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Livro - Avaliacao de Impacto e Licenciamento Ambiental

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AVALIAÇÃO DE IMPACTO 
E LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Amilcar Marcel de Souza
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O modelo de desenvolvimento adotado em todas as partes do mundo vem 
gerando impactos ambientais significativos, comprometendo a sustentabilidade 
e a qualidade de vida de muitas populações. Tendo como efeitos diretos dessa 
forma de desenvolvimento as mudanças climáticas, a crise hídrica, a deserti-
ficação e outras consequências, os países vêm desenvolvendo estratégias de 
monitoramento e controle da degradação ambiental. Este livro focará em trazer 
definições e conceitos relevantes para o tema, apresentando e descrevendo o 
histórico dos estudos de avaliação de impacto ambiental no Brasil.
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Amilcar Marcel de Souza
IESDE BRASIL S/A
Curitiba
2016
Avaliação de Impacto e 
Licenciamento
Ambiental
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S715a Souza, Amilcar Marcel de
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental / Amilcar Marcel 
de Souza. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2016.
220 p. : il. ; 21 cm.
ISBN 978-85-387-6170-9
1. Mudanças climáticas. 2. Mudanças ambientais globais. 3. Meio 
ambiente. 3. Impacto ambiental. 4. Desenvolvimento sustentável. 
I. Título
16-33426 CDD: 363.7
CDU: 502.1
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
© 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer 
processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Produção
FAEL
Direção de Produção Fernando Santos de Moraes Sarmento
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão IESDE
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Evelyn Caroline dos Santos Betim
Imagem capa Shutterstock.com/bioraven
Arte-final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
 Carta ao Aluno | 5
1. Conceito e definições de Avaliação de Impacto Ambiental | 7
2. Tipos de impacto ambiental | 31
3. Política nacional de Meio Ambiente | 51
4. AIA no Brasil | 71
5. Estudos, planos e relatórios ambientais 
previstos na legislação brasileira | 91
6. Métodos de avaliação de impacto ambiental | 111
7. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) | 131
8. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) | 151
9. Licenciamento ambiental | 173
 Gabarito | 197
 Referências | 203
Carta ao aluno
Este material tem o objetivo de instrumentalizar o aluno 
para o tema Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental, 
muito importante para o seu curso e para sua formação acadêmica. 
O modelo de desenvolvimento adotado em todas as partes do 
mundo vem gerando impactos ambientais significativos, compro-
metendo a sustentabilidade e qualidade de vida de muitas popula-
ções. Tendo como efeitos diretos dessa forma de desenvolvimento 
as mudanças climáticas, a crise hídrica, a desertificação e outras 
consequências, os países vêm desenvolvendo estratégias de monito-
ramento e controle da degradação ambiental. Entre essas estratégias 
estão os ordenamentos jurídicos mais restritivos associados aos pro-
cedimentos técnicos, como é o caso dos processos de licenciamento 
ambiental no Brasil.
– 6 –
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
Esta disciplina é muito importante neste contexto, pois os estudos de 
avaliação de impactos ambientais, bem como o processo de licenciamento 
ambiental no Brasil, já estão bem estabelecidos e consolidados quanto à sua 
importância para os empreendedores, os órgãos ambientais competentes e as 
instituições financeiras nacionais e internacionais, em razão da necessidade de 
emissão de licenças ambientais, e por subsidiar tomadas de decisões.
Este livro focará em trazer definições e conceitos relevantes para o tema, 
apresentando e descrevendo o histórico dos estudos de avaliação de impacto 
ambiental no Brasil, as tipologias de impactos e licenças ambientais, os méto-
dos e procedimentos de avaliação de impactos e as características dos meios 
biótico, físico e socioeconômico que são os pontos focais dos estudos, Por 
fim, o livro traz dois estudos de casos reais e contemporâneos, que possibilita-
rão ao aluno se aprofundar e se qualificar profissionalmente. 
Conceito e definições 
de Avaliação de 
Impacto Ambiental
O termo “meio ambiente” está na moda e vem sendo utilizado 
com diversas finalidades, nos mais diferentes segmentos da sociedade. 
As razões desta “preocupação” com o ambiente variam da consciência 
da sociedade perante os problemas ambientais que vêm atingindo a 
humanidade até o modismo. Nesta aula serão apresentados, de forma 
técnica e embasada, os conceitos de ambiente, impacto ambiental e 
Avaliação de Impacto Ambiental. Aqui serão apresentadas as princi-
pais discussões conceituais da literatura especializada que são ampla-
mente debatidas no meio acadêmico, bem como as definições e os 
instrumentos jurídicos brasileiros acerca dos temas. 
1
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 8 –
1.1 O conceito de ambiente
As questões ambientais têm sido a grande preocupação de todas as 
comunidades do nosso planeta nas últimas décadas, seja pelas mudanças pro-
vocadas pela ação do ser humano no ambiente natural, seja pela resposta que 
a natureza dá a essas ações – como, por exemplo, mudanças climáticas, crise 
hídrica, desertificação, poluição dos oceanos etc. Esse tema é pauta das prin-
cipais conferências internacionais, como as conferências do clima e do meio 
ambiente e os fóruns econômicos e sociais. 
Neste sentido, o conceito de ambiente admite múltiplas interpretações 
e tem sido amplamente discutido nos meios técnicos, científicos, jurídi-
cos e políticos. Freitas (2001) traz uma observação importante, em que a 
expressão meio ambiente, adotada no Brasil, é criticada pelos estudiosos pois 
meio e ambiente, no sentido enfocado, significam a mesma coisa. Logo, tal 
emprego importaria em redundância. Um exemplo dessa discussão é que, 
na Itália e em Portugal, usa-se apenas a palavra ambiente. 
Conforme Sánchez (2013), o conceito de “ambiente” na área de gestão 
ambiental é amplo, multifacetado e maleável. O ambiente pode ser amplo, 
pois pode incluir tanto os recursos naturais como a sociedade. Por outro 
lado, pode ser multifacetado, porque pode ser apreendido sob diferentes 
formas. Por fim, maleável porque, ao ser amplo e multifacetado, pode ser 
reduzido ou ampliado de acordo com as necessidades envolvidas na análise.
As contribuições especializadas aos estudos ambientais são, muitas 
vezes, divididas em três grandes grupos referidos como meios: físico, bió-
tico e antrópico, cada um deles agrupando o conhecimento de diversas 
disciplinas afins. De acordo com esses grupos, conforme Sánchez (2013, p. 
21), por um lado, “ambiente é o meio de onde a sociedade extrai os recursos 
essenciais à sobrevivência e os recursos demandados pelo processo de desen-
volvimento socioeconômico.” Esses recursos são geralmente denominados 
naturais. Por outro lado, o mesmo autor comenta que 
[...] o ambiente é também o meio de vida, de cuja integridade 
depende a manutenção de funções ecológicas essenciais à vida. Desse 
modo, emergiu o conceito de recurso ambiental, que se refere não 
mais somente à capacidade da natureza de fornecer recursos físicos, 
mas também de prover serviços e desempenhar funções de suporte à 
vida. (SÁNCHEZ, 2013,p. 21)
– 9 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
Desta forma, o conceito de ambiente permeia entre dois campos, sendo 
o campo de matéria-prima e fornecedor de recursos naturais às necessidades 
do ser humano e o campo de meio de vida, tendo como ponto comum uma 
mesma realidade. Ambiente não se define somente como um meio natural 
intacto e com necessidades exclusivas de conservação e preservação, mas tam-
bém como fonte potencial de recursos naturais que permite oferecer matéria 
para os desenvolvimentos tecnológico e social.
A primeira vez que a expressão “meio ambiente” (milieu ambiance) foi 
utilizada, como menciona Silva (2009), citando Vladimir Passos de Freitas 
(2001, p. 17), foi em 1835 pelo naturalista francês Geoffrey de Saint-Hilaire, 
em sua obra Études progressives d´un naturaliste, em que milieu significa o 
lugar onde está ou se movimenta um ser vivo e ambience indica tudo que 
está à sua volta. Silva (2009), citando Edgar Morin (1988), comenta que, de 
forma geral, ambiente é o conjunto de agentes presentes na Terra que agem de 
forma constante sobre os seres vivos, devendo estes se adaptar, relacionar-se e 
interagir para sobreviver. 
No meio jurídico é difícil definir meio ambiente, pois como bem lem-
bra Edis Milaré (2003, p. 165), “o meio ambiente pertence a uma daquelas 
categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído que definível, em vir-
tude da riqueza e complexidade do que encerra”. Em 1981, o conceito legal 
sobre meio ambiente no Brasil surgiu, pela primeira vez, no que dispõe o 
art. 3.º, inciso I, da Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do 
Meio Ambiente, dizendo que meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, 
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Esta definição tem trazido inúmeras discussões, pois seu foco está em 
um conceito restrito ao meio ambiente natural, sendo incompleto e inade-
quado para a realidade brasileira, pois não abrange de maneira mais profunda 
todos os bens jurídicos protegidos – como, por exemplo, o patrimônio cultu-
ral e histórico. Conforme comenta José Afonso da Silva, o conceito de meio 
ambiente deve ser abrangente e globalizante, 
[...] abrangente de toda a natureza, o artificial e original, bem como os 
bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o 
ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turís-
tico, paisagístico e arquitetônico. (2004, p. 20)
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 10 –
Buscando ocupar essas lacunas, a Constituição Federal Brasileira de 
1988, em seu artigo 225, traz que o conceito de meio ambiente enquanto 
bem jurídico tutelado compreende três aspectos principais e dois comple-
mentares. Entre os principais estão o natural, o artificial e o cultural; entre 
os secundários, o meio ambiente do trabalho e patrimônio genético:
 2 Meio ambiente natural – é constituído por solo, água, ar 
atmosférico, flora e fauna. São todas as interações dos seres vivos 
e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e 
as relações destas com o ambiente físico que ocupam. 
