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Semiologia Básica - Exame Clínico - Aparelho Cardiovascular Medicina – UFAL - Turma 82 - Maryelle Barros Exame clínico ANAMNESE ✓ Paciente em decúbito dorsal, médico do seu lado direito. SINAIS E SINTOMAS 1. CORAÇÃO DOR Dor na altura do mamilo quase nunca é de origem cardíaca. DOR DA ISQUEMIA MIOCÁRDICA ✓ Decorrente da hipoxia celular. ✓ Causa mais comum é a aterosclerose coronária e a este- nose aórtica. ✓ Localização típica é retroesternal. ✓ Quanto mais intensa, maior probabilidade de irradiar. ✓ Irradiação mais típica é para a face interna do braço es- querdo. ✓ Caráter é sempre constritivo, “aperto” → dor anginosa. ✓ Duração: angina dura 2-3 minutos (máx 10min) é relaci- onada com esforço físico. Angina instável chega a durar 20 min e não está relacionada com esforço físico. Infarto a dor dura mais de 20 min. ✓ Intensidade varia. Pode ser: ➢ Leve: paciente sente mas não se fixa nela. Geralmente bem tolerada. ➢ Moderada: paciente se sente bastante incomodado, agrava-se com exercícios físicos. ➢ Intensa: grande sofrimento, fica o mais quieto possí- vel. Surge com pequenos esforços. DOR PERICÁRDICA ✓ Na região retroesternal e se irradia para o pescoço e as costas. ✓ Pode ser do tipo constritiva, peso, opressão, queimação ✓ Grande intensidade ✓ Contínua durando várias horas. ✓ Não se relaciona com exercícios. Agrava-se com respira- ção, decúbito dorsal, deglutição e movimento do tronco. ✓ Alívio com posição genupeitoral. DOR DE ORIGEM AÓRTICA ✓ Aneurismas de crescimento lento geralmente não provo- cam dor. ✓ Dissecção aórtica aguda tem quadro doloroso impor- tante, subido, tipo lancinante, retroesternal, irradiação para o pescoço, região interescapular e ombros. DOR DE ORIGEM PSICOGÊNICA ✓ Em indi- ví- duos com ansi- e- dade e/ou depressão. Pode fazer parte da síndrome de astenia neurocirculatória ou transtorno do pânico. ✓ Limita-se a região mamilar, no nível do ictus cordis. ✓ Persiste por horas ou semanas e acentua-se quando o pa- ciente tem contrariedades ou emoções desagradáveis. ✓ Sintomas relacionados: palpitações, dispneia suspirosa, dormências, astenia, depressão. PALPITAÇÕES Ap. Cardiovascular Diagnóstico diferencial da dor retroesternal • Dor que surge com mudança de decúbito origina-se na coluna cervical ou dorsal. • Dor que se agrava com tosse é provocada por pericardite, pleurite ou compressão de uma raiz nervosa • Dor retroesternal após vômitos intensos é causada por la- ceração da mucosa da junção esofagogástrica. • Dor retroesternal durante deglutição é causada por es- pasmo esofágico ou esofagite. Semiologia Básica - Exame Clínico - Aparelho Cardiovascular Medicina – UFAL - Turma 82 - Maryelle Barros ✓ Devem ser analisadas quanto a: ➢ Frequência: ocasionais, episódicas ou paroxísticas e permanentes ➢ Ritmo: origem aleatória ou ligada a algum evento. ➢ Horário de surgimento: observar se tem alguma rela- ção com o ritmo circadiano. ➢ Modo de instalação e término: súbito ou repentino, gradual, imperceptível. ➢ Fatores desencadeantes: café, chá, refrigerante tipo cola, tabaco, álcool, medicamentos, drogas ilícitas, exercícios e emoções. ➢ Sintomas associados: sudorese fria, tontura, dor pre- cordial, dispneia e síncope. ✓ Causas cardíacas: ➢ Arritmias ➢ Insuficiência cardíaca ➢ Miocardites ➢ Miocardiopatias ✓ Causas não cardíacas ➢ Hipertensão arterial ➢ Hipertireodismo ➢ Anemia ➢ Esforço físico ➢ Emoções ➢ Síndromes do pânico ➢ Tóxicas (medicamentos, café, refrigerantes, cocaína, tabaco). DISPNEIA ✓ A dispneia no cardiopata indica congestão pulmonar de- corrente da insuficiência ventricular esquerda. DISPNEIA AOS ESFORÇOS ✓ De conformidade com o tipo de exercício, é classificada em dispneia aos grandes, médios e pequenos esforços. DISPNEIA DE DECÚBITO ✓ Alivia quando o paciente eleva a cabeça e o tórax. DISPNEIA PAROXÍSTICA ✓ Mais frequente a noite. ✓ Paciente vai relatar que