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A_História_da_Administração_Pública

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A história da 
administração 
pública
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SST
Becker, Victória
A história da administração pública / Victória Becker 
Ano: 2020
nº de p.: 
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
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A história da 
administração pública
Apresentação
Vamos conceituar o que é Administração Pública e quais são os modelos de 
atuação da máquina pública. Estudaremos também as características dos 
modelos da Administração Pública, para isso, partiremos do seu contexto 
histórico. 
Além disso, conheceremos os princípios do modelo burocrático de Gestão Pública, 
além de analisarmos o que desencadeou cada tipo de modelo, apontando o início e 
o período que predominou, assim como os principais problemas identificados.
Vamos lá!
O conceito de administração pública 
e o modelo patrimonialista de gestão 
pública
Segundo Costin (2010), podemos definir a Administração Pública como um 
conjunto de órgãos, funcionários e procedimentos que o Estado usa para executar 
suas funções econômicas e os papéis que a sociedade lhe atribuiu em dado 
momento histórico. E é com base nesse contexto histórico que podemos dividir a 
Administração Pública em três modelos:Patrimonialista, Burocrático e Gerencial. 
Conforme Vieira (2016), a Administração Pública Patrimonialista é derivada do 
modelo absolutista do século XVIII. O patrimonialismo, como o nome sugere, está 
relacionado ao patrimônio: esse modelo não prevê a separação do patrimônio 
do Estado do patrimônio do governante. Ou seja, o Estado era considerado uma 
propriedade do monarca e a população estava ali para servi-lo. Quem assumia um 
cargo público era considerado parte da nobreza real, portanto essas posições 
eram muito cobiçadas, gerando corrupção e nepotismo, que marcaram esse 
período (VIEIRA, 2016).
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Outra característica desse modelo era a influência da religião na política, que 
dava ao monarca, além da autoridade real, o poder divino. Sendo assim, o povo 
devia lealdade a ele, não à nação, e qualquer tipo de ameaça ao governante era 
considerada, antes de tudo, um pecado (COSTIN, 2010).
A Administração Pública, inserida nesse contexto, era inexistente e, obviamente, 
não representava os interesses e a segurança da sociedade. Logo, tornou-se um 
modelo de gestão ineficiente e incabível. Essa forma de governar não suportou a 
evolução da sociedade, as mudanças da economia e a industrialização. À medida 
que o capitalismo avança, nasce, na metade do século XIX, o modelo burocrático, 
com o intuito de combater os males do patrimonialismo (VIEIRA, 2016).
Modelo burocrático de gestão 
pública
O modelo burocrático surgiu no século XIX com o intuito de acabar com a 
corrupção e o nepotismo, trazendo um formato mais racional, rígido e autoritário na 
gerência dos processos que envolvem a Administração Pública. Para atingir essa 
eficiência, esse modelo se utiliza de alguns princípios, como desenvolvimento, 
profissionalização, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo, que serão 
descritos a seguir.
A profissionalização é baseada na meritocracia. Ou seja, os profissionais são 
contratados de forma justa e promovidos por mérito. Em oposição ao nepotismo, 
a valorização e o crescimento do profissional estão atrelados ao bom desempenho 
(VIEIRA, 2016). Relacionado à profissionalização está outro princípio, a 
impessoalidade, em que “[...] os cargos pertencem à organização e não às pessoas, 
o que possibilita evitar a apropriação individual do poder” (VIEIRA, 2016, p. 34). Já o
princípio da formalidade, nesse contexto, está atrelado aos deveres, às
responsabilidades e à hierarquia administrativa.
A seguir, pode-se ver, no quadro, mais detalhes sobre os princípios básicos da 
Administração Burocrática.
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Quadro: Princípios da Administração Burocrática
Princípio Características
Formalismo
Atividades, estruturas e procedimentos estão codificados 
em regras exaustivas para evitar a imprevisibilidade 
e instituir maior segurança jurídica nas decisões 
administrativas.
Impessoalidade
Interessam o cargo e a norma, e não a pessoa em sua 
subjetividade. Por isso, carreiras bem estruturadas em 
que a evolução do funcionário possa ser prevista em 
bases objetivas, dessa forma, de administração.