 2 Meio ambiente artificial – é constituído pelo espaço urbano 
(incluindo edificações), rural e construído/manejado, e também 
por todas suas inter-relações humanas. 
 2 Meio ambiente cultural – considera-se o patrimônio cultural nacio-
nal, incluindo as relações culturais, turísticas, arqueológicas, paisagís-
ticas e naturais.
 2 Meio ambiente do trabalho – previsto no artigo 200, inciso VIII, 
da CF/88, é o local onde homens e mulheres desenvolvem suas ati-
vidades laborais. Deste modo, para que este local seja considerado 
adequado para o trabalho, deverá apresentar, além de condições 
salubres, ausência de agentes que coloquem em risco o corpo físico 
e a saúde mental dos trabalhadores.
 2 Patrimônio genético – é toda informação de origem genética, con-
tida em amostras do todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, 
microbiano ou animal, na forma de moléculas e substâncias prove-
nientes do metabolismo destes seres vivos e de extratos obtidos destes 
organismos vivos ou mortos.
Dentro do tema Avaliação de Impacto Ambiental, é importante abordar-
mos algumas definições de ambiente, pois são inúmeras as interpretações exis-
tentes sobre esse conceito. Somando aos conceitos jurídicos apresentados, do 
ponto de vista das ciências naturais podemos destacar algumas definições que 
são amplamente utilizadas em estudos sobre Avaliação de Impactos Ambientais.
– 11 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
Para Odum e Barrett (1983), ambiente são os organismos vivos e seu 
ambiente inerte (abiótico) que estão inseparavelmente ligados e interagem 
entre si. Isto é, trata-se de qualquer unidade que inclua a totalidade dos orga-
nismos, ou seja, as comunidades de uma área determinada (abrangência geo-
gráfica definida) interagindo com o ambiente físico de forma que a corrente 
de energia produza cadeia trófica, diversidade biológica e ciclos de materiais 
(troca de matérias entre as parte vivas e não vivas). 
O conceito de ambiente segundo Santos (1996) está relacionado com a 
base física e material da vida, ou seja, abrange a camada de vida que envolve 
a Terra, denominada biosfera, e a atmosfera. Constitui, portanto, condições 
externas e influências, afetando a vida, a totalidade do organismo das socieda-
des ou a infraestrutura dos ecossistemas e biótica, que é responsável pela sus-
tentação e sobrevivência das relações das populações de todas as formas de vida.
Somando com os autores citados acima, Gliessman (2000) aponta 
que o ambiente de um ser vivo pode ser caracterizado como a totalidade 
das influências das forças e fatores externos, tanto biológicos quanto abió-
ticos, que afetam seu desenvolvimento, seu crescimento, sua estrutura e sua 
reprodução. O ambiente no qual um determinado ser vivo ocorre geografi-
camente necessita ser compreendido como um local dinâmico, em constante 
mudança, influenciado por todos os fatores ambientais em interação – como, 
por exemplo, as relações de presa-predador, os dispersores de sementes, os 
efeitos das condições climáticas etc.
Por outro lado, outros autores consideram que o ambiente não se resume 
ao físico e suas relações com o meio biológico, pois ela é, antes de tudo, 
um resultado da visão que o ser humano tem dela no tempo e no espaço 
(Lenoble, 1969) e que o meio ambiente não possui um sentido estático, pois 
os seres vivos têm uma relação dinâmica com os seres não vivos. 
A ideia de relações dinâmicas também foi abordada por James Lovelock 
em estudos realizados para a NASA em 1970, com o objetivo de encon-
trar vida em outros planetas, tendo como um dos métodos a comparação 
da atmosfera de outros planetas, especialmente de Marte e Júpiter, com a da 
Terra. Nesta experiência, chegou-se à conclusão de que a vida não existia onde 
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 12 –
a atmosfera estava muito perto de um total equilíbrio, diferente da Terra, que 
é instável e reflete as trocas gasosas entre a atmosfera e os organismos vivos.
Ambiente ainda pode ser definido, segundo Tostes (1994), como toda 
e qualquer inter-relação abrangendo as relações em suas multiplicidades. O 
autor ainda comenta que ambiente é especialmente a relação entre os seres 
humanos e os elementos naturais (o ar, a água, o solo, a flora e a fauna), bem 
como suas próprias relações sociais, culturais, históricas e políticas. A rela-
ção de forma múltipla e complexa potencializa e fomenta a biodiversidade 
que está presente nos mais variados ambientes, sejam eles naturais, artificiais 
e/ou culturais, em todas as partes da Terra. Os seres vivos e os não vivos, 
quando estiverem isolados, não formarão meio ambiente, pois não estariamformando relações.
Ainda a definição de Meyer-Abich (1993) comenta que ambiente pode 
ser denominado como “mundo conatural”, ou seja, cada espécie distribuída 
em uma região geográfica depende de determinado número de elementos 
específicos de recursos naturais (e que no seu conjunto são indissociáveis e 
indispensáveis à sobrevivência de cada uma), portanto, necessitam da inter- 
-relação entre seres biológicos e abióticos. 
Ao analisar essas diversas definições de ambiente, é possível verificar 
que elas possuem pontos em comum e assemelham-se. Entretanto, elas se 
contrapõem ao que é adotado e bem característico nas políticas ambientais 
contemporâneas, que têm foco altamente antropocêntrico e somente preocu-
pam-se com os elementos do ambiente necessários à sobrevivência da espécie 
humana, não valorando bens e serviços ambientais que aparentemente não 
ofereçam, diretamente, algum benefício. As referidas políticas públicas têm 
sido marcadas por interesses de grandes grupos econômicos, por não contem-
plarem planejamentos a médio e longo prazo de uso sustentável dos recursos 
naturais e pelo não reconhecimento de que a preservação do ambiente está 
ligada às inter-relações de cada espécie, e essas aos elementos abióticos.
Os valores antropocêntricos sobre o ambiente vêm se tornando uma 
das principais causas da degradação ambiental; nota-se pelo uso dos recursos 
naturais a todo custo, fato que tem sido identificado por estarmos vivendo 
sob as regras de uma ética antropocêntrica.
– 13 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
A visão antropocêntrica ofusca a visão de um ambiente dinâmico, e pode- 
se perceber, conforme Ehrenfeld (1993), que o ambiente está ligado direta e 
profundamente com o conhecimento e a cultura – especialmente as tradicio-
nais e locais. Podemos ter como exemplo a percepção de uma pessoa, parte de 
uma pequena comunidade que vive em uma floresta tropical na Amazônia, 
tendo ao seu redor a maior biodiversidade da Terra e convivendo com todas 
essas espécies de forma sábia e tranquila. Por muitas gerações, essa pessoa as 
utiliza de maneira tradicional como sustento para sua família. Por outro lado, 
uma pessoa que esteja habituada com a vida urbana, quando estiver neste 
ambiente de floresta tropical, não perceberá todas as formas de vida ao seu 
redor e, por muitas vezes, não irá se adaptar devido medo e desconforto.
1.2 O conceito de impacto ambiental
A superfície de áreas degradadas está aumentando a cada dia no mundo, 
a uma velocidade muito acelerada. Riquezas da fauna e flora e culturais são 
perdidas, restando somente em relatos ou lembranças dos antigos. O surgi-
mento de problemas socioambientais (como ameaça à sobrevivência da vida 
na Terra) é um fenômeno relativamente novo para a humanidade. À medida 
que o ser humano se distanciou dos processos naturais, passou a encarar o 
ambiente não mais como um todo em equilíbrio, mas como uma gama de 
recursos disponíveis.
Essa forma de relação está provocando profundas alterações nos ambien-
tes naturais, que também estão sujeitos a alterações naturais. Uma importante 
diferença entre as duas formas de alterações é que as humanas acontecem de 
maneira muito rápida, enquanto as naturais se processam em escalas tempo-
rais muito lentas.
Essas alterações provocadas pelos seres humanos, advindas de suas ati-
vidades, têm como consequência os impactos ambientais, que podem ser de 
grandezas diferenciadas – como, por exemplo, a construção de uma hidroelé-
trica, que gera um grande impacto ambiental e de forma significativa, e a 
construção de uma pequena ponte ligando dois bairros em uma cidade, que 
gera um pequeno impacto. 
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 14 –
No Brasil, dentro deste contexto, a análise de potenciais impactos 
ambientais provenientes de atividades humanas surgiu pela primeira vez a 
partir do Decreto-Lei 1.413/75, do Governo Federal. O referido diploma 
legal introduziu em nosso ordenamento jurídico o zoneamento das áreas crí-
ticas de poluição.
No início da década de 80, somente se exigia o Estudo de Impacto 
Ambiental para a instalação de polos petroquímicos, cloroquímicos e carbo-
químicos, instalações nucleares e outras, definidas em lei, para zoneamento 
estritamente industrial em áreas críticas de poluição. O instrumento legal 
era a Lei 6.803/80, que estabeleceu de forma clara e precisa a necessidade da 
avaliação do impacto ambiental dos empreendimentos industriais.
