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As-Inter-Relações-Familiares (2)

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1 
 
SUMÁRIO 
1 GRUPO SOCIAL E FAMILIAR ........................................................... 2 
2 AS INTER- RELAÇÕES FAMILIARES............................................... 5 
3 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ......... 14 
4 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DO SINTOMA ..................................... 20 
5 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR ...... 24 
6 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA ........................................................... 27 
7 A CRIANÇA E A SEPARAÇÃO DOS PAIS ...................................... 33 
8 PARENTALIDADE PÓS – DIVÓRCIO ............................................. 37 
9 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR ............................. 40 
9.1 Entrevista Circular ............................................................................... 41 
9.2 Entrevista Familiar............................................................................... 41 
9.3 Avaliação da Rede de Apoio ............................................................... 44 
10 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL ............................................... 45 
11 BIBLIOGRAFIA ............................................................................. 48 
 
 
 
2 
 
1 GRUPO SOCIAL E FAMILIAR1 
 
Fonte:pleno.news/opiniao/ellen-sarmento/viver-e-conviver-em-familia.html 
Podemos afirmar que a necessidade de interação social é própria do 
homem. Nesta perspectiva, a vida humana é grupal. Estamos o tempo inteiro em 
relação com grupos e, de tão habituados a isso, não nos damos conta da sua 
importância ou influência no nosso comportamento ou nas nossas decisões 
(Gouveia e Pinheiro, 2014). 
A subjetividade é constituída na relação com o ambiente, com as outras 
pessoas, com os grupos dos quais fazemos parte, com a cultura. Esta constante 
interação é o que nos constitui enquanto seres humanos (Gouveia e Pinheiro, 
2014). 
Durante nossa vida nos integramos a grupos que se tornam referência 
para nós e que passam a exercer influência sobre nossas percepções, ações e 
sentimentos. Pense, por exemplo, no quanto suas formas de pensar e agir foram 
influenciadas pelos comportamentos e valores compartilhados por seu grupo 
familiar. Ou mesmo no quanto você e seus amigos de colégio se assemelhavam 
na maneira de se vestir ou falar (Gouveia e Pinheiro, 2014). Pode-se 
compreender o grupo como o (Gouveia e Pinheiro, 2014): 
 
 
1 Texto extraído do link: https://cdn.awsli.com.br/362/362352/arquivos/amostra%20-
%20PSICOLOGIA%20&%20FAMILIA.pdf 
 
3 
 
“ Sistema organizado de dois ou mais indivíduos inter-relacionados, de 
modo que o sistema cumpra alguma função e que haja um conjunto de 
relações de papeis padrão entre os membros e um conjunto de normas 
que regule sua função e a função de cada um dos seus membros” 
(Chiavenato, apud Gouveia e Pinheiro, 2014). 
Indivíduos e grupos se constroem e se modificam mutuamente de forma 
que a modificação em um gera mudança correspondente no outro. Nesse 
sentido, se deve compreender o indivíduo como reflexo do grupo a que pertence, 
e o grupo mediante os indivíduos que o constituem (Gouveia e Pinheiro, 2014). 
Alguns teóricos em psicologia e sociologia consideram que esta 
interação que acontece no grupo pode gerar resultados maiores que os 
resultados gerados por indivíduos isolados. É por este motivo que afirmam que 
o grupo é maior que a soma dos indivíduos, embora seja por eles constituído. 
Ainda sobre o conceito de grupo, Hampton (Gouveia e Pinheiro, 2014) destaca 
três elementos básicos que se fazem presentes em qualquer grupo: 
Interação - Refere-se ao comportamento interpessoal, que pode variar 
de grupo para grupo. A relação social de interação não implica, 
necessariamente, no estabelecimento de uma conversa ou de um contato 
pessoal muito próximo. Quando os atos de duas ou mais pessoas que se 
encontram estão intimamente relacionados é possível reconhecer e se falar em 
interação. 
Atividade- referente às tarefas das pessoas que compõem o grupo. 
Sentimento- inclui os processos mentais e emocionais que estão dentro 
das pessoas e que não podem ser vistos, mas cuja presença é inferida a partir 
das atividades e interações das pessoas. De tal modo, um sorriso sugere um 
determinado sentimento, um punho ameaçador sugere outro. 
Um conceito importante no estudo dos grupos é o de grupo de 
referência, que pode ser entendido como aquele no qual o indivíduo é motivado 
a manter relações. Quando um grupo de relações se torna um grupo de 
referência, ele passa a exercer papel normativo no comportamento das pessoas. 
A família e os colegas de trabalho são alguns exemplos de grupos de referência 
(Gouveia e Pinheiro, 2014). 
A família se constitui como a primeira instituição com a qual os indivíduos 
mantêm contato e estabelecem relações, sendo a responsável pela educação e 
 
4 
 
socialização de seus membros, sendo por isso fundamental para a análise da 
relação entre a construção do sujeito e o meio sociocultural (Baptista, Cardoso, 
Gomes, 2012; Féres-Carneiro e Diniz Neto, 2012). 
Segundo Pichon-Rivière (Osório, 2013): 
“ a família proporciona o marco adequado para a definição e a 
conservação das diferenças humanas, dando forma objetiva aos 
papeis distintos, mas mutuamente vinculados, do pai, da mãe e dos 
filhos, que constituem os papeis básicos em todas as culturas”. 
 
A definição de família mais utilizada na literatura continua sendo a 
chamada família nuclear, que geralmente é composta por marido, esposa e filho 
(s), e tem como função básica promover socialização e educação, prover 
financeiramente seus membros, gerar proteção e afeto (Teodoro, 2012; Baptista, 
Cardoso, Gomes, 2012). Mesmo com diversas mudanças em sua constituição, 
a concepção ocidental tradicional de família limita-se ao entendimento das 
relações estabelecidas entre os pais, destes com as crianças e destas com os 
irmãos, estando associada à ideia de que os pais são um casal heterossexual e 
estão no primeiro casamento (Teodoro, 2012; Baptista, Cardoso, Gomes, 2012). 
 
 
Fonte: www.dvf.com.br 
 
5 
 
2 AS INTER- RELAÇÕES FAMILIARES2 
 
Fonte: encenasaudemental.net 
Doron e Parot (2001) definem Família como um grupo de indivíduos 
unidos por laços transgeracionais e interdependentes quanto aos elementos 
fundamentais da vida. Pichon Rivière (1986) define a família como a estrutura 
social básica que se configura pelo entrejogo de papéis diferenciados (pai-mãe-
filho) e depositado e depositário: afetos, fantasias e imagens (depositado), que 
cada pessoa (depositante), coloca sobre o outro (depositário). 
A família, enquanto unidade, é formada por um conjunto de pessoas, cada 
uma com sua dinâmica interna, configurando uma rede de relações, ou seja, um 
sistema familiar. Há a dinâmica interna das pessoas e a dinâmica da família, 
numa interdependência contínua. Em sua dinâmica como um todo, a família 
sofre influência direta do econômico e do cultural. Sabemos que não há uma 
definição única de família, não há um "modelo ideal", pois cada família tem sua 
especificidade e estabelece um código próprio (constituído de normas e regras). 
Cada indivíduo se apropria deste código e o usa. 
 
2 Texto extraído do link: http://www.bdae.org.br/dspace/bitstream/123456789/904/1/tese.pdf 
 
6 
 
Cada um tem sua identidade, mas há uma organização interna à família. 
Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPS/OMS), a família 
desempenha as seguintes funções: 
 
 Reprodução e regulação sexual - garantindo a perpetuação da 
espécie; 
 Socialização e função educativa - transmitindo a cultura, valores e 
costumes através das gerações; 
 Manutenção e produção de recursos de subsistência - 
determinando a divisão do trabalho de seus membros e 
condicionando a contribuição para a vida econômica da sociedade. 
 
Soifer (1982) considera que as funçõesbásicas da família podem ser 
cabem totalmente aos pais ao passo que corresponde às crianças a função de 
aprender. A aprendizagem se inicia no lar com atividades básicas nas quais a 
família ensina o respeito, o amor e a solidariedade, o essencial para a 
convivência humana, e social e para o equilíbrio dos impulsos de destruição 
internos e infantis (Soifer, 1982; Baltazar, 2004). A partir da entrada na escola 
fundamental, os filhos começam a trazer ensinamentos obtidos na escola, que 
transmitem aos pais. 
A partir da primeira juventude, a relação ensino-aprendizagem se equilibra 
entre pais e filhos, por partes iguais como é de praxe em todo relacionamento 
humano (Baltazar, 2004). A instituição família vem se modificando e se 
reestruturando de acordo com cada contexto histórico e apresentando até 
formas variadas numa mesma época e lugar, de acordo com o grupo social que 
está sendo advertido (Paiva, 2008). 
As relações dentro de uma família foram se modificando através do 
tempo. O ponto mais emblemático da família está ligado, sem dúvida, ao 
questionamento da posição das crianças como "propriedade" dos pais e a 
posição econômica das mulheres dentro da família. Faz parte também da 
discussão o questionamento da distribuição dos papéis ditos especificamente 
masculinos ou femininos (Paiva, 2008). A organização da família nuclear em 
 
7 
 
torno da criança, tendo a afeição como necessária entre os seus membros, tem 
o seu nascimento historicamente datado, na Europa, final do século XVII e início 
do XVIII (Ariès, 1986; Ponciano, 2002). 
A ideia de família nuclear, na sociedade ocidental moderna, passou a ter 
como principal característica a vida doméstica, refúgio emocional em uma 
sociedade competitiva e fria (Lasch, 1991; Ponciano, 2002). 
FAMÍLIA NUCLEAR Uma família tradicional é normalmente formada pelo 
pai e mãe, unidos por matrimônio ou união de fato, e por um ou mais filhos, 
compondo uma família nuclear ou elementar. 
FAMÍLIA AMPLIADA também chamada extensa ou consanguínea. É 
uma estrutura mais ampla, que consiste na família nuclear, mais os parentes 
diretos ou colaterais, existindo uma extensão das relações entre pais e filhos 
para avós, pais e netos. 
A família moderna nasce como o lugar privilegiado para o domínio da 
intimidade, sendo também o agente a quem a sociedade confia a tarefa da 
transmissão da cultura, consolidando-a na personalidade. 
Para Lasch (1991, p.25), fecha-se o círculo privado e psicológico na 
família nuclear (Ponciano, 2002). Um novo sentimento surgido entre os membros 
da família, principalmente inseparável daquele (Ponciano, 2002). 
 