consegue dormir e depois acorda com intensa falta de ar. ✓ Crises graves: intensa dispneia, expectoração espumosa, branca ou rósea, cianose, respiração ruidosa → edema agudo do pulmão. DISPNEIA PERIÓDICA OU DE CHEYNE-STOKES ✓ Caracteriza-se por períodos de apneia, seguidos de movi- mentos respiratórios, a princípio superficiais. Vão se tornando mais profundos até chegar a um máximo. De- pois vão diminuindo paulatinamente de amplitude até uma nova fase de apneia. TOSSE E EXPECTORAÇÃO ✓ Sintoma frequente na insuficiência ventricular esquerda. ✓ Quando existe expectoração, ela é escassa, do tipo se- roso, de pouca consistência, contém ar e é rica em albu- mina, o que lhe confere aspecto espumoso. CHIEIRA ✓ Aparecimento de um ruído sibilante junto com a respira- ção, quase sempre difícil. ✓ Este chiado traduz a passagem de ar, em alta velocidade, através de bronquíolos estreitados. HEMOPTISE E EXPECTORAÇÃO HEMOPTOICA ✓ Hemoptise é a eliminação de sangue puro procedente da traqueia, brônquios ou pulmões. DESMAIO (SÍNCOPE E LIPOTIMIA) ✓ Desmaio é a perda súbita e transitória da consciência (síncope) decorrente de perfusão cerebral inadequada. ✓ Nem sempre ocorre em sua forma completa, podendo ser parcial a perda da consciência (pré-síncope ou lipoti- mia) ✓ Pode ter causas cardíacas e extracardíacas. CIANOSE ✓ Coloração azulada da pele e das mucosas, em razão do aumento da hemoglobina reduzida (desoxigenada) no sangue capilar, ultrapassando 5 g por 100 mL. ✓ Em idosos, cianose periférica pode surgir mesmo com di- minuição leve do débito cardíaco ou da pressão arterial sistêmica. ✓ Icterícia dificulta o reconhecimento da cianose. Semiologia Básica - Exame Clínico - Aparelho Cardiovascular Medicina – UFAL - Turma 82 - Maryelle Barros ✓ Os pacientes cianóticos podem apresentar outros sinto- mas decorrentes da anoxia tissular, tais como irritabili- dade, sonolência, torpor, crises convulsivas, angina do peito, hipocratismo digital, nanismo ou infantilismo. ✓ Descrever a duração da cianose, se tem ou não baqueta- mento digital. ✓ Pode ser generalizada ou segmentar CIANOSE CENTRAL ✓ Mais frequente ✓ Diminuição da tensão de 02 no ar inspirado. ✓ Distúrbios de ventilação pulmonar ✓ Distúrbios da difusão ✓ Distúrbios na perfusão em consequência de cardiopatias congênita ✓ Curto-circuito ou shunt de sangue da direita para a es- querda (tetralogia de Fallot). CIANOSE PERIFÉRICA ✓ Consequência da perda exagerada de oxigênio no nível da rede capilar por estase venosa ou diminuição do cali- bre. ✓ Ocorre em áreas distais. ✓ Causa mais comum é vasoconstrição generalizada. EDEMA ✓ Aumento do líquido intersticial, proveniente do plasma sanguíneo. ✓ No edema cardíaco, o acúmulo de líquido não se res- tringe ao tecido subcutâneo, acumulando-se também no abdome, tórax, pericárdio e na bolsa escrotal. ✓ Localiza-se primeiramente nos membros inferiores, pela ação da gravidade, iniciando-se em torno dos maléolos. À medida que progride, atinge as pernas e as coxas. ✓ Com o agravamento da disfunção cardíaca o edema atinge o corpo todo, inclusive o rosto, quando recebe a denominação anasarca. ✓ Quando o edema é de origem cardíaca, encontram-se os outros sinais de insuficiência ventricular direita, ou seja,ingurgitamento das jugulares, hepatomegalia e refluxo hepatojugular; isso é importante no diagnóstico diferen- cial. ✓ Na insuficiência cardíaca direita, a elevação da pressão hidrostática nos capilares venosos constitui um dos fato- res que aumentam a passagem de água para o interstício, no qual vai acumular-se. ASTENIA OU FRAQUEZA ✓ Presente na maioria dos pacientes com insuficiência car- díaca e infarto do miocárdio. ✓ Na insuficiência cardíaca, a astenia se deve principal- mente à diminuição do débito cardíaco, responsável pela má oxigenação dos músculos esqueléticos. ✓ Já nos pacientes que estiveram em anasarca e apresen- taram diurese abundante pela administração de diuré- tico, a redução do volume sanguíneo pode causar hipo- tensão postural e grande astenia. 