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AVALIAÇÃO DE IMPACTO E LICENCIAMENTO AMBIENTAL Amilcar Marcel de Souza G es tã o A V A L IA Ç Ã O D E I M P A C T O E L IC E N C IA M E N T O A M B IE N T A L A m ilc ar M ar ce l d e S ou za O modelo de desenvolvimento adotado em todas as partes do mundo vem gerando impactos ambientais significativos, comprometendo a sustentabilidade e a qualidade de vida de muitas populações. Tendo como efeitos diretos dessa forma de desenvolvimento as mudanças climáticas, a crise hídrica, a deserti- ficação e outras consequências, os países vêm desenvolvendo estratégias de monitoramento e controle da degradação ambiental. Este livro focará em trazer definições e conceitos relevantes para o tema, apresentando e descrevendo o histórico dos estudos de avaliação de impacto ambiental no Brasil. 9 7 8 8 5 3 8 7 6 1 7 0 9 Hwpfcèçq"Dkdnkqvgec"Pcekqpcn KUDP";9:/:7/5:9/8392/; Amilcar Marcel de Souza IESDE BRASIL S/A Curitiba 2016 Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ S715a Souza, Amilcar Marcel de Avaliação de impacto e licenciamento ambiental / Amilcar Marcel de Souza. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2016. 220 p. : il. ; 21 cm. ISBN 978-85-387-6170-9 1. Mudanças climáticas. 2. Mudanças ambientais globais. 3. Meio ambiente. 3. Impacto ambiental. 4. Desenvolvimento sustentável. I. Título 16-33426 CDD: 363.7 CDU: 502.1 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. © 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Produção FAEL Direção de Produção Fernando Santos de Moraes Sarmento Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão IESDE Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Evelyn Caroline dos Santos Betim Imagem capa Shutterstock.com/bioraven Arte-final Evelyn Caroline dos Santos Betim Sumário Carta ao Aluno | 5 1. Conceito e definições de Avaliação de Impacto Ambiental | 7 2. Tipos de impacto ambiental | 31 3. Política nacional de Meio Ambiente | 51 4. AIA no Brasil | 71 5. Estudos, planos e relatórios ambientais previstos na legislação brasileira | 91 6. Métodos de avaliação de impacto ambiental | 111 7. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) | 131 8. Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) | 151 9. Licenciamento ambiental | 173 Gabarito | 197 Referências | 203 Carta ao aluno Este material tem o objetivo de instrumentalizar o aluno para o tema Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental, muito importante para o seu curso e para sua formação acadêmica. O modelo de desenvolvimento adotado em todas as partes do mundo vem gerando impactos ambientais significativos, compro- metendo a sustentabilidade e qualidade de vida de muitas popula- ções. Tendo como efeitos diretos dessa forma de desenvolvimento as mudanças climáticas, a crise hídrica, a desertificação e outras consequências, os países vêm desenvolvendo estratégias de monito- ramento e controle da degradação ambiental. Entre essas estratégias estão os ordenamentos jurídicos mais restritivos associados aos pro- cedimentos técnicos, como é o caso dos processos de licenciamento ambiental no Brasil. – 6 – Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental Esta disciplina é muito importante neste contexto, pois os estudos de avaliação de impactos ambientais, bem como o processo de licenciamento ambiental no Brasil, já estão bem estabelecidos e consolidados quanto à sua importância para os empreendedores, os órgãos ambientais competentes e as instituições financeiras nacionais e internacionais, em razão da necessidade de emissão de licenças ambientais, e por subsidiar tomadas de decisões. Este livro focará em trazer definições e conceitos relevantes para o tema, apresentando e descrevendo o histórico dos estudos de avaliação de impacto ambiental no Brasil, as tipologias de impactos e licenças ambientais, os méto- dos e procedimentos de avaliação de impactos e as características dos meios biótico, físico e socioeconômico que são os pontos focais dos estudos, Por fim, o livro traz dois estudos de casos reais e contemporâneos, que possibilita- rão ao aluno se aprofundar e se qualificar profissionalmente. Conceito e definições de Avaliação de Impacto Ambiental O termo “meio ambiente” está na moda e vem sendo utilizado com diversas finalidades, nos mais diferentes segmentos da sociedade. As razões desta “preocupação” com o ambiente variam da consciência da sociedade perante os problemas ambientais que vêm atingindo a humanidade até o modismo. Nesta aula serão apresentados, de forma técnica e embasada, os conceitos de ambiente, impacto ambiental e Avaliação de Impacto Ambiental. Aqui serão apresentadas as princi- pais discussões conceituais da literatura especializada que são ampla- mente debatidas no meio acadêmico, bem como as definições e os instrumentos jurídicos brasileiros acerca dos temas. 1 Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 8 – 1.1 O conceito de ambiente As questões ambientais têm sido a grande preocupação de todas as comunidades do nosso planeta nas últimas décadas, seja pelas mudanças pro- vocadas pela ação do ser humano no ambiente natural, seja pela resposta que a natureza dá a essas ações – como, por exemplo, mudanças climáticas, crise hídrica, desertificação, poluição dos oceanos etc. Esse tema é pauta das prin- cipais conferências internacionais, como as conferências do clima e do meio ambiente e os fóruns econômicos e sociais. Neste sentido, o conceito de ambiente admite múltiplas interpretações e tem sido amplamente discutido nos meios técnicos, científicos, jurídi- cos e políticos. Freitas (2001) traz uma observação importante, em que a expressão meio ambiente, adotada no Brasil, é criticada pelos estudiosos pois meio e ambiente, no sentido enfocado, significam a mesma coisa. Logo, tal emprego importaria em redundância. Um exemplo dessa discussão é que, na Itália e em Portugal, usa-se apenas a palavra ambiente. Conforme Sánchez (2013), o conceito de “ambiente” na área de gestão ambiental é amplo, multifacetado e maleável. O ambiente pode ser amplo, pois pode incluir tanto os recursos naturais como a sociedade. Por outro lado, pode ser multifacetado, porque pode ser apreendido sob diferentes formas. Por fim, maleável porque, ao ser amplo e multifacetado, pode ser reduzido ou ampliado de acordo com as necessidades envolvidas na análise. As contribuições especializadas aos estudos ambientais são, muitas vezes, divididas em três grandes grupos referidos como meios: físico, bió- tico e antrópico, cada um deles agrupando o conhecimento de diversas disciplinas afins. De acordo com esses grupos, conforme Sánchez (2013, p. 21), por um lado, “ambiente é o meio de onde a sociedade extrai os recursos essenciais à sobrevivência e os recursos demandados pelo processo de desen- volvimento socioeconômico.” Esses recursos são geralmente denominados naturais. Por outro lado, o mesmo autor comenta que [...] o ambiente é também o meio de vida, de cuja integridade depende a manutenção de funções ecológicas essenciais à vida. Desse modo, emergiu o conceito de recurso ambiental, que se refere não mais somente à capacidade da natureza de fornecer recursos físicos, mas também de prover serviços e desempenhar funções de suporte à vida. (SÁNCHEZ, 2013,p. 21) – 9 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental Desta forma, o conceito de ambiente permeia entre dois campos, sendo o campo de matéria-prima e fornecedor de recursos naturais às necessidades do ser humano e o campo de meio de vida, tendo como ponto comum uma mesma realidade. Ambiente não se define somente como um meio natural intacto e com necessidades exclusivas de conservação e preservação, mas tam- bém como fonte potencial de recursos naturais que permite oferecer matéria para os desenvolvimentos tecnológico e social. A primeira vez que a expressão “meio ambiente” (milieu ambiance) foi utilizada, como menciona Silva (2009), citando Vladimir Passos de Freitas (2001, p. 17), foi em 1835 pelo naturalista francês Geoffrey de Saint-Hilaire, em sua obra Études progressives d´un naturaliste, em que milieu significa o lugar onde está ou se movimenta um ser vivo e ambience indica tudo que está à sua volta. Silva (2009), citando Edgar Morin (1988), comenta que, de forma geral, ambiente é o conjunto de agentes presentes na Terra que agem de forma constante sobre os seres vivos, devendo estes se adaptar, relacionar-se e interagir para sobreviver. No meio jurídico é difícil definir meio ambiente, pois como bem lem- bra Edis Milaré (2003, p. 165), “o meio ambiente pertence a uma daquelas categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído que definível, em vir- tude da riqueza e complexidade do que encerra”. Em 1981, o conceito legal sobre meio ambiente no Brasil surgiu, pela primeira vez, no que dispõe o art. 3.