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Pan-Hipopituitarismo

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@medcomath_
 
 
 
Introdução 
 O hipopituitarismo é definido como deficiência parcial ou 
completa da hipófise anterior, causada por distúrbios hipofisários 
ou hipotalâmicos adquiridos ou, mais raramente, hereditários. 
 Suas relatadas taxas de incidência (12 a 42 novos casos por 
milhão ao ano) e prevalência (300 a 455 por milhão) são 
provavelmente subestimadas, caso a frequente ocorrência (25 a 
50%) após traumatismos cranioencefálicos seja considerada. 
 Se não adequadamente tratado, o hipopituitarismo resulta em 
elevada morbimortalidade. O quadro clínico e as complicações do 
hipopituitarismo dependem da etiologia, do tipo e da gravidade da 
insuficiência hormonal. 
 As deficiências na secreção dos hormônios hipofisários 
manifestam-se, em geral, na seguinte ordem: hormônio de 
crescimento (GH) ou somatotrofina, gonadotrofinas (LH, FSH), 
tireotrofina (TSH), seguida de corticotrofina (ACTH) e, por último, 
prolactina (PRL). 
 O termo pan-hipopituitarismo tem sido empregado diante da 
deficiência de dois ou mais hormônios hipofisários. 
Fisiologia 
 Os conhecimentos atuais sobre a neuroendocrinologia reconhece 
que os neuropeptídios hipotalâmicos são o elo entre o sistema 
nervoso central (SNC) e a função endócrina. Além disso, estudos 
mais recentes têm caracterizado os receptores para os peptídeos 
hipotalâmicos e sua distribuição, tanto no SNC quanto em outros 
tecidos além da hipófise. 
 O controle hipotalâmico, tanto por aferências neurais quanto 
por fatores humorais, também tem sido objeto de estudos 
recentes. 
 O conhecimento da anatomia da unidade hipotálamo-hipofisária, 
de suas conexões com as estruturas do SNC, das funções e das 
ações dos peptídeos hipotalâmicos, seu controle e a localização de 
seus receptores é essencial para a compreensão dos mais 
diferentes acometimentos endocrinológicos, principalmente o Pan-
hipopituitarismo. 
 
 
 
 
Hipotá lamo 
 A principal função do hipotálamo é a manutenção da 
homeostasia corporal, por meio da coordenação das respostas 
fisiológicas dos diferentes órgãos. Para isso, o hipotálamo integra os 
sinais provenientes do ambiente, de outras partes do cérebro e do 
sistema nervoso aferente visceral, elaborando respostas 
neuroendócrinas adequadas. 
 Assim, o hipotálamo coordena várias funções corporais, como o 
controle do peso corporal, da ingestão alimentar, a ingestão de 
líquidos e o equilíbrio líquido, a temperatura corporal e o sono. A 
maioria dessas funções é desempenhada por intermédio do 
controle da função hipofisária pelo hipotálamo. 
 O controle da função hipofisária pelo hipotálamo se dá por meio 
dos neuropeptídios hipotalâmicos, sintetizados nos neurônios 
hipotalâmicos e transportados para a neuro-hipófise pelo trato 
hipotalâmico-hipofisário e também pela liberação de peptídeos que 
causam a liberação dos hormônios adeno-hipofisários. 
 O hipotálamo constitui a parte do diencéfalo localizado abaixo do 
tálamo e entre os corpos laminares e a lâmina terminal, formando 
as paredes e o assoalho do terceiro ventrículo. 
 No assoalho do terceiro ventrículo, as duas porções do 
hipotálamo se fundem e formam a eminência média, local onde as 
terminações axônicas dos neurônios hipotalâmicos liberam os 
neuropeptídios que irão controlar a função da adeno-hipófise. 
 Essa mesma região é cruzada pelos axônios que terminam na 
neuro-hipófise, considerada, praticamente, uma extensão 
hipotalâmica. No hipotálamo, existem grupos de neurônios 
organizados em núcleos, chamados de núcleos hipotalâmicos. 
Pan-Hipopituitarismo 
 
@medcomath_
 Alguns dos neurônios que compõem esses núcleos são neuro-
humorais e sintetizam peptídeos que atuam como hormônios. Há 
dois tipos de hormônios que são importantes na mediação das 
funções endócrinas: os neurônios magnocelulares e os 
parvocelulares. 
 Os neurônios magnocelulares localizam-se predominantemente 
nos núcleos paraventriculares e supraópticos, produzindo ocitocina 
e arginina vasopressina (AVP), também conhecida como hormônio 
antidiurético (ADH) e formam o trato hipotalâmico-hipofisário, que 
termina na neuro-hipófise. 
 Os axônios dos neurônios parvicelulares terminam na eminência 
mediana, disponibilizando hormônios de liberação ou de inibição que 
controlam a função da adeno-hipófise. 
 Os peptídeos hipotalâmicos hipofisiotróficos, que são 
sintetizados pelos neurônios parvicelulares e acabam por liberar ou 
inibir a secreção adeno-hipofisária, são: hormônio liberador de 
corticotrofina (CRH), hormônio liberador de tireotrofina (TRH), 
hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), hormônio liberador do 
hormônio do crescimento (GHRH), somatostatina e dopamina. 
 O suprimento sanguíneo da hipófise é fornecido por ramos da 
artéria carótida interna. Existem três ramos: as artérias 
hipofisárias superiores, médias e inferiores. 
 As artérias hipofisárias superiores formam o plexo capilar 
primário e nutrem a eminência mediana. 
 Os peptídeos hipofisiotróficos liberados na eminência mediana 
penetram nos capilares do plexo capilar primário, sendo 
transportados, pelas veias porto-hipofisárias, até a adeno-hipófise. 
O suprimento sanguíneo da neurohipófise é garantido 
especialmente pelas artérias hipofisárias média e inferior. 
 A hipófise recebe sangue de dois grupos de artérias, ambas 
derivadas da carótida interna, mas independentes do suprimento 
carotídeo para o hipotálamo. Esses ramos arteriais se comunicam 
com um enovelado plexo primário de capilares no nível da haste 
hipofisária. 
 As vênulas desses capilares descem pela haste hipofisária para 
formar um plexo secundário de capilares. Esse arranjo de dois 
plexos capilares é chamado de sistema portal hipofisário. 
 Em resumo, a adeno-hipófise é irrigada pela artéria hipofisária 
anterior, e a neuro-hipófise, pelas artérias hipofisárias média e 
inferior. 
 
Neuro-hipófise 
 A neuro-hipófise é considerada uma extensão do hipotálamo e 
recebe as terminações axônicas dos hormônios magnocelulares. 
 Os peptídeos sintetizados por esses neurônios e liberados na 
neuro-hipófise são a ocitocina e o ADH, que são hormônios 
correlatos, com 9 aminoácidos em estrutura de anel. Os ribossomos 
neuronais sintetizam grandes moléculas precursoras desses 
hormônios e as acondicionam em vesículas neurossecretoras. Nas 
vesículas, as moléculas precursoras sofrem transformação 
bioquímica, gerando os hormônios ativos. 
Ocitocina 
 A ocitocina é um hormônio sintetizado nos neurônios 
magnocelulares e armazenado na neurohipófise, sendo liberado 
para a circulação sanguínea durante a lactação e o parto. A mama 
e o útero gravídico são seus principais órgãos-alvo. 
 No útero, quando gravídico, a ocitocina produz contrações 
rítmicas que ajudam a induzir o trabalho de parto e auxilia na 
regressão uterina após o parto. 
 Na mama, a ocitocina proporciona contração das células 
mioepiteliais que revestem os ductos e os alvéolos glandulares, 
causando ejeção do leite. 
 Outros efeitos menores da ocitocina incluem potencialização da 
liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pelo CRH, sua 
interação com o receptor do ADH causando vasoconstrição, 
liberação de prolactina, efeitos sobre o comportamento materno e 
amnésia. 
 