 
 
Fonte: www.erasmobraga.com.br 
 
8 
 
 
As famílias contemporâneas guardam muitas nuances do que se pode 
caracterizar como modelo burguês de família: patriarcal, autoritário, 
monogâmico, primando pela privacidade, a domesticidade e os conflitos entre 
sexo e idade. Os modos de vida nas famílias contemporâneas vêm se 
modificando, ocorrendo novas configurações de gênero e gerações, onde se 
elaboram novos códigos, mas mantém-se certo substrato básico de gerações 
anteriores (Motta, 1998). 
Estas mudanças guardam relação com algumas tendências que 
emergiram na década de 1960 (Castells, 2006): 
 
(1) O crescimento de uma economia informacional global, 
(2) Mudanças tecnológicas no processo de reprodução da espécie e 
(3) O impulso promovido pelas lutas da mulher e pelo movimento 
feminista. 
Destacam-se ainda algumas tendências globais recentes, que refletem 
significativas transformações no âmbito familiar (Rizzini, 2001): 
As famílias tendem a ser menores; 
 
 
Fonte: www.dvf.com.br 
 
9 
 
Há menos mobilidade para as crianças, com redução do espaço de 
autonomia das crianças em locais urbanos; as famílias ficam menos tempo 
juntas, fato associado ao aumento significativo do número de integrantes da 
família que trabalham; as famílias tendem a ser menos estáveis socialmente, 
como exemplo temos o declínio das uniões formais, o aumento dos índices de 
divórcios e separações, assim como de novas uniões; A dinâmica dos papéis 
parentais e das relações de gênero está mudando intensamente. Homens e 
mulheres são chamados a desempenhar, cada vez mais, papéis e funções que 
sempre foram fortemente delimitados como sendo “dos pais” ou “das mães”. 
A tendência atual da família moderna é ser cada vez mais simétrica na 
distribuição dos papéis e obrigações, sujeita a transformações constantes, 
devendo ser, portanto, flexível para poder enfrentar e se adaptar às rápidas 
mudanças sociais inerentes ao momento histórico em que vivemos (Amazonas 
& cols., 2003; Pratta & Santos, 2007). 
A família possui um papel primordial no amadurecimento e 
desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos, apresentando algumas funções 
primordiais, as quais podem ser agrupadas em três categorias que estão 
intimamente relacionadas (Osório, 1996): 
 
 
Biológicas 
 
A função biológica principal da família é garantir a sobrevivência da 
espécie humana, fornecendo os cuidados necessários para que o bebê humano 
possa se desenvolver adequadamente (Pratta e Santos, 2007). 
 
Psicológicas 
 
Em relação às funções psicológicas, podem-se citar três grupos centrais 
(Osório, 1996; Pratta e Santos, 2007): 
1. Proporcionar afeto, aspecto fundamental para garantira sobrevivência 
emocional do indivíduo; 
 
10 
 
 2. Servir de suporte e continência para as ansiedades existenciais dos 
seres humanos durante o seu desenvolvimento, auxiliando-os na superação das 
“crises vitais” pelas quais todos os seres humanos passam no decorrer do seu 
ciclo (exemplo: adolescência); 
3- Criar um ambiente adequado que permita a aprendizagem empírica 
que sustenta o processo de desenvolvimento cognitivo dos seres humanos. 
 
Sociais 
 
O cerne da função social da família está na transmissão da cultura de uma 
dada sociedade aos indivíduos (Osório, 1996), bem como na preparação dos 
seus membros para o exercício da cidadania (Amazonas e cols., 2003). 
É a partir do processo socializador que o indivíduo elabora sua identidade e sua 
subjetividade, adquirindo, no interior da família, os valores, as normas, as 
crenças, as ideias, os modelos e os padrões de comportamento necessários 
para a sua atuação na sociedade. As normas e os valores que introjetamos no 
interior da família permanecem conosco durante toda a vida, atuando como base 
para a tomada de decisões e atitudes que apresentamos no decorrer da fase 
adulta. Além disso, a família continua, mesmo na etapa adulta, a dar sentido às 
relações entre os indivíduos, funcionando como um espaço no qual as 
experiências vividas são elaboradas. 
As mudanças que ocorrem no mundo globalizado afetam a dinâmica 
familiar como um todo e, de forma particular, em cada família, considerando seus 
valores, história composição, cultura e pertencimento social. 
A partir da constituição da família como grupo social são estabelecidas as 
relações com a sociedade a que ela pertence. 
Os modos de vida das famílias contemporâneas vão se transformando, 
são criadas novas articulações de gênero e geracional, elaborando novos 
códigos e, ao mesmo tempo mantendo certo substrato básico de tradição. 
Como cada sociedade tem sua história e sua cultura, são diversas as formas de 
ser família, de criar os filhos, como também são diversos os costumes relativos 
ao matrimônio e aos papeis do homem e da mulher. 
 
11 
 
Kaslow (2001) cita nove tipos de composição familiar que podem ser 
consideradas “família”: 
1- Família nuclear, incluindo duas gerações (pais–filhos), com filhos 
biológicos; 
2- Famílias extensas, incluindo três ou quatro gerações (pais – filhos – avós); 
3- Famílias adotivas temporárias; 
4- Famílias adotivas que podem ser bi raciais ou multiculturais; 
5- Casais heterossexuais, 
6- Famílias monoparentais, chefiadas por pai ou mãe; 
7- Casais homossexuais com ou sem crianças;8- Famílias reconstituídas depois do divórcio; 
9- Várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte 
compromisso mútuo. 
 
Os papeis familiares nem sempre cabem aos indivíduos que 
convencionalmente designamos como seus depositários. Desta forma, a 
figura materna poderá ser representada pela avó, tia e ou pai da criança; o 
que importa é que a criança sempre seja cuidada por alguém muito afetuoso, 
disposto e disponível. 
 As relações nucleares relativizam-se diante das histórias das gerações 
anteriores. Quando falamos de família não podemos no limitar a pensarmos 
em termos de genitores e filhos, devemos sempre ter uma visão mais ampla 
que leve em consideração as gerações anteriores e as regras sociais 
próprias de cada época. 
O modelo nuclear continua presente, marcando, por exemplo, o desejo 
de casais homossexuais em terem filhos, assumindo papeis parentais e 
dividindo tarefas à semelhança de uma família conjugal. 
No que diz respeito às relações entre pais e filhos, esse padrão também 
se modificou, não sendo mais baseado na imposição da autoridade e sim na 
valorização de um relacionamento aberto dentro do contexto familiar, 
principalmente, no que se refere à convivência entre os membros da família. 
A família exerce o seu lugar de matriz de identidade. 
 
 
12 
 
 
Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br 
A funcionalidade familiar está intimamente relacionada com o processo 
saúde/doença. Uma família que funciona adequada ou inadequadamente pode 
contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde ou resistir ao seu 
efeito. Ao mesmo tempo, uma enfermidade ou problema de saúde pode afetar o 
funcionamento da família. 
A família é o primeiro espaço vital e arcabouço das produções humanas. 
Com sua genialidade alguns homens a notabiliza através de suas obras e 
produções, mas a família só efetua sua transcendência ao longo de sucessivas 
gerações, por sua encarnação mesma e suas repercussões no ciclo vital: 
acasalando-se, reproduzindo-se e quem sabe seguindo o seu destino com 
determinação e amor. 
A família é um organismo vivo que opera através de padrões transacionais 
(que passam de geração a geração), os quais, ao se repetirem, estabelecem 
como, quando e com quem entrar em relação. Todo sistema familiar possui 
regras que o determinam, definindo o que dela faz parte ou não, bem como 
definindo subsistemas tais como: subsistema conjugal, parental, fraterno ou dos 
irmãos, dos avós, tios e assim por diante. Esses limites ou fronteiras devem ser 
claros para que cada um saiba qual o seu papel ou função dentro da família, não 
interferindo indevidamente no papel do outro e tendo flexibilidade, para permitir 
o contato entre os membros do subsistema e os demais. 
 