º, inciso I, da Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, dizendo que meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Esta definição tem trazido inúmeras discussões, pois seu foco está em um conceito restrito ao meio ambiente natural, sendo incompleto e inade- quado para a realidade brasileira, pois não abrange de maneira mais profunda todos os bens jurídicos protegidos – como, por exemplo, o patrimônio cultu- ral e histórico. Conforme comenta José Afonso da Silva, o conceito de meio ambiente deve ser abrangente e globalizante, [...] abrangente de toda a natureza, o artificial e original, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turís- tico, paisagístico e arquitetônico. (2004, p. 20) Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 10 – Buscando ocupar essas lacunas, a Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 225, traz que o conceito de meio ambiente enquanto bem jurídico tutelado compreende três aspectos principais e dois comple- mentares. Entre os principais estão o natural, o artificial e o cultural; entre os secundários, o meio ambiente do trabalho e patrimônio genético: 2 Meio ambiente natural – é constituído por solo, água, ar atmosférico, flora e fauna. São todas as interações dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que ocupam. 2 Meio ambiente artificial – é constituído pelo espaço urbano (incluindo edificações), rural e construído/manejado, e também por todas suas inter-relações humanas. 2 Meio ambiente cultural – considera-se o patrimônio cultural nacio- nal, incluindo as relações culturais, turísticas, arqueológicas, paisagís- ticas e naturais. 2 Meio ambiente do trabalho – previsto no artigo 200, inciso VIII, da CF/88, é o local onde homens e mulheres desenvolvem suas ati- vidades laborais. Deste modo, para que este local seja considerado adequado para o trabalho, deverá apresentar, além de condições salubres, ausência de agentes que coloquem em risco o corpo físico e a saúde mental dos trabalhadores. 2 Patrimônio genético – é toda informação de origem genética, con- tida em amostras do todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal, na forma de moléculas e substâncias prove- nientes do metabolismo destes seres vivos e de extratos obtidos destes organismos vivos ou mortos. Dentro do tema Avaliação de Impacto Ambiental, é importante abordar- mos algumas definições de ambiente, pois são inúmeras as interpretações exis- tentes sobre esse conceito. Somando aos conceitos jurídicos apresentados, do ponto de vista das ciências naturais podemos destacar algumas definições que são amplamente utilizadas em estudos sobre Avaliação de Impactos Ambientais. – 11 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental Para Odum e Barrett (1983), ambiente são os organismos vivos e seu ambiente inerte (abiótico) que estão inseparavelmente ligados e interagem entre si. Isto é, trata-se de qualquer unidade que inclua a totalidade dos orga- nismos, ou seja, as comunidades de uma área determinada (abrangência geo- gráfica definida) interagindo com o ambiente físico de forma que a corrente de energia produza cadeia trófica, diversidade biológica e ciclos de materiais (troca de matérias entre as parte vivas e não vivas). O conceito de ambiente segundo Santos (1996) está relacionado com a base física e material da vida, ou seja, abrange a camada de vida que envolve a Terra, denominada biosfera, e a atmosfera. Constitui, portanto, condições externas e influências, afetando a vida, a totalidade do organismo das socieda- des ou a infraestrutura dos ecossistemas e biótica, que é responsável pela sus- tentação e sobrevivência das relações das populações de todas as formas de vida. Somando com os autores citados acima, Gliessman (2000) aponta que o ambiente de um ser vivo pode ser caracterizado como a totalidade das influências das forças e fatores externos, tanto biológicos quanto abió- ticos, que afetam seu desenvolvimento, seu crescimento, sua estrutura e sua reprodução. O ambiente no qual um determinado ser vivo ocorre geografi- camente necessita ser compreendido como um local dinâmico, em constante mudança, influenciado por todos os fatores ambientais em interação – como, por exemplo, as relações de presa-predador, os dispersores de sementes, os efeitos das condições climáticas etc. Por outro lado, outros autores consideram que o ambiente não se resume ao físico e suas relações com o meio biológico, pois ela é, antes de tudo, um resultado da visão que o ser humano tem dela no tempo e no espaço (Lenoble, 1969) e que o meio ambiente não possui um sentido estático, pois os seres vivos têm uma relação dinâmica com os seres não vivos. A ideia de relações dinâmicas também foi abordada por James Lovelock em estudos realizados para a NASA em 1970, com o objetivo de encon- trar vida em outros planetas, tendo como um dos métodos a comparação da atmosfera de outros planetas, especialmente de Marte e Júpiter, com a da Terra. Nesta experiência, chegou-se à conclusão de que a vida não existia onde Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 12 – a atmosfera estava muito perto de um total equilíbrio, diferente da Terra, que é instável e reflete as trocas gasosas entre a atmosfera e os organismos vivos. Ambiente ainda pode ser definido, segundo Tostes (1994), como toda e qualquer inter-relação abrangendo as relações em suas multiplicidades. O autor ainda comenta que ambiente é especialmente a relação entre os seres humanos e os elementos naturais (o ar, a água, o solo, a flora e a fauna), bem como suas próprias relações sociais, culturais, históricas e políticas. A rela- ção de forma múltipla e complexa potencializa e fomenta a biodiversidade que está presente nos mais variados ambientes, sejam eles naturais, artificiais e/ou culturais, em todas as partes da Terra. Os seres vivos e os não vivos, quando estiverem isolados, não formarão meio ambiente, pois não estariamformando relações. Ainda a definição de Meyer-Abich (1993) comenta que ambiente pode ser denominado como “mundo conatural”, ou seja, cada espécie distribuída em uma região geográfica depende de determinado número de elementos específicos de recursos naturais (e que no seu conjunto são indissociáveis e indispensáveis à sobrevivência de cada uma), portanto, necessitam da inter- -relação entre seres biológicos e abióticos. Ao analisar essas diversas definições de ambiente, é possível verificar que elas possuem pontos em comum e assemelham-se. Entretanto, elas se contrapõem ao que é adotado e bem característico nas políticas ambientais contemporâneas, que têm foco altamente antropocêntrico e somente preocu- pam-se com os elementos do ambiente necessários à sobrevivência da espécie humana, não valorando bens e serviços ambientais que aparentemente não ofereçam, diretamente, algum benefício. As referidas políticas públicas têm sido marcadas por interesses de grandes grupos econômicos, por não contem- plarem planejamentos a médio e longo prazo de uso sustentável dos recursos naturais e pelo não reconhecimento de que a preservação do ambiente está ligada às inter-relações de cada espécie, e essas aos elementos abióticos. Os valores antropocêntricos sobre o ambiente vêm se tornando uma das principais causas da degradação ambiental; nota-se pelo uso dos recursos naturais a todo custo, fato que tem sido identificado por estarmos vivendo sob as regras de uma ética antropocêntrica. – 13 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental A visão antropocêntrica ofusca a visão de um ambiente dinâmico, e pode- se perceber, conforme Ehrenfeld (1993), que o ambiente está ligado direta e profundamente com o conhecimento e a cultura – especialmente as tradicio- nais e locais. Podemos ter como exemplo a percepção de uma pessoa, parte de uma pequena comunidade que vive em uma floresta tropical na Amazônia, tendo ao seu redor a maior biodiversidade da Terra e convivendo com todas essas espécies de forma sábia e tranquila. Por muitas gerações, essa pessoa as utiliza de maneira tradicional como sustento para sua família. Por outro lado, uma pessoa que esteja habituada com a vida urbana, quando estiver neste ambiente de floresta tropical, não perceberá todas as formas de vida ao seu redor e, por muitas vezes, não irá se adaptar devido medo e desconforto. 1.2 O conceito de impacto ambiental A superfície de áreas degradadas está aumentando a cada dia no mundo, a uma velocidade muito acelerada. Riquezas da fauna e flora e culturais são perdidas, restando somente em relatos ou lembranças dos antigos. O surgi- mento de problemas socioambientais (como ameaça à sobrevivência da vida na Terra) é um fenômeno relativamente novo para a humanidade. À medida que o ser humano se distanciou dos processos naturais, passou a encarar o ambiente não mais como um todo em equilíbrio, mas como uma gama de recursos disponíveis. Essa forma de relação está provocando profundas alterações nos ambien- tes naturais, que também estão sujeitos a alterações naturais. Uma importante diferença entre as duas formas de alterações é que as humanas acontecem de maneira muito rápida, enquanto as naturais se processam em escalas tempo- rais muito lentas. Essas alterações provocadas pelos seres humanos, advindas de suas ati- vidades, têm como consequência os impactos ambientais, que podem ser de grandezas diferenciadas – como, por exemplo, a construção de uma hidroelé- trica, que gera um grande impacto ambiental e de forma significativa, e a construção de uma pequena ponte ligando dois bairros em uma cidade, que gera um pequeno impacto. Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 14 – No Brasil, dentro deste contexto, a análise de potenciais impactos ambientais provenientes de atividades humanas surgiu pela primeira vez a partir do Decreto-Lei 1.413/75, do Governo Federal. O referido diploma legal introduziu em nosso ordenamento jurídico o zoneamento das áreas crí- ticas de poluição. No início da década de 80, somente se exigia o Estudo de Impacto Ambiental para a instalação de polos petroquímicos, cloroquímicos e carbo- químicos, instalações nucleares e outras, definidas em lei, para zoneamento estritamente industrial em áreas críticas de poluição. O instrumento legal era a Lei 6.803/80, que estabeleceu de forma clara e precisa a necessidade da avaliação do impacto ambiental dos empreendimentos industriais. Um ano mais tarde, por meio da Lei 6.938/81, fomentada em razão dos altos índices de poluição verificados em centros industriais como Cuba- tão, no estado de São Paulo, e Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, mar- cou-se uma mudança significativa e qualitativa no sistema legal de proteção ambiental, pois buscou-se criar um sistema estruturado e organicamente coe- rente de medidas a serem adotadas para alcance dos objetivos fixados naquele texto normativo. A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), por força da Lei 6.938/81, foi elevada à condição de instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9, III). A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (6.938/81) fez avançar, de forma significativa, a gestão ambiental no Brasil, principalmente no que se refere ao licenciamento ambiental, tendo como grande resultado a previsão da Avaliação de Impactos Ambientais, ainda que de forma genérica, em rela- ção à Lei do Zoneamento Industrial, pois esta se limitava a contemplar o EIA tão somente para atividades industriais. A regulamentação da referida lei foi feita por Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (Resolução 001/86), que foi e ainda é muito criticada por juristas e técnicos da área, que consideram como adequados para se ter segurança jurídica a regulamentação por decretos ou leis. De acordo com a Resolução 001/86 do CONAMA, impacto ambiental pode ser definido como: – 15 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental Art. 1.º Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, 1986) Conforme o inciso II do artigo 6.º desta Resolução, o impacto ambien- tal pode ser positivo ou negativo, podendo proporcionar ônus ou benefícios sociais. Após a publicação da referida resolução, as avaliações de impactos ambientais começaram a ser concretizadas, especialmente em grandes obras. Os principais impactos ambientais previstos na Resolução 01/86 do Conama são: 2 Recursos hídricos – afetam quantidade, qualidade, acesso e sazo- nalidade; 2 Fauna – afetam a população, bem como seu fluxo gênico e seus hábitats; 2 Flora – afetam a composição e densidade da vegetação natural, produtividade, espécies chaves e conectividade entre ambientes; 2 Saúde – afetam a proliferação de vetores e patogenias; 2 Solos – afetam e provocam erosões, perdas de produtividade agrícola, aumento da salinidade e perda de nutrientes; 2 Ecossistemas especiais – afetam ecossistemas vulneráveis e com baixa resiliência (baixa capacidade de autorrecuperação). Os impactos ambientais possuem dois atributos principais: a magni- tude e a importância. A magnitude é a grandeza de um impacto em termos, podendo ser medida a alteração no valor de um fator de interesse – como, por exemplo, a velocidade da correnteza de um rio antes e depois do impacto ambiental. Por meio de diversos métodos, o impacto ambiental deverá ser medido com indicadores quantitativos ouqualitativos dos meios físico, bió- tico e socioeconômico. Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 16 – A importância é a medida do nível de significação de um impacto em relação ao fator ambiental afetado e a outros impactos como, por exemplo, a mineração de determinada área que gera a extinção de uma espécie endêmica, resultado da ação do impacto ambiental. Assim, mesmo com uma magnitude pequena, ou seja, que tenha ocorrido em uma pequena área, os impactos podem ter elevada importância. Os impactos ambientais podem ser múltiplos e gerados por ações dos seres humanos, sendo importante conhecer suas diversas características. a) Características de valor: 2 impacto positivo ou benéfico – quando uma ação resulta na melho- ria da qualidade ambiental, podendo ser de um ou mais indicado- res, como, por exemplo, o aumento da vegetação natural em uma determinada região proveniente de projetos de restauração florestal; 2 impacto negativo ou adverso – quando a ação resulta em um dano à qualidade ambiental, podendo ser de um ou mais indicadores, como, por exemplo, a mortandade de peixes em um determinado rio localizado nas proximidades da ação em questão. b) Características de ordem: 2 impacto direto – são as modificações ambientais que exibem uma relação inicial, de primeira ordem, com um fator importante. Por exemplo, uma mortandade de peixes devido a um derrame de pro- duto tóxico num rio; 2 impacto indireto – quando uma ação induzida desencadeia uma sequência de modificações de segunda ordem. Por exemplo, as chu- vas ácidas, que têm sua origem na poluição atmosférica por óxidos de enxofre, nitrogênio e outros elementos químicos. c) Características espaciais: 2 impacto local – quando a ação afeta apenas o próprio local e as proximidades; 2 impacto regional – quando um efeito se propaga por uma área além das imediações do local onde se dá a ação; – 17 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental 2 impacto estratégico – quando é afetado um componente ambien- tal de importância coletiva ou nacional. d) Características temporais ou dinâmicas: 2 impacto imediato – quando o efeito surge no instante em que se executa a ação. Como já citado, a mortandade de peixes advindos de produtos tóxicos da ação é um exemplo; 2 impacto a médio ou longo prazo – quando o efeito se manifesta depois de decorrido certo tempo após a ação. Por exemplo, a eutro- fização de cursos d´água decorrentes da deposição de fertilizantes de áreas agrícolas e carreados para os rios por enxurradas de chuva; 2 impacto temporal – quando o efeito permanece por um tempo determinado após a execução da ação como, por exemplo, o período de adaptação de ecossistemas represados; 2 impacto permanente – quando, uma vez executada a ação, os efei- tos não cessam de se manifestar num horizonte temporal conhe- cido. Por exemplo, a modificação do leito de um rio. Considerando essas características, pode-se notar que elas são interligadas e, conforme o grau do impacto em sua magnitude, importância e ações de mitigação e compensação a serem desenvolvidas após a execução da ação, os impactos ambientais podem ser revertidos conforme a possibilidade de o fator ambiental afetado retornar às suas condições originais. Entre os impactos totalmente irreversíveis e os reversíveis existem infinitas gradações. A reversão de um fator ambiental às suas condições anteriores pode ocorrer naturalmente ou como resultado de uma intervenção do ser humano. Vale ressaltar que uma característica importante dos impactos ambientais é que ocorre uma desigualdade nos resultados da ação conforme a distribuição social, uma vez que, de forma geral, a classe mais pobre sempre tem sido a mais afetada, como, por exemplo, por meio da redução de acesso a água potável, da reacomodação habitacional em áreas urbanas periféricas e da perda de identi- dade com seu local de origem. A CF/88 significou uma profunda mudança na natureza jurídica do Estudo de Impacto Ambiental. Atualmente, o EIA é instituto constitucional Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 18 – cuja importância vem aumentando, especialmente após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1992 (Rio/92). A Carta Magna, dedicando capítulo próprio ao meio ambiente, elevou-o à categoria de bem de uso comum do povo, considerando-o essencial à qualidade de vida e incum- bindo ao Poder Público e à coletividade o dever de preservá-lo e defendê-lo para as presentes e futuras gerações. Para assegurar o direito fundamental de todos ao meio ambiente ecolo- gicamente equilibrado (CF/88, art. 5.º, LXXIII), a Lei Maior encarregou ao Poder Público (em suas três esferas: federal, estadual e municipal) o papel de exigir o EIA para a instalação de obra ou atividade com potencial de causar degradação ambiental significativa, devendo, inclusive, assegurar a sua publici- dade (art. 225, §1.º, IV). Dessa forma, os parâmetros previstos na Constituição não determinam penalidades ou sanções, mas oferecem diretrizes para o legislador infraconstitu- cional, que efetivamente tem poderes para criar normas com poder coercitivo suficiente para tornar possível a proteção ambiental. Com a prerrogativa de o direito de todos não ser exclusivamente a pro- teção do meio ambiente em si ou de determinado ambiente, mas sim o equi- líbrio ecológico e a qualidade do ambiente, consideram-se essas qualidades como o bem da vida a ser tutelado, definido pela Constituição da República como “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” (BRASIL, 1988). Entretanto, foi somente a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a Eco/92, que estados e municípios maiores começaram a criar instrumentos legais acerca do tema, dando mais especificidade e argumentação técnica para os estudos de impacto ambiental, que por muitas vezes eram sub- jetivos, especialmente em pequenas obras. 