@medcomath_
 O maior estímulo para a liberação de ocitocina é a estimulação 
mecânica do colo uterino pelo feto no final da gestação. As 
contrações uterinas, por sua vez, também estimulam a liberação de 
mais ocitocina, em um mecanismo de retroalimentação positiva. 
 No entanto, para que os neurônios possam secretar ocitocina, 
deve haver supressão da inibição causada por opioides endógenos 
produzidos por outros hormônios, como o óxido nítrico e o ácido 
gama-aminobutírico. Essa liberação (supressão dos opioides e 
posterior secreção de ocitocina) se deve, em parte, ao declínio dos 
níveis de progesterona e ao aumento dos níveisde estrógeno que 
acontece no final da gestação. 
 A liberação de ocitocina também é causada pela estimulação de 
receptores táteis nos mamilos durante a sucção do recém-nascido 
na fase de lactação. Isso ocorre, pois a sucção desencadeia 
impulsos sensoriais para a medula espinal, chegando aos neurônios 
produtores de ocitocina no hipotálamo. 
 O papel da ocitocina em homens ainda não foi esclarecido, mas 
especula-se que tenha algum papel na ejaculação. Não há doenças 
descritas pelo excesso de ocitocina. A deficiência de ocitocina pode 
causar dificuldade no aleitamento materno pelo déficit na ejeção do 
leite, mas não está associada a alterações na fertilidade ou no 
parto. 
ADH 
 O hormônio antidiurético (arginina vasopressina (AVP ou ADH) 
também é sintetizado nos neurônios magnocelulares do hipotálamo 
e liberado na neuro-hipófise. 
 Seu efeito principal é promover a reabsorção da água pelo 
aumento da permeabilidade nos túbulos contorcidos distais e nos 
ductos coletores nos rins, resultando em concentração da urina. 
 O aumento da concentração urinária é um dos mecanismos 
responsáveis pelo aumento da resistência vascular e pode causar 
alterações na pressão arterial; por isso, também é chamado de 
vasopressina. Esse efeito na pressão arterial é importante 
especialmente em situações de pouca resposta a outros 
vasoconstritores, como visto em casos de grande perda volêmica, 
como no choque hemorrágico ou na sepse. 
 Em situações de perda de água, há aumento da osmolaridade do 
sangue, causando sede e liberação de ADH pela neuro-hipófise, com 
concentração da urina. Considerando o efeito antidiurético, existe 
relação inversa entre a concentração plasmática de ADH e o débito 
urinário: quanto maior o nível de ADH, menor é o débito urinário e 
maior a osmolaridade urinária. 
 O controle da secreção do ADH é desencadeado por vários 
fatores, mas 2 têm maior relevância: o estímulo osmótico e o 
estímulo hemodinâmico. 
 O estímulo osmótico é dado pela osmolaridade sanguínea. 
Osmolaridade acima de 280 mOsm/L aumenta a liberação de ADH. 
Acima desse limiar osmótico, a secreção de ADH ocorre de modo 
linear em relação à osmolaridade sanguínea. 
 Pequenas alterações na osmolaridade plasmática são suficientes 
para causar aumento considerável na secreção do ADH, permitindo 
que o rim altere rapidamente o volume urinário, de modo a 
conservar a água no organismo. 
 Além do limiar osmótico para liberação de ADH, há também o 
limiar da sede, em que um aumento da osmolaridade acima de 290 
mOsm/L causa sensação de sede. A sede sempre ocorre depois do 
aumento da secreção de ADH, uma vez que o limiar osmótico para 
a liberação de ADH é menor. No hipotálamo, existem 
osmorreceptores que percebem a variação da osmolaridade 
sanguínea e proporcionam aumento na síntese de ADH. 
 Outro fator determinante na secreção de ADH é o fator 
hemodinâmico. Quando ocorre perda de fluido, barorreceptores 
dispersos pelo corpo percebem a alteração no volume sanguíneo e 
mandam a informação para o hipotálamo. 
 Os barorreceptores localizados no arco aórtico e no seio 
carotídeo percebem queda na pressão arterial, enquanto os 
receptores de estiramento localizados nos átrios e nas grandes 
veias percebem a queda no volume circulante. Essas informações 
são transmitidas pelos nervos vago e glossofaríngeo até o trato 
solitário, de onde partem fibras que chegam aos núcleos 
supraóptico e paraventricular, estimulando a liberação de ADH. 
 O fator hemodinâmico, independentemente do osmótico, faz 
com que o organismo retenha água, mesmo com a osmolaridade 
normal. Em situações de hipoperfusão, a concentração de ADH 
pode se elevar mais de 10 vezes o valor normal. Apenas o dobro do 
valor normal do ADH já seria suficiente para atingir concentração 
urinária máxima. 
 Logo, esse aumento exponencial do ADH, causado por um fator 
hemodinâmico – a hipovolemia – não tem importância no sentido de 
conservação hídrica, mas é fundamental para estimular a 
vasoconstrição periférica, mantendo a pressão arterial adequada 
para garantir a perfusão tecidual. 
 
 
@medcomath_
Adeno-hipófise 
 A hipófise é uma glândula constituída por um lobo anterior e 
outro posterior, que diferem na sua origem embriológica, na sua 
estrutura e em suas funções. O lobo anterior é também conhecido 
como adeno-hipófise, é maior e consiste em uma parte anterior e 
uma parte intermediária ou lobo intermediário, separados por uma 
estreita fenda, o remanescente da bolsa de Rathke. A parte 
intermediária é de pouca importância na fisiologia humana. 
 A adeno-hipófise desempenha papel fundamental na função 
endócrina, por meio da produção hormonal ativa, sob o comando do 
hipotálamo, por intermédio dos neuropeptídios que este libera na 
eminência mediana. 
 É uma estrutura densamente vascularizada, constituída por 
células epiteliais derivadas do revestimento ectodérmico do palato 
durante o desenvolvimento embrionário e produz hormônios 
trópicos, liberando-os na circulação sistêmica: o hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH), o hormônio tireoestimulante (TSH), o 
hormônio do crescimento (GH), a prolactina e as gonadotrofinas – o 
hormônio luteinizante (LH) e o hormônio foliculoestimulante (FSH). 
 Esses hormônios são produzidos por diferentes células na 
adeno-hipófise, com distribuição específica: os gonadotrofos (que 
produzem LH e FSH) e os somatotrofos (que produzem GH) são 
mais numerosos na região posterolateral da adeno-hipófise, 
enquanto os corticotrofos (que produzem ACTH) e os tireotrofos 
(que produzem TSH) localizam-se predominantemente na região 
anteromedial. Os lactotrofos (que produzem prolactina) estão 
dispersos em toda a adeno-hipófise. 
 A resposta da hipófise aos efeitos estimulantes ou inibitórios 
pode ser modificada por diversos fatores, como os níveis 
hormonais, por retroalimentação negativa ou positiva e pelos ritmos 
circadianos. 
 A maioria dos ritmos circadianos é sincronizada por um relógio 
biológico localizado no núcleo supraquiasmático do hipotálamo que é 
regulado por fatores externos, como a luz e a escuridão, e tanto o 
sono quanto os efeitos circadianos interagem para produzir o 
padrão rítmico global de liberação dos hormônios hipofisários. Alguns 
dos ritmos hormonais de 24 horas estão relacionados com o sono 
(GH, TSH e prolactina), enquanto outros são influenciados pelos 
ritmos circadianos (ACTH, cortisol e melatonina). 
 Devido a essa influência, vemos a secreção do GH ser maior 
durante a fase de ondas lentas no início da noite e a secreção de 
prolactina ter um pico durante a fase mais profunda do sono 
(influências do sono). 
 Além disso, vemos o cortisol apresentar um pico maior de 
secreção no início da manhã e outro menor à tarde (influência do 
ritmo circadiano). Esses padrões cíclicos são fundamentais para a 
secreção hormonal adequada e, portanto, para a manutenção da 
homeostasia. 
TSH 
 É sintetizado pelos tireotrofos, que constituem cerca de 5% 
das células hipofisárias. 
 A síntese e a liberação de TSH são feitas pelo hormônio de 
liberação da tireotrofina (TRH) hipotalâmico que se liga no receptor 
de superfície do tireotrofo, ativa a fosfolipase C por meio da 
proteína G, aumentando a renovação de fosfoinositídio e a 
mobilização do cálcio, e ativa também o AMPc, gerando TSH. O TSH, 
por sua vez, liga-se a seu receptor de proteína G na superfície da 
célula tireoidiana, ativa a adenilciclase, que estimula a formação de 
AMPc, e estimula a via de sinalização da proteinoquinase A, 
proporcionando a síntese e a liberação de todos os hormônios 
tireoidianos. 
 A liberação de TSH é inibida pelos hormônios tireoidianos, 
especialmente a triiodotironina (T3), por retroalimentação negativa. 
A hipófise expressa a desiodinase tipo II, que é responsável pela 
conversão local de T4 em T3. 
Gonadotrofinas – LH E FSH 
 São sintetizadaspelos gonadotrofos hipofisários em resposta ao 
hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). Os gonadotrofos 
representam de 5% a 10% da população de células hipofisárias. A 
maioria (60%) dos gonadotrofos produz tanto LH quanto FSH, 
enquanto o restante produz especificamente LH (18%) ou FSH 
(22%). 
 A secreção do GnRH pelo hipotálamo é pulsátil. Ele se liga ao 
receptor do tipo proteína G nos gonadotrofos hipofisários, ativa a 
fosfolipase C, renova o fosfoinositídio e aumenta o influxo de cálcio, 
gerando AMPc. Esse processo resulta na formação da subunidade 
beta específica e libera LH e FSH na circulação. Uma vez na 
circulação, o LH e o FSH exercerão seus efeitos nas células-alvo 
das gonadotrofinas, das quais se destacam as células da granulosa 
e da teca ovarianas e as células de Leydig e de Sertoli testiculares. 
 Sob efeitos das gonadotrofinas, as gônadas exercem suas 
funções fisiológicas, como a produção dos esteroides sexuais, a 
espermatogênese, a foliculogênese e a ovulação. 
 
