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APS DIREITO DE POSSE PROPRIEDADE E RITOS ESPECIAIS Carolina Pedroso Alvarenga da Silva EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA XX VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS/SP ALBERTO XXX, brasileiro, (estado civil), profissional da área de XXXXX, portador do Registro Geral (RG) n° XXXXXXXXXX e CPF n° XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na XXXXXXXXXX, n° XXX, Bairro de Pinheiros, São Paulo/SP, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, através de sua advogada e procuradora que subscreve, ajuizar AÇÃO POSSESSÓRIA PARA REINTEGRAÇÃO DA POSSE COM PEDIDO LIMINAR Com fulcro nos artigos 544 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC), em face de Mário XXX, brasileiro, (estado civil), profissional da área de XXXXX, portador do Registro Geral (RG) n° XXXXXXXXXX e CPF n° XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na XXXXXXXXXX, n° XXX, Bairro XXXX, Santos/SP, pelos motivos de fato e direito a seguir expostos. I. Da Liminar Primeiramente, cumpre salientar o art. 562, caput do CPC, no que tange a manutenção de posse ao qual versa a presente ação, in verbis: “Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. ” Após a comprovação dos fatos elencados, restará comprovada e cabível a necessidade de liminar quanto a posse esbulhada do requerente. Ademais, o entendimento jurisprudencial já versou sobre o corrente assunto, nestas palavras: “EMENTA: REINTEGRAÇÃO DE POSSE - PROVA DA POSSE E DO ESBULHO PRESENTES - LIMINAR – POSSIBILIDADE - Existindo a comprovação da posse, do esbulho, da data da sua ocorrência, bem como da perda da posse, nos exatos termos do artigo 927 do CPC, cogente resta a concessão de liminar de reintegração de posse (TJMG, proc. 1.0433.15.026671-9/001, Rel. Des. Pedro Aleixo, DJ de 18/03/2016). ” APS DIREITO DE POSSE PROPRIEDADE E RITOS ESPECIAIS Carolina Pedroso Alvarenga da Silva À luz do enunciado jurisprudencial, e também dos fatos que aqui serão versados, o requerente faz jus para que seja concedida a liminar frente à turbação que vem repetidamente ocorrendo em sua propriedade. II. Dos Fatos O demandante da presente ação, cujo qual reside em São Paulo, capital, é proprietário de imóvel rural situado na cidade de Campinas/SP, fato este devidamente comprovado pela matrícula do imóvel com n° XXXXXXXX, que está propriamente anexado junto aos autos do processo, e anteriormente fora expedido pelo Cartório de Registro de Imóveis, em unidade competente. Tal imóvel, de posse do requerente, faz divisa com o do recorrido, que também é para atividade rural, sendo ambas as terras fronteiriças separadas por uma cerca, para delimitação do território de cada qual. Em que pese, o autor da ação, não residir no local e também, raramente visitá-lo, ele possui funcionário apto para função que zela pelas terras. Impende salientar que por diversas vezes a parte reclamada adentrou os limites das terras do autor, usando aquela faixa para passagem de seu gado. Tal fato fora informado ao funcionário e este prontamente relatava o ocorrido para o reclamante, que a movia de volta ao seu lugar de origem, possibilitando-o que usufruísse de sua terra em medida integral. O réu informou que o fato iria ocorrer por dois meses, fato este que não fora respeitado. Todavia, ao ocorrer o episódio, no mesmo dia o demandado realizava a recolocação da cerca no local habitual. O recorrente não se importou com as ações do reclamado, pois estas eram realizadas de forma que não o prejudicavam. Acontece que, depois de certo tempo, o réu reiterou sua conduta, mas ao final do dia não cumpriu com sua incumbência de retorná-la ao local de origem, para o autor reaver sua propriedade em metragem total. Cumpre observar que, até a data do ajuizamento da ação, a cerca permanece onde o demandado a deixou, adentrando as terras do reivindicante, e assim