Um ano mais tarde, por meio da Lei 6.938/81, fomentada em razão 
dos altos índices de poluição verificados em centros industriais como Cuba-
tão, no estado de São Paulo, e Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, mar-
cou-se uma mudança significativa e qualitativa no sistema legal de proteção 
ambiental, pois buscou-se criar um sistema estruturado e organicamente coe-
rente de medidas a serem adotadas para alcance dos objetivos fixados naquele 
texto normativo. A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), por força da Lei 
6.938/81, foi elevada à condição de instrumento da Política Nacional do 
Meio Ambiente (art. 9, III).
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (6.938/81) fez avançar, 
de forma significativa, a gestão ambiental no Brasil, principalmente no que se 
refere ao licenciamento ambiental, tendo como grande resultado a previsão 
da Avaliação de Impactos Ambientais, ainda que de forma genérica, em rela-
ção à Lei do Zoneamento Industrial, pois esta se limitava a contemplar o EIA 
tão somente para atividades industriais. 
A regulamentação da referida lei foi feita por Resolução do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (Resolução 001/86), que foi e 
ainda é muito criticada por juristas e técnicos da área, que consideram como 
adequados para se ter segurança jurídica a regulamentação por decretos ou leis. 
De acordo com a Resolução 001/86 do CONAMA, impacto ambiental 
pode ser definido como:
– 15 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
Art. 1.º Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do 
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II - as atividades sociais e econômicas; 
III - a biota; 
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V - a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, 1986) 
Conforme o inciso II do artigo 6.º desta Resolução, o impacto ambien-
tal pode ser positivo ou negativo, podendo proporcionar ônus ou benefícios 
sociais. Após a publicação da referida resolução, as avaliações de impactos 
ambientais começaram a ser concretizadas, especialmente em grandes obras.
Os principais impactos ambientais previstos na Resolução 01/86 do 
Conama são: 
 2 Recursos hídricos – afetam quantidade, qualidade, acesso e sazo-
nalidade;
 2 Fauna – afetam a população, bem como seu fluxo gênico e seus 
hábitats;
 2 Flora – afetam a composição e densidade da vegetação natural, 
produtividade, espécies chaves e conectividade entre ambientes;
 2 Saúde – afetam a proliferação de vetores e patogenias; 
 2 Solos – afetam e provocam erosões, perdas de produtividade agrícola, 
aumento da salinidade e perda de nutrientes;
 2 Ecossistemas especiais – afetam ecossistemas vulneráveis e com 
baixa resiliência (baixa capacidade de autorrecuperação).
Os impactos ambientais possuem dois atributos principais: a magni-
tude e a importância. A magnitude é a grandeza de um impacto em termos, 
podendo ser medida a alteração no valor de um fator de interesse – como, 
por exemplo, a velocidade da correnteza de um rio antes e depois do impacto 
ambiental. Por meio de diversos métodos, o impacto ambiental deverá ser 
medido com indicadores quantitativos ouqualitativos dos meios físico, bió-
tico e socioeconômico. 
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 16 –
A importância é a medida do nível de significação de um impacto em 
relação ao fator ambiental afetado e a outros impactos como, por exemplo, a 
mineração de determinada área que gera a extinção de uma espécie endêmica, 
resultado da ação do impacto ambiental. Assim, mesmo com uma magnitude 
pequena, ou seja, que tenha ocorrido em uma pequena área, os impactos 
podem ter elevada importância.
Os impactos ambientais podem ser múltiplos e gerados por ações dos 
seres humanos, sendo importante conhecer suas diversas características.
a) Características de valor: 
 2 impacto positivo ou benéfico – quando uma ação resulta na melho-
ria da qualidade ambiental, podendo ser de um ou mais indicado-
res, como, por exemplo, o aumento da vegetação natural em uma 
determinada região proveniente de projetos de restauração florestal;
 2 impacto negativo ou adverso – quando a ação resulta em um dano 
à qualidade ambiental, podendo ser de um ou mais indicadores, 
como, por exemplo, a mortandade de peixes em um determinado 
rio localizado nas proximidades da ação em questão.
b) Características de ordem:
 2 impacto direto – são as modificações ambientais que exibem uma 
relação inicial, de primeira ordem, com um fator importante. Por 
exemplo, uma mortandade de peixes devido a um derrame de pro-
duto tóxico num rio;
 2 impacto indireto – quando uma ação induzida desencadeia uma 
sequência de modificações de segunda ordem. Por exemplo, as chu-
vas ácidas, que têm sua origem na poluição atmosférica por óxidos 
de enxofre, nitrogênio e outros elementos químicos.
c) Características espaciais:
 2 impacto local – quando a ação afeta apenas o próprio local e as 
proximidades;
 2 impacto regional – quando um efeito se propaga por uma área 
além das imediações do local onde se dá a ação;
– 17 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
 2 impacto estratégico – quando é afetado um componente ambien-
tal de importância coletiva ou nacional.
d) Características temporais ou dinâmicas:
 2 impacto imediato – quando o efeito surge no instante em que se 
executa a ação. Como já citado, a mortandade de peixes advindos 
de produtos tóxicos da ação é um exemplo;
 2 impacto a médio ou longo prazo – quando o efeito se manifesta 
depois de decorrido certo tempo após a ação. Por exemplo, a eutro-
fização de cursos d´água decorrentes da deposição de fertilizantes 
de áreas agrícolas e carreados para os rios por enxurradas de chuva;
 2 impacto temporal – quando o efeito permanece por um tempo 
determinado após a execução da ação como, por exemplo, o 
período de adaptação de ecossistemas represados;
 2 impacto permanente – quando, uma vez executada a ação, os efei-
tos não cessam de se manifestar num horizonte temporal conhe-
cido. Por exemplo, a modificação do leito de um rio.
Considerando essas características, pode-se notar que elas são interligadas 
e, conforme o grau do impacto em sua magnitude, importância e ações de 
mitigação e compensação a serem desenvolvidas após a execução da ação, os 
impactos ambientais podem ser revertidos conforme a possibilidade de o fator 
ambiental afetado retornar às suas condições originais. 
Entre os impactos totalmente irreversíveis e os reversíveis existem infinitas 
gradações. A reversão de um fator ambiental às suas condições anteriores pode 
ocorrer naturalmente ou como resultado de uma intervenção do ser humano.
Vale ressaltar que uma característica importante dos impactos ambientais 
é que ocorre uma desigualdade nos resultados da ação conforme a distribuição 
social, uma vez que, de forma geral, a classe mais pobre sempre tem sido a mais 
afetada, como, por exemplo, por meio da redução de acesso a água potável, da 
reacomodação habitacional em áreas urbanas periféricas e da perda de identi-
dade com seu local de origem. 
A CF/88 significou uma profunda mudança na natureza jurídica do 
Estudo de Impacto Ambiental. Atualmente, o EIA é instituto constitucional 
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 18 –
cuja importância vem aumentando, especialmente após a Conferência das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1992 (Rio/92). A Carta Magna, 
dedicando capítulo próprio ao meio ambiente, elevou-o à categoria de bem de 
uso comum do povo, considerando-o essencial à qualidade de vida e incum-
bindo ao Poder Público e à coletividade o dever de preservá-lo e defendê-lo para 
as presentes e futuras gerações.
Para assegurar o direito fundamental de todos ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado (CF/88, art. 5.º, LXXIII), a Lei Maior encarregou ao 
Poder Público (em suas três esferas: federal, estadual e municipal) o papel de 
exigir o EIA para a instalação de obra ou atividade com potencial de causar 
degradação ambiental significativa, devendo, inclusive, assegurar a sua publici-
dade (art. 225, §1.º, IV).
Dessa forma, os parâmetros previstos na Constituição não determinam 
penalidades ou sanções, mas oferecem diretrizes para o legislador infraconstitu-
cional, que efetivamente tem poderes para criar normas com poder coercitivo 
suficiente para tornar possível a proteção ambiental. 
Com a prerrogativa de o direito de todos não ser exclusivamente a pro-
teção do meio ambiente em si ou de determinado ambiente, mas sim o equi-
líbrio ecológico e a qualidade do ambiente, consideram-se essas qualidades 
como o bem da vida a ser tutelado, definido pela Constituição da República 
como “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” 
(BRASIL, 1988).
Entretanto, foi somente a partir da Conferência das Nações Unidas para o 
Meio Ambiente, a Eco/92, que estados e municípios maiores começaram a criar 
instrumentos legais acerca do tema, dando mais especificidade e argumentação 
técnica para os estudos de impacto ambiental, que por muitas vezes eram sub-
jetivos, especialmente em pequenas obras. 
1.3 Os objetivos da Avaliação de Impacto Ambiental
No Brasil, o progresso do arcabouço jurídico institucional tem sido rele-
vante. Alguns marcos jurídicos importantes reforçaram, na década de 90, a 
base legal da gestão ambiental, além dos princípios e objetivos da Política 
– 19 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
Nacional do Meio Ambiente, que havia sido estabelecida em 1981. A CF/88 
já os havia confirmado, consagrando a exigência de estudos prévios de ava-
liação de impacto ambiental para a implantação de atividades e obras que 
afetem o meio ambiente.
A avaliação de impacto ambiental é um instrumento cujo objetivo limita-
-se a subsidiar as decisões de aprovação de projetos de empreendimentos indi-
viduais, e não os processos de planejamento e as decisões políticas e estratégicas 
que os originam. Antunes (2011) complementa que a Avaliação de Impacto 
Ambiental é um procedimento que tem por objetivo examinar os resultados 
de empreendimentos e atividades sobre o meio ambiente antes de se tomar 
qualquer decisão de outorgar a licença de instalação e execução que possa tra-
zer riscos significativos de degradação da qualidade do meio ambiente. 