2. ARTÉRIAS DOR ✓ Pode se manifestar como formigamento, queimação constrição, aperto, cãibras, sensação de peso ou fadiga. ✓ Dor característica da enfermidade arterial isquêmica crô- nica é a claudicação intermitente, a qual surge a realiza- ção de um exercício e intensifica-se a tal ponto que obriga o paciente a interromper o que está fazendo. ✓ A dor isquêmica se dá pelo acúmulo de catabólitos ácidos (ácido láctico) e produtos da degradação dos tecidos que estimulam as terminações nervosas. ✓ A dor de repouso é um sintoma de extrema gravidade, pois traduz isquemia intensa com risco de gangrena, pos- sível de ocorrer à simples diminuição da temperatura am- biente. MODIFICAÇÕES DA COR DA PELE ✓ A cor da pele depende do fluxo sanguíneo, do grau de sa- turação da hemoglobina e da quantidade de melanina. ✓ Alterações são: palidez, cianose, eritrocianosa, rubor e o fenômeno de Raynaud. PALIDEZ ✓ Quando há diminuição acentuada do fluxo sanguíneo no leito cutâneo, seja por oclusão ou espasmo. CIANOSE ✓ Quando o fluxo de sangue no leito capilar se torna muito lento, provocando o consumo de quase todo o oxigênio, com consequente aumento da concentração da hemo- globina reduzida. ERITROCIANOSE ✓ Coloração vermelho-arroxeada observada nas extremi- dades dos membros com isquemia intensa, aparece no estágio de pré-gangrena. ✓ É atribuída à dilatação de capilares arteriais e venosos, última tentativa do organismo para suprir as necessida- des de oxigênio dos tecidos. Semiologia Básica - Exame Clínico - Aparelho Cardiovascular Medicina – UFAL - Turma 82 - Maryelle Barros RUBOR ✓ Deve-se à dilatação arteriolar e capilar. FENÔMENO DE RAYNAUD ✓ Ocorre nas extremidades, principalmente as superiores, caracterizada por palidez, cianose e rubor de apareci- mento sequencial. ✓ Costuma ser desencadeado pelo frio e por alterações emocionais. ✓ Observado em doenças do tecido conjuntivo e do sistema nervoso, afecções hematológicas, na compressão neuro- vascular cervicobraquial, em traumatismos neurovascu- lares e em intoxicações exógenas por metais pesados e por derivados do ergot. ✓ Fisiopatologia: 1º há vasospasmo com diminuição do fluxo sanguíneo na extremidade → palidez. 2ª fase, de- saparece os espasmos das arteríolas e capilares e surge espasmo das capilares venosos e vênulas → cianose. 3ª fase desaparece vasospasmo e ocorre vasodilatação, sendo o leito capilar inundado por sangue arterializado, que torna a pele ruborizada. MODIFICAÇÕES DA TEMPERATURA DA PELE ✓ Depende da magnitude do fluxo sanguíneo. ALTERAÇÕES TRÓFICAS ✓ A maior parte acontece nas arteriopatias crônicas. ✓ Compreendem na atrofia da pele, diminuição do tecido subcutâneo, queda de pelos, alterações ungueais, calosi- dades, lesões ulceradas de difícil cicatrização, edema, su- fusões hemorrágicas, bolhas e gangrena. EDEMA ✓ Aumento da permeabilidade capilar em razão da isque- mia; tendência dos pacientes a manterem os pés penden- tes para aliviar a dor, processo inflamatório nas artérias e, às vezes, presença de trombose venosa associada. 3. VEIAS DOR ✓ Varizes dos membros inferiores → dor leve a moderada, queimação, ardência, cansaço, cãibras, dolorimento, fin- cada ou ferroada. ✓ Dor intensa associada a edema e cianose, levanta a sus- peita de trombose venosa profunda. ✓ Mecanismo provável da dor da estase venosa é a dilata- ção da parede das veias. ✓ Ao contrário da dor da insuficiência arterial, a dor da in- suficiência venosa melhora com o deambulação e pode torna-se mais intensa com a interrupção da marcha. EDEMA ✓ Costuma surgir no período vespertino e desaparece com o repousa. ALTERAÇÕES TRÓFICAS ✓ Hiperpigmentação, eczema, úlceras e dermatofibrose. ✓ Hiperpigmentação ocorre devido ao acúmulo de hemos- siderina na camada basal da derme, a qual provém das hemácias que migram para o interstício e ali