13 
 
Autores de abordagem psicanalítica, tais como Freud, Soifer e Küpfer 
entre outros, salientam a importância em se perceber de que quando essas 
fronteiras de papéis não são respeitadas a família se torna disfuncional. 
A clareza dos limites ou fronteiras no interior de uma família é fator 
importantíssimo para o seu bom funcionamento. Nas famílias desligadas, os 
limites são muito rígidos, tornando a comunicação entre seus membros difícil. É 
como se predominasse um excesso de individualismo, no qual o comportamento 
dos membros não afetasse o comportamento dos demais. Como resultante 
frequente dessa disfuncionalidade, filhos adolescentes, carecendo de cuidados, 
começam a apresentar problemas em casa, na escola, uso abusivo de álcool, 
drogas e, se a família não responde, ajudando a corrigir o curso de sua vida, 
acabam por adotar uma vida sexual promíscua podendo, no caso das meninas, 
chegar a gravidez precoce. 
Outra situação de funcionamento problemático, devido à falta de clareza 
nas fronteiras familiares, acontece nas chamadas famílias aglutinadas. Estas 
famílias, ao contrário das anteriores, caracterizam-se por um emaranhamento, 
onde não existem diferenciações claras entre seus membros e onde o 
comportamento de um contagia e interfere de modo problemático na vida dos 
demais. Nessas famílias, qualquer movimento de diferenciação ou 
distanciamento do sistema familiar (casamento do filho, escolha de profissão, 
morar em outro lugar, grupo de amigos etc.) é vivenciado como extrema 
dificuldade, ou como uma traição geradora de chantagens e sentimentos de 
abandono e culpa. 
 
 Fonte: psicologado.com.br 
 
14 
 
 
Diante de tantas influências, é natural que a família adoeça e, então, entre 
no chamado estado "disfuncional". Uma família disfuncional é aquela que 
responde às exigências internas e externas de mudança, padronizando seu 
funcionamento. Relaciona-se sempre da mesma maneira de forma rígida não 
permitindo possibilidade de alternativas. Podemos dizer que ocorre um bloqueio 
no processo de comunicação familiar. Por mais doentio que possa parecer, este 
comportamento tem que ser mantido nem que para isso seja eleito um membro 
para "ser" ou "ter" o problema. 
Os sintomas identificados no paciente constituem a expressão de uma 
disfunção familiar e tratar apenas do paciente identificado somente iria desfocar 
o problema, sem considerar as inter-relações que se estabelecem no grupo. 
 
3 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
Fonte: pedagogiaaopedaletra.com 
 
15 
 
A Psicologia do Desenvolvimento Infantil está alicerçada na concepção 
filosófica acerca da necessidade imprescindível da família como organismo no 
qual nasce, cresce, evolui, amadurece e morre o ser humano. Para Soifer (1982, 
pág. 23); 
Família pode ser definida, como estrutura social básica, com entrejogo 
diferenciado de papéis, integrada por pessoas que convivem por tempo 
prolongado, em uma inter-relação recíproca com a cultura e a 
sociedade, dentro da qual se vai desenvolvendo a criatura humana, 
premida pela necessidade de limitar a situação narcísica e transformar-
se em um adulto capaz, a DEFESA DA VIDA é seu objetivo primordial. 
Para esta autora, as funções básicas da família podem ser sintetizadas 
em duas: ”ensino e aprendizagem”. Ainda, relata: 
Os primeiros anos de vida de ensino cabem totalmente aos pais, ao passo 
que corresponde às crianças a função de aprender. A partir da entrada na escola 
fundamental, os filhos começam a trazer ensinamentos obtidos na escola, que 
transmitem aos pais. Tal situação começa a se ampliar na escola secundária e 
através da frequência a outros ambientes, nos quais os adolescentes vão 
aprendendo noções relacionadas com o progresso científico. A partir da primeira 
juventude, a relação ensino-aprendizagem se equilibra entre pais e filhos, por 
partes iguais, como é de praxe em todo relacionamento humano. 
A aprendizagem se inicia no lar com atividades básicas nas quais a família 
ensina o respeito, o amor e a solidariedade, o básico para a convivência humana, 
e social e para o equilíbrio dos impulsos de destruição internos e infantis. Knobel 
(1992, págs. 20-21) descreve: 
No presente momento estamos assistindo a profundas mudanças na 
estrutura familiar e suas correlações internas e externas. Configura-se 
assim um “complexo” social, psicológico e biológico com variados e 
também complexos “subsistemas”. Na história da família observa-se 
que da família do tipo “tribal” (onde praticamente todos os parentes 
configuravam a família e que ainda se observa em alguns grupos 
culturais,) passou-se à família “extensa”, com os consanguíneos mais 
diretos. Depois passamos ao que se pode chamar de famílias 
“nucleares”, formadas só pelos pais, filhos e algum avô ou um outro 
familiar, até chegar atualmente à família “reduzida”, com uma precoce 
desvinculação dos filhos e a estruturação complementar do casal. 
 
 
 
16 
 
Knobel (1992) ressalta: 
 
Diversos problemas de saúde infanto-juvenil, de relacionamento conjugal, 
de vida sexual (impotência, frigidez etc.), de desavenças entre os pais e filhos e 
não poucos tipos de neuroses, condutasagressivas e até violentas, podem ter 
parte de sua origem nos conflitos dessa modalidade de vida familiar problemática 
Para Capelatto (1999), a família pode ser de extrema importância e 
suficiência para uma pessoa se realizar da maneira mais profunda, como pode 
também ser um foco destrutivo e mórbido de sua vida. Entendendo melhor: é no 
seio da relação com os pais (ou pelo menos com alguém que os represente) que 
uma criança nasce, cresce, vê o mundo e aprende a ser ela mesma, tendo, para 
isso, chances de ser cuidada por pessoas que deverão seguir algum caminho, 
instintivo, aprendido ou orientado, para ter sucesso na criação dessa criança. 
Sendo a única instituição afetiva que existe, e vivendo sem regras claras, 
a família sempre corre o risco de trazer para dentro de seu seio a mais rica e 
gostosa das relações, assim como pode trazer a relação mais triste e agressiva, 
pois é uma instituição puramente afetiva. Na ânsia de acertar, e recebendo 
informações de todos os tipos, às vezes contraditórios, os pais podem acabar 
errando no cuidado com seus queridos filhos, sem terem nenhuma intenção de 
errar. Revistas não especializadas, jornais, programas de TV não controlados e 
outros meios de comunicação podem levar informações desastrosas para pais e 
filhos. É comum ouvirmos falar do “egoísmo dos pais” em relação aos filhos, 
quando, na verdade, esses pais querem apenas impor limites aos filhos. Por isso, 
a família é o “lugar” de brigas de seus membros, de seus gritos e dos seus 
amores. 
Uma família sadia sempre tem momentos de grata e prazerosa emoção 
alternados com momentos de tristeza, discussões e desentendimentos. Mas, é 
na própria família que essas reparações podem ser feitas, através do 
entendimento, do perdão tão necessário e da aprendizagem de como todos 
devem se preparar adequadamente para cuidar dos próprios filhos, os quais 
serão frutos de uma união baseada na escolha afetiva de cada um dos cônjuges. 
Entretanto, como a família é uma instituição afetiva e não uma instituição 
empresarial, as divergências imediatamente surgem; as diferenças de 
 
17 
 
personalidade promovem atritos e discussões entre os parceiros, pois nem 
sempre o desejo de um é necessariamente o desejo do outro. A esse conflito 
vamos chamar de “crise”. Uma crise é um conflito de poder, no qual os envolvidos 
disputam, de uma maneira desgastante e muitas vezes agressiva, uma espécie 
de jogo de “quem pode-mais”. 
Nesse jogo, as individualidades são maiores do que o próprio problema 
que gerou a crise. Por mais que os pais se esforcem, seus filhos terão sua própria 
personalidade, temperada com elementos da genética, da criação e das relações 
com as outras pessoas que passarão por suas vidas. Por mais que que os pais 
queiram ser idênticos, histórias de criação e de valores diferentes acompanham 
o marido e a mulher o tempo todo. 
Assim, uma parceria deve ser um conjunto de paciência, de desejos de 
fazer sempre o melhor, e um esforço consciente bastante elevado para aceitar a 
condição que rege as crises na humanidade: a diferença que existe entre as 
pessoas. Mas, apesar das diferenças que existem entre os indivíduos, as 
parcerias sempre deverão existir entre pessoas que cuidam de um terceiro, pois 
só assim o cuidado poderá ser feito com um ingrediente fundamental: o limite. 
Sempre que um casal deseja ter filhos, pensa na possibilidade dessa 
criança ser feliz, ter uma boa infância, crescer e estudar e, no futuro, ter um bom 
emprego, um bom salário e uma vida sem dificuldades. Esse é também o desejo 
dos pais de hoje, que não sabem como realizá-lo em face dos números e 
desgastantes problemas que temos enfrentado no dia-a-dia. Um filho é um ser 
que nasce de um desejo (o desejo de ter um filho) e esse desejo tem que ser 
constantemente lembrado pelos pais. É como pensar: ”esse sujeito é meu filho, 
pertence e sempre vai pertencer ao meu desejo, e só vai se libertar dessa 
algema quando ele tiver construído seu próprio desejo” (CAPELATTO, 1999). 
 Winnicott (1989), nos fala da importância dos pais no desenvolvimento 
salutar do bebê, enfatizando principalmente a mãe, como primeira cuidadora, 
que, por sua vez, também precisa ser cuidada, ou seja, ter condições adequadas 
para dar suporte ao filho. Holding é o termo empregado por Winnicott (1993) para 
descrever uma conduta emocional da mãe a respeito de seu filho. Ao redor dos 
êxitos e fracassos deste holding situam-se os diferentes graus de perturbação 
psíquica. Este entender é reiterado por Soifer (1983) que, ao estudar a família, 
 
18 
 
ressalta a importância da correta função dos genitores, principalmente no que se 
refere ao seu papel de autoridade; que está presente impondo limites, dando 
noção de realidade, ajudando na contenção dos impulsos destrutivos e da 
discriminação entre fantasia e realidade. Este entender é reiterado por Soifer 
(1983) que, ao estudar a família, ressalta a importância da correta função dos 
genitores, principalmente no que se refere ao seu papel de autoridade; que está 
presente impondo limites, dando noção de realidade, ajudando na contenção dos 
impulsos destrutivos e da discriminação entre fantasia e realidade. 
 