@medcomath_
 Os principais hormônios sintetizados pelas gônadas sob o efeito 
das gonadotrofinas são o estradiol, a testosterona e as inibinas (A 
e B). O estradiol intensifica a liberação de LH e inibe a de FSH, 
enquanto as inibinas reduzem a secreção de FSH. 
 A complexidade e a natureza cíclica da secreção dos hormônios 
hipofisários são bem representadas pela secreção de LH e FSH. 
 Durante o período menstrual da mulher, os padrões de 
secreção dos pulsos de GnRH modificam-se. Durante a transição da 
fase lútea para a fase folicular, os pulsos de GnRH ocorrem a cada 
90 a 120 minutos, favorecendo a secreção de FSH. A partir da 
metade da fase folicular até o final dela, a frequência de pulsos de 
GnRH aumenta para 60 minutos, o que favorece a secreção de LH, 
permitindo a ovulação. 
 Após a ovulação, o corpo lúteo ovariano sintetiza progesterona, 
que retarda a secreção dos pulsos de GnRH, favorecendo 
novamente a produção de FSH. Durante essa fase, o corpo lúteo 
sintetiza também inibina A e estradiol, que inibem a liberação de 
FSH e favorecem seu armazenamento. Com a involução do corpo 
lúteo, ocorre declínio dos níveis de inibina A e de estradiol, o que 
permite a liberação do FSH e prepara o organismo para um novo 
desenvolvimento folicular. 
ACTH 
 A pró-opiomelanocortina (POMC) é um pró-hormônio sintetizado 
pelos corticotrofos hipofisários, que correspondem a cerca de 
10% da população de células hipofisárias. A secreção da POMC é 
regulada fundamentalmente pelo hormônio liberador de 
corticotrofina (CRH), produzido pelo hipotálamo. 
 Após formada, a POMC é clivada em ACTH, em betaendorfina e 
nos hormônios estimuladores de melanócitos alfa, beta e gama 
(MSH). O ACTH é o principal hormônio produzido pela clivagem da 
POMC, e sua liberação é estimulada por estresses psicológicos e 
físicos, como traumas, infecções, hipoglicemia e cirurgias. 
 É liberado em pulsos e em pequenas quantidades, sendo que as 
maiores concentrações acontecem às 4 horas da manhã. O ACTH 
atua na glândula adrenal, estimulando a liberação de cortisol e, em 
menor grau, de aldosterona. 
 O cortisol, por sua vez, inibe a liberação de ACTH por 
retroalimentação negativa quando se liga aos receptores de 
glicocorticoides presentes no hipotálamo e na adeno-hipófise. O 
alfa-MSH é o principal hormônio estimulador de melanócitos e é 
produzido especialmente na parte intermediária da hipófise, onde é 
secretado em pequenas quantidades diárias. 
 Exerce seus efeitos biológicos por meio da ligação ao receptor 
MC1R, presente nos melanócitos, e ativa a síntese de melanina. A 
betaendorfina é o opioide endógeno mais abundante, cujos efeitos 
são exercidos por meio da sua ligação com os receptores de 
opioides. 
 Como esses receptores são expressos em todo o corpo, os 
efeitos da betaendorfina são sistêmicos e incluem analgesia, além 
de efeitos neuromoduladores e comportamentais. Os opioides 
endógenos estão implicados na adição a drogas e álcool, e o uso da 
naltrexona, antagonista dos receptores de opiáceos, está indicado 
no tratamento da dependência do álcool. 
GH 
 O GH é liberado pelos somatotrofos hipofisários, que 
representam cerca de 50% da população celular hipofisária. É 
secretado de maneira pulsátil, sendo que a maior parte da sua 
secreção ocorre durante o sono. 
 Sua secreção é regulada pelo hormônio liberador de 
somatotrofina ou hormônio liberador do hormônio de crescimento 
(GHRH), que favorece sua liberação, e pela somatostatina, que 
exerce efeito inibitório sobre sua secreção. Além do GHRH e da 
somatostatina, as catecolaminas, a dopamina e alguns aminoácidos 
excitatórios podem atuar sobre os somatotrofos hipofisários, 
alterando a secreção de GH. 
 A secreção de GH sofre regulação pelo fator de crescimento 
semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1), que é sintetizado no fígado, após 
a ligação do GH com o seu receptor, e pelo próprio GH, que, junto 
com o IGF-1, inibe a secreção do GHRH e estimula a somatostatina. A 
grelina, peptídeo encontrado principalmente no estômago, também 
é capaz de estimular a secreção de GH pela hipófise. 
 O GH induz seus efeitos fisiológicos diretamente, por meio da 
ligação com o receptor de GH, e indiretamente, pela estimulação e 
pela síntese de IGF-1. O IGF-1 é um peptídeo relacionado com a pró- 
-insulina, que proporciona vários dos efeitos mitogênicos e 
anabólicos do GH nos tecidos periféricos. 
 O principal efeito do GH é estimular o crescimento longitudinal. 
Esse efeito do GH sobre o crescimento não é importante durante a 
vida fetal, mas começa gradualmente durante o primeiro e o 
segundo ano de vida, com pico durante a puberdade. 
 Além dos seus efeitos sobre o crescimento linear, o GH tem 
importante papel na fisiologia normal da formação óssea no adulto, 
aumentando a renovação óssea por meio do estímulo na formação 
e, em menor grau, na reabsorção óssea. 
 