o prejudicando em prol de seu benefício. Neste sentido deve-se dizer que o autor não viu outra saída senão a da propositura de ação para reivindicar aquilo que é seu por direito, portanto, faz jus ao recebimento em totalidade da faixa de terra que lhe fora tomada pelo réu, resguardando seu direito de proprietário. Vede a sinopse do primordial. III. Da Fundamentação Jurídica É bem verdade que o Código de Processo Civil traz em seu rol de artigos, normas para regulamentação da reintegração de posse, podemos citar primeiramente o art. 560, ipsis verbis: APS DIREITO DE POSSE PROPRIEDADE E RITOS ESPECIAIS Carolina Pedroso Alvarenga da Silva “Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. ” Destarte, o ônus da prova caberá ao autor da ação, conforme previsto no art. 561, do referido código, nestes temos: “Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. ” Desde logo, frisa-se que já fora comprovada tais provas mencionadas no referido artigo, como por exemplo a matrícula do imóvel, estando estas mostras colacionadas, de forma idônea, no rol de documentação da presente demanda, ficando o recorrente livre deste ônus que lhe competia. Além do mais, a jurisprudência possui concepção sobre o assunto tratado no presente requerimento, literalmente: “CONTRATO DE COMODATO. NATUREZA. FORMA EXPRESSA OU VERBAL.EXTINÇÃO. NOTIFICAÇÃO. RECUSA A DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL. ESBULHO.REINTEGRAÇÃO DE POSSE. O comodato é um contrato celebrado intuito personae, ou seja, em consideração à figura das partes que o pactuam. À medida que traduz um verdadeiro e desinteressado favorecimento pessoal, constitui, sempre, um ajuste temporário, quer por prazo expresso ou presumível (art. 581 do Código Civil), não admitindo a ordem jurídica a eternização de uma obrigação motivada por princípios superiores (benemerência e caridade) de quem empresta seu próprio imóvel a terceiros, sem exigir nada em troca. Precedentes do STJ. No comodato a posse é transmitida a título provisório, de modo que os comodatários adquirem a posse precária, sendo obrigados a devolvê-la tão logo o comodante reclame a coisa de volta. De fato, com a notificação extrajudicial, extingue-se o comodato, transformando-se a posse anteriormente justa, em injusta, em virtude da recusa de devolução do imóvel após o transcurso do lapso temporal estipulado. No caso, com a morte do comodante, a posse e a propriedade do bem passam aos sucessores, que não estão obrigados a manter o comodato. Afinal, a utilização privativa de um bem integrante do espólio por um dos herdeiros só é possível mediante autorização do APS DIREITO DE POSSE PROPRIEDADE E RITOS ESPECIAIS Carolina Pedroso Alvarenga da Silva inventariante e, assim, a notificação feita, no caso vertente que foi feita pela inventariante, regularmente nomeada (fl. 11), põe termo ao comodato até então regular. A necessidade de retomada do imóvel caracteriza o esbulho, bem como os demais requisitos previstos no art. 927, do Código de Processo Civil, o que conduz à procedência da pretensão de reintegração de posse. Sentença mantida. Recurso a que se nega seguimento. (TJRJ – 3ª Câmara Cível – Apelação Cível n.º 0004945-29.2009.8.19.0028 – Relator: Des. MARIO ASSIS GONÇALVES – Julgamento: 20/12/2011).” Neste sentido deve-se dizer que fica caracterizado o esbulho de alíquota da propriedade do reclamante por parte do demandado nesta ação. Restando provado fazer jus, o autor, de tutela jurisdicional, até mesmo sobre a matéria de liminar discorrida na parte inicial desta, configurando, portanto, in re ipsa, diante dos fatos elencados.Conforme aludido pelo código, a atual ação apresentada tem força de nova, pois aconteceu com menos de um ano e dia, de acordo com a norma, posto que sua propositura se deu antes de passado o prazo. Fica evidente, então, a conduta ilícita praticada pelo réu, restando comprovado a perda de parte da