 
Fonte: https://www.crepuit.xyz 
Knobel (1992), fala sobre a responsabilidade dos pais: não é possível 
substituir ou delegar papéis familiares. É necessário lutar para que eles sejam 
mais adequados e assumam as responsabilidades tanto familiares como sociais. 
A criança necessita de seu grupo familiar para sobreviver, desenvolver todas as 
etapas de crescimento e adquirir diversas habilidades. A coexistência psíquica 
dos instintos de vida e de morte, e o fato de que ambos se expressam através 
da fantasia, enquanto os atos vão explorando a realidade e delineando entre 
aquilo que leva à morte e aquilo que mantém a vida. 
 
19 
 
A criança em desenvolvimento tem a necessidade através de suas 
relações com seus genitores, de se ver confirmada pelo que faz, pelo seu 
desempenho e suas aquisições, em seu cotidiano. No que se refere à função 
dos genitores, Soifer relata e enfatiza a coexistência de duas imagos, a paterna 
e a materna. Cabe a eles a função de ensinar os filhos, ambos demonstrando 
certa autoridade, impondo limites para que estes possam crescer de forma 
salutar e saber que podem contar com estas figuras parentais (ibid., pág. 28). 
Estudiosos, como Sptiz (1970) e Bowlby (1981), salientam a importância dos 
cuidados maternos para o desenvolvimento psicológico pleno dos filhos. 
Os cuidados maternos se referem a um “cuidador”, e não apenas, aos 
cuidados de uma mãe. Klein (1973) aborda a questão do planejamento para a 
estabilidade emocional da criança, enfatizando os cuidados necessários da mãe 
e da família no desenvolvimento da criança. Em famílias nas quais onde o 
processo de desenvolvimento é vivenciado como ameaçador, os padrões de 
interação e as funções individuais tornam-se, aos poucos, enrijecidos até que, 
finalmente, a patologia da criança se instala (ANDOLFI et alii, 1984). Reitera 
Phillipi (1994, pág. 3), parafraseando Freud em Inibição, Sintoma e Angústia: 
O desamparo dos primeiros momentos da existência humana é 
elaborado com referência de figuras protetoras que suprem por assim 
dizer, carências instintuais do sujeito. Esses objetos amorosos 
“barrados” pela interposição da Lei subsistem, contudo, no imaginário 
individual, orientando a procura 29 impossível de algo 
irremediavelmente perdido (in BARROS, 2001, vol.2, pág. 44) 
Os papéis familiares nem sempre cabem aos indivíduos que 
convencionalmente designamos como seus depositários. Desta forma, a figura 
materna poderá ser representada pela avó, tia e ou o pai da criança; o que 
importa é que a criança sempre seja cuidada por alguém muito afetuoso, 
disposto e disponível. 
 
 
20 
 
4 A FAMÍLIA E AS ORIGENS DO SINTOMA 
 
Fonte: www.boavontade.com 
O estudo da família e sua importânciana estruturação de sintomas em 
seus membros têm sido abordados por vários estudiosos que acreditam que as 
condições nas quais ocorre o desenvolvimento da criança determinam uma 
intrincada série de relações intersubjetivas, estruturadoras de redes de fantasias 
e de significados que só podem ser corretamente avaliadas se incluídas em uma 
psicodinâmica familiar. 
Os pais transmitem a seus filhos seus conhecimentos, de acordo com as 
possibilidades psicológicas reais que possuem, determinadas pelos respectivos 
traços de caráter, e estes por sua vez configuram a cultura e a ideologia da 
família. Os filhos incorporam esses ensinamentos também segundo as variantes 
impressas em sua personalidade pelos acontecimentos que lhes cabe vivenciar 
e de conformidade com os mecanismos de defesa que vão elaborando a partir 
das séries complementares, em que tem um peso considerável o modelo 
recebido de seus progenitores neste sentido. Pensarmos que também a família 
pode então tornar-se o núcleo das enfermidades e sintomas em crianças e 
adolescentes, Soifer (1992) relata que a enfermidade da criança, ou seja, seu 
papel de “bode expiatório” representa uma aprendizagem, que seus progenitores 
não puderam completar no momento evolutivo correspondente. 
http://www.boavontade.com/
 
21 
 
 
 
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br 
Pichon – Rivière (1986) define a família como a estrutura social básica 
que se configura pelo entrejogo de papéis diferenciados (pai-mãe-filho) e explica 
o mecanismo de “depositação” do entrejogo entre depositante, depositado e 
depositário: afetos, fantasias e imagens (depositado), que cada pessoa 
(depositante), coloca sobre o outro (depositário). 
Soifer (1983) aponta a incidência do papel da família na enfermidade da 
criança, concluindo que é difícil classificar um único membro como doente em 
uma família e propondo-se a estudar o entrejogo das relações familiares e sua 
significação para o aparecimento da “doença” em um paciente identificado. Na 
complexa relação do indivíduo e sua família, nesta extensa identificação, relação 
de aprendizagem afetiva, o indivíduo irá registrar uma gama de sentimentos 
inconscientes e desconhecidos que podem ter efeitos prejudiciais e inibidores, 
que guardam segredos e mitos de família. 
Para Pincus & Dare (1987): 
Os segredos podem pertencer a um membro da família; ou, tacitamente, 
compartilhados com outros, ou, inconscientemente, endossados por todos os 
membros da família, frequentemente de geração para geração, até se tornarem 
um mito. Os referidos autores acima ainda descrevem: 
 
22 
 
Quando falamos de segredos de família, fazemos uma distinção entre 
aqueles que são reconhecidos como fatos reais por um membro da família que 
os esconde dos demais, e aqueles que não tem base real, mas surgem de 
fantasias. Pois mesmo sem a presença dos fatos reais guardados em segredo, 
os sentimentos provenientes do tempo em que ciúme, rivalidade, amor e ódio 
tinham que ser encarados na família podem produzir fantasias, as quais, por não 
poderem ser expressas, tornam-se segredos. Tais segredos podem ser 
inconscientemente partilhados por pais e filhos através de gerações e muitas 
vezes não são facilmente distinguidos do mito familiar. Destes conceitos, 
desenvolveu-se a ideia do “bode expiatório" como a pessoa sobre a qual 
convergem as "depositasses“ da família. Este ”bode expiatório” constitui-se o 
porta-voz da enfermidade familiar. Sob este prisma, a necessidade de realizar 
um diagnóstico familiar torna-se proeminente. 
Para entendermos uma dinâmica familiar e a rede de fantasias que nela 
se estrutura, é preciso ter em mente quais são as dificuldades internas que um 
indivíduo terá que vivenciar ao constituir uma família, conceber uma criança e 
cuidar do seu desenvolvimento. 
Em Análise da Fobia de um Menino de Cinco Anos (1909), Freud nos 
mostra a importância e nos orientou que as atitudes dos pais, conscientes ou 
inconscientes, podem significar na formação de um sintoma na criança. A análise 
deste caso nos ensina como os sintomas do pequeno Hans foram interpretados 
como resultante de conflitos edípicos não resolvidos de seus pais. Além de sua 
própria situação edípica, ele deveria estruturar-se defensivamente também em 
relação aos conflitos parentais sobre ele projetados (FREUD, 1969). 
Zorning (2001) aborda o fato de como o entrelaçamento do sintoma da 
criança as fantasias parentais coloca o psicanalista e/ou psicólogo em uma 
posição de ouvir diferentes demandas e discursos sobre a criança para poder 
intervir como um elemento separador, permitindo um deslocamento entre a 
demanda dos pais e o sintoma da criança. Poderíamos dizer que esta prática é 
marcada pela posição de dependência estrutural da criança diante de seus 
cuidadores fundamentais, fazendo com que a desconsideração deste “nó 
sintomático” possa inviabilizar o tratamento da criança. 
 
23 
 
Para Manonni (1967), Dolto (1989) e Vanier (1993), a neurose dos pais 
tem um papel fundamental na eclosão dos sintomas da criança, pois esta fixa 
sua existência num lugar determinado pelos pais em seu sistema de fantasias e 
desejos. A criança procura responder ao enigma dos significantes obscuros 
propostos pelos adultos identifica-se ao que julga ser objeto do desejo materno, 
tentando preencher a falta estrutural do Outro e evitar a angústia de castração 
(ZORNING, 2001). 
 
Fonte: santuariosenhorbomjesus.com.br 
Freud (1909), na Análise de uma fobia de um menino de 5 anos (Caso do 
Pequeno Hans), pós-escrito em 1922, reforça a ideia de que, ao indicar que, em 
função da especificidade da criança, ou seja, do fato de os pais, na realidade 
exercerem uma forte influência sobre ela, é necessário combinar o tratamento 
psicanalítico da criança com algum trabalho efetuado com os pais, sob o risco 
de a análise se tornar inviável pela resistência exercida pelos pais (FREUD, 
1969). 
 