@medcomath_
 O GH também estimula o metabolismo das proteínas, dos 
carboidratos e das gorduras. Inicialmente, atua como a insulina, 
proporcionando a lipogênese e a neoglicogênese, efeito que dura 
cerca de 2 horas após a sua liberação, seguido de efeitos anti-
insulina que causam lipólise, hiperglicemia e hiperinsulinemia. No 
adipócito, o GH inibe a diferenciação, diminui o acúmulo de 
triglicerídeos, estimula a lipólise e a oxidação da gordura, com a 
redução da atividade da lipoproteína lipase. 
 Além dos efeitos metabólicos, o GH exerce papel na manutenção 
da função imune, afetando vários aspectos da resposta imune, 
como a resposta das células B e a produção de anticorpos, a 
atividade das células natural killer, a atividade dos macrófagos e a 
função dos linfócitos T. 
 No entanto, muitos dos efeitos metabólicos e de crescimento 
são mediados pelos fatores de crescimento semelhantes à insulina 
(IGF-1 e IGF-2). Ambos os IGF são essenciais no crescimento 
embrionário. 
 O IGF-1 é produzido no fígado e desempenha importante papel 
na regulação do crescimento após o nascimento. 
 O IGF-2 depende minimamente do GH e não tem função 
fisiológica conhecida. 
 Porém, ambos estão presentes na circulação sanguínea de um 
indivíduo adulto, sendo que a concentração de IGF-2 é 3 vezes 
superior à do IGF-1 em um indivíduo adulto. O IGF-1 estimula a 
formação óssea, a síntese proteica, a captação de glicose no 
músculo, a síntese de mielina e a sobrevida de neurônios, sendo 
responsável, portanto, por muitos efeitos anabólicos do GH. 
Prolactina 
 A prolactina é um hormônio sintetizado e secretado pelos 
lactotrofos hipofisários que respondem a cerca de 15% a 20% da 
população da adeno-hipófise. No entanto, níveis elevados de 
estrogênio, como os observados durante a gravidez, podem 
aumentar esse percentual. 
 Os níveis séricos de prolactina são maiores em mulheres do que 
em homens e mais altos durante o sono. 
 O hipotálamo exerceinfluência predominantemente inibitória 
sobre a secreção da prolactina por meio de fatores inibitórios que 
alcançam a hipófise via sistema porta-hipotálamo-hipofisário. 
 A liberação de prolactina encontra-se sob inibição tônica 
predominantemente da dopamina, mas o ácido gama-aminobutírico 
(GABA) e a somatostatina também inibem a prolactina. 
 A inibição dopaminérgica dos lactotrofos é mediada pelos 
receptores dopaminérgicos tipo 2 (D2), que são acoplados à 
proteína G e inibem a via da adenilciclase e do fosfoinositol. Além 
disso, a dopamina ativa um fluxo de potássio que induz a 
hiperpolarização da membrana plasmática, diminuindo o fluxo de 
cálcio. Assim, a dopamina inibe a secreção de prolactina por inibir a 
adenilciclase, ativar os canais de potássio e inibir os canais de cálcio. 
 Os estímulos para a liberação de prolactina provêm do ambiente 
externo e do meio interno, como a sucção, os esteroides ovarianos 
e o estresse. Vários neuropeptídios são fatores de liberação da 
prolactina, como o TRH, a ocitocina, o peptídeo intestinal vasoativo 
(VIP) e a neurotensina. 
 O TRH é um potente estimulador da secreção de prolactina, e 
seu efeito é independente da presença da inibição da dopamina. A 
prolactina regula a sua própria secreção por meio de um 
mecanismo de retroalimentação de alça curta, por se ligar aos 
receptores de prolactina localizados nos neurônios dopaminérgicos 
neuroendócrinos que determinam aumento na síntese de dopamina. 
 Os receptores da prolactina são encontrados na mama, nos 
ovários e em várias regiões do cérebro, e os principais efeitos da 
prolactina consistem no crescimento e no desenvolvimento da 
glândula mamária, na síntese do leite e na manutenção da secreção 
desse líquido. 
 Outros efeitos da prolactina incluem a inibição da liberação de 
GnRH, a biossíntese da progesterona e a hipertrofia das células 
lúteas durante a gravidez, além de estar implicada nos 
comportamentos reprodutivo e parental (diminuição da libido). 
 
 
@medcomath_
 
Epidemiologia 
 Suas relatadas taxas de incidência (12 a 42 novos casos por 
milhão ao ano) e prevalência (300 a 455 por milhão) são 
provavelmente subestimadas, caso a frequente ocorrência (25 a 
50%) após traumatismos cranioencefálicos seja considerada 
 Os adenomas hipofisários são uma das principais causas de 
hipopituitarismo, sua incidência varia em vários lugares do mundo 
 A incidência de adenomas hipofisários não funcionantes é baixa 
na infância e picos a idade de 60-65 anos 
 Os pacientes com hipopituitarismo apresentam um aumento de 
mortalidade, maior em mulheres do que em homens. 
 
 
 
 
 
 
 
Etiologias 
 As considerações etiológicas no hipopituitarismo são diversas. A 
maioria das lesões pode causar insuficiência hipofisária ou 
hipotalâmica (ou ambas). O estabelecimento da causa exata do 
hipopituitarismo é útil para determinar o tratamento e o 
prognóstico. 
 
 
OBS: Uma regra mnemônica para lembrar as possíveis etiologias do 
hipopituitarismo é representada pelos “nove l’s”: Invasiva (efeito de 
massa); Infarto; Infiltrativa; Impacto (lesão traumática); Imunológica; 
Iatrogênica; Infecciosa; Idiopática; Isolada. 
 
 
 
@medcomath_
Invasivas 
 Lesões que ocupam espaço causam hipopituitarismo por meio de 
destruição da hipófise ou núcleos hipotalâmicos, ou interrompendo o 
sistema venoso portal hipotálamo-hipofisário. 
 Grandes adenomas hipofisários causam hipopituitarismo por 
meio desses mecanismos e a função hipofisária pode melhorar 
após sua remoção. 
 Pequenos tumores hipofisários (microadenomas, com diâmetro 
<10mm), observados caracteristicamente em estados de hi-
persecreção (excesso de PRL, GH, ACTH), não causam insuficiência 
hipofisária diretamente. 
 O craniofaringeoma, o tumor mais comum da região 
hipotalâmico-hipofisária em crianças, frequentemente perturba a 
função hipofisária em decorrência de seus efeitos compressivos. 
Tumores primários do sistema nervoso central, incluindo 
meningioma, cordoma, glioma óptico, tumores epidermoides e 
tumores dermoides, podem diminuir a secreção hipotálamo-
hipofisária com seus efeitos de massa. Lesões metastáticas para 
essa área são comuns (especialmente carcinoma de mama), mas 
raramente resultam em hipopituitarismo clinicamente evidente. 
 Malformações anatômicas tais como encefalocele basal e 
aneurismas parasselares causam disfunção hipotalâmico-hipofisária 
e podem aumentar o tamanho da sela túrcica, imitando tumores 
hipofisários. 
 
Infarto 
 A lesão hipofisária por isquemia foi reconhecida há muito tempo 
como causa de hipopituitarismo. Em 1914, Simmonds relatou 
necrose hipofisária em uma mulher com grave septicemia 
puerperal e, em 1937, Sheehan publicou sua descrição clássica 
desta ocorrência após hemorragia pós-parto e colapso vascular. O 
mecanismo da isquemia em tais casos não está claro. 
 Atualmente, acredita-se que a hipotensão, associada ao 
vasoespasmo das artérias hipofisárias, compromete a perfusão 
arterial da adeno-hipófise. 
 Durante a gestação, a hipófise pode se tornar mais sensível à 
hipoxemia em decorrência de suas necessidades metabólicas 
aumentadas ou mais suscetível aos efeitos protrombóticos do 
estado hiperestrogênico. Alguns pesquisadores notaram que o 
hipopituitarismo nem sempre está correlacionado ao grau de 
hemorragia, mas existe uma boa correlação entre lesão hipofisária 
e graves distúrbios do mecanismo de coagulação (como em 
pacientes com placenta prévia). Também há relatos de uma maior 
ocorrência de necrose hipofisária isquêmica em pacientes com 
diabetes Melitus. 
 A extensão da lesão hipofisária determina a rapidez do início, 
assim como a magnitude da hipofunção hipofisária. A glândula possui 
uma grande reserva secretória, e mais de 75% precisa ser 
destruído antes que as manifestações clinicas tornem-se evidentes. 
 A característ ica c l ín ica in ic ia l na necrose pós-parto pode ser 
a incapacidade de lactação após o parto; outra pista para o 
diagnóstico é a incapacidade de voltar a apresentar ciclos 
menstruais normais. No entanto, as características clínicas do 
hipopituitarismo frequentemente são sutis e podem passar anos 
antes que a insuficiência hipofisária seja reconhecida após um 
processo isquêmico. 
 O infarto hemorrágico espontâneo de um tumor hipofisário 
(apoplexia hipofisária) frequentemente resulta em insuficiência 
hipofisária parcial ou total. A apoplexia hipofisária frequentemente 
é uma síndrome clínica fulminante, manifestada por cefaleia grave, 
distúrbio visual, oftalmoplegias, meningismo e alteração do nível de 
consciência. 
 A apoplexia hipofisária geralmente está associada a tumor 
hipofisário; pode também estar relacionada ao diabetes melito, 
radioterapia ou cirurgia cardíaca aberta. Pode ocorrer insuficiência 
hipofisária aguda com hipotensão, com deterioração mental rápida, 
coma e óbito. 
 O tratamento emergencial com corticosteroides e 
descompressão transesfenoidal do conteúdo intrasselar pode 
salvar vidas, além de prevenir perda visual permanente. Muitos 
pacientes que sobreviveram à apoplexia hipofisária desenvolveram 
múltiplos déficits adeno-hipofisários, mas, em alguns casos, o 
infarto do tumor pode curar um adenoma hipofisário hipersecretor 
e sua endocrinopatia acompanhante. 
 