posse, fazendo jus este demandante que a sua terra esbulhada seja devolvida em sua totalidade. IV. Do Dano Em primeiro plano devemos elucidar que a vontade do autor da demanda nunca foi de enriquecimento sem causa, para tanto ele deveria pedir valores exorbitantes. Todavia o reclamante apenas requer seja devolvida seu pedaço de terra que lhe fora tirado. Contudo, não se pode esconder o fato de que o réu poderá, quando lhe convier, reiterar sua conduta danosa. Para tanto, podemos apontar o art. 952 do Código Civil, que aprova indenização em casos como tal, in verbis: “Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado. Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele. ” APS DIREITO DE POSSE PROPRIEDADE E RITOS ESPECIAIS Carolina Pedroso Alvarenga da Silva Ao que pese, a jurisprudência tem entendimento formado sobre o assunto, portanto, colaciono a ementa que faz jus aos requerimentos do demandante: “AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Esbulho praticado por Associação de Moradores. Sentença de procedência parcial para reintegrar o autor na posse do imóvel objeto da lide, além de condenar a ré a compensar danos morais no importe de R$ 10.000,00. Apela a ré sustentando cerceamento de defesa; ausência de posse; bem público e inexistência de dano moral indenizável. Contrarrazões com preliminar de deserção. Descabimento do recurso. Preliminar de deserção. Insubsistência. Gratuidade concedida no bojo da sentença em favor da apelante. Cerceamento de defesa. Inocorrência. Prova oral incapaz de comprovar ser bem público ou justificar o esbulho. Possibilidade do coproprietário defender sua posse jurídica ou indireta. Desnecessidade de vinculação física com a coisa. Inteligência do art. 1.228 do CC. Inocorrente prova de ser bem público. Destruição pela esbulhadora de antiga construção havida no local. Patrimônio imaterial da família do autor. Inclusive apelante afirma haver atuação da municipalidade local em sua preservação. Circunstância específica que autoriza a compensação por dano moral. Fixação em R$ 10.000.00. Adequação. Recurso improvido. (TJ-SP - AC: 10007132520178260272 SP 1000713- 25.2017.8.26.0272, Relator: James Siano, Data de Julgamento: 15/12/2011, 5ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 27/05/2019) ” Desta forma, o reclamante requer pagamento de indenização conforme o dano causado. Caso o entendimento deste tribunal seja diverso ao seu, este faz jus que seja indenizado apenas pelos possíveis gastos que venha a ter com realocação e conserto da cerca, e também para reaver em seu antigo estado, o pasto por onde passou o gado do réu. É o que se pede. V. Dos Pedidos Ante o exposto, é o que se requer: a) Conceder preliminar para a reintegração de posse da faixa de terra ao qual vem sendo esbulhada, em conformidade com o art. 562 do Código de Processo Civil; b) Seja determinada a citação do reclamado, para que, se for de sua vontade, apresentar resposta à esta petição; c) Designar audiência prévia, caso se faça necessário; APS DIREITO DE POSSE PROPRIEDADE E RITOS ESPECIAIS Carolina Pedroso Alvarenga da Silva d) Seja julgada procedente em sua totalidade a atual ação de reintegração de posse; e) Seja concedida indenização pelas perdas sofridas em virtude da ação ilícita do réu, conforme consta no art. 952 do Código Civil; f) Que seja levado em consideração o art. 555 do Código de Processo Civil, para que o demandado não volte a reiterar suas ações ilícitas, nas terras deste reclamante; g) Por último, requer-se que todas as provas apresentadas neste caso, que foram devidamente juntadas ao rol de documentos, sejam tomadas como verídicas e aceitas para a futura decisão a ser sustentada. Dá se a causa o valor de R$ XX.XXX,XX. Nestes termos, Pede e aguarda deferimento. Porto Alegre, 04 de junho de 2020. Carolina Pedroso Alvarenga da Silva OAB/RS XXXXXX
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