1.3 Os objetivos da Avaliação de Impacto Ambiental No Brasil, o progresso do arcabouço jurídico institucional tem sido rele- vante. Alguns marcos jurídicos importantes reforçaram, na década de 90, a base legal da gestão ambiental, além dos princípios e objetivos da Política – 19 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental Nacional do Meio Ambiente, que havia sido estabelecida em 1981. A CF/88 já os havia confirmado, consagrando a exigência de estudos prévios de ava- liação de impacto ambiental para a implantação de atividades e obras que afetem o meio ambiente. A avaliação de impacto ambiental é um instrumento cujo objetivo limita- -se a subsidiar as decisões de aprovação de projetos de empreendimentos indi- viduais, e não os processos de planejamento e as decisões políticas e estratégicas que os originam. Antunes (2011) complementa que a Avaliação de Impacto Ambiental é um procedimento que tem por objetivo examinar os resultados de empreendimentos e atividades sobre o meio ambiente antes de se tomar qualquer decisão de outorgar a licença de instalação e execução que possa tra- zer riscos significativos de degradação da qualidade do meio ambiente. Nesse sentido, Sánchez (2008) comenta que, para a realização da Ava- liação de Impacto Ambiental, é necessário seguir metodologias que se apli- quem ao empreendimento estudado, como, por exemplo, se ocorrerá desma- tamento. Em caso positivo, é necessário fazer um estudo detalhado da flora da região afetada, a fim de subsidiar informações para a elaboração de projetos de recuperação dessas florestas como medida de mitigação e compensação ambiental. Desta maneira, para cada fator ambiental a ser afetado deve ser realizada uma série de atividades sequenciais e procedimentos organizados de maneira lógica, a fim de subsidiar com informações as tomadas de decisões a respeito do empreendimentoanalisado. Os impactos ambientais começaram a ser sentidos de maneira global no Pós-Segunda Guerra Mundial, quando a expansão e o desenvolvimento econômico começaram a percorrer diversas partes do mundo, fomentando conflitos sociais e aumentando a pressão sobre os recursos naturais. Em poucas décadas foi possível observar que eram muitos os sintomas que indicavam que este modelo desenvolvimentista econômico não era sus- tentável, como bem lembra Santos (2010), sobre o nível de exploração ter ultrapassado a capacidade de recuperação da natureza, colocando em risco a continuidade do desenvolvimento econômico e social. Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 20 – Nesse período ocorreram alguns eventos importantes que atraíram a atenção da sociedade global para a necessidade de uma regulamentação mais eficaz de proteção ao meio ambiente, como, por exemplo, a publicação do livro de Rachel Carson, em 1962, intitulado Silent Spring (Primavera Silen- ciosa), que apresentou a grande mortandade de aves e peixes em rios nos Esta- dos Unidos, provenientes do alto uso de agroquímicos nas lavouras agrícolas. (BELTÃO, 2008). Neste contexto, em 1968 o Relatório Meadows, conhecido como Rela- tório do Clube de Roma, sinalizou a necessidade de a humanidade rever seus conceitos de desenvolvimento, pois os impactos nos recursos naturais estavam se tornando de grande magnitude e importância global. Assim, conforme comenta Milaré (2011), a Avaliação de Impacto Ambiental surgiu pela primeira vez como instrumento jurídico de gestão ambiental nos Estados Unidos da América, a partir da promulgação do National Environmental Policy Act – NEPA (Lei da Política Nacional Ame- ricana do Meio Ambiente), em 1969. Entretanto, somente 20 anos depois da realização da Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente de 1972, em Estocolmo (Suécia), a Avaliação de Impacto Ambiental ganhou repercussão internacional, na Con- ferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desen- volvimento de 1992, no Rio de Janeiro, a Eco/92. A Avaliação de Impacto Ambiental se tornou um princípio ambien- tal concretizado em tratados internacionais (Princípio 17 da Declaração do Rio/92), estabelecendo, conforme a referida Declaração, que a AIA é um ins- trumento nacional para efetuar atividades planejadas de cunho social, econô- mico e ambiental que possam vir a ter impacto adverso sobre o meio ambiente. Disposições legais para avaliação de impactos ambientais vieram a nível estatual pela primeira vez no Brasil em 1977, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, que se adiantaram em relação à legislação federal. O caso do Rio de Janeiro teve maior interesse, pois a origem da AIA no estado estava ligada à implementação de um sistema estatual de licenciamento de fontes poluidoras. A partir dessa experiência pioneira, mais tarde foi regulamentado o estudo de – 21 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental impacto ambiental no país (MOREIRA, 1988; SANCHÉZ, 2008). Santos (2013) relembra que a avaliação de impacto ambiental passa a fazer parte definitivamente do ordenamento jurídico nacional em 1981, a partir da apro- vação da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981. O Brasil tem uma posição de vanguarda nas discussões de políticas públi- cas a respeito do meio ambiente, mesmo que ainda exista o pensamento de que muito ainda deve ser feito. Conforme menciona Santos (2013), a CF/88 foi a primeira no mundo a inscrever a obrigatoriedade da AIA em nível cons- titucional, incorporando e fortalecendo essa modalidade no seu artigo 225. (CARVALHO; LIMA, 2010). Dentro das determinações legais, o processo de AIA deve desenvolver e executar estudos de impacto ambiental sobre o empreendimento preten- dido (STAMM, 2003). Os resultados devem contemplar estudos dos meios físicos, bióticos e socioeconômicos. São estudos complexos e que constituem a principal base para a análise da viabilidade ambiental da ação proposta e tomada de decisão (DIAS, 2001), devendo ser abordados: a vida selvagem, as espécies ameaçadas de extinção, a vegetação nativa e exótica, as características do solo, a drenagem natural, as águas subterrâneas, ruídos, a pavimentação, a recreação, a qualidade do ar, o comprometimento estético da paisagem, a saúde e a segurança, os valores econômicos, a saúde publica, os serviços públicos, a compatibilidade com planos regionais e demais indicadores de interesse específico. Na área técnica, a avaliação de impacto ambiental pode ser definida, segundo Bolea (1984), citado por Pimentel e Pires (1992, p. 56), como “estudos realizados para identificar, prever, interpretar e prevenir os efeitos ambientais que determinadas ações, planos, programas ou projetos podem causar à saúde, ao bem-estar humano e ao ambiente”, incluindo alternativas ao projeto ou ação e pressupondo a participação da sociedade. Entre os objetivos, a avaliação tem como principal a obtenção de infor- mações sobre os impactos ambientais por meio de exame sistemático, para submetê-las às autoridades e à opinião pública a partir de consultas públi- cas, com a finalidade essencial de prevenir os impactos ambientais negativos Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 22 – decorrentes da ação proposta e suas alternativas, bem como maximizar os eventuais benefícios. A Avaliação de Impactos Ambientais não é um instrumento de decisão, mas sim de fornecimento de subsídios para o processo de tomada de decisão dos órgãos ambientais licenciadores do Poder Federal, Estadual e Municipal, conforme o tamanho do empreendimento. De acordo com Costa, Chaves e Oliveira (2005), o propósito principal é levantar e organizar informações por meio da análise sistemática das atividades do projeto, permitindo potenciali- zar os benefícios socioambientais A partir de modelos matemáticos analíticos, estudo de padrões de dis- persão de poluentes, modelos físicos em escala reduzida, análises estatísti- cas apuradas e técnicas de avaliação da paisagem, a Avaliação de Impacto Ambiental constitui-se num instrumento altamente relevante na avaliação preliminar. Com o conhecimento acerca da realidade local e regional, é pos- sível promover a discussão e a análise imparcial dos impactos positivos e negativos de uma proposta. Essas informações, apresentadas publicamente de forma detalhada e com embasamento técnico e científico, contribuem de maneira significativa para reduzir os conflitos de interesses de diferentes gru- pos e atores sociais envolvidos, tornando-se um instrumento de subsídio para tomada de decisões. Para atender a esses objetivos e a essas funções, a execução dos estudos para uma AIA se desenvolve, de modo geral, segundo as seguintes fases: 2 Identificação – são caracterizados a ação proposta e o ambiente a ser afetado. Nesta fase devem ser feitas a identificação das ações e dos impactos a serem investigados, a análise das relações entre os fatores ambientais, a definição de indicadores ambientais e a medi- ção dos impactos; 2 Predição – é feita a predição das interações entre fatores e da mag- nitude e importância dos impactos; 2 Avaliação – é feita a interpretação, a análise e a avaliação. Nesta fase, são atribuídos aos impactos ou efeitos os parâmetros de importância ou de significância, sendo comparadas e analisadas algumas alternativas. – 23 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental Esse processo deve ser retroalimentado com informações até que se esgotem as possibilidades para o que se pretende alcançar, ou seja, os estudos devem passar por sucessivas análises com equipes multidisciplinares, sendo reintroduzidas informações que sejam pertinentes, sempre com a finalidade de obter da melhor informação com fins de subsídio para a tomada de decisões. Neste sentido, para a Avaliaçãode Impactos Ambientais existem diversos métodos de avaliação e ferramentas de identificação dos impactos causados ao ambiente pelo desenvolvimento de um projeto. São instrumentos usados para coletar, comparar e organizar informações