@medcomath_
 O infarto hipofisário também pode ser um evento subclínico 
(apoplexia hipofisária silente), resultando em melhora da 
hipersecreção de hormônio hipofisário sem distúrbio da secreção 
de outros hormônios da adeno-hipófise. 
Inf i ltrat iva 
 Hipopituitarismo pode ser a manifestação clínica inicial de 
processos patológicos infiltrativos tais como sarcoidose, 
hemocromatose e histiocitose de Langerhans. Na sarcoidose, os 
locais intracranianos mais comumente envolvidos são o hipotálamo e 
a hipófise. 
 No passado, acreditava-se que a anormalidade endócrina maiscomum em pacientes com sarcoidose era o diabetes insípido; no 
entanto, muitos destes pacientes apresentavam, na verdade, um 
distúrbio do controle central da sede, resultando em polidipsia e 
poliúria que, em alguns casos, explica o metabolismo anormal da 
água. Deficiências de múltiplos hormônios da adeno-hipófise foram 
bem documentadas na sarcoidose e geralmente são secundárias à 
insuficiência hipotalâmica. 
 O envolvimento granulomatoso da unidade hipotalâmica-
hipofisária ocasionalmente é extenso, resultando em distúrbio visual 
e, consequentemente, pode simular a apresentação clínica de um 
tumor hipofisário ou hipotalâmico. 
 Nos casos de hemocromatose, o hipopituitarismo, 
particularmente hipogonadismo hipogonadotrófico, é uma 
manifestação proeminente desta doença de depósito de ferro - 
seja hemocromatose primária (hereditária) ou sobrecarga de ferro 
transfusional. O hipogonadismo ocorre na maioria desses casos e, 
com frequência, é a característica clínica inicial de excesso de 
ferro; exames completos do ferro devem ser considerados em 
qualquer paciente que apresenta hipogonadismo hipogonadotrófico 
inexplicado. 
 Se o diagnóstico for feito precocemente, o hipogonadismo na 
hemocromatose pode ser revertido com depleção de ferro. 
Deficiências hipofisárias de TSH, GH e ACTH podem ocorrer mais 
tardiamente na evolução da doença, não sendo reversíveis com 
tratamento de quelação do ferro. 
 Na histiocitose de Langerhans, a infiltração de múltiplos órgãos 
por histiócitos bem diferenciados frequentemente é anunciada pelo 
início de diabetes insípido e deficiências de hormônios da adeno-
hipófise. A maioria dos estudos histológicos e bioquímicos indicou que 
esse processo infiltrativo envolve principalmente o hipotálamo, e o 
hipopituitarismo ocorre somente como resultado da lesão 
hipotalâmica. 
Impacto 
 O traumatismo craniano grave pode causar insuficiência 
hipofisária anterior e diabetes insípido. 
 O hipopituitarismo anterior pós-traumático pode ser decorrente 
de lesão da adeno-hipófise, haste hipofisária ou hipotálamo. 
Insuficiência hipofisária com retardo do crescimento foi descrita 
em crianças vítimas de agressão, que sofrem traumatismo 
craniano fechado com hematoma subdural. 
Imunológico 
 A hipofisite linfocítica que resulta em hipopituitarismo anterior é 
uma manifestação distinta, ocorrendo mais frequentemente em 
mulheres durante a gestação ou no período pós-parto. Pode 
apresentar-se como lesão de massa na sela túrcica, com distúrbios 
do campo visual simulando um adenoma hipofisário. 
 Um processo autoimune, com infiltração extensa da glândula por 
linfócitos e células plasmáticas, destrói as células da adeno-hipófise. 
Essas características morfológicas são similares àquelas de outras 
endocrinopatias autoimunes (p. ex., tireoidite, adrenalite e ooforite). 
 Cerca de 50% dos pacientes com hipofisite linfocítica 
apresentam outra doença endócrina autoimune, e autoanticorpos 
hipofisários circulantes foram encontrados em diversos casos. 
Atualmente, ainda não está claro como o distúrbio deve ser 
diagnosticado e tratado. Ele deve ser considerado no diagnóstico 
diferencial em mulheres com aumento do tamanho da hipófise e 
hipopituitarismo durante a gestação ou período pós-parto. 
 A hipofisite linfocítica pode resultar em deficiências de 
hormônios isolados (especialmente ACTH ou PRL). 
Consequentemente, mulheres com esse tipo de hipopituitarismo 
podem continuar a menstruar, enquanto apresentam 
hipotireoidismo ou hipoadrenalismo secundário. 
Iatrogênico 
 O tratamento cirúrgico e radioterápico da hipófise pode 
comprometer sua função. A adeno-hipófise é uma estrutura 
bastante resistente à microcirurgia transesfenoidal e, a despeito 
da manipulação intensa durante a busca por microadenomas, a 
função da adeno-hipófise geralmente é preservada. 
 A dose da radioterapia convencional atualmente empregada 
para o tratamento de tumores hipofisários é de 4.500 a 5.000 
cGy e resulta em uma incidência de 50 a 60% de insuficiência 
hipotalâmica e hipofisária. 
 
@medcomath_
Tais pacientes apresentam mais frequentemente 
hiperprolactinemia moderada (PRL 30-100 ng/mL), com 
insuficiência de GH e gonadotrofina; deficiências de TSH e ACTH são 
menos comuns. 
 A irradiação com partículas pesadas (feixe de prótons) e 
cirurgia com gamma knife para tumores hipofisários resulta em 
uma incidência de 15 a 55% de hipopituitarismo. A irradiação de 
tumores da cabeça e pescoço (câncer nasofaríngeo, tumores 
cerebrais) e irradiação craniana profilática na leucemia também 
podem causar hipopituitarismo. Nesses pacientes, o início clinico da 
insuficiência hipofisária geralmente é insidioso e resulta de lesão 
hipofisária e hipotalâmica. 
Infecciosa 
 Apesar de muitas doenças infecciosas, incluindo tuberculose, 
sífilis e infecções micóticas, terem sido consideradas agentes 
causais na hipofunção hipofisária, atualmente os fármacos 
antimicrobianos as transformaram em casos raros de 
hipopituitarismo. 
Id iopática 
 Em alguns pacientes com hipopituitarismo, a causa subjacente 
não é encontrada. Podem ser deficiências isoladas ou múltiplas. 
Foram descritas formas familiares de hipopituitarismo, 
caracterizadas por uma sela túrcica pequena, normal ou de 
tamanho aumentado. 
 Foram relatados padrões de hereditariedade autossômica 
recessiva e recessiva ligada ao X. Uma variedade de distúrbios 
congênitos complexos pode incluir deficiência de um ou mais 
hormônios hipofisários (p. ex., síndrome de Prader-Willi, displasia 
septo-óptica). Apesar dos progressos na compreensão das bases 
genéticas de alguns desses distúrbios, a patogênese permanece 
incerta. 
Iso lada 
 Foram descritas deficiências isoladas (monotróficas) de 
hormônios da adeno-hipófise. Algumas delas foram associadas a 
mutações nos genes codificadores de hormônios específicos. 
 Outras, particularmente a deficiência de GH, foram associadas a 
mutações em genes necessários para o desenvolvimento hipofisário 
normal. Deficiência de GH - Em crianças, a deficiência monotrófica 
congênita de GH pode ser esporádica ou familiar. 
 Essas crianças, que podem apresentar hipoglicemia em jejum, 
apresentam uma desaceleração gradual na velocidade de 
crescimento após os 6 a 12 meses de idade. 
 O diagnóstico deve ser baseado na falha da responsividade do 
GH a estímulos provocativos e a demonstração de responsividade 
normal de outros hormônios da adeno-hipófise. Deficiência 
monotrófica de GH e retardo do crescimento também foram 
observados em crianças com privação emocional grave. 
 Este distúrbio é revertido quando a criança é encaminhada a um 
meio psicossocial de apoio. Deficiência de ACTH - A deficiência 
monotrófica de ACTH é rara e se manifesta por sinais e sintomas 
de insuficiência adrenocortical. 
 O defeito encontrado nesses pacientes pode ser decorrente de 
insuficiência primária dos corticotrofos em liberar ACTH e seus 
hormônios peptídeos relacionados, ou é secundário ao distúrbio de 
secreção de CRH pelo hipotálamo. Presume-se que a maioria dos 
casos de deficiência monotrófica de ACTH seja decorrente de 
hipofisite linfocitária. 
 Deficiência de gonadotrofina - A deficiência isolada de 
gonadotrofinas não é incomum. A síndrome de Kallmann, descrita 
inicialmente por volta de 1940, é caracterizada por um defeito 
isolado na secreção de GnRH, associado ao desenvolvimento 
deficiente do centro olfatório, com hiposmia ou anosmia; foram 
observados padrões de hereditariedade recessivos ligados ao X, 
autossômicos dominantes e autossômicos recessivos. 
 Podem ocorrer casos esporádicos, tendo sido relatados outros 
defeitos neurológicos tais como cegueira para cores e surdez 
neural. Como a função da adeno-hipófise permanece intacta, 
homens jovens com hipogonadismo hipogonadotrófico isolado 
desenvolvem um aspecto eunucoide, uma vez que adeficiência de 
testosterona resulta em falha do fechamento epifisário. 
 
