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ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR, TRANSPORTE E CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS 2 FACULESTE A história do Instituto Faculeste, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação.Com isso foi criado a Faculeste, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Faculeste tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO Atendimento Pré-Hospitalar, Transporte e Classificação de Riscos ................................ 5 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL ........................................................... 7 1.1 –Equipe de Profissionais Oriundos da saúde .............................................................. 9 1.2 - Perfil dos Profissionais Oriundos da Área da Saúde e respectivas Competências/Atribuições: ............................................................................................. 10 1.3-Equipes de profissionais não oriundos da saúde, perfis e respectivas competências/Atribuições: ............................................................................................. 13 1.4 - Condutor de Veículos de Urgência: ....................................................................... 14 2 - DEFINIÇÃO DOS VEÍCULOS DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL ........................................................................................................................................ 16 2.1-AMBULÂNCIAS .................................................................................................... 16 2.2 - As ambulâncias são classificadas em: .................................................................... 16 2.3 - VEÍCULOS DE INTERVENÇÃO RÁPIDA ........................................................ 17 3-DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DAS AMBULÂNCIAS ..... 17 3.1-Ambulância de Transporte (Tipo A): ....................................................................... 17 3.2 –Ambulância de Transporte (Tipo B):...................................................................... 17 3.3 – Ambulância de Transporte Avançado (TIPO D): .................................................. 18 4 - DEFINIÇÃO DOS MEDICAMENTOS DAS AMBULÂNCIAS ............................ 20 5- TRIPULAÇÃO .......................................................................................................... 20 6 - Manual da Humanização ........................................................................................... 20 7 - Construção de uma Cultura de Humanização ........................................................... 21 8 - Saúde Pública Humanizada ....................................................................................... 24 4 8.1 - Contextualizando o SUS ........................................................................................ 24 8.2 - Dilemas e desafios atuais ....................................................................................... 25 8.3 - A participação do usuário ....................................................................................... 28 8.4 - O voluntariado nos serviços de saúde .................................................................... 29 9 - Grupos de Trabalho de Humanização ....................................................................... 30 9.1 - Composição dos GTHs........................................................................................... 30 9.2 - Atribuições dos GTHs ............................................................................................ 31 9.3 - Encontros da PHAS ................................................................................................ 31 1º - Sensibilizar a Gestão ................................................................................................ 32 2º - Constituir Grupos de Trabalho de Humanização (GTH) ......................................... 32 3º - Realizar Diagnóstico Situacional Quanto aos Serviços Humanizados .................... 33 4º - Elaborar e implantar plano operacional de ação de humanização ........................... 34 5º - Avaliação de resultados da implantação do processo de humanização ................... 35 10 - Parâmetros de humanização .................................................................................... 35 10.2 - Parâmetros para humanização do trabalho dos profissionais ............................... 37 11 - Modelo de Regimento Interno: GTH ...................................................................... 38 Capítulo I – Da Definição ............................................................................................... 38 Capítulo II – Das Competências ..................................................................................... 38 Capítulo IV – Da Organização ....................................................................................... 39 Capítulo V – Da Elaboração de orçamentos de realização das atividades e reuniões .... 41 Capítulo VI – Das disposições finais .............................................................................. 41 12 - Transporte Intra-Hospitalar e Inter-Hospitalar ........................................................ 41 5 Atendimento Pré-Hospitalar, Transporte e Classificação de Riscos Caro aluno nessa disciplina você vai conhecer os conceitos de Atendimento Pré- Hospitalar e Hospitalar humanizado e para isso sugerimos a experiência dos hospitais do Rio Grande do Sul como modelo desse atendimento. Leia o texto, no link abaixo, da Portaria Nº 2048 de 05/11/2002 do Ministério da Saúde todas as exigência e atribuições desse trabalho. No texto básico está contido uma sugestão de regimento para essa prática em hospitais. Bons estudos! Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html Portaria Nº 2048 de 05/11/2002 - Ministério da Saúde – Atendimento Pré-Hospitalar e Hospitalar Portaria 2048 sobre APH (parte da publicação) Portaria Nº 2.048, de 5 de novembro de 2002. O Ministério do Estado da Saúde, no uso de suas atribuições legais, http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html 6 Considerando que a área de Urgência e Emergência constitui-se em um importante componente da assistência a saúde; Considerando a necessidade de ordenar as necessidades às Urgências e Emergências, garantindo acolhimento, primeira atenção qualificada e resolutiva para as pequenas e médias urgências, estabilização e referência adequada dos pacientes graves dentro do Sistema Único de Saúde, por meio do acionamento das centrais de regulação Médicas de Urgências; Considerando a expansão de serviços públicos e privados de atendimento pré- hospitalar móvel e de transporte inter-hospitalar e necessidade de integrar estes serviços à lógica dos sistemas de urgência, com regulação médica e presença de equipe de saúde qualificada para as especialidades de atendimento e a obrigatoriedade da presença do médico nos casos que necessitemsuporte avançado à vida, e considerando a necessidade de estimular a criação da estruturas capazes de problematizar a realidade dos serviços e estabelecer o nexo entre trabalho e educação, de forma a resgatar o processo de capacitação e educação continuada para o desenvolvimento dos serviços e geração de impacto em saúde dentro de cada nível de atenção e ainda de propor currículos mínimos de capacitação e habilitação para o atendimento às urgências, em face dos inúmeros conteúdos programáticos e cargas horárias existentes no país e que não garantem a qualidade do aprendizado, resolve: Emergência, as normas e critérios de funcionamento, classificação e cadastramento de serviços e envolve temas como a elaboração dos Planos Estaduais de atendimento às Emergências e Urgências, regulação Médica das Urgências e Emergências, atendimento pré-hospitalar, atendimento pré- hospitalar móvel, atendimento hospitalar, transporte inter-hospitalar e ainda a criação de Núcleos de Educação em Urgências a proposição de grades curriculares para a capacitação de recursos humanos da área; § 2º - Este regulamento é de caráter nacional devendo ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios na implantação 7 dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, na avaliação, habilitação e cadastramento de serviços em todas as modalidades assistenciais, sendo extensivo ao setor privado que atue na área da urgência e emergência, com ou sem vínculo com a prestação de serviços aos usuários do Sistema único de Saúde; ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL Foto: Equipe do SAMU em atendimento pré-hospitalar Considera-se como nível pré-hospitalar móvel na área da urgência l o atendimento que procura chegar à vítima, após ter ocorrido um agravo à saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, inclusive as psiquiátricas), que possa levar ao sofrimento, sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. Podemos chamá-lo de atendimento pré-hospitalar móvel primário quando o pedido de socorro for oriundo de um cidadão ou atendimento pré-hospitalar móvel 8 secundário quando a solicitação partir de um serviço de saúde, na qual o paciente já tenha recebido o primeiro atendimento necessário à estabilização do quadro de urgência apresentado, mas necessite ser conduzido a outro serviço de maior complexidade para a comunidade do tratamento. O serviço de atendimento pré-hospitalar móvel de vê ser entendido como uma atribuição da área da saúde, sendo vinculado a uma Central de Regulação, com equipe e frota de veículos compatíveis com as necessidades de saúde da população de um município ou uma região, podendo, portanto, extrapolar os limites municipais. 