Nesse sentido, Sánchez (2008) comenta que, para a realização da Ava-
liação de Impacto Ambiental, é necessário seguir metodologias que se apli-
quem ao empreendimento estudado, como, por exemplo, se ocorrerá desma-
tamento. Em caso positivo, é necessário fazer um estudo detalhado da flora da 
região afetada, a fim de subsidiar informações para a elaboração de projetos 
de recuperação dessas florestas como medida de mitigação e compensação 
ambiental. Desta maneira, para cada fator ambiental a ser afetado deve ser 
realizada uma série de atividades sequenciais e procedimentos organizados de 
maneira lógica, a fim de subsidiar com informações as tomadas de decisões a 
respeito do empreendimentoanalisado. Os impactos ambientais começaram 
a ser sentidos de maneira global no Pós-Segunda Guerra Mundial, quando 
a expansão e o desenvolvimento econômico começaram a percorrer diversas 
partes do mundo, fomentando conflitos sociais e aumentando a pressão sobre 
os recursos naturais. 
Em poucas décadas foi possível observar que eram muitos os sintomas 
que indicavam que este modelo desenvolvimentista econômico não era sus-
tentável, como bem lembra Santos (2010), sobre o nível de exploração ter 
ultrapassado a capacidade de recuperação da natureza, colocando em risco a 
continuidade do desenvolvimento econômico e social.
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 20 –
Nesse período ocorreram alguns eventos importantes que atraíram a 
atenção da sociedade global para a necessidade de uma regulamentação mais 
eficaz de proteção ao meio ambiente, como, por exemplo, a publicação do 
livro de Rachel Carson, em 1962, intitulado Silent Spring (Primavera Silen-
ciosa), que apresentou a grande mortandade de aves e peixes em rios nos Esta-
dos Unidos, provenientes do alto uso de agroquímicos nas lavouras agrícolas. 
(BELTÃO, 2008).
Neste contexto, em 1968 o Relatório Meadows, conhecido como Rela-
tório do Clube de Roma, sinalizou a necessidade de a humanidade rever 
seus conceitos de desenvolvimento, pois os impactos nos recursos naturais 
estavam se tornando de grande magnitude e importância global. 
Assim, conforme comenta Milaré (2011), a Avaliação de Impacto 
Ambiental surgiu pela primeira vez como instrumento jurídico de gestão 
ambiental nos Estados Unidos da América, a partir da promulgação do 
National Environmental Policy Act – NEPA (Lei da Política Nacional Ame-
ricana do Meio Ambiente), em 1969. 
Entretanto, somente 20 anos depois da realização da Conferência das 
Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente de 1972, em Estocolmo (Suécia), a 
Avaliação de Impacto Ambiental ganhou repercussão internacional, na Con-
ferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desen-
volvimento de 1992, no Rio de Janeiro, a Eco/92. 
A Avaliação de Impacto Ambiental se tornou um princípio ambien-
tal concretizado em tratados internacionais (Princípio 17 da Declaração do 
Rio/92), estabelecendo, conforme a referida Declaração, que a AIA é um ins-
trumento nacional para efetuar atividades planejadas de cunho social, econô-
mico e ambiental que possam vir a ter impacto adverso sobre o meio ambiente.
Disposições legais para avaliação de impactos ambientais vieram a nível 
estatual pela primeira vez no Brasil em 1977, no Rio de Janeiro e em Minas 
Gerais, que se adiantaram em relação à legislação federal. O caso do Rio de 
Janeiro teve maior interesse, pois a origem da AIA no estado estava ligada à 
implementação de um sistema estatual de licenciamento de fontes poluidoras. 
A partir dessa experiência pioneira, mais tarde foi regulamentado o estudo de 
– 21 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
impacto ambiental no país (MOREIRA, 1988; SANCHÉZ, 2008). Santos 
(2013) relembra que a avaliação de impacto ambiental passa a fazer parte 
definitivamente do ordenamento jurídico nacional em 1981, a partir da apro-
vação da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981. 
O Brasil tem uma posição de vanguarda nas discussões de políticas públi-
cas a respeito do meio ambiente, mesmo que ainda exista o pensamento de 
que muito ainda deve ser feito. Conforme menciona Santos (2013), a CF/88 
foi a primeira no mundo a inscrever a obrigatoriedade da AIA em nível cons-
titucional, incorporando e fortalecendo essa modalidade no seu artigo 225. 
(CARVALHO; LIMA, 2010). 
Dentro das determinações legais, o processo de AIA deve desenvolver 
e executar estudos de impacto ambiental sobre o empreendimento preten-
dido (STAMM, 2003). Os resultados devem contemplar estudos dos meios 
físicos, bióticos e socioeconômicos. São estudos complexos e que constituem 
a principal base para a análise da viabilidade ambiental da ação proposta e 
tomada de decisão (DIAS, 2001), devendo ser abordados: a vida selvagem, as 
espécies ameaçadas de extinção, a vegetação nativa e exótica, as características 
do solo, a drenagem natural, as águas subterrâneas, ruídos, a pavimentação, 
a recreação, a qualidade do ar, o comprometimento estético da paisagem, 
a saúde e a segurança, os valores econômicos, a saúde publica, os serviços 
públicos, a compatibilidade com planos regionais e demais indicadores de 
interesse específico.
Na área técnica, a avaliação de impacto ambiental pode ser definida, 
segundo Bolea (1984), citado por Pimentel e Pires (1992, p. 56), como 
“estudos realizados para identificar, prever, interpretar e prevenir os efeitos 
ambientais que determinadas ações, planos, programas ou projetos podem 
causar à saúde, ao bem-estar humano e ao ambiente”, incluindo alternativas 
ao projeto ou ação e pressupondo a participação da sociedade.
Entre os objetivos, a avaliação tem como principal a obtenção de infor-
mações sobre os impactos ambientais por meio de exame sistemático, para 
submetê-las às autoridades e à opinião pública a partir de consultas públi-
cas, com a finalidade essencial de prevenir os impactos ambientais negativos 
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 22 –
decorrentes da ação proposta e suas alternativas, bem como maximizar os 
eventuais benefícios. 
A Avaliação de Impactos Ambientais não é um instrumento de decisão, 
mas sim de fornecimento de subsídios para o processo de tomada de decisão 
dos órgãos ambientais licenciadores do Poder Federal, Estadual e Municipal, 
conforme o tamanho do empreendimento. De acordo com Costa, Chaves e 
Oliveira (2005), o propósito principal é levantar e organizar informações por 
meio da análise sistemática das atividades do projeto, permitindo potenciali-
zar os benefícios socioambientais
A partir de modelos matemáticos analíticos, estudo de padrões de dis-
persão de poluentes, modelos físicos em escala reduzida, análises estatísti-
cas apuradas e técnicas de avaliação da paisagem, a Avaliação de Impacto 
Ambiental constitui-se num instrumento altamente relevante na avaliação 
preliminar. Com o conhecimento acerca da realidade local e regional, é pos-
sível promover a discussão e a análise imparcial dos impactos positivos e 
negativos de uma proposta. Essas informações, apresentadas publicamente 
de forma detalhada e com embasamento técnico e científico, contribuem de 
maneira significativa para reduzir os conflitos de interesses de diferentes gru-
pos e atores sociais envolvidos, tornando-se um instrumento de subsídio para 
tomada de decisões.
Para atender a esses objetivos e a essas funções, a execução dos estudos 
para uma AIA se desenvolve, de modo geral, segundo as seguintes fases:
 2 Identificação – são caracterizados a ação proposta e o ambiente a 
ser afetado. Nesta fase devem ser feitas a identificação das ações e 
dos impactos a serem investigados, a análise das relações entre os 
fatores ambientais, a definição de indicadores ambientais e a medi-
ção dos impactos;
 2 Predição – é feita a predição das interações entre fatores e da mag-
nitude e importância dos impactos;
 2 Avaliação – é feita a interpretação, a análise e a avaliação. Nesta fase, 
são atribuídos aos impactos ou efeitos os parâmetros de importância ou 
de significância, sendo comparadas e analisadas algumas alternativas. 
– 23 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
Esse processo deve ser retroalimentado com informações até que se 
esgotem as possibilidades para o que se pretende alcançar, ou seja, os estudos 
devem passar por sucessivas análises com equipes multidisciplinares, sendo 
reintroduzidas informações que sejam pertinentes, sempre com a finalidade de 
obter da melhor informação com fins de subsídio para a tomada de decisões. 
Neste sentido, para a Avaliaçãode Impactos Ambientais existem diversos 
métodos de avaliação e ferramentas de identificação dos impactos causados ao 
ambiente pelo desenvolvimento de um projeto. São instrumentos usados para 
coletar, comparar e organizar informações qualitativas e quantitativas sobre os 
impactos ambientais. 
Como cada método tem uma aplicação definida, ele deve ser escolhido 
de acordo com o caso a ser estudado. Entretanto, o primeiro documento a 
ser produzido para a definição da metodologia é o Plano de Trabalho, que 
deverá ser apresentado pelo empreendedor interessado aos órgãos ambientais 
competentes para emissão do licenciamento ambiental.