 Em mulheres, um estado de hipogonadismo hipogonadotrófico se 
manifesta como oligomenorreia ou amenorreia, muitas vezes 
acompanhada de perda de peso, estresse emocional ou físico e 
treinamento atlético. 
 
@medcomath_
 Anorexia nervosa e obesidade acentuada podem resultar em 
distúrbio hipotalâmico e distúrbio da secreção de gonadotrofina. O 
hipogonadismo hipotalâmico também tem sido observado em atletas 
masculinos excessivamente treinados. 
 A anemia falciforme também causa hipogonadismo 
hipogonadotrófico decorrente de disfunção hipotalâmica, resultando 
em retardo da puberdade. O tratamento com clomifeno é eficaz 
em alguns casos. 
 A deficiência isolada de gonadotrofina também pode ser 
observada na síndrome poliglandular autoimune; essa deficiência 
está relacionada à insuficiência gonadotrófica hipofisária seletiva 
decorrente de hipofisite autoimune. Outras doenças crônicas (p. ex., 
diabetes mal controlado, má nutrição) podem resultar em 
deficiência de gonadotrofina. Foram relatadas deficiências isoladas 
de LH e FSH sem uma causa evidente, tal como as descritas, mas 
são raras. 
 Além disso, a deficiência parcial adquirida de gonadotrofina pode 
ocorrer em homens de meia-idade. A causa e frequência exatas 
desse distúrbio são desconhecidas. 
 Deficiência de TSH - A deficiência monotrófica de TSH é rara e 
pode ser causada por uma redução da secreção hipotalâmica de 
TRH (hipotireoidismo terciário) ou da secreção hipofisária de TSH 
(hipotireoidismo secundário). Esses déficits foram relatados em 
associação a mutações de genes, sela vazia, hipofisite linfocítica e 
tumores hipofisários. Alguns pacientes com insuficiência renal 
crônica também parecem apresentar distúrbio da secreção de TSH. 
 Deficiência de prolactina - A deficiência de PRL quase sempre 
indica grave lesão hipofisária intrínseca e, em geral, existe pan-
hipopituitarismo. Porém, foi relatada deficiência isolada de PRL após 
hipofisite linfocitária. Deficiências de TSH e PRL foram observadas 
em pacientes com pseudo- hipoparatireoidismo. 
 Deficiências de múltiplos hormônios isoladas de outras lesões 
hipofisárias - As deficiências de múltiplos hormônios resultam do 
desenvolvimento hipofisário anormal relacionado a anormalidades de 
genes que codificam fatores de transcrição, Pit-1 (TSH, GH e PRL) e 
PROP-1 (TSH, GH, PRL, LH, FSH e ACTH) 
 
Quadro Clínico 
 O desenvolvimento de sinais e sintomas do hipopituitarismo 
frequentemente é lento e insidioso, dependendo do início e da 
magnitude da lesão hipotalâmico-hipofisária. Geralmente, a 
sintomatologia é bem inespecífica e pode se manifestar com um 
quadro de fraqueza, mal-estar, letargia, frio, perda de peso, perda 
de apetite, dor abdominal, entre outras queixas. Na verdade, varia 
de acordo com os eixos hipofisários acometidos. 
 Mais frequentemente, o acometimento, quando a causa é 
adquirida, geralmente respeita a seguinte ordem: GH→ LH, FSH→ 
TSH→ ACTH→PRL. 
Obs: Existe alguma controvérsia na literatura quanto ao primeiro 
eixo a ser comprometido, sendo o somatotrófico na maioria das 
referências bibliográficas, como Vilar (2016), mas alguns autores 
encontraram o eixo gonadotrófico como primeiro eixo a ser 
acometido. Essa ordem não é respeitada em casos de hipofisite, 
quando o ACTH costuma ser o primeiro eixo a ser acometido. 
 No caso de lesões tumorais ou com efeito de massa, pode 
haver sintomas compressivos associados, como alterações visuais e 
neurológicas. 
 Na anamnese, pode-se dividir as queixas por sistemas, todavia é 
uma tarefa difícil visto que muitas delas são bastante inespecíficas 
e se superpõem: 
Sintomas compressivos 
 Perda visual (mais clássico é hemianopsia bitemporal), paralisias 
de nervos periféricos e cefaleia. 
 
 
 
@medcomath_
Exame fís ico 
 Ao exame físico, geralmente, os pacientes encontram-se um 
pouco acima do peso normal. A pele é fina, pálida e lisa, com finas 
rugas em face. A pilificação corporal e púbica pode ser deficiente 
ou ausente, e ocorrer hipotensão postural, bradicardia, redução da 
força muscular e reflexos tendíneos profundos retardados. 
 Na presença de lesão expansiva selar, pode-se encontrar 
anormalidades neuro-oftalmológicas. 
Defic iênc ia de GH (DGH) 
 No período neonatal, podem ocorrer hipoglicemias graves com 
convulsões, icterícia prolongada por hiperbilirrubinemia conjugada, 
hipotermia, micropênis, dificuldade para mamar, déficit de 
crescimento e de ganho de peso. 
 Em crianças com DGH ocorre redução da velocidade de 
crescimento, alterações na dentição, fronte proeminente, voz fina 
e estridente. 
 Em adultos, ocorre quadro inespecífico, com diminuição da 
sensação de bem-estar, astenia, ganho de peso, aumento da massa 
gorda, redução da massa muscular, depressão/labilidade emocional, 
resistência à insulina, dislipidemia, aumento da pressão arterial 
diastólica (pela perda da vasodilatação arterial) e redução da fração 
de ejeção cardíaca. 
Hipogonadismo 
 No período neonatal, pode cursar com criptorquidia e 
micropênis. Em crianças, ocorre atraso no desenvolvimento puberal 
e na idade óssea. Em mulheres, pode ocorrer amenorreia, redução 
da libido, infertilidade, redução da massa óssea/osteoporose e 
sintomas climatéricos. 
 Em homens, pode ocorrer disfunção erétil, hipotrofia testicular 
e redução da libido, queda de pelos corporais, infertilidade, redução 
da massa muscular e óssea e osteoporose. 
Hipot ireo id ismo 
 Pode cursar com redução da velocidade de crescimento e de 
aprendizado em crianças, depressão, déficit cognitivo, intolerância 
ao frio, pele seca, bradicardia, rouquidão, ganho de peso, edema, 
sonolência e constipação intestinal. 
Insufic iênc ia adrena l ( IA) 
 Pode cursar com perda de peso, anorexia, fraqueza, náuseas, 
vômitos, dor abdominal e febre. Em situações de estresse, ocorre 
piora ou surgimento desses sintomas, além de hipotensão e choque 
(crise adrenal), devido à ausência de glicocorticoides necessários 
para a reatividade vascular. IA pode ainda aumentar o risco de 
hipoglicemia de jejum, que pode ser agravada pela deficiência de GH. 
 Pode haver redução da pilificação corporal pela falta de estímulo 
do ACTH na secreção dos andrógenos adrenais, que pode ser 
agravado pela deficiência de gonadotrofinas. Despigmentação e 
redução do bronzeado pela redução do ACTH. Diferente da IA 
primária, a zona glomerular e o sistema renina angiotensina 
aldosterona estão íntegros nos casos de IA por hipopituitarismo, 
por isso não se observa desidratação, depleção de sódio ou 
hiperpotassemia. 
Defic iênc ia de PRL 
 Gera incapacidade de lactação. 
 