1 – Equipe Profissional Os serviços de atendimento pré-hospitalar móvel devem contar com equipes de profissionais oriundos da área da saúde e não oriundos da área da saúde. Considerando- se que as urgências não se constituem em especialidade médica ou enfermagem e que nos cursos de graduação a atenção dada à área ainda é muito insuficiente , entende-se que os profissionais que venham a atuar nos Serviços de Atendimento Pré-hospitalar móvel (oriundos e não oriundos da área da saúde) devam ser habilitados pelos núcleos de Educação em Urgências, cuja criação é indicada pelo presente Regulamento e cumpram o conteúdo curricular mínimo pelo proposto – Capítulo VII. 9 1.1 –Equipe de Profissionais Oriundos da saúde A equipe dos profissionais da saúde deve ser composta por: Coordenador do Serviço: profissional oriundo da área da saúde, com experiência e conhecimentos comprovados na atividade de atendimento pré-hospitalar às urgências e de gerenciamento de serviços e sistemas; Responsável Técnico: Médico responsável pelas atividades médicas do serviço; Responsável de Enfermagem: Enfermeiro responsável pela equipe de enfermagem; Médicos Reguladores: médicos que, com base nas informações colhidas dos usuários, quando estes acionam a central de regulação, são os responsáveis pelo gerenciamento, definição e operacionalização dos meios disponíveis e necessários para responder as tais solicitações, utilizando-se de protocolos técnicos e da faculdade de arbitrar sobre os equipamentos de saúde do sistema necessários ao adequado atendimento do paciente; Médicos Intervencionistas: médicos responsáveis pelo atendimento necessário para a reanimação e estabilização do paciente, no local do evento e durante o transporte; 10 Enfermeiros Assistenciais: enfermeiros responsáveis pelo atendimento de enfermagem necessário para a reanimações e estabilização do paciente, no local do evento e durante o transporte; Técnicos de Enfermagem: atuação sob supervisão imediata do profissional enfermeiro; Obs: As responsabilidades técnicas poderão ser assumidas por profissionais da equipe de intervenção, sempre que a demanda ou porte do serviço assim o permitirem. Além desta equipe de saúde, em situação de atendimento às urgências às causas externas ou de pacientes em locais de difícil acesso, deverá haver uma ação pactuada, complementar e integrada de outros profissionais não oriundos da saúde- bombeiros militares, policiais militares e outros, reconhecidos pelo gestor público para o desempenho das ações de segurança, socorro público e salvamento, tais como: sinalização do local, estabilização de veículos acidentados, reconhecimentos e gerenciamento de riscos potenciais (incêndio, materiais energizados, produtos perigosos) obtenção de acesso ao paciente e suporte básico de vida. 1.2 - Perfil dos Profissionais Oriundos da Área da Saúde e respectivas Competências/Atribuições: 1.2.1 - Médico: Profissional de nível superior titular de Diploma de Médico, devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição, habilitado conforme os termos deste regulamento. Competências/Atribuições: exercer a regulação médica do sistema; conhecer a rede de serviços da região; manter uma visão global e permanentemente atualizada dos meios disponíveis para o atendimento pré-hospitalar e das portas de urgência, checando periodicamente sua capacidade operacional; recepção dos chamados de auxílio, análise de demanda, classificação em análise de atendimento, seleção de meios de atendimento (melhor resposta), acompanhamento no atendimento local, determinação do local de destino do paciente, orientação telefônica; manter contato diário com os serviços médicos de emergência integrados ao sistema; prestar assistência direta aos pacientes nas 11 ambulâncias, quando indicado, realizando os atos médicos possíveis e necessários ao nível pré-hospitalar; exercer o controle operacional da equipe assistencial; fazer controle do serviço nos aspectos inerentes à sua profissão; avaliar o desempenho da equipe e subsidiar os responsáveis pelo programa de educação continuada do serviço; obedecer às normas técnicas vigentes no serviço; preencher os documentos inerentes à atividade do médico regulador e de assistência pré-hospitalar; garantir a continuidade da atenção médica ao paciente grave, até a sua recepção por outro médico nos serviços de urgência; obedecer ao código de ética médica. 1.2.2 - Enfermeiro: Profissional de nível superior titular do diploma de Enfermeiro, devidamente registrado no Conselho regional de Enfermagem de sua jurisdição, habilitado para ações de enfermagem no Atendimento Pré-Hospitalar Móvel, conforme os termos deste regulamento, devendo além das ações assistenciais, prestar serviços administrativos e operacionais em sistemas de atendimento pré-hospitalar. Requisitos gerais: disposição pessoal para aa atividade; equilíbrio emocional e autocontrole; capacidadefísica e mental para a atividade; disposições para cumprir ações orientadas; experiência profissional prévia em serviço de saúde voltado ao atendimento de urgências e emergências; iniciativa e facilidade de comunicação; condicionamento físico para trabalhar em unidades móveis; capacidade de trabalhar em equipe; disponibilidade para a capacitação discriminada no capítulo VII, bem como para a re- certificação periódica. Competências/Atribuições: supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no Atendimento Pré-Hospitalar Móvel; executar prescrições médicas por telemedicina; prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica a pacientes graves e com risco de vida, que exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas; prestar a assistência de enfermagem à gestante, a parturiente e ao recém nato; realizar partos sem distócia; participar nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências, particularmente nos programas de educação continuada; fazer controle de qualidade nos aspectos inerentes à sua profissão; subsidiar os responsáveis pelo desenvolvimento de recursos humanos para as 12 necessidades de educação continuada da equipe; obedecer a Lei do Exercício Profissional e o Código de Ética da Enfermagem; conhecer equipamentos e fazer manobras de extração manual de vítimas. 1.2.3-Técnico de Enfermagem: Profissional com Ensino Médio completo e curso de Técnico de Enfermagem, titular do certificado ou diploma de Técnico de Enfermagem, devidamente registrado no Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. Exerce atividades auxiliares, de nível técnico, sendo habilitado para o atendimento Pré- Hospitalar Móvel, integrando sua equipe, conforme os termos deste regulamento.Além da intervenção conservadora no atendimento do paciente, é habilitado a realizar procedimentos a ele delegados, sob supervisão do profissional Enfermeiro, dentro do âmbito de sua qualificação profissional. Requisitos gerais: maior de dezoito anos; disposição pessoal para atividade; capacidade física e mental para a atividade; equilíbrio emocional; disposições para cumprir ações orientadas; disponibilidade para re-certificação periódica; experiência profissional prévia em serviço de saúde voltado ao atendimento de urgências e emergências; capacidade de trabalhar em equipe; disponibilidade para a capacitação discriminada no capítulo VII, bem como para re-certificação periódica. Competências/Atribuições: assistir ao enfermeiro no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de enfermagem; prestar cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave, sob supervisão direta ou à distância do profissional enfermeiro; participar de programas de treinamento e aprimoramento profissional especialmente em urgências e emergências; realizar manobras de extração manual de vítimas. 