Qualquer que seja o método utilizado, é necessário que sua aplicação seja 
complementada com uma descrição detalhada dos impactos sobre os meios 
físico, biológico e antrópico. É importante ressaltar que não existe um único 
método que possa ser adotado para a avaliação de impacto de qualquer tipo 
de proposta (ou que sirva para todas as fases de um estudo), mas a escolha do 
método deve atender aos requisitos e normas legais estabelecidos, o tempo e 
os recursos técnicos e financeiros disponíveis para a execução do estudo.
É importante registrar a necessidade de se incorporar a questão do risco 
tecnológico nas avaliações de impactos ambientais, principalmente quando 
se referem a projetos energéticos. A incorporação do risco a essas avaliações 
acrescenta mais uma dificuldade ao processo, em decorrência exatamente da 
redução que tradicionalmente se faz do risco a um mero índice de probabi-
lidade de ocorrência ou de compatibilização estatística de riscos já verifica-
dos. No tratamento dessa questão, além dos aspectos quantitativos, é preciso 
analisar a percepção que os atores sociais têm do risco e o controle futuro, 
de modo que ele seja mantido dentro de certos limites – o que certamente 
engloba aspectos políticos no processo de sua avaliação.
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 24 –
Ampliando seus conhecimentos 
Princípio da preocupação no Brasil após a 
Rio-92: Impacto Ambiental e saúde humana
Guilherme Farias Cunha, Catia Regina Carvalho Pinto, Sergio Roberto 
Martins, Armando Borges de Castilhos Jr
Introdução 
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), documentado no 
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), é necessário para 
a obtenção do licenciamento para uma determinada atividade 
em todo o Brasil.
Os roteiros básicos para elaboração do EIA/RIMA são com-
postos por informações gerais, caracterização do empreendi-
mento, área de influência, diagnóstico ambiental da área de 
influência (meio físico, biológico e antrópico), análise dos 
impactos ambientais, proposição de medidas mitigadoras e 
programa de acompanhamento e monitoramento dos impac-
tos (BRAGA et al., 2005). No meio antrópico, propõe-se 
a abordagem da organização social na área de influência, nela 
incluindo o tema saúde. Viegas et al. (2011), analisando o 
componente saúde em seis EIA, concluíram que na maioria 
dos estudos os riscos à saúde são mencionados, mas não 
detalhados, as informações epidemiológicas e toxicológicas 
são raramente abordadas, e os dados de saúde utilizados não 
são precisos. 
Silva et al. (2010), no estudo sobre a Refinaria do Nordeste, 
analisam a inter-relação entre saúde, trabalho e ambiente, 
constatando que no respectivo EIA/RIMA houve uma pos-
tergação de análise dos riscos para os trabalhadores, comuni-
dade e saúde pública.
Na sua dissertação de mestrado, Cancio (2008) aplica uma 
matriz em nove estudos de impacto ambiental de usinas 
– 25 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
hidrelétricas (UHE), concluindo que os estudos de impacto 
ambiental apresentam “deficiências devido à incipiente abor-
dagem e consistência das questões de saúde contempladas”.
Fruto da Conferência Rio-92, A Declaração do Rio, em seu 
Princípio 15, considera a importância da aplicação do Princí-
pio da Precaução para a preservação da qualidade ambiental. 
Fundamentado na Declaração do Rio, os estudos de impacto 
ambiental utilizam o Princípio da Precaução para preservar o 
meio ambiente, quando se depara com o imprevisível dentro 
do atual conhecimento científico.
Os interessados nos empreendimentos em construção costu-
mam recorrer judicialmente contra a aplicação desse princípio. 
Entretanto, uma jurisprudência em direito ambiental foi criada 
em todos os níveis, até o Supremo Tribunal Federal, a favor 
do uso do Princípio da Precaução.
O fato de uma alteração ambiental poder provocar doença 
nas pessoas é um argumento muito forte para impedir a implan-
tação de empreendimentos. Neste sentido, os estudos de 
impacto à saúde geralmente são incipientes, excluindo neles 
a aplicação do Princípio da Precaução. A justificativa é a de 
que os riscos à saúde provocados pelos empreendimentos se 
devem a emissões potencialmente prejudiciais à saúde, e que 
devem ser medidas. Como medi-las previamente à implanta-
ção do empreendimento? 
O documento final da Rio+20 é focado em uma proposta 
política que reafirma os princípios da Rio-92 sobre desenvolvi-
mento sustentável, sem, no entanto apresentar considerações 
sobre suas aplicações ao longo dos anos ou estratégias para 
implementá-los. A trajetória da aplicação do Princípio da Pre-
caução durante os 20 anos após a Conferência, está ligada 
ao sucesso da sua interpretação dada pelo direito ambiental 
e nos tribunais.
[...] 
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 26 –
A inter-relação entre o homem e o 
meio ambiente 
O meio ambiente 
O modelo praticado de exploração ambiental, na busca do 
desenvolvimento socioeconômico, tornou-se insustentável; 
esse modelo não comporta as novas necessidades da relação 
homem-natureza, posterior à revolução científico-industrial, 
devido aos efeitos provocados no meio ambiente. 
A exploração ambiental irracional, iniciada com a industrializa-
ção no século XIX e intensificada através dos anos até nossos 
dias, está intimamente ligada ao consumo. A sociedade da 
economia globalizada promove o consumo sem regras, pri-
vilegiando o interesse individual em detrimento do interesse 
ambiental da coletividade (LEITE, 2010). A desconexão 
entre economia e natureza ocasionou a desvinculação da eco-
nomia da sociedade, considerando essa desvinculação num 
sentido mais amplo, do social, do ético e do poder.
Assim, a economia passa a influenciar e a condicionar as rela-
ções institucionais, as organizações, a relação dos países e dos 
cidadãos. (MARTINS, 2004) 
A partir de 1950, foi registrada uma série de desastres ambien-
tais em todo o mundo, provocando gravíssima degradação 
ambiental e ocasionando doenças e até a morte de milhares 
de pessoas que viviam nessas áreas degradadas, como o der-
ramamento de petróleo na costa norte da França; a morte de 
peixes em lagos suecos; o acidente químico em Bophal, na 
Índia; o desastre nuclear de Chernobyl, na União Soviética. 
Esses eventos começam a evidenciar que a vivência desse 
paradigma exploratório ambiental agride não só o ambiente, 
mas também o homem que ali vive. 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, realizada em junho de 1972 em Estocolmo, tornou 
a preocupação sobre o ambiente uma questão de relevância 
internacional, de responsabilidade de todos os países. 
– 27 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
Em 1983, a Assembleia Geral da Organização das Nações 
Unidas (ONU) criou a Comissão Mundial sobre o Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), também conhe-
cida como Comissão Brundtland, que promoveu audiências 
ao redor do mundo e produziu o relatório final intitulado 
“Nosso Futuro Comum”.
Com a aprovação do Relatório Brundtland (1987), buscou-se 
romper o paradigma de desenvolvimento aliado à exploração 
ilimitada dos recursos naturais e à exploração do homemnas 
regiões mais pobres do planeta, como meio de alcançar o 
sucesso econômico.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como 
Cúpula da Terra ou Rio-92, realizada no Rio de Janeiro em 
1992, coloca o ser humano no centro das preocupações 
relacionadas ao desenvolvimento sustentável, considerando 
o homem participante da diversidade biológica existente no 
ambiente. A Rio-92 impulsiona a luta por uma nova ordem 
sustentável, de equilíbrio com a natureza, através da Agenda 
21 e a Declaração do Rio. 
 Na Rio+20, os países renovaram seus compromissos com o 
desenvolvimento sustentável: o incentivo à economia verde; 
a necessária abordagem global da sustentabilidade; o suceder 
dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) atra-
vés dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); 
ações de desenvolvimento humano e combate à pobreza; 
estratégias para financiamento do desenvolvimento sustentá-
vel; produção e consumo sustentáveis; fortalecimento das tec-
nologias ambientalmente saudáveis; uso de novos indicadores 
para medir o crescimento.
[...] 
 
Avaliação de impacto e licenciamento ambiental
– 28 –
Atividades
1. Percepção e aplicação do conceito de ambiente: esta atividade pode 
ser desenvolvida em um parque ou praça pública, em uma área na-
tural ou até mesmo na rua de sua residência. Faça uma listagem de 
todos os elementos físicos, biológicos, químicos e sociais, sejam eles 
observáveis ou não. Organize-os na forma de uma matriz e sinalize 
todas as interpelações, inclusive anotando que tipo de inter-relação 
pode estar ocorrendo.
2. Percepção e aplicação do conceito de impacto ambiental: pode ser 
desenvolvida em ambiente urbano e rural. Identifique possíveis im-
pactos ambientais gerados pela ação humana e organize-os em uma 
tabela, fazendo as seguinte análises: 
a. Características de valor:
- impacto positivo ou benéfico;
- impacto negativo, ou adverso.
b. Características de ordem:
- impacto direto;
- impacto indireto. 
c. Características espaciais:
- impacto local;
- impacto regional;
- impacto estratégico.
d. Características temporais ou dinâmicas:
- impacto imediato; 
- impacto a médio ou longo prazo;
- impacto temporário;
- impacto permanente.
3. Com os resultados obtidos na atividade anterior, identifique os im-
pactos ambientais causados pelo empreendimento ou pela ação ob-
servada sobre os meios físico, biótico e socioeconômico.
– 29 –
Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental
Obs: Este é apenas um exercício de uma observação de uma ação já exe-
cutada. Se essa ação observada não tivesse sido implantada, com os 
resultados obtidos e analisados, seria possível sua implementação?
