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PSICOLOGIA: FUNDAMENTOS E HISTORICIDADE – PROFª OLIVIA COSTA DO VALE ALUNA RAYANE RAIOL DE SOUZA – SEMESTRE 1 Fichamento: Livro “Psicologia: Das Raízes Aos Movimentos Contemporâneos” – Cap 05 BEHAVIORISMO No capítulo sobre Behaviorismo do livro de Berenice Carpigiani, este vem acompanhado do subtítulo o primeiro grande avanço na história da Psicologia e seus ecos na atualidade. Isso porque o Behaviorismo é hoje uma das três grandes abordagens em Psicologia. Diz-se abordagem não só pelos procedimentos quando na clínica, mas porque cada um desses sistemas possui, nas suas fundamentações, sua própria forma de ver o mundo, o homem, suas questões e a construção de suas interações com o mundo e relações com os outros. Assim, o Behaviorismo é a primeira destas a se estruturar. O principal nome para a fundação do Behaviorismo enquanto sistema é o nome de John B. Watson. Watson havia incorporado de tal modo a recusa ao estudo dos elementos da consciência que foi além do próprio pensamento funcionalista, estabelecendo como objeto de estudo da psicologia os comportamentos e ignorando o papel da mente no processo. Ele defendia que por meio de observação e experimentação sistemática e cuidadosa seria possível descrever um conjunto de princípios responsáveis por reger o comportamento humano. Watson era professor universitário, mas foi ao perder seu emprego e ser desprezado por seus colegas doutores por ter se apaixonado por uma aluna – e ser ironicamente apoiado Titchener –, que ele elaborou a corrente de pensamento pela qual ficaria conhecido: o Behaviorismo clássico. Essa corrente começou a ser desenvolvida após seus estudos na psicologia da publicidade mas, principalmente, considerando a relevância de suas descobertas no âmbito da psicologia infantil. Tendo publicado O Manifesto Behaviorista e destacado a educação do ponto de vista behaviorista, estabeleceu seu foco nas ideias de estímulo e resposta, alegando construir um sistema de psicologia plenamente desenvolvido. A partir de Watson, três formas congênitas de comportamento foram postuladas: o medo, a cólera e o amor. De acordo com ele, todos os seres humanos nasceriam com esses três comportamentos possíveis e todos os demais comportamentos seriam aprendidos por meio de condicionamento. Sabendo disso, fica fácil perceber porque os behaviorismos voltaram-se tão fortemente para as teorias da aprendizagem; visto que todos os comportamentos e, portanto, todos os elementos formadores de personalidade dos seres humanos seriam aprendidos por meio da exposição e consequências do ambiente. BURRHUS SKINNER Skinner é o sucessor de Watson em termos de desenvolvimento de teoria comportamental. A partir do desenvolvimento do associacionismo e da herança em teorias comportamentais deixadas por Watson, Skinner pôde desenvolver um novo behaviorismo, chamado Radical. A partir do Behaviorismo Radical, Skinner volta-se aos estudos dos efeitos das respostas na seleção do comportamento e para a descrição dos mesmos. Skinner traz novos conceitos para esse sistema, como os conceitos de reforço positivo representado pela ideia de que, se a consequência de um comportamento é uma recompensa para o organismo que o produziu, é mais provável que esse comportamento volte a se repetir; reforço negativo, que implica a repetição do comportamento ao retirar-se um estímulo que provoque incômodo como resposta ao comportamento; a extinção do comportamento que ocorreria na ausência de respostas reforçadoras por períodos prolongados, mas que se anularia no retorno da resposta reforçadora e a punição como consequência negativa ao comportamento. A partir da elaboração desses termos, Skinner discutiu amplamente o desenvolvimento da sociedade americana, ao explicitar que, ao longo do desenvolvimento histórico, a civilização teria caminhado do uso do controle aversivo, ou seja, punitivo, para uma abordagem mais amena das mesmas formas de controle. O exemplo dado por ele em relação a isso é a substituição do sistema de escravidão pelo de salários. As pessoas, de acordo com seus escritos, à medida que as sociedades evoluíram e se transformaram, procurariam cada vez mais por reforçadores, o que corrobora o seu pensamento de que o reforço é mais efetivo que a punição. O homem seria, portanto, reflexo e/ou consequência das influências existentes no meio e a cultura seria uma força que dá forma e preserva o comportamento dos seus componentes. Assim, é preferível aos homens produzir uma cultura reforçadora daquilo que lhes é mais conveniente, que espelhar os estímulos outrora recebidos. O Behaviorismo é tão importante no âmbito da aprendizagem que Skinner realizou diversos estudos sobre tal área. Dizia ele que a atividade de ensinar nada mais é do que manipular as contingências de um reforço pelas quais os estudantes aprenderiam e é responsabilidade do educador apressar e assegurar a aquisição de comportamentos; para isso, é evidente que o professor deveria dominar o conhecimento de respostas prováveis a um estímulo e ter a autonomia para assim o fazer. Skinner construiu um sistema sólido e não estava disposto a arriscá-lo. Morreu de leucemia, mas, ao ter a notícia de que isso aconteceria, dedicou seus últimos dias a desfrutar da companhia de sua família e combater a força cognitiva que estava cada vez mais significativa. TEORIA COMPORTAMENTAL E COGNITIVA A teoria comportamental e cognitiva é um desdobramento inevitável do Behaviorismo Radical. O sistema de Skinner propôs a aprendizagem como o método exclusivo pelo qual a personalidade se formaria, mas os avanços técnico-científicos que o sucederam e permitiram novos estudos dos processos mentais classificados como cognição exigiram uma reformulação dessa teoria. A partir da perspectiva cognitivista, o homem não era mais um homem passivo perante as influências do ambiente nem completamente determinado biologicamente, mas possuia um mundo psíquico que operava ativamente na construção de sua identidade. Essa teoria permitiu o desenvolvimento da abordagem clínica conhecida como TCC: Terapia Cognitivo-Comportamental. Essa forma de terapia traz o termo cognitivo por estabelecer a mente como responsável em algum nível pelos processos cognitivos que se formam nela, permitindo aos seres a liberdade de reformulá-los, e o termo comportamental, que diz respeito ao que escapa dessa esfera subjetiva. Assim, de acordo com o cognitivismo, os pensamentos não são elementos causadores, mas os pensamentos disfuncionais podem atuar com fatores de manutenção das patologias e, no caso de ser operada uma mudança numa forma de pensamento disfuncional, uma mudança terapêutica ocorrerá consequentemente. Os principais nomes dessa teoria foram os de Piaget e Vigotsky. Piaget é um grande nome da pedagogia porque desenvolveu o primeiro grande sistema de estudo da inteligência humana, denominando- se Interacionista pela sua teoria de que um ser humano recebe a sua carga de influência do ambiente, mas a sua personalidade será formada a partir da interação entre essa influência e o que há de subjetivo nele mesmo. Já Vigotsky é denomidado Socio-Interacionista, tendo escrito os renomados Formação Social da Mente e Pensamento e Linguagem. De acordo com ele, a identidade do ser é formada não apenas a partir da influência que vem do ambiente e nem da sua própria subjetividade, mas também como resultado das relações de troca estabelecidas com outros seres. A teoria comportamental e cognitiva alcançou grande renome, principalmente por ser validada pelos avanços da neurociência, permitindo o desenvolvimento do que hoje chamamos de neuropsicologia. Essa é uma área muito recente, talvez, principalmente, porque o aparato tecnológico necessário para as verificações que exige não existia até então.
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