1.2.4 – Auxiliar de Enfermagem: profissional com Ensino Médio completo e curso regular de Auxiliar de Enfermagem e curso de especialização de nível médio em urgências, titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem com especialização em urgências, devidamente registrado no Conselho regional de Enfermagem de sua jurisdição. Exerce atividades auxiliares básicas, de nível médio, habilitado a realizar 13 procedimentos a ele delegados, sob supervisão do profissional Enfermeiro, dentro do âmbito de sua qualificação profissional e conforme os termos desta Portaria. Requisitos gerais: maior de dezoito anos; disposição pessoal para atividade; capacidade física e mental para a atividade; equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; disponibilidade para re-certificação periódica; experiência profissional prévia em serviço de saúde voltado ao atendimento de urgências e emergências; capacitada de trabalhar em equipe; disponibilidade para a capacitação discriminada no capítulo VII, bem como para a re-certificação periódica. Competências/Atribuições: auxiliar o enfermeiro na assistência de enfermagem; prestar cuidados de enfermagem a pacientes sob supervisão direta ou à distância do profissional enfermeiro; observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação; ministrar medicamentos por via oral e parenteral mediante prescrição do médico regulador por telemedicina; fazer curativos; prestar cuidados de conforto ao paciente e zelar por sua segurança; realizar manobras de extração manual de vítimas. 1.3-Equipes de profissionais não oriundos da saúde, perfis e respectivas competências/Atribuições: A equipe de profissionais não oriundos da área da saúde deve ser composta por, com os seguintes perfis e competências/atribuições: 1.3.1 - Telefonista – auxiliar de regulação: Profissional de nível básico, habilitado a prestar atendimento telefônico às solicitações de auxílio provenientes da população, nas centrais de regulação médica, devendo anotar dados básicos sobre o chamado (localização, identificação do solicitante, natureza da ocorrência) e prestar informações gerais. Sua atuação é supervisionada diretamente e permanentemente pelo médico regulador. Sua capacitação e atuação seguem os padrões previstos neste regulamento. Requisitos gerais: maior de dezoito anos; disposição pessoal para a atividade; equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; capacidade de manter sigilo profissional; capacidade de trabalhar em equipe; 14 disponibilidade para a capacitação discriminada no capítulo VII, bem como para a re- certificação periódica. Competências/Atribuições: atender solicitações telefônicas da população; anotar informações colhidas do solicitante, segundo questionário próprio; prestar informações gerais ao solicitante; estabelecer; estabelecer contato radiofônico com ambulâncias e/ou veículos de atendimento pré-hospitalar; estabelecer contato com hospitais e serviços de saúde de referência a fim de colher dados e trocar informações; anotar dados e preencher planilhas e formulários específicos do serviço; obedecer aos protocolos de serviço; atender às determinações do médico regulador. 1.3.2-Rádio-Operador: profissional de nível básico habilitado a operar sistemas de radiocomunicação e realizar o controle operacional de uma frota de veículos de emergência, obedecendo aos padrões de capacitação previstos neste regulamento. Requisitos gerais: maior de dezoito anos; disposição pessoal para a atividade; equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; disponibilidade para re-certificação periódica; capacidade de trabalhar em equipe; disponibilidade para a capacitação discriminada no capítulo VII, bem como para a re- certificação periódica. Competições/Atribuições: operar o sistema de radiocomunicação e telefonia nas Centrais de regulação; exercer o controle operacional da frota de veículos do sistema de atendimento pré-hospitalar móvel; manter a equipe de regulação atualizada a respeito da situação operacional de cada veículo da frota; conhecer a malha viária e as principais vias de acesso de todo o território abrangido pelo serviço de atendimento pré-hospitalar móvel. 1.4 - Condutor de Veículos de Urgência: 1.4.1 - Veículos Terrestres: Profissional de nível básico, habilitado a conduzir veículos de urgência padronizados pelo código sanitário e pelo presente regulamento como veículos terrestres, obedecendo aos padrões de capacitação e atuação previstos neste regulamento. 15 Requisitos gerais: maior de vinte e um anos; disposição pessoal para a atividade, equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; habilitação profissional como motorista de veículos de transporte de pacientes, de acordo com a legislação em vigor (Código Nacional de Trânsito); capacidadede trabalhar em equipe; disponibilidade para a capacitação discriminada no capítulo VII, bem como para a re-certificação periódica. Competências/Atribuições: conduzir veículo terrestre de urgência destinado ao atendimento e transporte de pacientes; conhecer integralmente o veículo e realizar manutenção básica do mesmo; estabelecer contato radiofônico (ou telefônico) com a central de regulação médica e seguir suas orientações; conhecer a malha viária local; conhecer a localização de todos os estabelecimentos de saúde integrados ao sistema assistencial local, auxiliar a equipe de saúde nos gestos básicos de suporte à vida; auxiliar a equipe nas imobilizações e transporte de vítimas; realizar medidas de reanimação cardiorespiratória básica; identificar todos os tipos de materiais existentes nos veículos de socorro e sua utilidade, a fim de auxiliar a equipe de saúde. 16 2 - DEFINIÇÃO DOS VEÍCULOS DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL 2.1-AMBULÂNCIAS Defina-se ambulância como um veículo (terrestre, aéreo ou aquaviário) que se destine exclusivamente ao transporte de enfermos. As dimensões e outras especificações do veículo terrestre deverão obedecer às normas do ABNT – NBR 14561/2000, de julho de 2000. 2.2 - As ambulâncias são classificadas em: TIPO A – Ambulância de Transporte: veículo destinado ao transporte em decúbito horizontal de pacientes que não apresentam risco de vida, para remoções simples e de caráter eletivo. TIPO B – Ambulância de Suporte Básico: veículo destinado ao transporte inter- hospitalar de paciente com risco de vida desconhecido, não classificado com potencial de necessitar de intervenção médica no local e/ou durante transporte até o serviço de destino. 17 TIPO C – Ambulância de Resgate: veículo de atendimento de urgências pré- hospitalares de pacientes vítimas de acidentes ou pacientes em locais de difícil acesso, com equipamentos de salvamento (terrestre, aquático e em alturas). TIPO D – Ambulância de Suporte Avançado: veículo destinado ao atendimento e transporte de pacientes de alto risco em emergências pré- hospitalares e/ou de transporte inter-hospitalar que necessitam de cuidados médicos intensivos. Deve contar com os equipamentos médicos necessários para esta função. TIPO E – Aeronave de Transporte Médico: aeronave de asa fixa ou rotativa utilizada para transporte inter-hospitalar de pacientes e aeronave de asa rotativa para ações de resgate, dotada de equipamentos médicos homologados pelo Departamento de Aviação Civil – DAC. 2.3 - VEÍCULOS DE INTERVENÇÃO RÁPIDA Estes veículos, também chamados de veículos leves, veículos rápidos ou veículos de ligação médica são utilizados para transporte de médicos com equipamentos que possibilitam oferecer suporte avançado de vida nas ambulâncias do tipo A, B, C e F. 3-DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DAS AMBULÂNCIAS As ambulâncias deverão dispor, no mínimo, dos seguintes materiais e equipamentos ou similares com eficácia equivalente: 3.1-Ambulância de Transporte (Tipo A): Sinalizador óptico e acústico; equipamento de rádio-comunicação em contato permanente com a central reguladora; maca com rodas; suporte para soro e oxigênio medicinal. 3.2 –Ambulância de Transporte (Tipo B): Sinalizador óptico e acústico; equipamento de rádio-comunicação fixo e móvel; maca articulada e com rodas; suporte para soro; instalação de rede de oxigênio com cilindro, válvula, manômetro em local de fácil visualização e régua com dupla saída; 18 oxigênio com régua tripla (a- alimentação do respirador; b- fluxômetro e umidificador de oxigênio e c-aspirador tipo Venturi); manômetro e fluxômetro com máscara e chicote para oxigenação; cilindro de oxigênio portátil com válvula; maleta de urgência contento: estetoscópio adulto e infantil, ressucitador manual adulto/infantil, cânulas orofaríngeas de tamanhos variados, luvas descartáveis, tesoura reta com ponta romba, esparadrapo, esfigmomanômetro, ataduras de 15 cm, compressas estéreis, pacotes de gaze estéril, protetores para queimados ou eviscerados, cateteres ou esvicerados, cateteres para oxigenação e aspiração de vários tamanhos, maleta de parto contento: luvas cirúrgicas, clamps umbilicais, estilete estéril para corte do cordão, saco plástico para placenta, cobertor, compressas cirúrgicas, gazes estéreis, braceletes de identificação; suporte para soro; prancha curta e longa para imobilização de coluna; talas para imobilização de menbros e conjuntos de colares cervicais; colete imobilizador dorsal; frascos de soro fisiológico e ringer lactato; bandagens triangulares; cobertores; coletes refletivos para a tripulação; lanterna de mão; óculos; máscaras e aventais de proteção e maletas com medicações a serem definidas em protocolos, pelos serviços. As ambulâncias de suporte básico que realizam também ações de salvamento deverão conter o material mínimo para salvamento terrestre, aquático e em alturas, maleta de ferramentas e extintor de pó químico seco de 0,8 kg, fitas e cones sinalizados para isolamento de áreas, devendo contar, ainda com compartimento isolado para a sua guarda, garantindo um salão de atendimento às vítimas de, no mínimo, 8 metros cúbicos. 