Tipos de impacto 
ambiental
Dentro do processo de estudos de impactos ambientais para 
a obtenção de licenças de instalação e operação, é importante que 
sejam definidos os tipos de impactos ambientais que serão gerados 
por um determinado empreendimento, para que sirvam como subsí-
dio aos planos de mitigação, compensação e recuperação ambiental.
Nesta aula serão apresentados, de forma técnica e embasada, 
os tipos de impactos ambientais com foco nos impactos ambientais 
diretos e indiretos, na temporalidade e nos impactos cumulativos.
2
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 32 –
2.1 Impactos Diretos e Indiretos
Os impactos ambientais possuem entre suas características a natureza 
de ordem, ou seja, podem ser diretos, como por exemplo uma área direta-
mente afetada construção de uma hidroelétrica, ocorre o barramento de 
um rio e, de forma rápida, a paisagem é modificada, formando um grande 
lago, inundando ecossistemas ribeirinhos, cultivos agrícolas ou até mesmo 
aglomerados humanos.
Também podem ser indiretos, como por exemplo, em caso de construção 
de uma hidroelétrica que, por formar uma barragem no curso do rio, provoca 
uma modificação das dinâmicas de corredeiras, afetando os tipos de peixes 
que ocorrem naquele local. Essa influência vai desde a redução da população 
de determinadas espécies até mesmo o aumento expressivo de outras.
Os impactos ambientais diretos são alterações ou perturbações de pri-
meira ordem em determinados fatores ambientais como o solo, os recur-
sos hídricos, a biodiversidade, o clima e as relações humanas. Têm como 
característica o fato de ser uma perturbação não cíclica, ou seja, uma vez 
gerado o impacto pelo empreendimento pretendido, este imediatamente 
atua gerando desequilíbrios ambientais, em uma escala de tempo curta. 
Odum e Barrett (1983), estudando ecossistemas naturais durante as 
décadas de 1960 e 1970, observaram que as perturbações em um ambiente 
silvestre também ocorrem por um padrão natural de tempos em tempos, 
como, por exemplo, nevascas, incêndios florestais e até mesmo enchentes. 
Estes acontecimentos são cíclicos, e os ambientes se recuperam rapida-
mente, pois possuem capacidade de resiliência. 
Uma vez que o modelo de desenvolvimento na atualidade é o acúmulo 
de capital para minorias, gerando desigualdades sociais extremas, deve-se 
procurar um meio-termo entre a quantidade de exploração dos recursos 
naturais e a qualidade do espaço para viver. 
Este avanço econômico tem gerado impactos diretos em fatores 
ambientais que são base para a sobrevivência dos seres humanos como, por 
exemplo, as águas para o abastecimento público. Segundo a Agência Nacio-
nal das Águas (2015), 17 regiões metropolitanas no Brasil estão passando 
– 33 –
Tipos de impacto ambiental
por grave crise hídrica, sendo as regiões de São Paulo, Curitiba, Rio de 
Janeiro e Florianópolis as mais críticas.
Esquema 1: Exemplos de possíveis impactos ambientais diretos.
Empreendimento pretendido
Extinção local de espécies da flora Extinção local de espécies da fauna
Realocação de 
aglomerados humanos Alteração na paisagem
Aumento de processos erosivos Alteração do regime hídrico
dos cursos d’água
Outros impactos específicos de
cada região afetada Perda de patrimônio arqueológico 
Am
bi
en
te
Fonte: o autor.
Após implantado o projeto de um empreendimento, e caso ele já 
tenha gerado impactos de primeira ordem, vêm na sequência os impactos 
de segunda ordem, aos quais podemos chamar de indiretos, que envolvem 
inúmeros e variados componentes inter-relacionados, como fatores físicos, 
biológicos e antropológicos. (DIODATO, 2004). 
Para exemplificar esta definição, podemos citar a construção da hidroelé-
trica de Belo Monte, no estado do Pará. Esta obra tem gerado um amplo 
debate técnico e político grande magnitude e relevância dos impactos 
ambientais que tem gerado. Este empreendimento faz parte do Programa de 
Aceleração do Crescimento (PAC), e entre seus impactos ambientais indiretos 
está a imigração de dezena, de milhares de pessoas de diversas partes do Brasil 
para a região, buscando oportunidades diretamente na obra ou em serviços 
gerais. Como consequência deste impacto, como bem lembra Salm (2011), 
está o aumento significativo de desmatamento da Floresta Amazônica, prove-
niente desse aumento de pessoas que buscam, nessa região, áreas novas para 
se estabelecer. 
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 34 –
É interessante também notar que os impactos ambientais indiretos são 
diretamente proporcionais aos impactos diretos com relação à sua grandeza, 
no que tange sua magnitude e importância. Nesta correlação, todo estudo de 
impacto ambiental deve, portanto, analisar e prever os reais impactos ambien-
tais, diretos e indiretos, e traçar cenários de possíveis e eventuais impactos. 
Isto se faz necessário para o planejamento das ações de mitigação e compensa-
ção ambiental em que o empreendimento estará condicionado pelo processo 
de licenciamento ambiental.
Esquema 2: Exemplos de possíveis impactos ambientaisindiretos
Meio
físico
Meio
biológico
Meio
antropológico
Inter-relações dos fatores ambientais
Chuvas ácidas Aumento de doenças respiratórias
Perda de patrimônio genético
Am
bi
en
te
Inundações e enchentes
Deslizamentos de terraRedução de serviços
Fonte: o autor.
Quadro 1: Exemplos de relações de impactos ambientais diretos e indiretos
Atividade Impacto direto Impacto indireto
Motivação de terra
Transporte de poluentes 
para os cursos d’água Eutrofização de rios e lagos
Erosão Perda de fertilidade dos solos
Assoreamento de 
cursos d’água Inundações
– 35 –
Tipos de impacto ambiental
Atividade Impacto direto Impacto indireto
Emissão de poluen-
tes na atmosfera Redução da qualidade do ar
Aumento de doenças respirató-
rias
Produção de chuvas ácidas
Desmatamento Perda de habitats naturais
Redução de serviços ambientais 
como produção de água e purifi-
cação do ar
Redução da oferta de produtos 
florestais provindos de Plano de 
Manejo
Criação de postos de 
trabalho temporários Aumento da população local
Aumento dos custos com saúde 
pública
Aumento dos custos com educa-
ção pública
Aumento de desemprego e vul-
nerabilidade social após término 
da obra
Fonte: o autor.
2.2 Impactos de curta e longa duração 
As alterações do equilíbrio ecológico e o impacto da atividade humana sobre 
a ecosfera terrestre começaram a se transformar em assunto de preocupação de 
alguns cientistas e pesquisadores durante a década de 60. Ganharam dimensão 
política a partir da década de 70, e são atualmente um dos assuntos mais polê-
micos do mundo. Não é mais possível implantar qualquer projeto ou discutir 
qualquer planejamento sem considerar o impacto sobre o meio ambiente. 
A identificação dos tipos de impactos ambientais de um empreendi-
mento é feita principalmente por estudos de caso, listagem de controles, opi-
niões de especialistas, revisões bibliográficas e matrizes de interação. Após esta 
análise, é possível relacionar com o conhecimento do horizonte temporal e 
prever a duração de determinado impacto. Um determinado impacto pode 
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 36 –
desestruturar a estabilidade do ambiente, podendo ser, em uma escala de tem-
poralidade, imediato, de curta duração, de média duração e longa duração 
– podendo em um mesmo empreendimento ocorrer essas quatro condições 
temporais de impactos ambientais.
O grau de estabilidade alcançado por determinado ambiente ou ecossis-
tema depende de sua história evolutiva. Por exemplo, um ambiente que teve 
maior deposição de matéria orgânica tende a ser mais complexo que outro 
nas mesmas condições climáticas. Em geral, conforme explica Odum (1983), 
os ecossistemas tendem a se tornar mais complexos ao longo do tempo, com 
perturbações aleatórias como, por exemplo, uma tempestade, um ciclone etc. 
Um impacto ambiental, dependendo da magnitude e do tempo de per-
turbação, pode desestabilizar essa dinâmica, afetando sua capacidade de resis-
tência ou de regeneração de processos ecossistêmicos, como trocas de energias 
entre os meios físico e biológico. Assim, um fator ambiental pode ser impac-
tado em uma escala temporal e, dependendo do grau, pode ser mitigado ou 
não. Esse conceito é importante nos estudos de avaliação de impacto ambien-
tal, pois os cenários resultantes poderão auxiliar as tomadas de decisões nos 
processos de licenciamento ambiental. 
2.2.1 Impacto ambiental imediato
O impacto ambiental imediato é determinado quando os efeitos sobre 
o fator ambiental em questão têm curta duração, podendo, conforme o caso, 
ser de até cinco anos (PORTUGAL, 2012). Nessa escala de temporalidade, 
os efeitos dos impactos são sentidos em diversos níveis, como, por exemplo, 
a poeira de um canteiro de obras, que pode ficar em suspensão na atmosfera 
por muitos dias, ou mesmo um ruído de máquinas, que pode ser local ou se 
estender por vários quilômetros, como no caso de explosões de rochas.
Os efeitos deste tipo de impacto em uma dada região ou paisagem 
podem significar sérios riscos para o equilíbrio da dinâmica dos ecossistemas 
naturais, pois estes podem possuir resiliência ou não, deixando-os bem vulne-
ráveis em sua capacidade de autorrecuperação. (ODUM, 1983).