Diagnóstico 
Exames gerais 
 Nos exames gerais, podem-se encontrar as seguintes 
anormalidades: 
• Anemia pela deficiência androgênica, de TSH ou doença crônica; 
• Hiponatremia pela deficiência de TSH e ACTH, retenção 
inapropriada de água; 
• Hipoglicemia pela deficiência de ACTH e GH; 
• Hipercolesterolemia com aumento de lipoproteína de baixa 
densidade-colesterol (LDL-c) e triglicerídeos pelo hipotireoidismo; 
• Elevação de creatininofosfoquinase (CPK) devido ao 
hipotireoidismo. 
 No eletrocardiograma (ECG), pode-se encontrar bradicardia com 
baixa voltagem pelo hipotireoidismo. Na densitometria óssea, pode-
se encontrar baixa massa óssea para idade, por conta da 
deficiência gonadotrófica e de GH. 
 
 
@medcomath_
Exames de Imagem 
 Na presença de sintomas compressivos, é essencial a realização 
de exames de imagem para o diagnóstico de etiologias tumorais, 
uma vez que a ressecção do tumor pode restaurar a função 
hipofisária. O exame de eleição é a ressonância magnética (RM). 
Os adenomas hipofisários podem ser classificados em 
microadenoma (menores que 10 mm) ou macroadenomas (maiores 
que 10 mm). 
 
 Quando a suspeita recai parao craniofaringeoma (sintomas 
compressivos associados ao hipopituitarismo em crianças, por 
exemplo), o exame de imagem de escolha é a tomografia 
computadorizada (TC). Isto, pois este tumor costuma apresentar 
calcificações, o que facilita sua visualização na TC. 
 
Exames específ icos 
 A avaliação diagnóstica do paciente com suspeita de 
hipopituitarismo deve determinar: (1) a presença, o tipo e o grau de 
deficiência hormonal; (2) a etiologia; e (3) a presença de alterações 
visuais. Um rastreamento inicial da função hipofisária pode ser 
realizado a partir das dosagens basais dos hormônios hipofisários 
e/ou das glândulas-alvo. 
 Níveis baixos do TSH e T4 livre (T4-L) confirmam o diagnóstico 
de hipotireoidismo central. Entretanto, em alguns indivíduos 
acometidos, o TSH pode estar normal ou ainda discretamente 
elevado (em geral, < 10 mUI/L), refletindo um TSH imunologicamente 
ativo, mas biologicamente inativo. 
 O diagnóstico de hipogonadismo central fica sugerido pela 
presença de níveis baixos de testosterona (em homens) e estradiol 
(em mulheres), na presença de valores de LH e FSH baixos ou 
normais. Níveis reduzidos de prolactina diagnosticam a 
hipoprolactinemia. 
 
 Geralmente, para o diagnóstico da deficiência de GH e ACTH, 
fazem-se necessários testes de estímulo, como o teste de 
tolerância à insulina (ITT). 
Em pacientes com manifestações de insuficiência adrenal (p. ex., 
tonturas, hipotensão, hipoglicemia e hiponatremia), um cortisol 
sérico (CS) < 3 μg/dL praticamente confirma o diagnóstico, 
enquanto um valor > 15 μg/dL virtualmente o exclui. 
 Para os demais casos, pode-se dosar o CS durante o ITT, no qual 
o cortisol é dosado 30 e 60 minutos após a administração de 
insulina Regular. 
 No ITT, um pico de cortisol > 18 a 20 μg/dL exclui a deficiência 
de ACTH. Como alternativa, pode-se usar o teste de estímulo com 
ACTH sintético, mas casos de IA secundária de longa duração 
cursam com atrofias das glândulas adrenais e tendência a não 
responder ao estímulo. 
 Por isso, esse teste é preferível para os supostos casos de IA 
primária. Níveis baixos de IGF-1 apontam para o diagnóstico de DGH, 
confirmada pela dosagem do GH durante o ITT. Um pico de GH > 
5ng/mL pelo método de quimioluminescência ou imunofluorimetria 
exclui deficiência grave de GH, tanto em crianças como em adultos. 
 Se o ITT for contraindicado ou inconclusivo para o diagnóstico de 
deficiência de GH em adultos, pode-se lançar mão de outros testes 
de estímulo, como o glucagon ou hormônio liberador do GH (GHRH) + 
arginina. Com este último teste, o ponto de corte para diagnóstico 
de DGH é 9 ng/mL. 
 
@medcomath_
 
Tratamento 
 O tratamento do hipopituitarismo deve objetivar: 
1) tratar a causa base do acometimento hipofisário; 
2) realizar a reposição hormonal para o equilíbrio endócrino do 
organismo. 
 Deste modo, por exemplo, na presença de um macroadenoma 
provocando a falência hipofisária, a ressecção do tumor é 
essencial. A seguir, será apresentado o manejo das deficiências 
hormonais específicas secundárias ao hipopituitarismo. 
Defic iênc ia de GH (DGH) 
 São aprovados no Brasil o tratamento com GH recombinante 
humano (rhGH) para, entre outros, os seguintes casos: deficiência 
de GH leve ou grave em crianças e grave em adultos, crianças com 
síndrome de Leri-Weil, crianças com baixa estatura e síndrome de 
Turner, síndrome de Noonan ou síndrome de Prader-Willi, crianças 
pequenas para a idade gestacional que não atingiram seu canal 
familiar depois de 2 anos de idade e crianças com baixa estatura 
(BE) por insuficiência renal crônica, pois sabe-se que nesta situação 
ocorre resistência ao GH e ao IGF-1, que fica muito mais ligado às 
IGFBP e menos livre na circulação. 
 Apesar da liberação da Food and Drug Administration (FDA) e de 
haver estudos que mostram um benefício pequeno no crescimento 
de crianças com baixa estatura idiopática em uso de GH, o Sistema 
Único de Saúde (SUS) não libera GH para o tratamento desses casos 
no Brasil. 
 Nos adultos, a terapia de reposição com GH está indicada nos 
pacientes com evidência de doença orgânica comprometendo a 
região hipotálamo-hipofisária. A reposição não está indicada e não 
há qualquer benefício demonstrado em estados de deficiência 
funcional de GH, como observado no processo de envelhecimento 
(“somatopausa”), obesidade e síndrome metabólica. 
 A dose do GH em crianças é dependente do peso: 0,1 UI/kg/dia 
subcutâneo à noite diariamente. 
 Nas situações em que a causa da baixa estatura não é a 
deficiência de GH, o tratamento é feito na infância com 0,15 
UI/kg/dia. 
 Em adultos, começa-se com 0,6 a 1,5 UI/dia, com ajustes da 
dose a cada 2 a 4 semanas até atingir o alvo de IGF1 no limite 
superior da normalidade. 
 Quanto mais jovem o paciente, maior será a dose necessária. 
 Mulheres geralmente também precisam de doses maiores, 
principalmente se estiverem em uso de estrógenos. A dose máxima 
para adultos é de 3 UI/dia. 
 Os efeitos colaterais do uso do GH são diversos: retenção 
hídrica, edema, artralgia, parestesias, mialgia, síndrome do túnel do 
carpo, cefaleia, vômitos, hipertensão intracraniana, papiledema, 
epifisiólise proximal do fêmur, hiperglicemia, ginecomastia, 
insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão arterial sistêmica e 
retinopatia pelo GH. Ainda é controverso se o uso de GH aumenta a 
incidência de tumores. 
 As contraindicações absolutas para o uso incluem: doença 
maligna em atividade, hipertensão intracraniana benigna, retinopatia 
diabética proliferativa ou pré-proliferativa. 
 O seguimento dos pacientes em tratamento com hGH inclui: 
avaliação de adesão ao tratamento, efeitos colaterais, velocidade de 
crescimento nas crianças, lipidograma e glicemias periódicos, níveis 
de IGF-1 e IGFBP-3, densitometria óssea, função tireoidiana e 
cortisol, se houver outras deficiências hipofisárias associadas. 
Resumo do Gh 
Crianças GH recombinante humano: 0,03-0,05 mg/kg/dia (0,1-
0,15 UI/kg/dia), via subcutânea 
Adultos GH recombinante humano: 0,15-0,3 mg/dia (0,45-0,9 
UI/dia) até 1mg/d (3 UI/dia). 
 