3.3 – Ambulância de Transporte Avançado (TIPO D): Sinalizador óptico e acústico; equipamento de rádio-comunicação fixo e móvel; maca com rodas e articulada; dois suportes de soro; cadeira de rodas dobrável; instalação de rede portátil de oxigênio como no item anterior (é obrigatório que a quantidade de oxigênio permita ventilação mecânica por no mínimo duas horas); respirador mecânica de transporte; oxímetro não-invasivo portátil; monitor cardioversor com bateria e instalação elétrica disponível (em caso de frota deverá haver disponibilidade de um monitor cardioversor com marca-passo externo não-invasivo); bomba de infusão com 19 bateria e equipo; maleta de vias aéreas contento: máscaras laríngeas e cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; seringa de 20ml; ressucitador manual adulto/infantil com reservatório; sondas para aspiração traqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; máscara para ressucitador adulto/infantil; lidocaína geléia e spray; cadarços para fixação de cânula; laringoscópio infantil/adulto com conjunto de lâminas; estetoscópio; esfigmomanômetro adulto/infantil; cânulas orofaríngeas adulto/infantil; fios-guia para entubação; pinça de Magyll; bisturi descartável; cânulas para traqueostomia; material para cricotiroidostomia; conjunto de drenagem torácica; maleta de acesso venoso contento: tala para fixação de braço; luvas estéreis; recipiente com anti-séptico; pacotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção de vários tamanhos incluindo metálicas, plásticas e agulhas especiais para punção óssea; garrote; equipos de macro e microgotas; cateteres específicos para dissecção de veias, tamanho adulto/infantil; tesoura, pinça de kocher; cortadores de soro; lâminas de bisturi; seringas de vários tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de infusão de 3 vias; frascos de soros fisiológico; ringer lactato e soro glicosado; caixa completa de pequena cirurgia; maleta de parto como descrito nos itens anteriores; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; eletrodos descartáveis; equipos para drogas fotossensíveis; equipo para bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva de proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras e aventais; cobertor ou filme metálico para conservação de calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado; almotolias com anti-séptico; conjunto de colares cervicais; prancha longa para imobilização da coluna. Para o atendimento a neonatos deverá haver pelo menosuma incubadora de transporte de recém-nascido com bateria e ligação à tomada do veículo (12 volts). A incubadora deve estar apoiada sobre carros com rodas devidamente fixadas quando dentro da ambulância e conter respirador e equipamentos adequados para recém natos. 20 4 - DEFINIÇÃO DOS MEDICAMENTOS DAS AMBULÂNCIAS Medicamentos obrigatórios que deverão constar nos veículos de suporte avançado, seja nos veículos terrestres, aquáticos e nas aeronaves ou naves de transporte médico (classes A, E e F): 4.1 - Lidocaína sem vasoconstritor; adrenalina, epinefrina, atropina, dopamina, aminofilina, dobutamina; hidrocortisona; glicose 50%; 4.2 - Soro: glicosado 5%; fisiológico 0,9%, ringer lactado; 4.3 - Psicotrópicos: hidantoína, meperidina, diazepan, midazolan; 4.4 - Medicamentos para analgesia e anestesia: fentanil, keatar, quelecin; 4.5 - Outros: água destilada; metoclopramida, dipirona, hioscina; dinidrato de isossorbitol; furosemide, amiodarona; lanatosideo C. 5- TRIPULAÇÃO Considerando-se que as urgências não se constituem em especialidade médica ou de enfermagem e que nos cursos de graduação a atenção dada à área ainda é bastante insuficiente, entende-se que os profissionais que venham a atuar como tripulantes dos Serviços de Atendimento Pré-Hospitalar Móvel devam ser habilitados pelos Núcleos de Educação em Urgências, cuja criação é indicação pelo presente regulamento e cumpram o conteúdo curricular mínimo nele proposto – capítulo VII. 5.1-Ambulância Tipo A: 2 profissionais, sendo um motorista e outro um técnico ou auxiliar de enfermagem. 5.2-Ambulância Tipo B: 2 profissionais, sendo um motorista e um técnico ou auxiliar de enfermagem de enfermagem. 5.3-Ambulância Tipo D: 3 profissionais, sendo um motorista, um enfermeiro e um médico. 6 - Manual da Humanização O Manual de humanização, elaborado com base no Programa Nacional de Humanização da assistência Hospitalar (PNHAH) apresenta informações importantes 21 para a implantação de um processo de humanização dos serviços de saúde. Dirigido aos Grupos de trabalho de humanização, ampara suas orientações em experiências produzidas pelo PNHAH, já desenvolvido em mais de duas dezenas de instituições hospitalares no Rio Grande do sul. O desenvolvimento das ações propostas pela Política de Humanização da Assistência à Saúde (PHAS) tem como princípios fundamentais o respeito às especificidades de cada instituição, estimula a cooperação entre as mesmas pela troca de experiências produzidas, que visam a qualificação do serviço público de saúde. A Política de Humanização da Assistência à Saúde oferece uma Diretriz que contempla os projetos de caráter humanizador desenvolvidos nas diferentes instituições de saúde, estimulando a criação e sustentação permanente de espaços de comunicação e divulgação, que facultem e estimulem a livre expressão, o diálogo, o respeito e a solidariedade. COORDENAÇÃO PHAS - ESP-SES/RS 7 - Construção de uma Cultura de Humanização Uma das diferenças entre o ser humano os animais irracionais é que seu corpo biológico é envolvido, desde a infância, por uma rede de imagens e palavras, apresentadas primeiro pelos pais, pelos familiares e, em seguida, pela escola, pelo trabalho, enfim, por todas as relações sociais. É esse “banho” de imagem e de linguagem que vai moldando o desenvolvimento do corpo biológico, transformando-o em um ser humano, com um estilo de vida singular. Como somos dotados de linguagem, podemos construir redes de significados, que compartilhamos em maior ou menor intensidade com nossos semelhantes e que nos dão uma identidade cultural. Dessa forma, somos capazes de transformar imagens em escultura e pintura, sons em música e palavras, palavras em poesia e literatura, ignorância em religião, arte, saber e ciência. Somos capazes de produzir cultura e, a partir dela, intervir e modificar a natureza. Transformar doença em saúde, por exemplo. 22 Contudo a palavra pode fracassar e, quando a palavra fracassa, somos também capazes das maiores arbitrariedades. A destrutividade faz parte do humano e a história testemunha a que ponto podemos chegar. O homem pode se tornar lobo do homem. Passamos a usar nosso conhecimento para aniquilar pessoas que consideramos diferentes de nós e que, por isso, percebemos como uma ameaça a ser eliminada. Essa destrutividade pode se manifestar em muitos níveis e intensidades, desde pequenos gestos cotidianos à atos de violência cruéis e definitivos. Mas então, o que é humanizar? Humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para que o sentimento humano, as percepções de dor ou de prazer sejam humanizadas, é preciso que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro. É preciso, ainda, que esse sujeito ouça do outro palavras de seu reconhecimento. É pela linguagem que fazemos as descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro. Sem isso, nos desumanizamos reciprocamente. Ou seja, sem comunicação, não há humanização. A humanização depende de nossa capacidade de falar e de ouvir, depende do diálogo com nossos semelhantes. Paradoxalmente o desenvolvimento científico e tecnológico tem trazido tanto benefícios como prejuízos. Um mundo novo está sendo construído a partir das revoluções tecnológicas, e há uma indagação constante sobre como se processam as informações em uma era midiática. A palavra pode ser reduzida, o contato humano secundarizado, a informação descontextualizada, a comunicação fragmentada na mesma medida que os avanços tecnológicos também engendram práticas sociais integradoras, humanizadoras. A ciência e tecnologia se tornam desumanizantes quando ficamos reduzidos a objetos despersonalizados de nossa própria técnica, de uma investigação fria