 
24 
 
5 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR 
 
Fonte: esperanca.com.br 
Neste último ponto pretende-se evidenciar a importância da comunicação 
como expressão caracterizadora do sistema familiar e como fator determinante 
das relações familiares subjacentes no processo. É fundamental considerar o 
mecanismo de feedback, isto é, mecanismo de retorno ao ponto de origem da 
resposta do destinatário da informação, o que tem como consequência manter 
ou alterar o conteúdo da comunicação por parte do emissor (Amado, 2006: 35). 
Neste sistema de comunicação podemos admitir que pode não haver 
coincidência entre o conteúdo da comunicação (mensagem) emitido pela fonte 
da comunicação e a mensagem percepcionada pelo destinatário da 
comunicação. Isto deve-se a barreiras e obstáculos à comunicação, dificultando 
a compreensão do processo familiar, contribuindo por vezes para a instabilidade 
e o desequilíbrio do sistema. A comunicação entre todos os membros é 
importante entre todos os membros da família, torna-se ainda mais relevante na 
relação progenitor filho porque a influência principal na vida moral dos filhos é 
essencialmente exercida pelos pais, sobretudo das crianças mais novas 
(Weissbourd, 2010). Estes bloqueios podem ser provenientes das competências 
comunicadoras do emissor e do receptor, no que se refere à forma como 
 
25 
 
codificam e descodificam as mensagens, bem como à sua capacidade de 
raciocinar sobre os conteúdos das mesmas. 
A família é, então, um espaço privilegiado para a elaboração e 
aprendizagens de dimensões significativas de interação e comunicação onde as 
emoções e afetos positivos ou negativos vão dando corpo ao sentimento de 
sermos quem somos e de pertencermos àquela e não a outra família. Assim, o 
processo de comunicação na família sendo um sistema interativo onde o 
comportamento de cada indivíduo é fator e produto do comportamento dos 
outros, os resultados finais dependem menos das condições iniciais e mais do 
processocomunicativo. 
A família passa por um processo de desenvolvimento, o qual engloba a 
diferenciação estrutural – mudanças na organização relacional – e a co -
evolução – transformações relacionadas com a comunicação. Ora durante este 
processo comunicativo há elementos que continuam e que dão consistência às 
relações, mas há também elementos que se transformam e dão origem a 
mudanças, sendo que no decurso das interações não há processos unilaterais, 
as relações são sempre bilaterais ou múltiplas. 
A comunicação apresenta-se como fator determinante para facilitar as 
relações entre os membros da família e o meio social. 
 
 
Fonte: porvir.org 
 
26 
 
 
Este exercício de comunicar estabelece uma relação, e, nesse sentido 
exige treino, reflexão, aprendizagem, prática e sobretudo uma série de atitudes 
e comportamentos que envolvem as palavras, o sentido compreensivo e lógico 
da estrutura, mas também os gestos, toda a linguagem do corpo. Estamos 
perante um conceito transdisciplinar que traz valor acrescentado essencialmente 
às Ciências Sociais e Humanas. Neste contexto, depreendemos que comunicar 
subentende relação, promove capacidade de expressão que, para além de 
quebrar a solidão, é ligação a outrem, é satisfação das necessidades de ordem 
intelectual, afetiva, moral e social, constituindo uma componente essencial da 
vida de cada um em particular e em geral de todo o sistema familiar. Se 
considerarmos o indivíduo como um sistema individual auto organizado, o 
mesmo é dizer que se constrói na relação que estabelece com os outros. Visto 
que a relação caracteriza e expressa o sistema familiar, os sujeitos que dele 
fazem parte encontram-se num processo de comunicação constante, ao qual 
não podem subtrair-se. 
Com efeito, podemos dizer que na relação familiar, os membros que 
interagem se situam num plano sistêmico e interativo de comunicação o 
indivíduo está permanentemente a fazer trocas entre o sistema familiar e o meio 
que o envolve cultural e socialmente, neste caso a família e a sociedade. Desta 
forma, o processo de comunicação no sistema familiar conduz o indivíduo à 
adaptação social, caso contrário a relação familiar torna-se insustentável e a 
possibilidade do fracasso da sua integração no sistema familiar e no sistema 
social pode acontecer. 
O sistema familiar pode facilitar as trocas adaptativas ajustando as 
mudanças que se dão no meio ambiente. A comunicação torna-se assim parte 
integrante do indivíduo na família e na sociedade. Como a família é a primeira 
instituição a facultar as relações o modo como nela se desenvolve os processos 
de comunicação determinará o maior ou menor sucesso do desenvolvimento 
pessoal e social dos seus membros e, consequentemente, a integração na 
sociedade. 
 
 
27 
 
6 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA 
 
Fonte: blogdovalterdesiderio.blogspot.com 
A adolescência se constitui como sendo uma fase de transição do 
indivíduo, da infância para a fase adulta, evoluindo de um estado de intensa 
dependência para uma condição de autonomia pessoal e de uma condição de 
necessidade de controle externo para o autocontrole, sendo marcado por 
mudanças evolutivas rápidas e intensas nos sistemas biológicos, psicológicos e 
sociais. 
Nesse período evolutivo, crucial para o desenvolvimento do indivíduo, 
culmina todo o seu processo de maturação biopsicossocial, ocorrendo a 
aquisição da imagem corporal definitiva, bem como a estruturação final da 
personalidade. 
Em nossa sociedade no geral, adolescência se caracteriza por uma 
condição que não é mais a de criança, mas nem deve ser ainda a do adulto. É a 
condição de adolescente, selada pela provisoriedade. 
A construção psicológica do adolescente tem em conta a sua história 
pessoal, bem como suas novas competências sexuais, cognitivas e sociais. A 
 
28 
 
história familiar do adolescente não se inicia na adolescência, estando presente 
mesmo antes da infância, durante a gravidez planejada ou não. 
Na dependência das características da família é que vão surgir 
determinadas características do adolescente, considerando – se estas não só no 
nível interno do adolescente, mas também no nível de seu relacionamento com 
o meio externo. 
Em uma perspectiva sistêmica, a adolescência é compreendida como 
uma fase do ciclo de vida familiar, um evento previsível que apresenta grande 
impacto na vida familiar e apresenta tarefas particulares que envolvem todos os 
membros da família. 
É importante compreender o conjunto familiar, o que acontece com as 
unidades inter-relacionadas e facilitar a construção de um pensado pessoal 
crítico, que implique numa responsabilidade pessoal pela escolha dos rumos 
vividos. 
A adolescência favorece as condições necessárias para a emergência de 
uma série de problemas e conflitos dentro do contexto familiar, acentuando –se 
a frequência das brigas disputas entre pais e filhos durante este período, uma 
vez que a necessidade de negociação constante, inerente a esta etapa, aumenta 
o potencial de conflitos entre as gerações. Esse período tem sido descrito desde 
Anna Freud como conflitivo; como crise de identidade por Erickson e tem a 
denominação universal de tempestade e estresse. 
As características do desenvolvimento psicossocial que ocorrem 
paralelamente às modificações do corpo são agrupadas no que Maurício Knobel 
denominou síndrome normal da adolescência. A adolescência é assim um 
conceito relativo a um processo e o adolescente é o sujeito que está vivenciando 
esse processo. 
Denomina-se síndrome normal da adolescência o conjunto de sinais e 
sintomas que caracterizam esta fase da vida que são: 
 Busca de si e da identidade 
 Tendência grupal 
 Necessidade de fantasiar e intelectualizar 
 Crises religiosas 
 
29 
 
 Deslocamento temporal 
 Evolução sexual do autoerotismo até a heterossexualidade 
 Atitude social reivindicatória 
 Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta 
 Separação progressiva dos pais 
 Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo; 
Como consequência, a adolescência afeta o ciclo vital familiar e seu estilo 
de vida mais do que qualquer outra fase da vida, pois desestabiliza o sistema e 
provoca novos ajustes para manter as relações e a saúde mental de seus 
membros. 
Quando um grupo familiar possui um filho adolescente, o grupo como um 
todo parece adolescer. Os pais vivenciam sentimentos variados em decorrência 
da adolescência de seus filhos e as respostas que são capazes de dar aos 
adolescentes estão condicionadas à forma pela qual os mesmos resolveram o 
seu processo adolescente, ao nível de integração que têm como casal e a sua 
capacidade de adaptação às redefinições que esta situação implica. 
O estresse e a tensão normais provocados na família por um adolescente 
são exacerbados quando os pais sentem uma profunda insatisfação e são 
compelidos a fazer mudança em si mesmos. O que muitas vezes se cria é um 
campo de demandas conflitantes, em que o estresse parece ser transmitido para 
cima e para baixo entre as gerações. 
Por serem tão intensas, as demandas adolescentes por maior autonomia 
e independência frequentemente precipitam mudanças no relacionamento entre 
as gerações, fazendo aflorar conflitos não resolvidos entre pais e avós (dos 
adolescentes), em sua infância ou adolescência. 
O conflito entre os pais e os avós pode ter efeito negativo sobre o 
relacionamento entre os pais e os adolescentes. O impasse também pode 
ocorrer em direção oposta: um conflito entre os pais e o adolescente pode afetar 
o relacionamento conjugal, o que acaba prejudicando o relacionamento entre os 
pais e os avós. 
Os pais além de reavaliar e analisar a própria adolescência, bem como os 
pais de seu período adolescente, enfrentam novos estágios de seu ciclo vital, 
 