– 37 –
Tipos de impacto ambiental
2.2.2 Impacto ambiental de curta duração
O impacto ambiental de curta duração é determinado quando os efei-
tos sobre o fator ambiental em questão têm duração de cinco a quinze anos 
(PORTUGAL, 2012), Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos 
são sentidos em diversos níveis, como, por exemplo, o descarte de efluentes 
sanitários nos cursos d´água das proximidades do empreendimento durante 
a construção de uma grande obra, como é o caso de ferrovias, estradas de 
rodagem, hidroelétricas etc., que pode durar anos.
O caso da construção de uma estrada de rodagem deve ser muito bem 
planejado em seus cronogramas físicos e financeiros, a fim do cumprimento 
de execução, pois os processos erosivos gerados na movimentação de terras 
ocasionam sérios impactos ambientais para os recursos hídricos – por exem-
plo, o assoreamento de pequenos cursos d´água e soterramentos que afetam 
fragmentos florestais e toda sua biodiversidade. 
2.2.3 Impacto ambiental de média duração
O Impacto ambiental de média duração é determinado quando os efei-
tos sobre o fator ambiental em questão têm duração de quinze a trinta anos 
(PORTUGAL, 2012). Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos 
ambientais são sentidos em diversos níveis, como, por exemplo, as atividades 
minerárias, que desenvolvem por anos até que se esgotem suas reservas e teo-
res. Os recursos minerais são bens esgotáveis, não renováveis; por esse fato, 
tendem há escassez à medida que se desenvolve sua exploração.
O principal impacto ambiental de média duração é o comprometimento 
da autorrecuperação dos ambientes naturais, como no caso de uma área que 
tem seu solo com intensa atividade e, todo o banco de sementes, raízes e 
demais formas de propagação comprometidos, tornando aquela área estéril 
do ponto de vista da biodiversidade e sua regeneração natural.
2.2.4 Impacto ambiental de longa duração
O impacto ambiental de longa duração é determinado quando os efei-
tos sobre o fator ambiental em questão têm duração superior a trinta anos 
(PORTUGAL, 2012). 
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 38 –
Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos ambientais 
podem ser sentidos, como, por exemplo, na perda de qualidade e quantidade 
de água de um manancial de abastecimento público advindo de empreendi-
mento agrícola. Entre os principais impactos de longa duração gerados por 
essa atividade estão:
 2 as inundações e o aumento na média da vazão de pico, devido à 
compactação dos solos; 
 2 sedimentação e aumento no transporte de sedimentos para as 
calhas dos cursos d´água; 
 2 degradação do leito do rio e de seus habitats pela ocupação desor-
denada;
 2 erosão das margens e do leito do rio; 
 2 perda das populações de peixes e de espécies aquáticas sensíveis a 
agroquímicos; 
 2 degradação da paisagem rural; 
 2 aumento da temperatura da água dos cursos d´água devido à ausên-
cia de matas ciliares.
Esquema 3: Impactos ambientais de escala temporal
Empreendimento pretendido
Impacto ambiental imediato
Impacto ambiental de curta 
duração
Impacto ambiental de média
duração
0-5 anos
5-10 anos
15-30 anos
Impacto ambiental de longa
duração Acima de 30 anos
Ambiente impactado
Fonte: o autor.
– 39 –
Tipos de impacto ambiental
2.3 Impactos acumulativos 
A Avaliação de Impacto Ambiental foi introduzida no Brasil por meio 
de instrumentos jurídicos nos anos 1980, e sua prática mais comum ainda é a 
análise no nível de projeto, não se atentando aindapara os chamados efeitos 
cumulativos, mesmo estando previstos na legislação. O grande desafio nos 
processos de licenciamento ambiental no Brasil é definir, de forma padroni-
zada e metodológica, os critérios de impactos acumulativos a serem analisa-
dos nos estudos de impacto ambiental. 
A partir das atividades de um empreendimento podem ser gerados inú-
meros impactos ambientais que, de forma geral, são pontuais, como, por 
exemplo, desmatamentos, extinção da fauna local, mudança de regime hídrico 
de um rio, entre tantos danos ambientais. O que não se tem observado e 
estudado de maneira mais específica e profunda são os efeitos cumulativos 
ao longo do tempo, como, por exemplo, o que determinada ação que está 
gerando um impacto ambiental vem provocando, somando e acumulando 
para o aquecimento global, a perda da biodiversidade, a redução da qualidade 
e quantidade de água de mananciais de abastecimento, a redução da camada 
de ozônio e a desertificação de ambientes produtivos.
No dia a dia das comunidades humanas, estamos acostumados com 
políticas públicas de desenvolvimento econômico na área urbana e rural, 
fomentando sem controle efetivo, por exemplo, aumentos de pátios indus-
triais, lavouras agrícolas, expansão urbana e abertura de vias. Ao longo dos 
anos, essas práticas vêm causando uma série de transtornos locais, regionais 
e até mesmo nacionais, como falta de água para o abastecimento humano e 
perda de produtividade agrícola, ocasionando imigrações humanas.
Neste contexto, os impactos cumulativos começaram a ser mais estuda-
dos nos anos de 80, como comenta Oliveira (2008), citando Spaling e Smit 
(1993), discutindo de que forma eles poderiam ser estudados, avaliados e 
mitigados. 
Em encontros internacionais, diversos pesquisadores debatiam de for-
mas variadas uma definição para impactos cumulativos e, a partir dos anos de 
90, uma definição generalista mais consensual foi anunciada, conforme cita 
Oliveira (2008, p. 76), em que impactos cumulativos são, de forma geral, “o 
resultado líquido de impactos ambientais de diversos projetos e atividades”.
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 40 –
Para Oliveira (2008), impactos cumulativos devem ter uma metodologia 
baseada nos sistemas ambientais, de modo a compreender de forma causal 
as respostas dos fatores ambientais às perturbações geradas, direta ou indi-
retamente, pelas atividades humanas, considerando sua capacidade de assi-
milação (resiliência), sua complexidade organizacional, uma escala temporal 
(passado, presente e futuro), entre outros.
A definição mais detalhada e, de maneira geral, adotada por diversos 
países, deu-se pela Política Nacional Americana de Meio Ambiente (NEPA), 
por meio da norma CEQ 40 CFR 1500, na seção 1508 (1987). Definiu-se 
impacto cumulativo como
[...] o impacto sobre o meio ambiente que resulta do impacto incre-
mental da ação quando adicionado a outro passado, o presente e 
as futuras ações razoavelmente previsíveis, independentemente da 
agência (Federal ou não) ou pessoa que exerça essas outras ações. 
Os impactos cumulativos podem resultar de ações individualmente 
menores mas coletivamente significativas que ocorrem durante um 
período de tempo.1 (NEPA, 1969)
Somada a esta definição, Oliveira (2008) também traz uma discussão 
mais abrangente, em que também ocorrem efeitos cumulativos e consequên-
cias para fatores culturais e socioeconômicos, resultantes dos impactos físicos 
e biológicos, e que devem ser incorporados nos estudos e nas medidas de 
mitigação do dano ambiental.
No contexto jurídico brasileiro, os impactos cumulativos estão descritos 
e têm traçadas suas diretrizes para estudos e avaliação na Resolução 001/86 
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em seu artigo 6.°, 
inciso II, que diz:
1 Cumulative impact is the impact on the environment which results from the incremental 
impact of the action when added to other past, present, and reasonably foreseeable future 
actions regardless of what agency (Federal or non-ederal) or person undertakes such other actions. 
Cumulative impacts can result from individually minor but collectively significant actions taking 
place over a period of time. Fonte: CEQ 40 CFR 1500, na seção 1508, item 7 (1987). Grifo 
nosso. Disponível em: <www.gpo.gov/fdsys/pkg/CFR-2011-title40-vol33/pdf/CFR-2011-ti-
tle40-vol33-sec1508-7.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2016). 
– 41 –
Tipos de impacto ambiental
Art. 6.º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, 
as seguintes atividades técnicas:
[...]
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternati-
vas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação 
da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os 
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indire-
tos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; 
seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgi-
cas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
Com base nessas definições, o processo de identificação de impactos 
ambientais deve ser desenvolvido a partir da análise dos aspectos da atividade 
e dos fatores ambientais impactáveis diagnosticados para a área de estudo a 
longo prazo, incluindo seus efeitos cumulativos.
A função do componente ou do elemento ambiental do ponto de vista 
da sua função específica no funcionamento do sistema ambiental deve ser 
analisada, junto com o componente ambiental, do ponto de vista da cumu-
latividade e da sinergia, considerando: seu estado atual, as transformações 
ocorridas no passado e as tendências que se configuram para o futuro, e além 
de sua capacidade para assimilação de novas transformações ou capacidade de 
autorrecuperação (resiliência). 
Por ser uma análise integrada dos impactos ambientais incidentes em 
uma determinada área, de suas causas reais e de seus efeitos, pode gerar ins-
trumentos de gestão mais efetivos do ponto de vista da definição de respon-
sabilidades e do controle de impactos.
A Avaliação de Impactos Cumulativos reconhece a importância da aná-
lise dos impactos avaliados em um Estudo de Impacto Ambiental tradicio-
nal, porém, os classifica como pouco significativos, mas que, somados aos 
impactos pouco significativos de outros empreendimentos e atividades que 
ocorrem ou que venham a ocorrer na área estudada, podem causar impactos 
significativos sobre o elemento em análise. A Avaliação de Impactos Cumu-
lativos deve ser feita considerando-se de forma integrada os três meios: físico, 
biótico e socioeconômico. 