e objetiva. O preço que pagamos pela suposta objetividade da ciência é a eliminação da condição humana da palavra, que não pode ser reduzida, no caso da prestação de serviços de saúde, à mera descrição técnica dos sintomas e da evolução de uma doença, por exemplo. Quando preenchemos uma ficha de histórico clínico, não estamos escutando a palavra do paciente. As informações são indispensáveis, sem dúvida. Mas o lado humano ficou 23 excluído. O ato técnico, por definição, elimina a dignidade ética da palavra, pois esta é necessariamente pessoal, subjetiva e precisa ser reconhecida na palavra do outro. Um hospital ou um posto de saúde pode ser excelente do ponto de vista tecnológico e, mesmo assim, ser desumano no atendimento. Isso acontece quando os pacientes são tratados como simples objetos de intervenção técnica e não acolhidos em suas angústias, temores e expectativas, ou sequer são informados sobre procedimentos necessários. A explicação pode ser o excesso de demanda, a procura exagerada de ofertas técnicas e tecnológicas, a busca voraz de lucros ou ainda a falta de condições técnicas, de capacitação, de materiais, de gerência, de espírito de acolhimento. Os serviços tornam-se desumanizantes pela má qualidade resultante no atendimento e sua baixa resolubilidade. Essa carência geral ou específica de condições gerenciais, técnicas e materiais induz à desumanização, já que profissionais e usuários passam a se relacionar de forma desrespeitosa e impessoal. Humanizar a assistência à saúde é dar lugar não só à palavra do usuário como também à palavra do profissional de saúde, de forma que tanto um quanto outro possam fazer parte de uma rede de diálogo. O compromisso com a pessoa que sofre pode ter as mais diversas motivações, assim como o compromisso com os cuidadores e destes entre si. Cabe a esta rede promover as ações, campanhas, programas e políticas assistenciais, tendo como base fundamentalmente a ética, o respeito, o reconhecimento mútuo, a solidariedade e responsabilidade. Partindo dessa perspectiva, a Política de Humanizaçãoda assistência à Saúde aponta diferentes parâmetros para a humanização da assistência hospitalar em três grandes áreas: » Acolhimento e atendimento dos usuários. » Trabalho dos profissionais. » Lógicas de gestão e gerência. Esses parâmetros podem servir para o trabalho de análise, reflexão e elaboração de ações, campanhas, programas e políticas assistenciais que orientem um plano de humanização. 24 A expectativa da PHAS é criar uma nova cultura de humanização, que valoriza as ações humanizadas já desenvolvidas, criando uma filosofia organizacional que promova a conjugação cotidiana do verbo humanizar. Uma cultura de humanização necessita tempo para ser construída, impõe a participação de todos os atores do sistema, determina a ruptura de paradigmas. Humanizar é verbo pessoal e intransferível, visto que ninguém pode ser humano em nosso lugar. E é multiplicável, pois é contagiante. 8 - Saúde Pública Humanizada 8.1 - Contextualizando o SUS Todo cidadão brasileiro tem direito de acesso ao SUS. Mas convém observar que tanto a comunidade como o governo são responsáveis pela coordenação de esforços para estruturar o SUS. A descentralização, através da regionalização e da municipalização da saúde, é a estratégia ideal para que todas as instâncias responsáveis pelo sistema de saúde possam se articular nesse esforço. Não há dúvida de que a municipalização garante a atenção básica de saúde, trazendo lógica, racionalidade e controle ao sistema. Sabe-se que os municípios brasileiros possuem condições de desenvolvimento e de assistência à saúde completamente diferentes, por isso mesmo, o SUS definiu várias formas de habilitação que indicam o grau de responsabilidade e autonomia da gestão municipal da saúde. A regionalização da saúde assegura referência ao atendimento de média e alta complexidade. Os municípios brasileiros foram agrupados em módulos de saúde, cada um deles com um município-sede, responsável pelo nível 1 de referência em média complexidade. Um ou mais destes módulos são agrupados pela Secretaria Estadual de Saúde em microrregiões, designando serviços de nível 2 de referência em média complexidade. Estas microrregiões, por sua vez, são agrupadas em macrorregiões, com serviços de nível 3 de referência em alta complexidade. A Secretaria Estadual da Saúde designa, também, os serviços de nível 4 de referência em alta complexidade. 25 A operacionalização do SUS exige planejamento e articulação dos gestores municipais e estaduais. A articulação política entre as Secretarias Estaduais de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde de cada microrregião é fundamental para que o cidadão brasileiro tenha condições de acesso à saúde básica em seu município, ocorrendo referência para serviços de média e alta complexidade apenas quando necessário. Quanto mais o planejamento desse sistema estiver articulado, mais garantia teremos de que os serviços de saúde não vão estar sobrecarregados com uma demanda excessiva e não pertinente ao seu objetivo institucional. A participação comunitária, através dos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde, tem um papel importante: conferir maior visibilidade às decisões dos gestores. A criação de conselhos gestores em todos os serviços de saúde integrantes do SUS amplia o controle e a participação social. A humanização da saúde pública é preconizada no plano de ações coordenado e descentralizado pelo SUS. Para que ela aconteça, na prática, a principal estratégia é a articulação entre os gestores municipais, os gestores estaduais e as instâncias colegiadas de participação social, as Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde. É imperioso implantar o SUS onde ele não existe. E é imperioso aperfeiçoar o SUS, permanentemente, onde ele já está implantado. 8.2 - Dilemas e desafios atuais É inegável que, depois de tantos anos de luta, o SUS conseguiu uma ampliação significativa em termos de cobertura e acesso. Gestores, profissionais e usuários dos serviços de saúde sabem que o maior desafio do SUS é melhorar a qualidade dos serviços que presta à população em termos de eficácia e produção de saúde. Não basta centrar esforços na busca de eficiência e produtividade, essenciais para que os recursos públicos sejam investidos de forma responsável. A baixa qualidade dos serviços acaba sobrecarregando o sistema, isso porque se o profissional tem dificuldades na realização de seu trabalho, o usuário fica insatisfeito com o atendimento e o gestor não consegue ter uma boa comunicação e interação com outras 26 instâncias, os encaminhamentos são desorganizados e geram um número considerável de consultas, exames complementares e internações adicionais. Boa parte das demandas dos pacientes poderia ser resolvida em um primeiro atendimento, se houvesse um bom sistema de comunicação e um bom relacionamento profissional - usuário. Quanto menor a integração, a comunicação, o vínculo e o reconhecimento mútuo entre profissionais e usuários, entre equipes de profissionais e gestores das diversas instâncias do sistema de saúde, menor será a possibilidade de eficácia no atendimento da população. Para resolver esses desafios e melhorar a eficácia no atendimento à saúde, não basta investir na eficiência técnico-científica e na racionalidade administrativa. Qualquer atendimento à saúde, assim como qualquer relação entre gestores e equipes profissionais, é caracterizado pelas relações humanas. É preciso, portanto, estar atento a princípios e valores como a solidariedade e a ética na relação entre gestores, profissionais e usuários. Uma ética que acolha o desconhecido e o imprevisível, que aceite os limites de cada situação e que seja pautada pela abertura e pelo respeito ao outro como um ser singular e digno. A proposta de humanização dos serviços públicos de saúde é, portanto, valor básico para conquistar uma melhor qualidade no atendimento à saúde dos usuários e nas condições de trabalho dos profissionais de todo o sistema de saúde. Não se trata de adotar medidas para “maquiar” as instituições, nem tampouco de uma proposta “ortopédica”. A humanização tem como meta uma nova cultura institucional, que possa instaurar padrões de relacionamento ético entre gestores, técnicos e usuários. O processo de humanização dos serviços de saúde nos coloca frente a uma dupla tarefa: refletir sobre a realidade do sistema de saúde e a particularidade de cada instituição/situação, e criar soluções para enfrentar os desafios e otimizar as oportunidades. Não se trata de mais uma sobrecarga em um trabalho que já demanda muito investimento. Gestores e equipes de profissionais deparam-se, dia a dia, com uma enormidade de tarefas, responsabilidades e compromissos. Mais do que isso, têm de 27 atender às necessidades de pessoas que se encontram em situações de fragilidade, dependência, dor e sofrimento, muitas