 
@medcomath_
Hipogonadismo hipogonadotrófico 
 O tratamento do hipogonadismo no sexo masculino é feito com 
terapia de reposição hormonal com testosterona, indicada para 
induzir a puberdade e os caracteres sexuais secundários nos 
meninos e para melhorar função sexual, disposição, massa óssea, 
força e massa muscular na vida adulta. 
 Na fase pré-puberal, utilizam-se 50 mg intramuscular (IM) de 
enantato ou cipionato de testosterona uma vez por mês, por 6 a 
12 meses, com aumento gradativo da dose (50 mg por vez) a cada 
6 meses até atingir 200 a 250 mg a cada 2 a 3 semanas (dose 
plena utilizada em adultos). 
 Para o início de tratamento na fase pós-puberal, iniciar com 
dose plena de testosterona (200 a 250 mg IM a cada 2 a 3 
semanas). 
 O monitoramento do tratamento é feito pela clínica (houve 
melhora dos sintomas?), dosagem de testosterona (mantém-se a 
testosterona no limite inferior da normalidade, quando a coleta for 
feita nos dias que antecedem a próxima aplicação, ou é mantida em 
níveis médios da normalidade, caso seja coletada no tempo médio 
entre duas aplicações). 
Presença de efeitos colaterais alterações psiquiátricas, 
ginecomastia, apneia obstrutiva do sono, alteração no lipidograma, 
hemograma e transaminases, aumento de antígeno prostático 
específico (PSA) em homens > 40 anos. 
E controle da velocidade de crescimento e idade óssea em 
crianças. 
 O tratamento do hipogonadismo no sexo feminino é feito com 
terapia de reposição hormonal estrógeno-progestogênica, com o 
objetivo de obter os caracteres sexuais secundários nas meninas, 
ciclicidade menstrual, manutenção da massa óssea, além dos 
benefícios do estrógeno na melhora da sintomatologia de climatério. 
 Na fase pré-puberal, inicia-se o estrógenoem baixa dose (EEC 
– estrogênios equinos conjugados – 0,15 mg 1 vez/ dia) por 2 
anos, até o desenvolvimento mamário (estágio M3-4 de Tanner). 
 Após esse período, aumenta-se a dose para EEC 0,3 mg/dia de 
estrogênio por mais 6 a 12 meses, ajusta-se novamente para 
0,625 mg/dia (dose pela de adulto) e associa-se progesterona do 
1º ao 12º dia do mês. 
 Para o hipogonadismo na fase pós-puberal, inicia-se a reposição 
com dose plena de estrógeno (EEC 0,625 mg/dia ou equivalente) 
com progesterona associada. Essas doses devem ser utilizadas até 
os 50 a 55 anos de idade. 
Resumo LH e FSH 
 Indução da puberdade 
Sexo masculino: ésteres de testosterona 50 mg IM por 3 meses 
Sexo feminino: estrógenos conjugados (0,15 mg ao dia ou 0,3 mg 
em dias alternados); etinil-estradiol (0,05-0,1 mcg/kg diariamente, 
2,5-5 mcg diariamente); 17-beta-estradiol (5 mcg/kg/dia) 
 Adultos 
Sexo masculino: ésteres de testosterona 200-250 mg IM 14/14 
dias ou undecanoato de testosterona IM 3/3 meses. Gel 
transdérmico 5-10 mg/dia 
Sexo feminino: estrógenos conjugados (0,6-1,25 mg/dia); etinil-
estradiol (10-20 mcg/dia); 17-beta-estradiol (1-2 mg/dia) e gel 
transdérmico de estradiol (0,5-1 mg/d) associado a acetato de 
medroxiprogesterona (5-10 mg ao dia) ou noretisterona (0,7-1 mg) 
ou outros agentes progestágenos (nos 12 primeiros dias do ciclo) 
Insufic iênc ia Adrena l ( IA) 
 O tratamento da IA deve ser feito com glicocorticoide, dose 
equivalente de 5 a 10 mg/m² de hidrocortisona, o que geralmente 
equivalerá a 15 a 25 mg/ dia, com orientação para dobrar ou 
triplicar a dose em caso de estresse ao organismo. 
 Em caso de crise adrenal, administram-se 100 mg de 
hidrocortisona IV, mantendo-se 50 mg IV a cada 6 a 8 h até a 
resolução do quadro. 
 A avaliação do tratamento é feita pela clínica, evitando tanto os 
de sintomas de IA quanto os de excesso de corticoide. Não existe 
um parâmetro laboratorial para seguimento. 
 A reposição de mineralocorticoide não é necessária nos casos 
de IA central, uma vez que não há deficiência de aldosterona. 
Alguns autores recomendam a reposição de sulfato de 
dehidroepiandrosterona (s-DHEA) 25 a 50 mg/dia (medicação não 
disponível no Brasil), para melhorar o bem-estar, a qualidade de vida 
e as queixas sexuais. 
 
 
 
 
@medcomath_
Obs: É preciso lembrar que a reposição de glicocorticoide deve ser 
sempre a primeira reposição hormonal a ser instituída nos 
pacientes com hipopituitarismo que tiverem essa deficiência, pois o 
início de tratamento com levotiroxina, por exemplo, antes da 
reposição do glicorticoide, pode desencadear uma crise de IA aguda 
e grave. 
Resumo reposição de ACTH 
Crianças Acetato de cortisona*: 10-15 mg/m2 via oral 
Prednisona*: 2,5 mg/d via oral 
Adultos Acetato de cortisona*: 25-37,5 mg/dia via oral 
Prednisona*: 5-7,5 mg/d via oral 
Crise aguda Hidrocortisona 100 mg IV em bolus, seguida de 50-
100 mg 6/6 h 
Hipot ireo id ismo central 
 O tratamento é feito com levotiroxina (T4), objetivando manter 
o T4 livre no terço superior da normalidade. Não há indicação de 
monitoramento dos níveis de TSH nesses casos. Mais uma vez, é 
importante lembrar que, caso haja deficiência também do eixo 
corticotrófico, este deve ser reposto (com glicocorticoide) antes de 
iniciar a reposição da levotiroxina. 
Resumo do TSH 
Crianças L-tiroxina Recém-nascidos: 10 mcg/kg/dia 3-6 meses: 
7-10 mcg/kg/dia 6-12 meses: 6-8 mcg/kg/dia 1-5 anos: 4-6 
mcg/kg/dia 6-12 anos: 3-5 mcg/kg/dia > 12 anos: 2-4 
mcg/kg/dia 
Adultos L-tiroxina 1-2 mcg/kg/dia 
Hipopro lact inemia 
 A hipoprolactinemia é uma manifestação muito rara de 
hipopituitarismo e, quando presente, é um marcador de gravidade 
da lesão hipofisária, pois geralmente é o último hormônio a se 
alterar. A única consequência clínica é a falha na lactação em 
mulheres que queiram amamentar. O diagnóstico é feito pela 
dosagem do nível sérico de prolactina, que pode se encontrar muito 
baixo ou indetectável, e não possui tratamento específico.

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