Hierarquização
A burocracia contém uma cadeia de comando longa 
e clara, em que as decisões obedecem a uma lógica 
de hierarquia administrativa, prescrita em 
regulamentos expressos, com reduzida autonomia do 
administrador.
Rígido controle de meios
Para evitar a imprevisibilidade e introduzir ações 
corretivas a tempo, é necessário um constante 
monitoramento dos meios, especialmente dos 
procedimentos adotados pelos membros da 
administração no cotidiano das suas atividades.
Fonte: Adaptado de Costin (2010).
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O modelo burocrático pareceu ser a melhor solução após o surgimento do Estado 
social, que trouxe consigo uma infinidade de tarefas e atribuições que, até então, 
não eram papel do governo, e algumas sequer existiam. Se antes o Estado cuidava 
basicamente da proteção dos territórios e da administração de seus próprios bens, 
agora estava incumbido de prestar serviços como educação, saúde, vigilância 
sanitária, políticas sociais para combater desigualdades, entre outros. Para dar 
conta de tudo isso, os seus princípios de comando, controle e rigidez nos processos 
pareciam a melhor saída para manter a eficiência da Administração Pública, 
controlando possíveis abusos e atitudes corruptas (COSTIN, 2010).
No entanto, esses princípios tão utilizados pelo modelo burocrático trouxeram 
também alguns problemas. Preocupados em seguir os processos à risca, o 
excesso de regras e as extensas hierarquias desvirtuaram os funcionários de 
sua real função: servir os cidadãos com rapidez e eficiência. Eles estavam tão 
ensimesmados e focados em garantir o poder do Estado que acabaram afetando 
negativamente a população com processos morosos e inflexíveis (VIEIRA,2016).
Apesar dessas falhas, o modelo burocrático perdurou ao longo dos Trinta Anos 
Gloriosos (1945-1973) e em parte dos anos 1980. Na segunda metade do 
século XX, porém, esse modelo entrou em crise por causa de vários fatores: a 
globalização econômica e suas transformações tecnológicas, que trouxeram mais 
competitividade e dinamismo ao mercado; a recessão econômica, decorrente das 
crises do petróleo em 1973 e 1979; e a crise fiscal do Estado, que não conseguia 
mais financiar seus deficit. Enfim, diversas mudanças que tornaram o Estado 
incapaz de resolver os problemas sociais decorrentes desses colapsos (VIEIRA, 
2016). Esses fatores foram essenciais para que o Estado burocrático, aos poucos, 
fosse dando espaço ao modelo gerencial, que veremos a seguir.
O modelo burocrático, aos poucos, foi substituído pelo modelo 
gerencial. Você acha que, na prática, isso acontece? Que 
características do modelo burocrático são vistas ainda hoje no 
Brasil?
Curiosidade
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Modelo gerencial de gestão pública
O modelo gerencial surgiu, conforme vimos, em consequência de diversos 
fatores socioeconômicos mundiais, como apresentado no quadro que segue.
Quadro: Fatores socioeconômicos que contribuíram para o avanço do modelo gerencial
Fatores socioeconômicos que contribuíram para o avanço do mode-
lo gerencial
Crise do petróleo
1ª em 1973
2ª em 1979
Crise fiscal 
e aumento 
dos tributos
Não 
governabilidade 
frente aos 
problemas sociais
Globalização 
e avanços 
tecnológicos
Fonte: Vieira (2016, p. 48).
O modelo gerencial, nas palavras de Vieira (2016, p. 35), é baseado na“[...] 
descentralização das decisões e das funções do Estado, a autonomia na gestão 
dos recursos humanos,materiais e financeiros e a ênfase na qualidade e na 
produtividade do serviço público [...]”, com o objetivo de cortar custos e tornar o 
serviço público mais eficiente. Com esse conceito esclarecido, ficará mais fácil 
entender como e por que esse modelo surgiu.
Iniciado na Inglaterra, em 1979, com a Primeira Ministra Margaret Thatcher, esse 
modelo pode ser chamado também de Nova Gestão Pública. A aprovação do partido 
conservador significou uma conquista daqueles avessos ao welfare state, isto é, 
o Estado de bem-estar social, cujo principal objetivo era a inserção de políticas
públicas para assegurar as necessidades básicas do povo por meio de projetos
sociais nas áreas da educação, saúde, habitação etc. O welfare state já estava em
crise, com poucos recursos e poderes políticos enfraquecidos, portanto a vitória de
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Tatcher serviu como um catalisador para difundir o pensamento liberal contrário ao 
Estado Burocrático.