vezes em situações difíceis de trabalho. É justamente a realização dessas duas tarefas – a construção de um espaço coletivo para reflexão sobre a realidade institucional e profissional e a busca de saídas criativas para os desafios encontrados – que poderá facilitar o trabalho dos profissionais de saúde e melhorar a qualidade do atendimento aos usuários. O primeiro passo é a sensibilização dos gestores do SUS para a questão da humanização e para o desenvolvimento de um modelo de gestão voltado para a construção de uma nova cultura organizacional. Cultura essa que deve ser pautada pelo respeito, pela solidariedade e pelo desenvolvimento da solidariedade e da cidadania dos agentes envolvidos e dos usuários. Esse novo modelo de gestão precisa se amparar no fortalecimento da vontade política dos dirigentes de participar de ações efetivas e permanentes que transformem a realidade institucional das organizações de saúde. Precisa se amparar, ainda, noreconhecimento do caráter processual dessas transformações, na necessidade de comunicação e divulgação de resultados dos projetos e na criação de condições para a sustentação dos mesmos. Outro aspecto de fundamental importância nessa proposta de gestão é a criação e sustentação permanentes de espaços de comunicação que facultem e estimulem a livre expressão, a dinâmica do diálogo, o respeito à diversidade de opiniões e a tomada de decisões coletivas. Desencadeado esse processo, as instituições de saúde, através da voz de usuários, profissionais e gestores, assumem a direção da construção de sua identidade e do seu projeto. Tal tarefa exige autonomia, liberdade e responsabilidade. Em contrapartida, oferece a possibilidade de reconstrução, perante a comunidade, da tão desgastada imagem do serviço público de saúde. 28 8.3 - A participação do usuário A Constituição de 1988 é bem clara: todos os cidadãos têm direitos civis, tais como liberdade pessoal de expressão, religião e movimentação; direitos políticos, como os eleitorais e de associação; e direitos sociais, referentes às condições de saúde, educação, trabalho, condições de vida e de assistência em situações de risco social. Na prática, nem sempre é fácil respeitar esses direitos. Especialmente os direitos sociais. Para que isso aconteça, têm sido indispensáveis a organização social e a participação ativa do cidadão. No SUS os direitos dos usuários vêm sendo garantidos através do controle social. Aliás, é a mesma Constituição, de 1988, que estabelece como princípio estruturador do SUS a participação da comunidade no planejamento e na avaliação continuada. Em 1990, a Lei 8.080, que regulamentou o SUS, determinou a criação de comissões intersetoriais subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde. No mesmo ano, a Lei 8.142 definiu duas instâncias colegiadas: as Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde. Os Conselhos de Saúde – constituídos em 50% por representantes dos usuários e em 50% por representantes do governo, prestadores de serviços e profissionais de saúde – são órgãos deliberativos encarregados de normatizar, recomendar, promover diligências, formular estratégias e controlar a execução da política de saúde. As decisões devem ser referendadas pelos níveis estadual e municipal de saúde e as suas principais estratégias de ação são a negociação política, a ação judicial e o acionamento do Ministério Público quando as resoluções não são cumpridas. Vale destacar que, em dezembro de 2000, a 11? Conferência Nacional de Saúde estabeleceu as diretrizes para a política de saúde, com o tema “Efetivando o SUS: Acesso, Qualidade e Humanização na Atenção à Saúde, com Controle Social”. Em 2003, as conferenciais municipais (RS) elegeram a humanização como um dos principais temas a ser desenvolvido na prestação de serviços de saúde. A participação cidadã tem sido estimulada por recursos como ouvidoria, trabalhos de sala de espera, preparação das altas, alojamento conjunto e ampliação do horário de 29 visitas. Estes mesmos recursos são usados para ampliar os direitos dos usuários e legitimar o prestígio das instituições hospitalares. Muitas das restrições impostas por modernos hospitais a seus usuários e familiares em termos de regras e horários, por exemplo, não obedecem a razões técnicas. Elas são, na verdade, parte de uma longa herança institucional, de cunho autoritário. É importante questionar e reavaliar as regras que restringem o acesso e a participação de famílias e usuários, propiciando formas mais abertas e livres de interação com o hospital. Quanto maior esta interação, maior é a força criativa e a aliança que se estabelece entre a instituição e seus usuários. Todos ganham: os pacientes e suas famílias conquistam mais espaço, liberdade e confiança no atendimento; funcionários e profissionais passam a contar com uma maior rede de ajuda para o desenvolvimento de suas tarefas. 8.4 - O voluntariado nos serviços de saúde A população e as instituições não-governamentais têm demonstrado uma disposição crescente para se engajar em ações filantrópicas, caritativas, formas de solidariedade e participação social. Com isso, o trabalho voluntário tem conquistado cada vez mais visibilidade e respeito. Convém lembrar, no entanto, que o voluntariado nasce de um impulso pessoal, solidário e de forte caráter emocional. Seria um engano negar essa origem ou desconsiderar essa enorme força motivacional. Mas é necessário ir além desse impulso e fortalecer uma sociedade civil mais autônoma e instituições mais democráticas. É necessário, ainda, derrubar preconceitos quanto à natureza e significado do voluntariado. Isto só será possível com a ampla divulgação de experiências bem sucedidas, um esforço sistemático de orientação e integração dos voluntários e o preparo das instituições para gerenciar adequadamente o potencial do trabalho voluntário. Mas, para a consolidação de uma nova cultura de voluntariado, a comunidade mais ampla precisa ser envolvida. A Política de Humanização da assistência à saúde implica uma série de dimensões organizacionais, institucionais, profissionais e pessoais. Uma delas é a incorporação 30 consistente do trabalho voluntário. Como expressão de solidariedade e participação cidadã, o voluntariado é uma das formas mais efetivas de aliança da instituição com uma comunidade que incorpora e assume sua parcela de responsabilidade pela mudança na cultura de atendimento à saúde. Não pode, portanto, reduzir-se a impulsos de generosidade desorganizada ou substituir vínculos formais de trabalho em quadros sociais de desemprego. Quando é desenvolvido de forma organizada, com critérios e objetivos bem claros, o trabalho voluntário é uma fonte significativa de recursos e competências qualificadas. Afinal, ele conta com a participação direta da comunidade e pode responder com mais visibilidade e credibilidade às necessidades e expectativas dos usuários. Integrada em um processo de humanização, a ação voluntária implica uma tomada de consciência de si- mesmo e uma transformação pessoal inseparáveis de uma mudança na compreensão do mundo e de uma transformação mais ampla da sociedade. 9 - Grupos de Trabalho de Humanização Os Grupos de Trabalho de Humanização (GTH) são espaços coletivos organizados, participativos e democráticos, que se destinam a instaurar uma política institucional de resgate da humanização na assistência à saúde, em benefício dos usuários e dos profissionais de saúde. 9.1 - Composição dos GTHs Os Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar devem ter uma participação equitativa de representantes das diferentes categorias profissionais, campos disciplinares e graus hierárquicos da instituição: representantes da direção/gestão, da chefia dos setores e serviços, dos médicos, técnicos (assistentes sociais, psicólogos, agentes da enfermagem, encarregados técnico-administrativos) e pessoal de apoio (segurança, limpeza, cozinha etc). 31 9.2 - Atribuições dos GTHs » Liderar o processo de humanização. » Traçar estratégias de comunicação/integração entre setores » Avaliação de projetos em desenvolvimento ou a serem desenvolvidos de acordo com os parâmetros de humanização propostos. » Promover fluxo de propostas e deliberações. » Apoiar e divulgar as iniciativas de humanização em desenvolvimento. » Estimular a participação da comunidade e de entidades da sociedade civil nas ações de humanização dos serviços. » Promover a interação com o gestor municipal (agenda de ações) » Estabelecer os padrões de atendimento ao usuário » Coordenar voluntariado » Participar dos encontros de humanização 9.3 - Encontros da PHAS Encontros habituais entre as instituições para troca de experiências, bem como promover a discussão e reflexão frente às facilidades e dificuldades na construçãodo processo de humanização em busca de soluções para os conflitos. Cinco passos para o desenvolvimento de um processo de humanização dos serviços de saúde Humanizar é um verbo que precisa ser conjugado continuadamente por um número cada vez maior de usuários, trabalhadores e gerentes da saúde, pois ele facilmente se desgasta, pode ficar cheio de significados contraditórios e designar até seu oposto, a desumanização. É preciso perguntar todos os dias: “O que estamos fazendo é humanizante ou não? Por que?” Para facilitar esse trabalho e orientar a construção e implantação de um processo de humanização, sugerimos um método com cinco passos. 