qualitativas e quantitativas sobre os impactos ambientais. Como cada método tem uma aplicação definida, ele deve ser escolhido de acordo com o caso a ser estudado. Entretanto, o primeiro documento a ser produzido para a definição da metodologia é o Plano de Trabalho, que deverá ser apresentado pelo empreendedor interessado aos órgãos ambientais competentes para emissão do licenciamento ambiental. Qualquer que seja o método utilizado, é necessário que sua aplicação seja complementada com uma descrição detalhada dos impactos sobre os meios físico, biológico e antrópico. É importante ressaltar que não existe um único método que possa ser adotado para a avaliação de impacto de qualquer tipo de proposta (ou que sirva para todas as fases de um estudo), mas a escolha do método deve atender aos requisitos e normas legais estabelecidos, o tempo e os recursos técnicos e financeiros disponíveis para a execução do estudo. É importante registrar a necessidade de se incorporar a questão do risco tecnológico nas avaliações de impactos ambientais, principalmente quando se referem a projetos energéticos. A incorporação do risco a essas avaliações acrescenta mais uma dificuldade ao processo, em decorrência exatamente da redução que tradicionalmente se faz do risco a um mero índice de probabi- lidade de ocorrência ou de compatibilização estatística de riscos já verifica- dos. No tratamento dessa questão, além dos aspectos quantitativos, é preciso analisar a percepção que os atores sociais têm do risco e o controle futuro, de modo que ele seja mantido dentro de certos limites – o que certamente engloba aspectos políticos no processo de sua avaliação. Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 24 – Ampliando seus conhecimentos Princípio da preocupação no Brasil após a Rio-92: Impacto Ambiental e saúde humana Guilherme Farias Cunha, Catia Regina Carvalho Pinto, Sergio Roberto Martins, Armando Borges de Castilhos Jr Introdução O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), documentado no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), é necessário para a obtenção do licenciamento para uma determinada atividade em todo o Brasil. Os roteiros básicos para elaboração do EIA/RIMA são com- postos por informações gerais, caracterização do empreendi- mento, área de influência, diagnóstico ambiental da área de influência (meio físico, biológico e antrópico), análise dos impactos ambientais, proposição de medidas mitigadoras e programa de acompanhamento e monitoramento dos impac- tos (BRAGA et al., 2005). No meio antrópico, propõe-se a abordagem da organização social na área de influência, nela incluindo o tema saúde. Viegas et al. (2011), analisando o componente saúde em seis EIA, concluíram que na maioria dos estudos os riscos à saúde são mencionados, mas não detalhados, as informações epidemiológicas e toxicológicas são raramente abordadas, e os dados de saúde utilizados não são precisos. Silva et al. (2010), no estudo sobre a Refinaria do Nordeste, analisam a inter-relação entre saúde, trabalho e ambiente, constatando que no respectivo EIA/RIMA houve uma pos- tergação de análise dos riscos para os trabalhadores, comuni- dade e saúde pública. Na sua dissertação de mestrado, Cancio (2008) aplica uma matriz em nove estudos de impacto ambiental de usinas – 25 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental hidrelétricas (UHE), concluindo que os estudos de impacto ambiental apresentam “deficiências devido à incipiente abor- dagem e consistência das questões de saúde contempladas”. Fruto da Conferência Rio-92, A Declaração do Rio, em seu Princípio 15, considera a importância da aplicação do Princí- pio da Precaução para a preservação da qualidade ambiental. Fundamentado na Declaração do Rio, os estudos de impacto ambiental utilizam o Princípio da Precaução para preservar o meio ambiente, quando se depara com o imprevisível dentro do atual conhecimento científico. Os interessados nos empreendimentos em construção costu- mam recorrer judicialmente contra a aplicação desse princípio. Entretanto, uma jurisprudência em direito ambiental foi criada em todos os níveis, até o Supremo Tribunal Federal, a favor do uso do Princípio da Precaução. O fato de uma alteração ambiental poder provocar doença nas pessoas é um argumento muito forte para impedir a implan- tação de empreendimentos. Neste sentido, os estudos de impacto à saúde geralmente são incipientes, excluindo neles a aplicação do Princípio da Precaução. A justificativa é a de que os riscos à saúde provocados pelos empreendimentos se devem a emissões potencialmente prejudiciais à saúde, e que devem ser medidas. Como medi-las previamente à implanta- ção do empreendimento? O documento final da Rio+20 é focado em uma proposta política que reafirma os princípios da Rio-92 sobre desenvolvi- mento sustentável, sem, no entanto apresentar considerações sobre suas aplicações ao longo dos anos ou estratégias para implementá-los. A trajetória da aplicação do Princípio da Pre- caução durante os 20 anos após a Conferência, está ligada ao sucesso da sua interpretação dada pelo direito ambiental e nos tribunais. [...] Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 26 – A inter-relação entre o homem e o meio ambiente O meio ambiente O modelo praticado de exploração ambiental, na busca do desenvolvimento socioeconômico, tornou-se insustentável; esse modelo não comporta as novas necessidades da relação homem-natureza, posterior à revolução científico-industrial, devido aos efeitos provocados no meio ambiente. A exploração ambiental irracional, iniciada com a industrializa- ção no século XIX e intensificada através dos anos até nossos dias, está intimamente ligada ao consumo. A sociedade da economia globalizada promove o consumo sem regras, pri- vilegiando o interesse individual em detrimento do interesse ambiental da coletividade (LEITE, 2010). A desconexão entre economia e natureza ocasionou a desvinculação da eco- nomia da sociedade, considerando essa desvinculação num sentido mais amplo, do social, do ético e do poder. Assim, a economia passa a influenciar e a condicionar as rela- ções institucionais, as organizações, a relação dos países e dos cidadãos. (MARTINS, 2004) A partir de 1950, foi registrada uma série de desastres ambien- tais em todo o mundo, provocando gravíssima degradação ambiental e ocasionando doenças e até a morte de milhares de pessoas que viviam nessas áreas degradadas, como o der- ramamento de petróleo na costa norte da França; a morte de peixes em lagos suecos; o acidente químico em Bophal, na Índia; o desastre nuclear de Chernobyl, na União Soviética. Esses eventos começam a evidenciar que a vivência desse paradigma exploratório ambiental agride não só o ambiente, mas também o homem que ali vive. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em junho de 1972 em Estocolmo, tornou a preocupação sobre o ambiente uma questão de relevância internacional, de responsabilidade de todos os países. – 27 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental Em 1983, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), também conhe- cida como Comissão Brundtland, que promoveu audiências ao redor do mundo e produziu o relatório final intitulado “Nosso Futuro Comum”. Com a aprovação do Relatório Brundtland (1987), buscou-se romper o paradigma de desenvolvimento aliado à exploração ilimitada dos recursos naturais e à exploração do homemnas regiões mais pobres do planeta, como meio de alcançar o sucesso econômico. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Cúpula da Terra ou Rio-92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, coloca o ser humano no centro das preocupações relacionadas ao desenvolvimento sustentável, considerando o homem participante da diversidade biológica existente no ambiente. A Rio-92 impulsiona a luta por uma nova ordem sustentável, de equilíbrio com a natureza, através da Agenda 21 e a Declaração do Rio. Na Rio+20, os países renovaram seus compromissos com o desenvolvimento sustentável: o incentivo à economia verde; a necessária abordagem global da sustentabilidade; o suceder dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) atra- vés dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); ações de desenvolvimento humano e combate à pobreza; estratégias para financiamento do desenvolvimento sustentá- vel; produção e consumo sustentáveis; fortalecimento das tec- nologias ambientalmente saudáveis; uso de novos indicadores para medir o crescimento. [...] Avaliação de impacto e licenciamento ambiental – 28 – Atividades 1. Percepção e aplicação do conceito de ambiente: esta atividade pode ser desenvolvida em um parque ou praça pública, em uma área na- tural ou até mesmo na rua de sua residência. Faça uma listagem de todos os elementos físicos, biológicos, químicos e sociais, sejam eles observáveis ou não. Organize-os na forma de uma matriz e sinalize todas as interpelações, inclusive anotando que tipo de inter-relação pode estar ocorrendo. 2. Percepção e aplicação do conceito de impacto ambiental: pode ser desenvolvida em ambiente urbano e rural. Identifique possíveis im- pactos ambientais gerados pela ação humana e organize-os em uma tabela, fazendo as seguinte análises: a. Características de valor: - impacto positivo ou benéfico; - impacto negativo, ou adverso. b. Características de ordem: - impacto direto; - impacto indireto. c. Características espaciais: - impacto local; - impacto regional; - impacto estratégico. d. Características temporais ou dinâmicas: - impacto imediato; - impacto a médio ou longo prazo; - impacto temporário; - impacto permanente. 