são fagoci- tadas pelos macrófagos. ✓ A úlcera é uma complicação frequente da insuficiência venosa grave, devida a varizes ou trombose venosa pro- funda. EXAME DO CORAÇÃO ✓ Posição fundamental é o decúbito dorsal; o médico sen- tado ou de pé, do seu lado direito. INSPEÇÃO E PALPAÇÃO ✓ Pesquisa da abaulamentos ANÁLISE DO ICTUS CORDIS ✓ Localização, extensão, intensidade, mobilidade, ritmo e frequência. ✓ Nos normolíneos, situa-se no cruzamento da linha hemi- clavicular esquerda com o 4º ou 5º espaço intercostal ✓ Nos brevelíneos, desloca-se uns 2 cm para fora e para cima, situando-se no 4º espaço intercostal. ✓ Nos longilíneos, costuma estar no 5º espaço, 1 ou 2 cm para dentro da linha hemeclavicular. ✓ Deslocamento do ictus cordis pode indicar dilatação/hi- pertrofia do VE. Porém, se o paciente tiver escoliose, de- pressão do esterno, derrame pleural ou elevação do dia- fragma, o deslocamento do ictus não é nada. ✓ Em condições normais, a extensão do ictus é de 2 poupas digitais. ✓ Fica mais palpável em decúbito lateral esquerdo ANÁLISE DE BATIMENTOS OU MOVIMENTOS VISÍVEIS E/OU PALPÁVEIS. ✓ Além do ictus pode-se encontrar outros movimentos como retração sistólica (hipertrofia direita), levanta- mento de massa de precórdio (hipertrofia VD), choques Semiologia Básica - Exame Clínico - Aparelho Cardiovascular Medicina – UFAL - Turma 82 - Maryelle Barros valvares palpáveis (quando se tem bulhas hiperfonéti- cas), pulsação epigástrica e pulsação supraesternal. PALPAÇÃO DE BULHAS. ✓ Nos pontos de ausculta PESQUISA DE FRÊMITO CARDIOVASCULAR ✓ Localização, usando como referência as áreas de aus- culta. ✓ Situação no ciclo cardíaco, diferencia pela coincidência ou não com o pulso carotídeo ✓ Intensidade, avaliada em cruzes. AUSCULTA AMBIENTE DE AUSCULTA ✓ Silencioso POSIÇÃO DO PACIENTE E DO EXAMINADOR ✓ Paciente deitado, sentado e em decúbito lateral es- querdo. ✓ Posição habitual é decúbito dorsal com tórax desco- berto. ✓ Examinados do lado direito, em pé ou sentado. ✓ Outro posição é paciente sentado com tórax ligeira- mente inclinado para frente → é mais propícia para aus- culta dos fenômenos originados da base. ✓ Outra posição é decúbito lateral esquerdo. Mais ade- quada para se auscultarem os fenômenos da área mitral. ✓ Paciente de pé, com o tórax fletido, para ausculta do so- pro da insuficiência aórtica ou quando as bulhas estão hi- pofonéticas. INSTRUÇÃO ADEQUADA DO PACIENTE ✓ Se for necessário mudanças do posição ou respiração, por exemplo, deve-se ser clara. ESCOLHA CORRETA DO RECEPTOR ✓ No geral, deve fazer a ausculta com o receptor de dia- fragma de menor diâmetro APLICAÇÃO CORRETA DO RECEPTOR ✓ Nunca se deve realizar ausculta através de qualquer tipo de roupa. RELAÇÃODOS BATIMENTOS CARDÍACOS COM A RESPIRA- ÇÃO. ✓ A maioria dos sopros ou sons originados no coração di- reito aumenta durante a inspiração. FOCOS OU ÁREAS DE AUSCULTA ✓ Foco ou área mitral (FM) → no 4º ou 5º espaço intercos- tal esquerdo da linha hemiclavicular e corresponde ao ic- tus cordis. ✓ Foco pulmonar (FP) → no 2º espaço intercostal esquerdo junto ao esterno. ✓ Foco aórtico (FAo) → no 2º espaço intercostal direito junto ao esterno ✓ Foco aórtico acessório → no 3º espaço intercostal es- querdo, junto ao esterno. ✓ Foco tricúspide (FT) → na base do apêndice xifoide, ligei- ramente para a esquerda. Semiologia Básica - Exame Clínico - Aparelho Cardiovascular Medicina – UFAL - Turma 82 - Maryelle Barros PRECÓRDIO E REGIÕES CIRCUNJACENTES Inspeção e palpação: Ictus cordis: Depressões: Abaulamentos: Frêmitos: Outros dados: Ausculta: Ritmo: Frequência: Bulhas, sopros, estalidos, atrito: FM: FT: FA: FP: Referências: Porto, Celmo Celeno. Exame clínico / Celmo Celeno Porto, Arnaldo Lemos Porto. 8. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2017. Bates - Propedêutica Médica - Lynn S. Bickley. 10ª Edição. Roteiro Pedagógico
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