30 
 
aparecendo então novas preocupações: a perda do corpo jovem e a 
aproximação da aposentadoria e velhice. 
Duranteesse período, as famílias também estão se ajustando a novas 
demandas de seus membros, que estão entrando em novos estágios do ciclo de 
vida. Os pais enfrentam questões maiores, como a “crise do meio da vida” de um 
ou ambos os cônjuges, com exploração das satisfações e insatisfações 
pessoais, profissionais e conjugais, ao mesmo tempo em que os avós passam 
pelas experiências da aposentadoria e possíveis mudanças, como doença e 
morte. Os pais podem ter de se transformar em cuidadores de seus próprios pais 
ou ajudá-los a integrar as perdas da velhice. 
Com o rápido crescimento físico e a maturação sexual durante a 
puberdade são acelerados os movimentos que buscam solidificar uma 
identidade e estabelecer a autonomia em relação à família. 
Para muitos pais, a percepção de que o filho está se tornando adolescente 
só acontece ao se darem conta das modificações corporais ocorridas com o filho. 
O desenvolvimento psicossocial não é considerado. 
Há muitas queixas associadas aos comportamentos dos filhos porque 
estes não são entendidos como característicos da adolescência, mas sim 
percebidos como má criação dos filhos (comportamentos não aprovados). Muito 
frequentes são as queixas quanto à instabilidade de comportamento, indisciplina, 
rebeldia dos filhos. 
O adolescente tentando descobrir novas direções e formas de vida, 
desafia e questiona a ordem familiar até então estabelecida. A ambivalência 
independência / dependência vivenciada por ele cria tensão e instabilidade nas 
relações familiares, o que frequentemente leva a conflitos intensos que podem 
tornar-se crônicos. Os filhos lutam pela independência de modo ambivalente, 
pois ao exigirem a independência de seus filhos com relação a eles mesmos, 
também o fazem de modo ambíguo, comportando – se como bloqueadores da 
independência dos filhos. 
Os pais muitas vezes tentam puxar as rédeas ou retrair-se 
emocionalmente para evitar novos conflitos. Os adolescentes, por outro lado, no 
esforço para abrir seu próprio caminho, recorrem a ataques de raiva, se retraem 
 
31 
 
emocionalmente por trás de portas fechadas, buscam apoio nos avós e/ou 
apresentam intermináveis exemplos de amigos que têm mais liberdade. 
O adolescente quer independência, mas também quer e precisa de 
limites. Por outro lado, há muitos pais que compreendem a adolescência como 
um processo na vida do filho, agindo como facilitadores da vivência deste 
processo, ou seja, mantendo postura de diálogo, de abertura para com o filho. 
Muitos pais atuam com rigidez intensa frente a seus filhos, gerando 
conflitos. Outros atuam com permissividade extrema, deixando de orientar o filho 
num momento tão importante de estruturação da personalidade. Na 
adolescência, a evolução da dependência absoluta da infância à autonomia 
adulta pode ser um momento doloroso para pais e filhos. Muitas vezes, os pais 
sentem um vazio quando os adolescentes se tornam mais independentes, pois 
percebem que não são mais necessários como antes, e dessa forma, sentimento 
de perda (perda da criança) e medo de abandono podem ocorrer. 
Às vezes os pais, incapazes em lidar com a perda da dependência do 
filho, podem apresentar – se depressivos. Da mesma maneira, o adolescente 
precisa lidar com a perda do eu infantil e da família como fonte primária de afeto. 
A perda desse primeiro vínculo romântico também pode desencadear a 
depressão no adolescente. Esse duplo movimento de luto do qual participam 
pais e filhos foi denominado por Stone e Church como síndrome da ambivalência 
dual. 
A adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papeis na 
família. De unidades que protegem e nutrem os filhos, as famílias passam a ser 
o centro de preparação para a entrada do adolescente no universo das 
responsabilidades e dos compromissos do mundo adulto. 
A família constitui fronteiras mais flexíveis, permitindo aos adolescentes 
se aproximarem e serem dependentes nos momentos em que não conseguem 
manejar suas vidas sozinhos, e se afastarem e experimentaremos desafios, com 
graus crescentes da independência, quando estão prontos, exigindo esforços 
especiais de todos os membros da família. Para viver satisfatoriamente essa 
etapa da vida o adolescente deve cumprir aquilo que Erickson chama de tarefas 
do desenvolvimento: 
 
32 
 
 Conhecer a si mesmo; 
 Adotar um papel sexual; 
 Conseguir autonomia diante da família; 
 Definir- se vocacionalmente; 
 Atingir relações interpessoais autônomas para consolidar sua 
identidade. 
 
Na tentativa de diminuir os conflitos gerados nesse período, muitas 
famílias continuam em busca de soluções que costumavam funcionar em 
estágios anteriores, entretanto, a flexibilidade é a chave do sucesso paras as 
famílias nesse estágio. Por exemplo, flexibilizar mais as fronteiras familiares e 
modular a autoridade parental permite maior independência e desenvolvimento 
aos adolescentes. 
 
 
Fonte: mdemulher.abril.com.br 
 
33 
 
7 A CRIANÇA E A SEPARAÇÃO DOS PAIS 
 
Fonte: soumamae.com.br 
Separações afetam a todos. A perda de uma vida compartilhada e ter que 
desistir da ideia de um futuro em conjunto para a família é na maior parte das 
vezes doloroso. A maioria das pessoas consegue se ajustar à nova condição, 
mas este pode ser um longo caminho, com momentos em que não se consegue 
ver como as coisas ficarão. 
Françoise Dolto, psicanalista e pediatra francesa, propôs que o método 
de trabalho usado com crianças deveria consistir em praticar uma escuta capaz 
de traduzir a linguagem infantil. Segundo Dolto, o psicanalista deveria usar as 
mesmas palavras que a criança e comunicar-lhe seus próprios pensamentos sob 
o aspecto real. 
A obra “Quando os pais se separam”, trata-se de uma entrevista com 
Dolto. Ela revela o que ocorre com pais/filhos antes, durante e após a separação 
na realidade da França. Mostra que os pais devem explicar aos filhos o motivo 
da separação e que os conflitos existentes não mudam a maternidade/ 
paternidade. O divórcio para Dolto traz libertação da atmosfera de discórdia e 
parece trazer solução para os filhos independentemente da idade. 
 
34 
 
Dolto utiliza o termo Díade (mãe/filho) e não descarta a triangulação pai-
mãe-filho. A mãe tem capacidade de ser bivocal e bicefálica, mas precisa ser 
estruturada pelo pai enquanto mãe/bebê, devido à possibilidade de regressão. 
O pai tem lugar marcante e deve ser valorizado pela mãe diante do filho. 
Em caso de separação, há muita dor que precisa ser elaborada seja pelos 
pais, avós, professores e psicólogos. Cada criança vai viver a ruptura propiciada 
de três formas: no corpo (psicossomática, na afetividade e no social. 
A criança menor que 5 anos pode sofrer indiferenciação nessas três 
áreas, pior será com a separação dos irmãos. Ex de psicossoma: na hora de sair 
com o visitante (pai) a criança poderá ter dor de barriga. A mãe poderá 
interpretar que ela não gosta de sair com o pai, mas a criança está sofrendo com 
a trama familiar. 
Dolto chama de genitor contínuo aquele que se encarrega da guarda, 
genitor descontínuo aquele que visita e supre. De qualquer forma, é importante 
para a criança a valorização dos dois genitores. Evitar julgamentos ou levar a 
criança a julgar para não interferir na sua construção. Os pais ambivalentes: 
ama/não amam; querem não querem, levam a dissociação de sentimentos. 
Dolto faz a seguinte consideração acerca de filhos de pais separados: “A 
verdadeira solução é os pais, responsáveis pela vida de uma criança, 
continuarem a entender-se para que essa criança viva a fase entre esses dois 
progenitores, se possível, e possa estar a par da sua situação; para que saiba 
que seus pais embora divorciados, se sentem ambos responsáveis por ela”. 
Dolto considera ser essencial que os filhos sejam avisados a respeito do 
divórcio. A criança deve ouvir palavras claras acerca das decisões tomadas por 
seus pais e homologadas pelojuiz ou por este imposta aos pais”. Quando isso 
não acontece, o silêncio em torno do divórcio pode provocar o sofrimento 
psíquico, uma vez que muitas crianças e adolescentes sentem –se culpados pelo 
divórcio dos pais, em razão das complicações de encargos e responsabilidades 
que sua existência faz pesar sobre ambos os pais. É importante que a criança 
tenha a certeza de que os pais estão anulando apenas o vínculo que existia 
enquanto casal e que não deixaram de amá-la, uma vez que ela tem a 
necessidade de ser protegida e amada por ambos os pais. 
 
35 
 
Quando pequena a criança não consegue suportar a guarda alternada 
sem ficar solta na sua estrutura, até eventualmente dissociar –se, conforme a 
sensibilidade de cada um. Dolto costumava nomear estas crianças de “filhos-
joguetes” e relata que ao longo de alguns anos foram sendo constatados 
inúmeros casos de incidentes graves e tentativas de suicídio entre crianças e 
adolescentes e por isso a guarda alternada foi proibida na França, nos anos 80. 
A mais utilizada até hoje, tanto na França como nos Estados Unidos é a guarda 
compartilhada. 
Para a psicanalista é importante que os pais preparem a criança para a 
separação, falando sobre as dificuldades de relacionamento e a forma em que 
estão pensando para resolver estes conflitos. A criança possui radares 
ultrassensíveis para detectar os estados emocionais dos pais, quando estes não 
são verbalizados, a angústia e a insegurança geradas na criança podem ser 
desorganizadores. 
Muitos pais não conseguem falar claramente com a criança acerca desses 
assuntos e inventam mentiras. Sobre este assunto, Dolto relata que o problema 
não está em a criança saber a verdade, mas da “mentira” que o adulto inventa 
para ela; aparecendo a “mentira” no sintoma, de forma presente. Portanto, o que 
lhe faz mal não é tanto a situação real quanto aquilo que, não foi claramente 
verbalizado. É o não-dito que assume aqui um relevo. (Dolto,2011). 
A separação dos pais pode ser causadora de angústia na criança, porém 
esta pode ser acentuada se os pais hesitarem em falar a verdade. Porém, a 
separação pode ser elaborada pela criança se ela tiver uma boa identificação 
narcísica. Isto é, quando ela consegue existir além do olhar do Outro. 
Sendo esta identificação narcísica a imagem que o sujeito fez de si 
mesmo baseado no modelo de outro sujeito, e que consiste na formação de sua 
subjetividade. Inicialmente os pais, ou as pessoas que representam essa função, 
são os primeiros e principais referenciais da criança e tudo que se refere a eles 
atinge-a efetivamente. 
Uma criança quer se identificar com o adulto porque este representa 
na sua idade adulta. Não é o adulto que ela imita; ela corre atrás de 
uma imagem acabada de si mesma, sob a forma daquele modelo e, 
felizmente, muda de modelo ao longo da vida, mas no começo são os 
pais”. (Dolto, 1999, p.47-48) 
 