Tatcher iniciou seu mandato defendendo o Estado mínimo, com planos liberalistas 
de reformular o serviço público e a economia por meio de privatizações e da 
redução de programas sociais, entre outras medidas. Nesse período, porém, o 
prestígio do funcionalismo público inglês ressurgiu e a proposta inicial da Primeira 
Ministra acabou seguindo um rumo mais voltado para a modernização do Estado, 
que não diminuiu seu espaço na renda nacional. Mesmo assim, o processo 
de mudança que ocorreu foi bastante significativo, pois também reestruturou 
departamentos, passou a treinar funcionários e avaliar desempenhos e resultados, 
além de outras medidas que contribuíram para aliviar a crise econômica britânica.
A Nova Zelândia também foi precursora na administração gerencial. Em 1984, 
houve a troca de governo em meio a uma grave crise econômica, e o governo 
trabalhista que assumiu realizou uma profunda reforma no Estado, com redução de 
gastos públicos, privatizações, mudanças gerenciais com base em autonomia e 
mensuração de resultados, entre outros.
Esses dois casos serviram como inspiração para outros países, que adotaram o 
modelo de administração gerencial, embora cada um tenha instaurado essa 
reforma de maneiras distintas e com diversos percalços. No Brasil, por exemplo, 
houve conflito entre correntes mais conservadoras, que temiam o que a menor 
rigidez poderia causar contra as correntes modernas, a favor do modelo gerencial 
(COSTIN, 2010).
De acordo com Vieira (2016), a Administração Gerencial surgiu da necessidade de 
um modelo com foco nas necessidades do cidadão, com mais qualidade e rapidez 
na prestação de serviços e que, ao mesmo tempo, reduzisse custos da máquina 
pública. Para atingir esse objetivo, o autor ressalta que uma das maneiras é “[...] a 
descentralização dos serviços por meio da delegação de autoridade e da definição 
clara dos setores de atuação do Estado e das competências adequadas a cada 
setor” (VIEIRA, 2016, p. 36). Dessa forma, após uma avaliação, as atividades que 
podem ser assumidas pelo setor privado são transferidas, dando um novo sentido 
ao papel do Estado.
Apesar disso, muitos países mantiveram características significativas da 
administração burocrática, como os concursos públicos e os planos de carreira, as 
licitações e as tomadas de preços para compras e contratações, os processos que 
envolvem documentações oficiais, entre outros (COSTIN,2010).
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Para concluir, o modelo Gerencial parece se espelhar bastante no modelo de gestão 
das empresas privadas, enfatizando a importância de reduzir o tamanho do Estado 
e modernizar a gestão do serviço público.
Fechamento 
Conhecemos um pouco da história da Administração Pública, iniciando pela 
definição a qual conhecemos como sendo a junção de órgãos,funcionários e 
ações, geridos pelo Estado, para realizar atribuições,exercendo, assim, seu papel. 
Vimos que a Administração Pública é dividida em três modelos: o Patrimonialista, 
o Burocrático e o Gerencial. Aprendemos, ainda, que o modelo Patrimonialista,
predominante no século XVIII, foi decorrente do Absolutismo, e que havia
influência da religião na política, sendo, mais tarde, considerado um modelo
ineficaz.
Ao abordarmos o modelo burocrático, observamos que seu início ocorreu no 
século XIX e que os princípios da Administração Pública tinham como finalidade 
contribuir com a eficiência, sendo esses princípios do desenvolvimento, 
profissionalização, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo. E, por 
fim, tratamos do modelo Gerencial de Gestão Pública e vimos que sua origem foi 
resultante de vários fatores socioeconômicos mundiais, como as crises do 
petróleo, em 1973 e 1979.
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Referências
COSTIN, C. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
VIEIRA, L. N. Administração pública: modelos, conceitos, reformas eavançospara 
uma nova gestão. Curitiba: InterSaberes, 2016.
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