas oxidadas Formas realmente ativas das antraquinonas Formadas ou liberadas no intestino pela flora bacteriana, após hidrólise glicosídeos ou redução antraquinonas. REA Essenciais para atividade laxante 14/12/2017 9 MECANISMO DE AÇÃO LAXANTE Estimulação direta da contração da musculatura lisa do intestino o Aumentando a motilidade intestinal o Possivelmente relacionado com a liberação ou aumento da síntese de histamina ou outros mediadores. Inibição da reabsorção de água da luz intestinal através da inativação da bomba de Na+/K+- ATPase Inibição dos canais de Cl- o Comprovada para inúmero 1,8-hidróxi-antranoides (antraquinonas e antronas) EFEITOS ADVERSOS Consumo regular por pelo menos um ano = escurecimento da mucosa do cólon e reto reversível com a interrupção do uso Alterações morfológicas no cólon e no reto = fissuras anais, prolapsos hemorroidais Processos inflamatórios e degenerativos = risco de redução severa do peristaltismo pode conduzir a atonia Redução do tônus intestinal leva frequentemente ao uso crônico e abusivo de laxantes = circulo vicioso 14/12/2017 10 EFEITOS ADVERSOS RISCO GRAVE = PERDA DE ELETRÓLITOS Perda de K+ pode levar redução do tônus intestinal, distúrbios renais, sintomas neuromusculares e distúrbios da formação e condução dos estímulos em nível do miocárdio Risco de HIPOCALEMIA pacientes usando medicamentos digitálicos no tratamento da insuficiência cardíaca. USO RACIONAL período curto; por indicação médica; nunca para emagrecer 14/12/2017 11 Alizarina matéria-prima para síntese de outros corantes Aloe-emodina matéria-prima para a síntese de antibióticos do grupo das antraciclinas compostos antraquinônicos com indicação LAXANTE = associação de vários extratos vegetais - cáscara-sagrada, sene e ruibarbo O O OH OH O O OHOH CH2OH Aloe-emodina Alizarina UTILIZAÇÃO INDUSTRIAL E EMPREGO TERAPÊUTICO preparação de exames radiológicos ou coloscópicos; manutenção de fezes moles em casos de cirurgia ano-retal; constipação medicamentosa (por período breve) UTILIZAÇÃO INDUSTRIAL E EMPREGO TERAPÊUTICO 14/12/2017 12 PLANTAS DE INTERESSE Sene Senna alexandrina Miller Cassia angustifolia Vahl Cassia senna L. Farmacógeno: frutos e folíolos Falsificações: Senna auriculata e S. italica (sem antraquinonas) 14/12/2017 13 Sene - Principais constituintes: senosídeos A-F (diantronas-8,8’ diglicosídeos) senosídeo A: R, R1 = COOH senosídeo B: R, R1 = COOH senosídeo C: R= COOH, R1= CH2OH senosídeo D: R= COOH, R1= CH2OH O OHOGlu R OOGlu OH R1 Cáscara-sagrada Rhamnus purshianus D.C. Farmacógeno: cascas dos caules Espécie originária da costa oeste dos EUA, onde seu uso como laxante é muito popular; Considerada a mais suave das drogas laxantes contendo derivados antracênicos 14/12/2017 14 Cáscara-sagrada Rhamnus purshianus D.C. FB IV : Teor em torno de 8% de derivados hidroxi-antracênicos dos quais no mínimo 60% devem corresponder as cascarosídeos Cascarosídeos A-D = glicosídeos mistos do tipo 8- O-, 10-C-diglicosídeos (ANTRONAS) Os fragmentos das cascas dessecadas dos caules devem ser: o aquecidos a 100 ᵒC por 1 a 2 horas ou o estocados por no mínimo 1 ano antes de ser liberado para o uso Ruibarbo Rheum palmatum L. Rheum officinale Baill. Farmacógeno: rizomas Uma das plantas mais antigas da medicina tradicional chinesa. Ruibarbo verdadeiro cresce em elevadas altitudes e possui 6 anos de cultivo, na época de floração 14/12/2017 15 Contém de 3-12% de derivados antracênicos emodina (rheum-emodina), R= CH3, R2= OH fisciona, R1= CH3, R2= OCH3 crisofanol, R1= CH3 , R2= H aloe-emodina, R1= CH2OH, R2=H reína, R1= COOH, R2= H Ruibarbo FALSIFICAÇÕES: Rheum rhaponticum; o Teor bem menor de derivados antracênicos o Possível de se determinar em CCD a presença do raponticosídeo = heterosídeo não–antraquinônico (fluorescência azul) e ausência de reína e aloe-emodina. Babosa Aloe ferox Miller Aloe barbadensis ou Aloe vera L. Farmacógeno: látex dessecado das folhas Dentre as drogas com derivados antracênicos, os aloes são os de maior poder laxante. aloína A e B, R= H Aloinosídeos A e B, R= ramnosil 14/12/2017 16 REFERÊNCIAS SIMÕES, C. M. O., et al. (Org.). Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. DEWICK, P. M. – Medicinal Natural Products. 3ª ed., John Wiley & Sons Ltda, England, 2009. BRUNETON, J. Elementos de fitoquímica y de farmacognosia. Zaragoza: Acribia, 1991. Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/2909630/Memento+Fitoterapi co/a80ec477-bb36-4ae0-b1d2-e2461217e06b
Compartilhar