36 
 
A criança é marcada pelo desejo do Outro antes mesmo de nascer, pois 
as representações e as fantasias dos pais refletem na vida da criança. Diz Dolto: 
“ Cada ser humano é marcado pela relação real que tem com o pai e a mãe, do 
a priori simbólico que herda no instante do seu nascimento, antes mesmo de ter 
aberto os olhos” (Dolto in Mannoni, 2004). 
Os pais são as primeiras referências da criança e tudo que fazem, reflete 
na vida da criança e isso não é necessariamente bom ou ruim, é estruturante. 
Portanto, não são os pais que tornam uma criança “boa” ou “má”, são as 
percepções dela acerca das pessoas que exercem a função de mãe e/ou pai, e 
por meio de sua realidade psíquica que ela vai desenvolver seus conceitos, seus 
desejos e seus sintomas de maneira única. 
 
 
 
Fonte: 4daddy.com.br 
 
 
 
 
 
37 
 
8 PARENTALIDADE PÓS – DIVÓRCIO 
 
Fonte:casadospoetasedapoesia.ning.com 
Sabemos que atualmente o vínculo conjugal não é mais indissolúvel, no 
entanto, o vínculo parental é para sempre. Assim, por mais que existam ex-
maridos e ex - esposas, jamais existirão ex – pai e ex –mãe. 
Observa –se que uma das grandes dificuldades no divórcio é a 
diferenciação entre a conjugalidade (ser marido e mulher) e a parentalidade (ser 
pai e mãe). Nesse caso, a parentalidade, que implica numa série de 
responsabilidades essenciais para os filhos, precisa ser remodelada e adequada 
ao contexto de separação conjugal. Em geral a redefinição do envolvimento 
emocional pós – divórcio entre os dois indivíduos que compunham o casal é um 
processo longo, permeado por falhas nas fronteiras do relacionamento marido/ 
mulher – pai / mãe e também por conflitos que surgem no contexto da separação. 
Na década de 1970 surgiu na literatura o termo “coparentalidade” para 
designar, inicialmente, os aspectos de cuidado dos filhos na situação de divórcio, 
incluindo o nível de interação que os ex-cônjuges relatam ter um com o outro nas 
decisões relativas à vida dos seus filhos. A coparentalidade diz respeito ao 
interjogo de papeis relativos ao cuidado global da criança, incluindo valores, 
ideais e expectativas que são dirigidas a ela, numa responsabilidade conjunta 
pelo seu bem-estar. 
 
38 
 
O exercício da coparentalidade exige a presença de dois adultos 
envolvidos, com senso de responsabilidade por seus filhos de forma equitativa. 
A classificação sobre o relacionamento coparental pode ser agrupada em 
três padrões: 
Padrão desengajado – os pais raramente conversam, não procuram 
manter uma combinação de regras ou atividades, educando os filhos de forma 
paralela. Eles têm pouco ou nenhum contato e o nível de conflito é baixo, pois 
cada um educa conforme seu estilo. 
Padrão cooperativo – os pais procuram isolar seus conflitos conjugais 
ou interpessoais de suas funções parentais. Discutem planos para os filhos ou 
problemas que eles possam estar enfrentando, procurando cooperar e apoiar um 
ao outro. 
Padrão conflitante – o nível de conflito é alto e ativo, existem baixos 
níveis de cooperação e prejuízos no domínio parental. Os pais discutem e 
utilizam –se de ameaças e boicotes envolvendo os filhos. 
Observa-se a existência de quatro dimensões gerais da coparentalidade, 
que aparecem frequentemente nas pesquisas da área: 
 
 Quantidade ou nível de conflito em relação às questões conjugais- 
alto, médio, baixo; 
 Cooperação em relação ao outro progenitor – afirmação, respeito, 
apoio às decisões e à autoridade parental, valorização, divisão de 
deveres, tarefas e responsabilidades; 
 Triangulação- aliança com os filhos para boicotar ou excluir o outro 
progenitor; 
 Divergências em questões e valores concernentes à criação da 
criança – valores morais, prioridades, padrões educacionais. 
 
Frequentemente, pais e mães, divorciados ou não, encontram 
dificuldades em manter a cooperação e a coerência no relacionamento 
coparental. Essa dificuldade é inerente à tarefa educativa, pois cada membro do 
casal traz sua própria herança e princípios de educação, que nem sempre são 
compatíveis com a do seu cônjuge ou ex-cônjuge. 
 
39 
 
Compartilhar o cuidado dos filhos após o divórcio não é algo de simples 
execução; no entanto, tal empreendimento tem maiores chances de dar certo 
quando os envolvidos na situação conseguem manter fronteiras nítidas entre os 
vínculos conjugais e os parentais. 
A família é um sistema que opera através de padrões transacionais, isto 
é, padrões de funcionamento que são constantemente ativados quando algum 
membro do sistema está em interação com outro. A partir dessas interações são 
estabelecidos padrões, determinados papéis e é instaurada a previsibilidade. 
De acordo com a teoria da aprendizagem social, que se baseia no 
princípio da modelação, o contato social é por si só produtor de conhecimentos 
e aprendizagem, uma vez que a criança tende a imitar o comportamento do 
adulto que ela toma como modelo. Cabe aos pais ensinar seus filhos os valores 
éticos e culturais, regras,papéis, crenças que um dia eles mesmos aprenderam 
de seus respectivos pais, transmitindo uma herança familiar que perpassa 
gerações. A esse ensinamento de pais para filhos dá se o nome de transmissão 
geracional, transgeracionalidade ou intergeracionalidade. 
A maneira como os pais ensinam seus filhos a passar por momentos de 
crise, por exemplo, não depende somente da família nuclear, mas dos legados 
familiares deixados pelas gerações passadas. 
A partir da dinâmica intergeracional, ou seja da transmissão não formal de 
padrões de comportamento entre gerações, a família proporciona aos seus 
membros, tal como os pais proporcionam aos filhos, tanto conhecimentos 
individuais quanto diversas possibilidades de socialização coletiva. 
A transmissão geracional é percebida de acordo com a repetição de 
padrões de comportamento entre uma geração e outra, incluindo as heranças 
não materiais, como valores, mitos, expectativas e modos de relacionamento. 
No entanto, o papel dos pais não se restringe somente a essas questões, pois 
na dinâmica familiar as pautas, regras, os papeis e as obrigações são 
assimilados por seus membros e, com o tempo, são também transmitidos valores 
éticos e culturais, crenças, sentimentos, condutas e afetividade. 
 
 
 
 
40 
 
9 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO FAMILIAR 
 
Fonte: www.clinicacoutinho.com.br 
 
A avaliação psicológica da família deve ser baseada, como qualquer outro 
processo de avaliação psicológica, em hipóteses desenvolvidas pelo profissional 
sobre o funcionamento do sistema familiar. 
Os métodos de avaliação e entrevista familiar foram desenvolvidos à 
medida que diversas teorias sobre a família surgiram em diferentes paradigmas 
psicológicos, embora todos se fundamentem na hipótese da influência dos 
grupos sociais na construção do sujeito e no agenciamento de seu 
comportamento (Féres-Carneiro e Diniz Neto, 2012). 
Segundo Féres-Carneiro e Diniz Neto (2012), a entrevista psicológica é a 
técnica mais antiga e a mais valiosa no contexto de investigação, avaliação e 
intervenção clínica. 
A abordagem psicodinâmica foi a primeira a desenvolver e aplicar o olhar 
clínico psicológico em uma situação de entrevistas. Autores como Freud, Adler 
e Jung apontaram para a importância do ambiente e do relacionamento familiar 
para a constituição psicológica do indivíduo. 
A terapia de família surgiu orientando – se inicialmente por dois 
paradigmas: a abordagem psicanalítica e a abordagem sistêmica. 
 
 
41 
 
9.1 Entrevista Circular 
A abordagem sistêmica nos trouxe a entrevista circular, técnica que 
permite interagir com a família, revelando aspectos do seu funcionamento ao 
focar seus aspectos ecossistêmicos. 
A entrevista circular refere – se a um modo específico de desenvolver um 
padrão de interação entre o terapeuta e a família. Nessa técnica, as questões 
são formuladas com o objetivo de revelar as conexões recorrentes, levando tanto 
a família quanto o terapeuta a desenvolver uma compreensão da situação 
problema em uma visão sistêmica. 
Segundo Féres – Carneiro e Diniz Neto (2012), os terapeutas sistêmicos 
do grupo de Milão esboçaram três princípios para orientar a conduta do 
terapeuta: 
Neutralidade- refere –se à atitude do terapeuta de família que não se alia 
a nenhum membro específico, procurando manter –se curioso e aberto sobre os 
padrões de funcionamento. 
Circularidade – denota a busca de compreensão do enlaçamento dos 
diversos aspectos de funcionamento da família que revelam a multiplicidade de 
olhares e vivências. 
Hipotetização – refere-se à construção constante de hipóteses centradas 
na circularidade, mantendo uma atitude de curiosidade e abertura, apoiando a 
neutralidade. 
 