3. Com os resultados obtidos na atividade anterior, identifique os im- pactos ambientais causados pelo empreendimento ou pela ação ob- servada sobre os meios físico, biótico e socioeconômico. – 29 – Conceitos e Definições de Avaliação de Impacto Ambiental Obs: Este é apenas um exercício de uma observação de uma ação já exe- cutada. Se essa ação observada não tivesse sido implantada, com os resultados obtidos e analisados, seria possível sua implementação? Tipos de impacto ambiental Dentro do processo de estudos de impactos ambientais para a obtenção de licenças de instalação e operação, é importante que sejam definidos os tipos de impactos ambientais que serão gerados por um determinado empreendimento, para que sirvam como subsí- dio aos planos de mitigação, compensação e recuperação ambiental. Nesta aula serão apresentados, de forma técnica e embasada, os tipos de impactos ambientais com foco nos impactos ambientais diretos e indiretos, na temporalidade e nos impactos cumulativos. 2 Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 32 – 2.1 Impactos Diretos e Indiretos Os impactos ambientais possuem entre suas características a natureza de ordem, ou seja, podem ser diretos, como por exemplo uma área direta- mente afetada construção de uma hidroelétrica, ocorre o barramento de um rio e, de forma rápida, a paisagem é modificada, formando um grande lago, inundando ecossistemas ribeirinhos, cultivos agrícolas ou até mesmo aglomerados humanos. Também podem ser indiretos, como por exemplo, em caso de construção de uma hidroelétrica que, por formar uma barragem no curso do rio, provoca uma modificação das dinâmicas de corredeiras, afetando os tipos de peixes que ocorrem naquele local. Essa influência vai desde a redução da população de determinadas espécies até mesmo o aumento expressivo de outras. Os impactos ambientais diretos são alterações ou perturbações de pri- meira ordem em determinados fatores ambientais como o solo, os recur- sos hídricos, a biodiversidade, o clima e as relações humanas. Têm como característica o fato de ser uma perturbação não cíclica, ou seja, uma vez gerado o impacto pelo empreendimento pretendido, este imediatamente atua gerando desequilíbrios ambientais, em uma escala de tempo curta. Odum e Barrett (1983), estudando ecossistemas naturais durante as décadas de 1960 e 1970, observaram que as perturbações em um ambiente silvestre também ocorrem por um padrão natural de tempos em tempos, como, por exemplo, nevascas, incêndios florestais e até mesmo enchentes. Estes acontecimentos são cíclicos, e os ambientes se recuperam rapida- mente, pois possuem capacidade de resiliência. Uma vez que o modelo de desenvolvimento na atualidade é o acúmulo de capital para minorias, gerando desigualdades sociais extremas, deve-se procurar um meio-termo entre a quantidade de exploração dos recursos naturais e a qualidade do espaço para viver. Este avanço econômico tem gerado impactos diretos em fatores ambientais que são base para a sobrevivência dos seres humanos como, por exemplo, as águas para o abastecimento público. Segundo a Agência Nacio- nal das Águas (2015), 17 regiões metropolitanas no Brasil estão passando – 33 – Tipos de impacto ambiental por grave crise hídrica, sendo as regiões de São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Florianópolis as mais críticas. Esquema 1: Exemplos de possíveis impactos ambientais diretos. Empreendimento pretendido Extinção local de espécies da flora Extinção local de espécies da fauna Realocação de aglomerados humanos Alteração na paisagem Aumento de processos erosivos Alteração do regime hídrico dos cursos d’água Outros impactos específicos de cada região afetada Perda de patrimônio arqueológico Am bi en te Fonte: o autor. Após implantado o projeto de um empreendimento, e caso ele já tenha gerado impactos de primeira ordem, vêm na sequência os impactos de segunda ordem, aos quais podemos chamar de indiretos, que envolvem inúmeros e variados componentes inter-relacionados, como fatores físicos, biológicos e antropológicos. (DIODATO, 2004). Para exemplificar esta definição, podemos citar a construção da hidroelé- trica de Belo Monte, no estado do Pará. Esta obra tem gerado um amplo debate técnico e político grande magnitude e relevância dos impactos ambientais que tem gerado. Este empreendimento faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e entre seus impactos ambientais indiretos está a imigração de dezena, de milhares de pessoas de diversas partes do Brasil para a região, buscando oportunidades diretamente na obra ou em serviços gerais. Como consequência deste impacto, como bem lembra Salm (2011), está o aumento significativo de desmatamento da Floresta Amazônica, prove- niente desse aumento de pessoas que buscam, nessa região, áreas novas para se estabelecer. Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 34 – É interessante também notar que os impactos ambientais indiretos são diretamente proporcionais aos impactos diretos com relação à sua grandeza, no que tange sua magnitude e importância. Nesta correlação, todo estudo de impacto ambiental deve, portanto, analisar e prever os reais impactos ambien- tais, diretos e indiretos, e traçar cenários de possíveis e eventuais impactos. Isto se faz necessário para o planejamento das ações de mitigação e compensa- ção ambiental em que o empreendimento estará condicionado pelo processo de licenciamento ambiental. Esquema 2: Exemplos de possíveis impactos ambientaisindiretos Meio físico Meio biológico Meio antropológico Inter-relações dos fatores ambientais Chuvas ácidas Aumento de doenças respiratórias Perda de patrimônio genético Am bi en te Inundações e enchentes Deslizamentos de terraRedução de serviços Fonte: o autor. Quadro 1: Exemplos de relações de impactos ambientais diretos e indiretos Atividade Impacto direto Impacto indireto Motivação de terra Transporte de poluentes para os cursos d’água Eutrofização de rios e lagos Erosão Perda de fertilidade dos solos Assoreamento de cursos d’água Inundações – 35 – Tipos de impacto ambiental Atividade Impacto direto Impacto indireto Emissão de poluen- tes na atmosfera Redução da qualidade do ar Aumento de doenças respirató- rias Produção de chuvas ácidas Desmatamento Perda de habitats naturais Redução de serviços ambientais como produção de água e purifi- cação do ar Redução da oferta de produtos florestais provindos de Plano de Manejo Criação de postos de trabalho temporários Aumento da população local Aumento dos custos com saúde pública Aumento dos custos com educa- ção pública Aumento de desemprego e vul- nerabilidade social após término da obra Fonte: o autor. 2.2 Impactos de curta e longa duração As alterações do equilíbrio ecológico e o impacto da atividade humana sobre a ecosfera terrestre começaram a se transformar em assunto de preocupação de alguns cientistas e pesquisadores durante a década de 60. Ganharam dimensão política a partir da década de 70, e são atualmente um dos assuntos mais polê- micos do mundo. Não é mais possível implantar qualquer projeto ou discutir qualquer planejamento sem considerar o impacto sobre o meio ambiente. A identificação dos tipos de impactos ambientais de um empreendi- mento é feita principalmente por estudos de caso, listagem de controles, opi- niões de especialistas, revisões bibliográficas e matrizes de interação. Após esta análise, é possível relacionar com o conhecimento do horizonte temporal e prever a duração de determinado impacto. Um determinado impacto pode Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 36 – desestruturar a estabilidade do ambiente, podendo ser, em uma escala de tem- poralidade, imediato, de curta duração, de média duração e longa duração – podendo em um mesmo empreendimento ocorrer essas quatro condições temporais de impactos ambientais. O grau de estabilidade alcançado por determinado ambiente ou ecossis- tema depende de sua história evolutiva. Por exemplo, um ambiente que teve maior deposição de matéria orgânica tende a ser mais complexo que outro nas mesmas condições climáticas. Em geral, conforme explica Odum (1983), os ecossistemas tendem a se tornar mais complexos ao longo do tempo, com perturbações aleatórias como, por exemplo, uma tempestade, um ciclone etc. Um impacto ambiental, dependendo da magnitude e do tempo de per- turbação, pode desestabilizar essa dinâmica, afetando sua capacidade de resis- tência ou de regeneração de processos ecossistêmicos, como trocas de energias entre os meios físico e biológico. Assim, um fator ambiental pode ser impac- tado em uma escala temporal e, dependendo do grau, pode ser mitigado ou não. Esse conceito é importante nos estudos de avaliação de impacto ambien- tal, pois os cenários resultantes poderão auxiliar as tomadas de decisões nos processos de licenciamento ambiental. 2.2.1 Impacto ambiental imediato O impacto ambiental imediato é determinado quando os efeitos sobre o fator ambiental em questão têm curta duração, podendo, conforme o caso, ser de até cinco anos (PORTUGAL, 2012). Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos são sentidos em diversos níveis, como, por exemplo, a poeira de um canteiro de obras, que pode ficar em suspensão na atmosfera por muitos dias, ou mesmo um ruído de máquinas, que pode ser local ou se estender por vários quilômetros, como no caso de explosões de rochas. Os efeitos deste tipo de impacto em uma dada região ou paisagem podem significar sérios riscos para o equilíbrio da dinâmica dos ecossistemas naturais, pois estes podem possuir resiliência ou não, deixando-os bem vulne- ráveis em sua capacidade de autorrecuperação. (ODUM, 1983). – 37 – Tipos de impacto ambiental 2.2.2 Impacto ambiental de curta duração O impacto ambiental de curta duração é determinado quando os efei- tos sobre o fator ambiental em questão têm duração de cinco a quinze anos (PORTUGAL, 2012), Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos são sentidos em diversos níveis, como, por exemplo, o descarte de efluentes sanitários nos cursos d´água das proximidades do empreendimento durante a construção de uma grande obra, como é o caso de ferrovias, estradas de rodagem, hidroelétricas etc., que pode durar anos. O caso da construção de uma estrada de rodagem deve ser muito bem planejado em seus cronogramas físicos e financeiros, a fim do cumprimento de execução, pois os processos erosivos gerados na movimentação de terras ocasionam sérios impactos ambientais para os recursos hídricos – por exem- plo, o assoreamento de pequenos cursos d´água e soterramentos que afetam fragmentos florestais e toda sua biodiversidade. 2.2.3 Impacto ambiental de média duração O Impacto ambiental de média duração é determinado quando os efei- tos sobre o fator ambiental em questão têm duração de quinze a trinta anos (PORTUGAL, 2012). Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos ambientais são sentidos em diversos níveis, como, por exemplo, as atividades minerárias, que desenvolvem por anos até que se esgotem suas reservas e teo- res. Os recursos minerais são bens esgotáveis, não renováveis; por esse fato, tendem há escassez à medida que se desenvolve sua exploração. O principal impacto ambiental de média duração é o comprometimento da autorrecuperação dos ambientes naturais, como no caso de uma área que tem seu solo com intensa atividade e, todo o banco de sementes, raízes e demais formas de propagação comprometidos, tornando aquela área estéril do ponto de vista da biodiversidade e sua regeneração natural. 2.2.4 Impacto ambiental de longa duração O impacto ambiental de longa duração é determinado quando os efei- tos sobre o fator ambiental em questão têm duração superior a trinta anos (PORTUGAL, 2012). Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 38 – Nessa escala de temporalidade, os efeitos dos impactos ambientais podem ser sentidos, como, por exemplo, na perda de qualidade e quantidade de água de um manancial de abastecimento público advindo de empreendi- mento agrícola. Entre os principais impactos de longa duração gerados por essa atividade estão: 2 as inundações e o aumento na média da vazão de pico, devido à compactação dos solos; 2 sedimentação e aumento no transporte de sedimentos para as calhas dos cursos d´água; 2 degradação do leito do rio e de seus habitats pela ocupação desor- denada; 2 erosão das margens e do leito do rio; 2 perda das populações de peixes e de espécies aquáticas sensíveis a agroquímicos; 2 degradação da paisagem rural; 2 aumento da temperatura da água dos cursos d´água devido à ausên- cia de matas ciliares. Esquema 3: Impactos ambientais de escala temporal Empreendimento pretendido Impacto ambiental imediato Impacto ambiental de curta duração Impacto ambiental de média duração 0-5 anos 5-10 anos 15-30 anos Impacto ambiental de longa duração Acima de 30 anos Ambiente impactado Fonte: o autor. – 39 – Tipos de impacto ambiental 2.3 Impactos acumulativos A Avaliação de Impacto Ambiental foi introduzida no Brasil por meio de instrumentos jurídicos nos anos 1980, e sua prática mais comum ainda é a análise no nível de projeto, não se atentando aindapara os chamados efeitos cumulativos, mesmo estando previstos na legislação. O grande desafio nos processos de licenciamento ambiental no Brasil é definir, de forma padroni- zada e metodológica, os critérios de impactos acumulativos a serem analisa- dos nos estudos de impacto ambiental. A partir das atividades de um empreendimento podem ser gerados inú- meros impactos ambientais que, de forma geral, são pontuais, como, por exemplo, desmatamentos, extinção da fauna local, mudança de regime hídrico de um rio, entre tantos danos ambientais. O que não se tem observado e estudado de maneira mais específica e profunda são os efeitos cumulativos ao longo do tempo, como, por exemplo, o que determinada ação que está gerando um impacto ambiental vem provocando, somando e acumulando para o aquecimento global, a perda da biodiversidade, a redução da qualidade e quantidade de água de mananciais de abastecimento, a redução da camada de ozônio e a desertificação de ambientes produtivos. No dia a dia das comunidades humanas, estamos acostumados com políticas públicas de desenvolvimento econômico na área urbana e rural, fomentando sem controle efetivo, por exemplo, aumentos de pátios indus- triais, lavouras agrícolas, expansão urbana e abertura de vias. Ao longo dos anos, essas práticas vêm causando uma série de transtornos locais, regionais e até mesmo nacionais, como falta de água para o abastecimento humano e perda de produtividade agrícola, ocasionando imigrações humanas. Neste contexto, os impactos cumulativos começaram a ser mais estuda- dos nos anos de 80, como comenta Oliveira (2008), citando Spaling e Smit (1993), discutindo de que forma eles poderiam ser estudados, avaliados e mitigados. Em encontros internacionais, diversos pesquisadores debatiam de for- mas variadas uma definição para impactos cumulativos e, a partir dos anos de 90, uma definição generalista mais consensual foi anunciada, conforme cita Oliveira (2008, p. 76), em que impactos cumulativos são, de forma geral, “o resultado líquido de impactos ambientais de diversos projetos e atividades”. Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 40 – Para Oliveira (2008), impactos cumulativos devem ter uma metodologia baseada nos sistemas ambientais, de modo a compreender de forma causal as respostas dos fatores ambientais às perturbações geradas, direta ou indi- retamente, pelas atividades humanas, considerando sua capacidade de assi- milação (resiliência), sua complexidade organizacional, uma escala temporal (passado, presente e futuro), entre outros. A definição mais detalhada e, de maneira geral, adotada por diversos países, deu-se pela Política Nacional Americana de Meio Ambiente (NEPA), por meio da norma CEQ 40 CFR 1500, na seção 1508 (1987). Definiu-se impacto cumulativo como [...] o impacto sobre o meio ambiente que resulta do impacto incre- mental da ação quando adicionado a outro passado, o presente e as futuras ações razoavelmente previsíveis, independentemente da agência (Federal ou não) ou pessoa que exerça essas outras ações. Os impactos cumulativos podem resultar de ações individualmente menores mas coletivamente significativas que ocorrem durante um período de tempo.1 (NEPA, 1969) Somada a esta definição, Oliveira (2008) também traz uma discussão mais abrangente, em que também ocorrem efeitos cumulativos e consequên- cias para fatores culturais e socioeconômicos, resultantes dos impactos físicos e biológicos, e que devem ser incorporados nos estudos e nas medidas de mitigação do dano ambiental. No contexto jurídico brasileiro, os impactos cumulativos estão descritos e têm traçadas suas diretrizes para estudos e avaliação na Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em seu artigo 6.°, inciso II, que diz: 1 Cumulative impact is the impact on the environment which results from the incremental impact of the action when added to other past, present, and reasonably foreseeable future actions regardless of what agency (Federal or non-ederal) or person undertakes such other actions. Cumulative impacts can result from individually minor but collectively significant actions taking place over a period of time. Fonte: CEQ 40 CFR 1500, na seção 1508, item 7 (1987). Grifo nosso. Disponível em: <www.gpo.gov/fdsys/pkg/CFR-2011-title40-vol33/pdf/CFR-2011-ti- tle40-vol33-sec1508-7.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2016). – 41 – Tipos de impacto ambiental Art. 6.º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: [...] II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternati- vas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indire- tos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgi- cas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. Com base nessas definições, o processo de identificação de impactos ambientais deve ser desenvolvido a partir da análise dos aspectos da atividade e dos fatores ambientais impactáveis diagnosticados para a área de estudo a longo prazo, incluindo seus efeitos cumulativos. A função do componente ou do elemento ambiental do ponto de vista da sua função específica no funcionamento do sistema ambiental deve ser analisada, junto com o componente ambiental, do ponto de vista da cumu- latividade e da sinergia, considerando: seu estado atual, as transformações ocorridas no passado e as tendências que se configuram para o futuro, e além de sua capacidade para assimilação de novas transformações ou capacidade de autorrecuperação (resiliência). Por ser uma análise integrada dos impactos ambientais incidentes em uma determinada área, de suas causas reais e de seus efeitos, pode gerar ins- trumentos de gestão mais efetivos do ponto de vista da definição de respon- sabilidades e do controle de impactos. A Avaliação de Impactos Cumulativos reconhece a importância da aná- lise dos impactos avaliados em um Estudo de Impacto Ambiental tradicio- nal, porém, os classifica como pouco significativos, mas que, somados aos impactos pouco significativos de outros empreendimentos e atividades que ocorrem ou que venham a ocorrer na área estudada, podem causar impactos significativos sobre o elemento em análise. A Avaliação de Impactos Cumu- lativos deve ser feita considerando-se de forma integrada os três meios: físico, biótico e socioeconômico. Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 42 – Para regulamentação e desenvolvimento desses diagnósticos e estudos, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, publicou a Nota Técnica 10/2012 – CGPEG/DILIC/Ibama – Identificação e Avaliação de Impactos Ambientais, que busca trazer os conceitos sobre os potenciais de cumulatividade. Não cumulativo: nos casos em que o impacto não acumula no tempo ou no espaço; não induz ou potencializa nenhum outro impacto; não é induzido ou potencializado por nenhum outro impacto; não apre- senta interação de qualquer natureza com outro(s) impacto(s); e não representa incremento em ações passadas, presentes e razoavelmente previsíveis no futuro (EUROPEAN COMISSION, 2001). (MINIS- TÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012, p. 12) Cumulativo: refere-se à capacidade de um determinado impacto de sobrepor-se, no tempo e/ou no espaço, a outro impacto (não neces- sariamente associado ao mesmo empreendimento ou atividade) que esteja incidindo ou irá incidir sobre o mesmo fator ambiental. Con- forme observado por Sánchez (2006), uma série de impactos irrele- vantes pode resultar em relevante degradação ambiental se concen- trados espacialmente ou caso se sucedamno tempo. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012, p. 04) nos casos em que o impacto incide sobre um fator ambiental que seja afetado por outro(s) impacto(s) de forma que haja relevante cumu- latividade espacial e/ou temporal nos efeitos sobre o fator ambiental em questão. indutor: nos casos que a ocorrência do impacto induz a ocorrência de outro(s) impacto(s). induzido: nos casos em que a ocorrência do impacto seja induzida por outro impacto. sinérgico: nos casos em há potencialização nos efeitos de um ou mais impactos em decorrência da interação espacial e/ou temporal entre estes. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012, p. 12) Destaca-se que não necessariamente esta potencialização dos efeitos está ligada somente ao empreendimento estudado, mas ao fato de que pode influenciar outros na mesma microrregião ou até mesmo em macrorregiões. – 43 – Tipos de impacto ambiental Esquema 4: Exemplo de impacto cumulativo gerado por um impacto ambiental. Bacia hidrográfica de manancial de abastecimento Captação de água para abastecimento EP 01: LR EP 02: LR EP 03: LR EP 04: LR EP 06: LR EP 05: LR IAC 01: Queda da qualidade de IAC 02: Aumento do custo de tratamento da IAC 03: Redução da quantidade de C ur so d o R io Em que: EP= Empreendimento LR= Lançamento de resíduos LC= Empreendimento Licenciado IAC= Impacto Ambiental Cumulativo Fonte: Criado a partir do exemplo de Oliveira (2008). Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 44 – Ampliando seus conhecimentos Identificação dos Aspectos Ambientais Significativos Aldina Soares Diversos conceitos de ambiente Para a identificação coerente das interações da organização, dos seus produtos e serviços com o ambiente, deve ser pre- viamente estabelecido por cada organização o conceito de “ambiente” que adapta. Segundo a norma ISO 14001 trata-se da “envolvente na qual uma organização opera, incluindo o ar, água, solo, recursos naturais, flora, seres humanos e as suas inter-relações”. De um modo geral, o conceito de ambiente incorpora com duas envolventes: a natural e a humana, como sistematizado na tabela seguinte. Envolventes do conceito de ambiente e os possíveis danos causados sobre cada envolvente Ambiente Possíveis danos Envolvente natural Ecossistemas Seres vivos Animais Plantas Habitats Destruição, perda de qualidade ou de uti- lidade causada ao solo, à água, ao ar ou aos ecossistemas. Lesão, deterioração, enfermidade ou morte de animais ou plantas, assim como dete- rioração ou destruição dos seus habitats, ou das condições necessárias para a sua reprodução. – 45 – Tipos de impacto ambiental Ambiente Possíveis danos Envolvente humana Pessoas individuais Pessoas em sociedade Lesão corporal, enfermidade, morte, sofri- mento físico, psíquico ou moral. É também possível que o conceito de ambiente inclua a en- volvente econômica, como se faz nos estudos de Avaliação de Impacto Ambiental. Envolvente socioeconômica do concei- to de ambiente segundo a norma UNE 150008:2008 Ambiente Possíveis danos Envolvente socio- econômica Valores cultu- rais, artísticos, históricos Valores patri- moniais Destruição, desgaste, rotura ou perda de valor de utilidade das coisas (incluindo o patrimônio artístico, histórico e cul- tural) e lesão ou enfermidade ou morte causada a animais e plantas considera- dos como bens pertencentes a pessoas. Distinção entre atividade e aspecto ambiental A definição de “aspecto ambiental” constante na norma ISO 14001, “um elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que possa interagir com o ambiente”, nem sempre é bem entendida pelas organizações. Um dos erros cometidos está relacionado com a confusão que é muitas vezes feita entre o aspecto ambiental e a atividade que lhe está associada (ver tabela seguinte). Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 46 – Durante a análise de uma atividade, produto ou serviço de uma organização devem ser identificadas as suas interações com o ambiente, constituindo estes os aspectos ambientais de uma organização e não as atividades, produtos e serviços em si próprios. Por exemplo, são aspectos ambientais: o consumo de maté- rias-primas e recursos naturais, o consumo de energia, as emis- sões atmosféricas, as descargas de águas residuais, a produção de resíduos sólidos, as radiações, o ruído e as alterações da paisagem, entre outros. Exemplos corretos e incorretos entre atividade e aspecto ambiental Atividade/Produto/Serviço Aspecto Produção de papel Corte de árvores Incorreto Embalagem Reutilização de papel usado Incorreto Distribuição com veículo automóvel Viagens Incorreto Embalamento Consumo de papel Correto Embalagem de cartão Formação de resíduos Correto Distribuição com veículo automóvel Emissões de gases de escape Correto Distinção de aspecto ambiental direto e indireto A atividade da organização dentro das suas instalações, ou seja “entre portões”, tem associados necessariamente aspectos ambientais, mas as atividades, produtos e serviços que ocor- rem a montante e a jusante da organização e que permitem a – 47 – Tipos de impacto ambiental sua laboração originam também aspectos ambientais. Os pri- meiros são considerados os aspectos ambientais diretos e os segundos indiretos. Distinção entre aspectos ambiental e impacto ambiental Alguma confusão surge também, em muitos casos, na distin- ção entre aspecto ambiental e impacte ambiental, definido por “qualquer alteração do Ambiente, adversa ou benéfica, total ou parcialmente resultante das atividades, produtos ou servi- ços de uma organização” (ISO 14001). Os aspectos ambien- tais são as causas e os impactes ambientais os seus efeitos sobre o ambiente (normalmente danos). O impacto ambiental pode ter efeitos no tempo e no espaço para além do local e do momento em que ocorre a ação, não se limitando ao efeito local e imediato, normalmente descrito com a palavra “impacto”. Por exemplo, os impactes ambientais podem ocorrer a jusante de uma fonte emissora, podendo ser efeitos prolongados e/ou acumuláveis no tempo, reversíveis ou irreversíveis. Categorias de impacto ambiental Muitos dos aspectos ambientais provocam efeitos em cadeia. Por exemplo, as emissões de CO2 e de outros gases, vul- garmente designados como “gases com efeito de estufa”. O primeiro efeito é a alteração das propriedades de radiação da atmosfera. O segundo efeito é a contribuição para as altera- ções climáticas através da alteração da temperatura na Terra. E como consequência final, é previsível a degradação das condi- ções globais da vida na Terra. Uma das dificuldades é encon- Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental – 48 – trar forma de descrever todos estes efeitos. Uma alternativa simplificada é definir categorias de impactos ambientais e a sua simples nomeação significa que se incluem todos os efeitos associados, por exemplo a categoria “alterações climáticas”. Distinção entre aspecto ambiental e perigo ambiental Perigo ambiental é um aspecto ambiental que pode ocorrer em determinadas circunstâncias e caso ocorra gera danos ambientais. Perigo ambiental é definido por analogia com a definição de perigo em segurança, como consta nas normas BS OHSAS 18001:2007 e NP 4397:2008, onde o perigo é entendido como “fonte ou situação com um potencial para o dano...”. Distinção entre impacto ambiental e risco ambiental O impacto é um dano ambiental resultante de um aspecto que ocorre com uma frequência que se pode concretizar. O risco ambiental é também um dano, mas provocado por um aspecto ambiental com potencial de ocorrer (um perigo ambiental). Ou seja, um risco ambiental
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