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 42 –
Para regulamentação e desenvolvimento desses diagnósticos e estudos, o 
Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), 
ligado ao Ministério do Meio Ambiente, publicou a Nota Técnica 10/2012 – 
CGPEG/DILIC/Ibama – Identificação e Avaliação de Impactos Ambientais, 
que busca trazer os conceitos sobre os potenciais de cumulatividade.
Não cumulativo: nos casos em que o impacto não acumula no tempo 
ou no espaço; não induz ou potencializa nenhum outro impacto; não 
é induzido ou potencializado por nenhum outro impacto; não apre-
senta interação de qualquer natureza com outro(s) impacto(s); e não 
representa incremento em ações passadas, presentes e razoavelmente 
previsíveis no futuro (EUROPEAN COMISSION, 2001). (MINIS-
TÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012, p. 12) 
Cumulativo: refere-se à capacidade de um determinado impacto de 
sobrepor-se, no tempo e/ou no espaço, a outro impacto (não neces-
sariamente associado ao mesmo empreendimento ou atividade) que 
esteja incidindo ou irá incidir sobre o mesmo fator ambiental. Con-
forme observado por Sánchez (2006), uma série de impactos irrele-
vantes pode resultar em relevante degradação ambiental se concen-
trados espacialmente ou caso se sucedamno tempo. (MINISTÉRIO 
DO MEIO AMBIENTE, 2012, p. 04)
nos casos em que o impacto incide sobre um fator ambiental que seja 
afetado por outro(s) impacto(s) de forma que haja relevante cumu-
latividade espacial e/ou temporal nos efeitos sobre o fator ambiental 
em questão. 
indutor: nos casos que a ocorrência do impacto induz a ocorrência 
de outro(s) impacto(s). 
induzido: nos casos em que a ocorrência do impacto seja induzida 
por outro impacto. 
sinérgico: nos casos em há potencialização nos efeitos de um ou mais 
impactos em decorrência da interação espacial e/ou temporal entre 
estes. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012, p. 12)
Destaca-se que não necessariamente esta potencialização dos efeitos 
está ligada somente ao empreendimento estudado, mas ao fato de que pode 
influenciar outros na mesma microrregião ou até mesmo em macrorregiões.
– 43 –
Tipos de impacto ambiental
Esquema 4: Exemplo de impacto cumulativo gerado por um impacto ambiental.
Bacia hidrográfica de manancial de abastecimento
Captação de água para abastecimento
EP 01: LR
EP 02: LR
EP 03: LR
EP 04: LR
EP 06: LR
EP 05: LR
IAC 01:
Queda da
qualidade de
IAC 02:
Aumento do custo
de tratamento da
IAC 03:
Redução da
quantidade de
C
ur
so
 d
o 
R
io
Em que:
EP= Empreendimento
LR= Lançamento de resíduos
LC= Empreendimento Licenciado
IAC= Impacto Ambiental Cumulativo
Fonte: Criado a partir do exemplo de Oliveira (2008).
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 44 –
Ampliando seus conhecimentos 
Identificação dos Aspectos Ambientais 
Significativos
Aldina Soares
Diversos conceitos de ambiente 
Para a identificação coerente das interações da organização, 
dos seus produtos e serviços com o ambiente, deve ser pre-
viamente estabelecido por cada organização o conceito de 
“ambiente” que adapta. Segundo a norma ISO 14001 trata-se 
da “envolvente na qual uma organização opera, incluindo o 
ar, água, solo, recursos naturais, flora, seres humanos e as suas 
inter-relações”. 
De um modo geral, o conceito de ambiente incorpora com 
duas envolventes: a natural e a humana, como sistematizado 
na tabela seguinte.
Envolventes do conceito de ambiente e 
os possíveis danos causados sobre cada 
envolvente 
Ambiente Possíveis danos
Envolvente natural
Ecossistemas
Seres vivos
Animais
Plantas
Habitats
Destruição, perda de qualidade ou de uti-
lidade causada ao solo, à água, ao ar ou 
aos ecossistemas.
Lesão, deterioração, enfermidade ou morte 
de animais ou plantas, assim como dete-
rioração ou destruição dos seus habitats, 
ou das condições necessárias para a sua 
reprodução.
– 45 –
Tipos de impacto ambiental
Ambiente Possíveis danos
Envolvente humana
Pessoas individuais
Pessoas em 
sociedade
Lesão corporal, enfermidade, morte, sofri-
mento físico, psíquico ou moral.
É também possível que o conceito de ambiente inclua a en-
volvente econômica, como se faz nos estudos de Avaliação 
de Impacto Ambiental.
Envolvente socioeconômica do concei-
to de ambiente segundo a norma UNE 
150008:2008
Ambiente Possíveis danos
Envolvente socio-
econômica
Valores cultu-
rais, artísticos, 
históricos
Valores patri-
moniais
Destruição, desgaste, rotura ou perda de 
valor de utilidade das coisas (incluindo 
o patrimônio artístico, histórico e cul-
tural) e lesão ou enfermidade ou morte 
causada a animais e plantas considera-
dos como bens pertencentes a pessoas.
Distinção entre atividade e aspecto 
ambiental 
A definição de “aspecto ambiental” constante na norma ISO 
14001, “um elemento das atividades, produtos ou serviços de 
uma organização que possa interagir com o ambiente”, nem 
sempre é bem entendida pelas organizações. Um dos erros 
cometidos está relacionado com a confusão que é muitas 
vezes feita entre o aspecto ambiental e a atividade que lhe 
está associada (ver tabela seguinte). 
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 46 –
Durante a análise de uma atividade, produto ou serviço de 
uma organização devem ser identificadas as suas interações 
com o ambiente, constituindo estes os aspectos ambientais 
de uma organização e não as atividades, produtos e serviços 
em si próprios.
Por exemplo, são aspectos ambientais: o consumo de maté-
rias-primas e recursos naturais, o consumo de energia, as emis-
sões atmosféricas, as descargas de águas residuais, a produção 
de resíduos sólidos, as radiações, o ruído e as alterações da 
paisagem, entre outros.
 
Exemplos corretos e incorretos entre 
atividade e aspecto ambiental 
Atividade/Produto/Serviço Aspecto
Produção de papel Corte de árvores Incorreto
Embalagem Reutilização de papel usado Incorreto
Distribuição com 
veículo automóvel Viagens Incorreto
Embalamento Consumo de papel Correto
Embalagem de cartão Formação de resíduos Correto
Distribuição com 
veículo automóvel Emissões de gases de escape Correto
Distinção de aspecto ambiental direto 
e indireto 
A atividade da organização dentro das suas instalações, ou 
seja “entre portões”, tem associados necessariamente aspectos 
ambientais, mas as atividades, produtos e serviços que ocor-
rem a montante e a jusante da organização e que permitem a 
– 47 –
Tipos de impacto ambiental
sua laboração originam também aspectos ambientais. Os pri-
meiros são considerados os aspectos ambientais diretos e os 
segundos indiretos.
Distinção entre aspectos ambiental e 
impacto ambiental 
Alguma confusão surge também, em muitos casos, na distin-
ção entre aspecto ambiental e impacte ambiental, definido por 
“qualquer alteração do Ambiente, adversa ou benéfica, total 
ou parcialmente resultante das atividades, produtos ou servi-
ços de uma organização” (ISO 14001). Os aspectos ambien-
tais são as causas e os impactes ambientais os seus efeitos 
sobre o ambiente (normalmente danos). 
O impacto ambiental pode ter efeitos no tempo e no espaço 
para além do local e do momento em que ocorre a ação, não 
se limitando ao efeito local e imediato, normalmente descrito 
com a palavra “impacto”. Por exemplo, os impactes ambientais 
podem ocorrer a jusante de uma fonte emissora, podendo ser 
efeitos prolongados e/ou acumuláveis no tempo, reversíveis 
ou irreversíveis.
Categorias de impacto ambiental 
Muitos dos aspectos ambientais provocam efeitos em cadeia. 
Por exemplo, as emissões de CO2 e de outros gases, vul-
garmente designados como “gases com efeito de estufa”. O 
primeiro efeito é a alteração das propriedades de radiação da 
atmosfera. O segundo efeito é a contribuição para as altera-
ções climáticas através da alteração da temperatura na Terra. E 
como consequência final, é previsível a degradação das condi-
ções globais da vida na Terra. Uma das dificuldades é encon-
Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental
– 48 –
trar forma de descrever todos estes efeitos. Uma alternativa 
simplificada é definir categorias de impactos ambientais e a sua 
simples nomeação significa que se incluem todos os efeitos 
associados, por exemplo a categoria “alterações climáticas”.
Distinção entre aspecto ambiental e 
perigo ambiental 
Perigo ambiental é um aspecto ambiental que pode ocorrer em 
determinadas circunstâncias e caso ocorra gera danos ambientais. 
Perigo ambiental é definido por analogia com a definição de 
perigo em segurança, como consta nas normas BS OHSAS 
18001:2007 e NP 4397:2008, onde o perigo é entendido 
como “fonte ou situação com um potencial para o dano...”.
Distinção entre impacto ambiental e 
risco ambiental 
O impacto é um dano ambiental resultante de um aspecto 
que ocorre com uma frequência que se pode concretizar. 
O risco ambiental é também um dano, mas provocado por 
um aspecto ambiental com potencial de ocorrer (um perigo 
ambiental). Ou seja, um risco ambiental

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