9.2 Entrevista Familiar 
O processo de avaliação e diagnóstico da entrevista familiar é guiado pela 
orientação teórica do clínico. 
Os objetivos de uma entrevista familiar inicial incluem: 
Identificar as variáveis familiares e individuais que podem ter influência 
decisiva na situação familiar problemática; 
Abordar o funcionamento da família, assim como sua dinâmica e de seus 
membros; 
 
42 
 
Conduzir a sessão de tratamento inicial, quando necessário. 
 
A entrevista diagnóstica é dividida em três momentos: 
 
Estágio social – o profissional age criando um setting social e 
culturalmente adequado à família, possibilitando a investigação e a intervenção 
psicoterapêutica inicial. 
Os aspectos de interação e enquadre são tão importantes quanto o 
ambiente físico, que pode ter o aspecto de uma sala de visita, com material de 
brinquedos, mesa e cadeiras para crianças pequenas caso seja necessário. 
O rapport inicial pode incluir um tempo de conversação informal e o 
estabelecimento de relacionamento através de comunicação verbal e não verbal 
amistosa. 
Estágio de questionamento multidimensional – o profissional investiga 
o motivo da consulta tanto quanto o modo como a família o descreve. 
A apresentação da problemática inicial é frequentemente um estágio 
confortável para a família que tenderá a descrever a imagem oficial do problema. 
A exploração de visões alternativas dos outros membros da família deve 
ser feita respeitosamente, buscando –se a neutralidade sistêmica. Áreas 
potencialmente problemáticas não reportadas devem ser investigadas pois 
podem relacionar –se retroativamente com as dificuldades da família na área da 
queixa. 
A resistência em explorar outras áreas talvez esteja presente e surja na 
forma de convite à aliança com o terapeuta ou com a injunção para que ele 
aplique soluções preestabelecidas para o problema. É importante evitar 
confronto, já que a resistência pode ser compreendida como a comunicação 
silenciosa de áreas problemáticas de tensão que estão acima da possibilidade 
de manejo da família. A abordagem de áreas problemáticas deve ser realizada 
com cuidado e respeito, apontando –se a necessidade de compreender 
amplamente o problema e de demonstrar que o ponto de vista de todos é 
importante. 
 
 
43 
 
Desenvolvimento – diversas técnicas podem ser utilizadas para explorar 
a estrutura, o desenvolvimento e as questões emergentes do ciclo familiar. Elas 
correspondem às condições nas quais se realiza a entrevista, bem como à 
orientação teórica e à habilidade técnica do entrevistador. 
Féres – Carneiro e Diniz Neto (2012), ao estudar os métodos de avaliação 
familiar, propõe a classificação em métodos objetivos, subjetivos e mistos, 
apontando, ainda, a possibilidade de utilização de testes psicológicos que por 
sua constituição, poderiam ser adequadamente utilizados em processos de 
atendimento familiar. 
Os métodos objetivos classificam –se em dois grupos: 
1- Métodos que utilizam questionários, 
2- Métodos que utilizam jogos, 
 
Os métodos subjetivos, por sua vez, classificam – se em três grupos: 
1-Métodos que utilizam técnicas de desenhos, 
2-Métodos que se baseiam em técnicas psicodramáticas, 
3- Métodos que utilizam testes projetivos. 
 
Entre as técnicas mistas, estão: 
A tarefa familiar; 
A entrevista estruturada de Watzlawick, 
A primeira entrevista de Satir, 
A entrevista diagnóstica conjunta 
A entrevista familiar estruturada 
 
A atuação terapêutica apropriada deriva –se de um diagnóstico 
compreendido como um conjunto de hipóteses úteis e produtivas. Á medida 
que um diagnóstico familiar emerge distinções de condições permitem ao 
terapeuta realizar indicações gerais de tratamento conforme o universo 
possível. A avaliação é, contudo, um processo contínuo que orienta a atuação 
do clínico em cada sessão. Cabe ressaltar que a construção de hipóteses na 
prática clínica é sempre um processo de reavaliação, já que as hipóteses 
 
44 
 
podem sempre se alterar, por não refletirem a especificidade da família ou por 
serem transformadoras, levando a novas dinâmicas e reestruturações. 
 
9.3 Avaliação da Rede de Apoio 
A rede de apoio social e afetivo temsido avaliada através de diferentes 
instrumentos, questionários, entrevistas. Destacam – se entre esses o mapa dos 
cinco campos. 
O mapa dos cinco campos é um instrumento lúdico. Em sua aplicação, é 
utilizada a colocação livre de figuras, que representam crianças, jovens e adultos 
de ambos os sexos, em um quadro com círculos concêntricos. Tem por objetivo 
avaliar a estrutura e a funcionalidade da rede de apoio socioafetivo, a partir dos 
cinco campos: 
Família; 
Escola; 
Amigos; 
Parentes; 
Contatos formais; 
 
Esse instrumento é composto por um pano de feltro e por imagens que 
podem ser fixadas com velcro. Permite que pessoas já falecidas sejam 
consideradas parte da rede de apoio, em função da consideração subjetiva da 
percepção da rede. 
O círculo central corresponde ao participante e cada círculo adjacente 
mede a qualidade do vínculo, ou seja, quanto mais perto do círculo central, maior 
é a percepção de proximidade do participante com a pessoa representada: 
O primeiro e o segundo círculos correspondem às relações mais próximas 
(maior vínculo); 
O terceiro e o quarto círculos correspondem às relações mais distantes 
(menos vínculo); 
O último círculo, na periferia do mapa, corresponde aos contatos 
insatisfatórios. 
 
45 
 
10 TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL 
 
Fonte: irresistivel.com.br 
A terapia de família tem seus fundamentos na teoria geral dos sistemas, 
proposta pelo biólogo alemão Bertallanffy, na teoria da comunicação, dos 
pequenos grupos, na teoria psicodinâmica (relações de objeto) e na teoria 
cognitivo – comportamental, entre outras. Bowen introduziu conceitos da teoria 
dos sistemas em seu trabalho com famílias. 
Por sistemas compreende –se um conjunto de elementos, direta ou 
indiretamente relacionados, que funcionam como uma unidade que determina o 
ambiente. Dentro desse enfoque uma família pode ser considerada um sistema 
parcialmente aberto que interage com seus ambientes biológicos e sociocultural. 
Diversos enfoques teóricos embasam a terapia de família. Ackerman foi 
quem cunhou o termo terapia familiar, na década de 1950, e introduziu a ideia 
de trabalhar com a família nuclear, utilizando métodos psicodinâmicos. 
O enfoque proposto por Ackerman era predominantemente 
psicodinâmico, com ênfase nos mecanismos de defesa grupais (projeção, 
identificação projetiva, dissociação) e nos conceitos da teoria das relações 
objetais. 
O objetivo desta abordagem era a obtenção de insight, ou a abordagem 
dos conflitos transgeracionais (Bowen): diferenciação, triangulação, rupturas, ou 
 
46 
 
experiencial com a proposição de envolver duas ou mais gerações na terapia. 
Ao longo do tempo, diversos outros enfoques foram sendo propostos: 
Estrutural / sistêmico (Minuchin) - a partir do estudo de jovens 
delinquentes provenientes de famílias hierarquicamente desorganizadas e com 
problemas de limites generacionais entre os vários subistemas, 
Estratégico (Harley; Ackerman) – para os problemas decorrentes de 
arranjos hierárquicos e de papéis, bem como as reações em suas mudanças; 
Comportamental ( Patterson; Margolin) – para problema que podem ser 
mantidos ou estimulados pelas atitudes da família, em padrões de relações 
simétricas ou complementares e nas funções de comunicação. 
Psicoeducacional ( Anderson, Goldstein) – informativo, envolvendo o 
manejo de doenças crônicas, redução do estresse e manejo de crises; 
 
Periodicidade 
 
As sessões de terapia familiar ocorrem semanalmente, com todos ou 
parte dos membros presentes, podendo, posteriormente, passarem a ser 
quinzenais ou mensais (subsistema). 
 
Objetivos: 
1- Melhorar a comunicação entre os membros da família; 
2- Desenvolver a autonomia e a individualização dos diferentes 
indivíduos membros da família; 
3- Descentralizar e tornar mais flexíveis os padrões de liderança e de 
tomada de decisões; 
4- Reduzir os conflitos interpessoais e os sintomas; 
5- Melhorar o desempenho individual. 
 
A terapia de casal, da mesma forma que a terapia familiar, considera que 
existem possibilidades e vantagens de resolver os conflitos que surgem 
na vida de um casal na abordagem conjunta de forma mais rápida do que 
na abordagem individual. Baseia – se na teoria psicodinâmica (relações 
de objeto), na teoria da comunicação e na teoria dos contratos conjugais. 
 
47 
 
 
Indicações da Terapia Familiar 
 
Quando é solicitada terapia de casal ou familiar: 
 
 Doença física ou mental grave em adultos, gerando alto grau de 
disfunção familiar (esquizofrenia, transtorno bipolar,TOC, 
transtorno de pânico ou agorafobia, dependência a drogas ou 
álcool, transtornos alimentares,etc.) 
 Quando o problema atual envolve dois ou mais membros da 
família; 
 A família enfrenta uma crise de transição que pode levá – la à 
ruptura (mudança de papéis) 
 Uma criança ou adolescente é o problema presente (autismo, 
TDAH, abuso de drogas, transtorno alimentar, obesidade, 
transtornos de impulsos, depressão); 
 Ruptura da harmonia familiar em razão de conflitos interpessoais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
11 BIBLIOGRAFIA 
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