32 1º - Sensibilizar a Gestão Objetivos: » Sensibilizar a direção da instituição para a importância e os benefícios da humanização dos serviços de saúde. » Obter apoio da direção para a implantação e a sustentação permanente das ações de humanização. Metodologia sugerida: » Estimular a reflexão conjunta sobre a questão da humanização e a realidade institucional em termos da humanização dos serviços de saúde. Estratégias sugeridas: » Discutir o manual da PHAS » Discutir o conceito de humanização da PHAS. » Apresentar a Proposta da PHAS » Descentralizar as ações da PHAS 2º - Constituir Grupos de Trabalho de Humanização (GTH) Objetivo: » Constituir um GTH composto por profissionais de diferentes categorias e graus hierárquicos (direção, área clínica, área operacional etc.), compromissados com a idéia de humanização. Metodologia sugerida: » Identificar e convidar as lideranças de cada setor para participar da criação do GTH. » Definir os integrantes do GTH. » Elaborar o regulamento interno de formação, coordenação e funcionamento do GTH. » Escolher um coordenador para o GTH. Estratégias sugeridas: » Promover discussão em grupos. 33 » Realizar oficinas. » Realizar reuniões por setores e serviços. » Organizar assembléias. 3º - Realizar Diagnóstico Situacional Quanto aos Serviços Humanizados Objetivo: » Criar uma cultura de humanização e uma filosofia organizacional humanizada. » Reconhecer as potencialidades e as deficiências da instituição em termos da humanização dos serviços e de outras questões correlatas (ver parâmetros de humanização). Metodologia sugerida: » Analisar a configuração organizacional. » Levantar as iniciativas de cunho humanizador desenvolvidas. » Utilizar os parâmetros de humanização propostos pela Phas para avaliar as relações interpessoais profissional-usuário e as ações de humanização. » Delinear um diagnóstico preliminar da humanização, através do levantamento das potencialidades e deficiências relativas à humanização do atendimento e das relações de trabalho. » Mapear os desafios a serem enfrentados. Estratégias sugeridas: » Levantar informações sobre a história do local prestador de serviços, assim como dos problemas de seu desenvolvimento e de seu estado atual. » Traçar as características, como frequência de atendimentos e de operações médicas e cirúrgicas, número de leitos, número e qualificação dos funcionários, qualidade das instalações e equipamentos, serviços oferecidos, programas específicos em andamento, plano de cargos e salários, epidemiologia etc. » Visitar os diversos setores e serviços. » Dar atenção especial à porta de entrada e avaliar os problemas ali encontrados. » Aplicar pesquisa sobre satisfação dos usuários e dos profissionais de saúde. 34 » Levantar as carências e potencialidades por setores e serviços. » Mapear as iniciativas de humanização em vigência. 4º - Elaborar e implantar plano operacional de ação de humanização Objetivos: » Elaborar um plano de ação de humanização de curto, médio e longo prazo, levando em consideração as prioridades e as necessidades específicas, bem como as ações de humanização já existentes. » Implantar o plano de ação de humanização. Metodologia sugerida: » Usar uma metodologia participativa, em duas direções correlacionadas: a humanização do atendimento ao usuário e a humanização do trabalho do profissional de saúde. » Articular o plano de humanização proposto com as iniciativas já existentes. Estratégias sugeridas: » Promover reuniões do GTH para estabelecimento de prioridades, metas e ações, segundo os parâmetros de humanização propostos pelo PHAS. » Ampliar e institucionalizar as iniciativas já existentes. » Apresentar formalmente o plano de humanização às chefias constituídas e ao coletivo de profissionais. » Discutir a implantação do plano operacional de humanização por setores e serviços, de forma a obter o compromisso e a participação ativa do maior número de pessoas. » Desenvolver um processo de comunicação e reflexão sobre a dinâmica institucional e a dinâmica das relações de trabalho. » Construir redes internas de comunicação (ouvidoria, banco de idéias etc). » Divulgar, para todos, as iniciativas de humanização existentes e a serem desenvolvidas. 35 » Preparar material e espaços de divulgação (boletins, cartazes, bottons, faixas, murais, eventos, jornadas). » Estimular a participação da comunidade em eventos, ações e campanhas de humanização. » Desenvolver parcerias com instituições públicas e privadas e com movimentos comunitários. » Construir com todos os setores os Padrões de atendimento da instituição 5º - Avaliação de resultados da implantação do processo de humanização Objetivos: » Avaliar permanentemente as ações de humanização em desenvolvimento e as novas propostas de humanização dos serviços. » Redirecionar as ações de humanização, a partir dos resultados alcançados e do grau de envolvimento dos vários setores e serviços. » Avaliar o desempenho do GTH em termos de seus objetivos e funções. » Avaliar a participação no Prêmio “Humaniza saúde”. Metodologia sugerida: » Analisar as dificuldades e erros. » Identificar oportunidades de melhoria. » Realizar pesquisa de satisfação entre profissionais e usuários. Estratégias sugeridas: » Avaliar as ações a partir dos parâmetros de humanização da PHAS. 10 - Parâmetros de humanização A avaliação das ações de humanização a partir dos parâmetros propostos pelo PHAS é fundamental. Mas o GTH pode, nesse trabalho, se deparar com uma série de questões que ultrapassam sua responsabilidade e possibilidade de ação. É preciso, portanto, determinar o grau de governabilidade ou ingovernabilidade que o GTH tem sobre as ações de humanização. 36 O GTH pode, sim, criar alternativas e soluções que ajudem a melhorar o atendimento e o trabalho em termos da humanização dos serviços. Mas para avaliar se as ações desenvolvidas promovem ou não a humanização, é preciso construir uma nova filosofia organizacional, uma cultura de humanização. E isso leva tempo. A construção dessa nova cultura envolve a participação de todos os atores do sistema de saúde e se dá aos pouco, durante o processo de discussão, elaboração, implementação e análise das ações, campanhas e programas. É bom lembrar: humanizar é verbo pessoal e intransferível, posto que ninguém pode ser humano em nosso lugar. E é multiplicável, pois é contagiante. 10.1 - Parâmetros para a humanização do atendimento dos usuários Condições de acesso e presteza dos serviços: » Sistema de marcação de consultas » Tempo de espera para atendimento » Acesso de acompanhantes e visitas » Sistema de internação » Sistema de marcação, realização e resultados de exames. Qualidade das instalações, equipamentos e condições ambientais: » Adequação/criação de áreas de espera » Sinalização das áreas e serviços » Instalações físicas e aparência » Equipamentos » Refeições » Meios para efetivação de queixas e sugestões » Espaço de recreação e convivência dos pacientes » Clareza das informações oferecidas aos usuários: » Identificação dos profissionais» Informações aos familiares sobre o atendimento do usuário » Informações sobre prevenção de doenças e educação em saúde 37 » Informações sobre outros serviços de saúde e serviços sociais disponíveis na comunidade Qualidade da relação entre usuários e profissionais: » Eficiência, gentileza, interesse e atenção » Compreensão das necessidades dos usuários » Informações, aos usuários, sobre o diagnóstico, tratamento e encaminhamento » Privacidade no atendimento 10.2 - Parâmetros para humanização do trabalho dos profissionais Gestão e participação dos profissionais: » Oportunidades de discussão da qualidade dos serviços prestados » Oportunidades de discussão das dificuldades na execução do trabalho de atendimento aos usuários » Manutenção de mecanismos de coleta de sugestões para a melhoria do trabalho » Oportunidades de reconhecimento e resolução de conflitos e divergências » Aplicação sistemática de normas de trabalho Condições de trabalho na instituição: »Áreas de conforto »Segurança / Higiene » Equipamentos e materiais Condições de apoio aos profissionais: » Transporte, estacionamento e condições de acesso »Refeitório »Área de descanso e convivência »Atividades recreativas e/ou sociais » Programas de atendimento às necessidades psicossociais dos profissionais »Cursos ou treinamentos para aprimoramento profissional » Cursos ou treinamentos para melhoria da relação com os usuários Qualidade da comunicação entre os profissionais: 38 » Canais de informação e resolução de problemas e necessidades »Canais de informações oficiais da administração » Canais de informação e comunicação interna sobre programas e atividades Relacionamento interpessoal no trabalho: »Confiança »Integração grupal » Cooperação Valorização do trabalho e motivação profissional: »Respeito »Reconhecimento »Motivação » Realização» Satisfação 11 - Modelo de Regimento Interno: GTH Regimento Interno do GTH __________ Capítulo I – Da Definição ART.1º - O grupo de trabalho de humanização (GTH) é um espaço coletivo organizado, participativo e democrático, que se destina a empreender uma política institucional de resgate da humanização na assistência à saúde, em benefício dos usuários e dos profissionais de saúde. Capítulo II – Das Competências ART.2º - O GTH terá as seguintes competências: » estabelecer estratégias e mecanismos que tornem os serviços mais humanizados. » traçar diretrizes de elaboração e aprovar o plano operativo para humanização. » examinar propostas e denúncias sobre assuntos pertinentes às relações interpessoais no estabelecimento. 39 » liderar o processo de humanização. » buscar estratégias de comunicação e integração entre os diferentes setores. » promover o fluxo de propostas e deliberações. » apoiar e divulgar as iniciativas de humanização em desenvolvimento. » avaliar os projetos que já estão em desenvolvimento e os que ainda vão ser desenvolvidos, de acordo com os parâmetros de humanização propostos. » estimular a participação da comunidade e de entidades da sociedade civil nas ações de humanização dos serviços. » promover a participação no prêmio ‘’ Humaniza Saúde”. Capítulo III – Da Composição ART.3º - O GTH terá a seguintes composição: O GTH do(a) _____________, terá a seguinte composição: ____representante(s) da gestão/administração ____representante(s) da área médica (médicos,dentistas, etc.) ____representante(s) dos técnicos (assistentes sociais, psicólogos, auxiliares de enfermagem) ____representante(s) do pessoal de apoio (segurança, limpeza, etc.) ____representante(s) das chefias dos setores/serviços Capítulo IV – Da Organização ART.4º - O GTH será gerenciado por um coordenador, um subcoordenador, um secretário e membros das comissões. Seção I – Do Coordenador ART.4º - CABERÁ AO COORDENADOR: a-coordenar as atividades de promoção de humanização; b-convocar as reuniões do GTH dando execução às respectivas deliberações; c-representar oficialmente o GTH; d-Prestar contas das atividades do GTH. Seção II – Do Sub-coordenador 40 ART.5º - COMPETE AO SUB-COORDENADOR: Substituir o coordenador em seus impedimentos, bem como, nos casos de vacância. Seção III – Do Secretário ART.6º - COMPETE AO SECRETÁRIO: a-secretariar as reuniões do GTH; b-superintendenter o expediente e a correspondência do GTH, assinando com o presidente, o que for de sua competência; c-secretariar as reuniões do GTH; d-ter sob sua guarda os livros, relatórios, documentos e demais papéis do GTH; e-organizar o apoio logístico. Seção IV – Das Comissões ART.7º - GTH SERÁ COMPOSTO PELAS SEGUINTES COMISSÕES: 1-COMISSÃO DE MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO -, à qual compete: » Sensibilizar os funcionários/servidores para a importância e os benefícios da humanização. » Articular-se com a secretaria municipal de saúde, regional de saúde, conselho municipal de saúde, entidades da sociedade civil organizada para participarem das ações de humanização. » Negociar com o diretor/secretário os recursos necessários para o programa. Organizar e propor o desenvolvimento das atividades. 2- COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO Articular-se com as diferentes formas de divulgação das ações de humanização (todos os veículos de comunicação audio-visuais e impressos, objetivando divulgação ampla das atividades desenvolvidas pelo GTH). 3- COMISSÃO DE PLANEJAMENTO » Compete à comissão de planejamento » Conduzir a elaboração do plano, elaborar textos e selecionar bibliografia que venham 41 subsidiar os operativos; consolidação final dos relatórios; programar os treinamentos dos membros do GTH. Capítulo V – Da Elaboração de orçamentos de realização das atividades e reuniões ART.7º - As reuniões do GTH serão realizadas quinzenalemente. Capítulo VI – Das disposições finais ART.8º - Os casos omissos serão resolvidos em reunião do GTH. ART.9º - Este regimento entrará em vigor na data de sua publicação. Caro aluno nessa disciplina é fundamental que você acesse os documentos do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais para conhecer os procedimentos oficiais de Classificação dos riscos e os procedimentos de transporte estabelecidos por esses órgãos. Bons estudos! Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_classificaao_risco_servi co_urgencia.pdf - Classificação de Riscos – Ministério da Saúde. http://www.saude.mg.gov.br/sus - Site da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais- Classificação de Riscos – 2015 12 - Transporte Intra-Hospitalar e Inter-Hospitalar Como atividade secundária, o SAMU intermedia, para os pacientes internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através da central de regulação médica das urgências, as transferências inter-hospitalares de pacientes graves. Analisa as necessidades do paciente, confere sua recepção, promove a ativação das equipes apropriadas e a transferência do paciente em condições de suporte avançado de vida, evitando a interrupção de seu suporte hemodinâmico, ventilatório e medicamentoso. A transferência de pacientes graves internados por planos, seguros e convênios de saúde são de responsabilidade dos referidos planos, seguros e convênios e, nas situações http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_classificaao_risco_servico_urgencia.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_classificaao_risco_servico_urgencia.pdf http://www.saude.mg.gov.br/sus 42 urgentes, uma regulamentação do Conselho de Saúde Suplementar(CONSU número 13) ampara o cidadão nesta situação. O SAMU é responsável pelo atendimento de urgência e assume, através da regulação, os casos onde haja a caracterização de quadro urgente grave que necessite o atendimento em um hospital de referência, garantindo, para isto, atravésda autoridade sanitária do médico regulador, que a situação de urgência seja esclarecida e/ou resolvida no Hospital de Referência, onde utiliza inclusive do conceito de "vaga zero" quando necessário. A Portaria Ministerial 2048 em seu capítulo II coloca como uma das atividades gestoras da regulação de urgência: "decidir os destinos hospitalares não aceitando a inexistência de leitos vagos como argumento para não direcionar os pacientes para a melhor hierarquia disponível em termos de serviços de atenção de urgências, ou seja, garantir o atendimento nas urgências, mesmo nas situações em que inexistam leitos vagos para a internação de pacientes (a chamada "vaga zero" para internação). Deverá decidir o destino do paciente baseado na planilha de hierarquias pactuada e disponível para a região e nas informações periodicamente atualizadas; sobre as condições de atendimento nos serviços de urgência, exercendo as prerrogativas de sua autoridade para alocar os pacientes dentro do sistema regional, comunicando sua decisão aos médicos assistentes das portas de urgência". Nas situações em que há necessidade de transferência entre UTIs, mas que não está caracterizado uma urgência, a busca de leito deve ser sempre realizada pelo médico assistente do hospital de origem e, após obtenção disto, entrando em contato com a Regulação Médica do SAMU e solicitando a execução do transporte especializado. Após esta solicitação, feita pelo médico assistente, caberá ao SAMU confirmar o leito e proceder o transporte do paciente grave, direcionando a unidade móvel mais adaptada à situação. Nos casos em que for necessária a remoção com cuidados em UTI Móvel, o médico assistente deverá passar o caso ao médico da UTI Móvel, juntamente com http://samu.saude.sc.gov.br/phocadownload/O_que_e_Samu/resolucao_consu_n13.doc 43 a ficha de transferência detalhada. A responsabilidade, a partir deste momento, é do médico da Unidade Móvel, encerrando-se quando da passagem do caso ao médico da unidade receptora. Nos casos em que for necessária a remoção com cuidados de enfermagem, que possam ser realizados em Unidade de Suporte Básico de Vida, a responsabilidade do médico assistente acabará apenas após a recepção do paciente/vítima pelo médico do hospital/unidade de destino. Após regulação/julgamento do médico regulador, caracterizado que o caso necessite apenas remoção simples, social, não havendo urgência que justifique o envio de um recurso maior, este transporte permanece como responsabilidade dos municípios.
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